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J
Gestalt do
ObjetoSistema de Leitura Visual da Forma
L lT
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G633G
R. 118753-3
Gestalt do ObjetoSistema de Leitura Visual da Forma
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Joo Gomes Filho
Gestalt do ObjetoSistema de Leitura Visual da Forma
5aedio
_ S -e s c r i t u r a sSo Paulo, 2003
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Prefcio
A inteno expressa pelo autor, na obra Gestalt do Objetol Sis tem a de
Lei tur a Visual da or ma. demonstra elaramente sua postura de profes
sor e pesquisador, atento s necessidad es did tieo-ped agg ieas das
artes visuais.
Fruto de pesquisas e reflexes, apoiadas em textos da corrente da
Psicologia da Uestalt. testadas em suas aulas dos cursos de graduao,
extenso e ps-graduao, reflete uma abordagem sisimica e coeren
te em sua metodologia de trabalho.
fundamentada por uma excelente bibliografia, assinada por renoma-
dos autores e especialistas do setor, podemos verificar tambm o cui
dado com que o Professor Dr. Joo Gomes desenvolve e fundamenta
sua conceituao em linguagem inteligvel, acompanhada de inmeros
exemplos extrados do nosso cotidiano e que grande parte das vezes
nos passam despercebidos.
Uma leitura atenta nos fascina c tenho certeza de que o mesmo acon
tecer aos leigos, aos profissionais, aos jov en s acad m icos c aos estu
diosos da rea da percepo visual.
Esta obra, a partir de agora, ser uma valiosa bibliografia, que preen
cher assim uma lacuna em nossas estantes de consulta e pesquisa,
seja nas Artes Plsticas, no Design, na Arquitetura e outros modos de
manifestaes visuais.
Auresnede Pires Stephan
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SumrioApresentao
Introduo
Fundamentao Terica da Gestalt
LEIS DA GESTALT
Unidade
Segregao
Unificao
Fechamento
Continuidade
Proximidade
Semelhana
Pregnncia da Forma
CONCEITUAO DA FORMA/PROPRIEDADES
Forma
Forma/Ponto
Forma/Linha
Forma/Plano
Forma/Volume
Forma/Configurao Real
Forma/Configurao Esquemtica
CATEGORIAS CONCEITUAIS/FUNDAMENTAIS
Harmonia
Harmonia/OrdemHarmonia/Regularidade
Desarmonia
Desarmonia/Desordem
Desarmonia/Irregularidade
Equilbrio
Equilbrio/Peso a Direo
Equilbrio/Simetria
Equilbrio/Assimetria
Desequilbrio
Contraste
Contraste/Luz e Tom
Contraste/Cor
Contraste/Vertical 8t Horizontal
Contraste/Movimento
Contraste/Dinamismo
Contraste/Ritmo
Contraste/Passividade
Contraste/Proporo a Escala
Contraste/Agudeza
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CATEGORIAS CONCEITUAIS / TCNICAS VISUAIS APLICADAS
Clareza
Simplicidade
Complexidade
Minimidade
Profuso
Coerncia
Incoerncia
Exagerao
Arredondamento
Transparncia Fsica
Transparncia Sensorial
Opacidade
Redundncia
Ambigidade
Espontaneidade
AleatoriedadeFragmentao
Sutileza
Difusidade
Distoro
Profundidade
Superficialidade
SeqencialidadeSobreposio
Correo ptica
Rudo Visual
SISTEMA DE LEITURA VISUAL DA L"KV \ : ........BJ1 Io
Lei tura Visual da Forma do () bv 'o 1 ;> : : . ' . '
Leitura Visual da Forma do n i . \ i^ a im a is
EXEMPLOS PRTICOS DL 1ITII R \ b ! \1 I)A FORMA D0 OBJETO
Leitura Visual da Forma dn oi> x'o U > GcMalt
Leitura Visual da Forma do Objeto la \- _ ' :ias Con ceituais
Rc fern cias B ib 1iogr ficas
Bibliografia Geral
Crditos das Imagens Perfil do Autor
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Geslalt . do Objeto/Sistema de Leilura Visual 13
j
Apresentao
A concepo deste Sisteut;) de Leitura Visual da Forma do Objeto* teve
como fundamentao cientifica os estudos e pesquisas realizadas pela
Escola Gesialt. no campo da Psicologia Perceptual da Forma.
Foi desenvolvido dentro de uma estrutura praumatica e objetiva, no
sentido de proporcionar aos estudantes, profissionais e. de modo geral,
a todas as pessoas que tenham interesse pelo assunto orientao por
meio de informaes e conhecimentos teorico-conceiuiais para proce
dei' a compreenso dos objetos, em termos de anlise, interpretao e
sntese da organizao visual da forma.
A idia de criar este sistema surgiu em funo de procurar atender a
trs necessidades bsicas. A primeira, como resultado de nossa expe
rincia profissional na concepo de diversos projetos nas reas do
Design Industrial e do Design Grfico. Constatamos que muitos dos
conceitos c fatores da organizao formal estudados pelos psiclogos
da Gestalt coincidiam exatamente com as nossas preocupaes e pr
ticas projetuais relativas concepo de produtos com configuraes
formais fundamentadas nos princpios de ordenao, equilbrio, clare
za e harmonia visual, alicerces da formulao gestltiea no campo da
percepo da forma.
A segunda necessidade surgiu pela descoberta efetiva de que podera
mos avanar com a abrangncia deste sistema de leitura para estend-
lo, no s ao campo do design e suas diversas especializaes, mas a
todos os modos de manifestaes visuais de configuraes bi ou tri
dimensionais , como, por exemplo, arquitetura, s artes grficas,
aos meios de comunicao social, s obras de artes, s configuraes
ambientais, s artes plsticas de modo geral.
A terceira surgiu pela prpria condio de professor ligado ao design
e s artes plsticas, de almejar e ter a esperana de que este sistema possa servir de apoio educao, preferencialmente em todas as reas
de ensino, no que diz respeito prpria formao educacional das pes
soas no modo de ver as coisas. Contemplando desde o ensino bsico,
com os primeiros passos da criana (naturalmente, guardadas as devi
das propores), at as fases subseqentes de sua formao como adulto.
* Objeto: para efeito deste s is tema de leitura, o termo compreende e passa a significar daq ui par a fre nt e toda e qu al-
quer manifestao visual da forma passvel de ser lida e interpretada.
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14 Jo o G o mes F i l h o
Pensamos que este um aspecto educacional que no tem sido levado
em considerao por quem de direito com a importncia que merece e,
o que mais lamentvel ainda, notamos que esta falha se verifica na
maioria das escolas voltadas ao prprio ensino profissional das artes
visuais ligadas aos campos de atividades mencionados.
Estamos de acordo com o p rofessor Caetano (1) quando , j nos anos
50, afirmava: Ac red itam o s ser id ea l que to da pessoa adquira un iu e d u -
cao visual que a ajude a compreender melhor, e de maneira cons-
ciente, o mu ndo m aterial sua volta, ind epe nde ntem ente de preco ncei -
tos ou de outros problem as relat ivos u fato res e mod ismo s de ordem
cultural , condicionantes da nossa postura c sensibi l idade no modo de
ver as coisas.
Procuramos ainda, por meio deste sistema, reforar a inteno do
mesmo professor, quando dizia que ... preciso desmist i f icar, lambem, determ inada s tendncias q ue consideram a Jbrm a presa a contedos
conv enci onais , onde, na maioria d as vezes, se juUja a beleza como um a
qualidade puramente subjet iva ("beleza no se discute", "tudo relat i -
vo", etc.) desvinculada de quaisquer parmetros de avaliao objetiva e de
p rinc p ios ou procedimentos in telectuais .
Acreditamos que o contedo deste sistema, que apesar de tratar ape
nas e to-somente do universo da organizao visual da forma, forne
cer subsdios conceituais importantes para este objetivo, ainda mais
amplo, que a queslo da vivncia de uma experincia estlica, no
s para fruir o sentimento de beleza, mas tambm para produzi-la nas
diversas manifestaes visuais.
Isto posto, salientamos que a estruturao deste sistema de leitura
visual consiste, primordialmente, nos rebatimentos* das leis da Gestalt
e de diversas outras categorias conceituais sobre a organizao formal
dos objetos.
Enfatizamos que este modo e procedimento intelectual de operao
com os rebatimentos que d o sentido de originalidade e ineditismo
a este trabalho. Como se sabe, os exemplos dos estudos e experimentos realizados pelos psiclogos da Gestalt tratam todos estes conceitos
de percepo visual da forma, predominantemente, por meio de exem-
plificaes e abstraes sob a forma de figuras geomtricas, conforme
refletido na prpria Fundamentao Terica da Gestalt. E, com relao
s categorias conceituais que do suporte ao s istema - o mesmo se
repele, ressalvando-se um ou outro exemplo na literatura, porm no
to sistematizado e processado como neste mtodo.
Basicamente, o sistema est estruturado nos seguintes passos:
*R eba ti m ento : para ef ei to de ste si st em a, s ig n if ic a tra d u zir eo nc ei tit a oe s ou fo rinula o es abst ra ta s e g em ue
aplicaes con ceitua is pr tic as operada s sobre objetos reais, existentes.
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Gestalt do Objeto/Sistema d e l .eitura Visual - . _.-....... ...-- .. . ,________ _________ / _ 5
1. Conceiluao e exemplillcao prtica das leis da Gestalt, do signi
ficado da (brma c do suas propriedades e das categorias conceituais.
Tudo isso levado a eleito por meio dos rebatimentos sobre manifesta
es visuais fartamente ilustradas com imagens de objetos contendo
definies e comentrios adicionais, visando sua assimilao e
melhor compreenso.
2. Metodologia de como proceder identificao dos conceitos,
anlise c respectiva interpretao da forma do objeto.
3. Colocao de vrios e diversificados exemplos prticos de leitura
visual da Ibrma do objeto.
Cabe lembrar ainda que este sistema fornece um instrumental de an
lise valioso e pragmtico, no s leitura e interpretao da forma,
mas tambm, como bvio, prpria concepo de trabalhos.
Constitui para o indivduo uma base de reflexo sobre certos aspectos de sua prtica projetual ou artstica, ao fazer melhor uso do seu talen
to dc maneira mais consistente e organizada, aliado a seus processos
de criao intuitivos. Ao exercitar este sistema, o indivduo tambm
absorver, de maneira natural, uma terminologia que muito o auxilia
r em seu relacionamento profissional com pessoas, clientes e empresas
de modo geral.
Gostaria ainda de observar que este trabalho se constituiu num esfor
o de sntese en orm e pois esta uma linha de pesquisa ex tensa pela
sua abrangncia e seus lem as ines got veis , justamen te para torn-
lo o mais objetivo e prtico possvel. F evidente tambm que co ntinua
mos pesquisando e quaisquer crticas e sugestes construtivas sero
bem-vindas .
Antes de encerrar esta apresentao, quero deixar expresso meus
agradecimentos faculdade de Belas Artes de So Paulo e sua man
tenedora, Febasp Sociedade Civil, pelo patrocnio da primeira edio
desta obra. Aos colegas que gentilmente cedcram algumas imagens e,
particularmente, a trs queridos amigos: Prof-'. Dra. Elide Monzglio,
que me induziu a esta linha de pesquisa (em uma de suas disciplinas
no curso de mestrado); ao meu orientador Prof. Dr. Lucio Grinover,
que, mesmo sabendo ser esta uma pesquisa desenvolvida parte dos
meus objetivos de dissertao no mestrado e de tese no doutorado, nunca faltou com seu apoio c incentivo, c ao Prof. Mc. Auresnedc
Pires Stephan (Prof. Eddy), coordenador do curso de Desenho
Industrial da Faculdade de Belas Artes de So Paulo, que acreditou no
sistema e o introduziu como uma das disciplinas regulares do curso.
Concluindo, gostaria de destacar que este sistema foi testado com
sucesso nos cursos de graduao e de ps-graduao de Design
Industrial c de Artes Plsticas da Faculdade de Belas Artes de So
Paulo e da Universidade So Judas, como disciplina regular de seus
respectivos programas curriculares.
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Gestalt do Objeto/Sistema de Leitura Visual 17
Introduo
De acordo com ;i Gestalt. ;i arte se funda no princpio da pregnncia
da forma. Ou seja. na formao de imagens, os fatores de equilbrio,
clareza e harmonia visual consiimem para o ser humano uma necessi
dade e. por isso. considerados indispen sveis - seja numa obra de arte,
num produto industrial, numa pea grafica, num edifcio, numa escul
tura ou em qualquer outro tipo de manifestao visual, conforme se
vera no corpo desta obra.
Segundo Kepes (18), ... o imp or tan te e perceber a form a por c ia
mesma; v la como " todoses truturados , resul tado de relaes . Deixar de lado qualqu er preoc upa o cu l tural e ir procura i lc uma ordem,
dentro do todo.
E, ainda, de acordo com Dondis (3), captamos a informao visual de
mui tas manei ras. As foras percep t i vas e c inests icas de na tureza
f is io l g ica so vitais para o processo visu al. Nossa m aneira de p e r m a -
necer de p, de nos move rmos , ass im com o de reagir luz , escur ido
ou aos movim ento s bruscos so fato res im portan tes para o nosso modo
de perceber e interpretar mensagens visuais . Todas essas respos tas so
naturais e atuam sem es foros; no temos de es tud las e nem apren-
der a dlas.
. . . exis te uma correspondncia entre a ordem que o projet is ta escolhe
para d is tribu ir os e lem entos de sua c om po sio " e os padres de orga-
nizao, desenvolvidos pelo s is tema nervoso. Es tas organizaes , or igi -
nr ias da es trutura cerebral so, pois , espontneas , no arbi trr ias ,
independentemente de nossa vontade e de qualquer aprendi zado . ( 4)
Em consonncia com o exposto, acreditamos que a tarefa do designer,
do artista ou de qualquer outro profissional a de conceber e desen
volver objetos que satisfaam as necessidades de adequada estrutura
formal, obviamente, respeitando-se os padres culturais , estilos ou partidos formais relativos e intrnsecos aos diversificados objetos con
cebidos, desenvolvidos e construdos pelo homem. Pensamos que este
objetivo possa ser alcanado tendo como referncia e embasamento
principal os estudos e experincias realizados pela Gestalt no campo
da percepo visual da forma e agora, modestamente, reforado por
este nosso sistema de leitura.
Finalmente, antes da colocao da fundamentao terica da Gestalt ,
um resumo da origem dessa importante Escola.
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18 Joo Gomes Filho
Escola Gestalt
A Gestal t uma Escola de Psicologia Experimental . Considerase que
Von Eh renfeis, f i ls ofo vienense de f i n s do sculo XIX, fo i o precursor
da psicologia da Gestalt. Mais tarde, por volta de 1910, teve seu ini-c io mais e fe t ivo por meio de t rs nomes pr inc ipais : Max Wenheimer
( 1 8 8 0 / 1 9 4 3 ) , W o l f g a n g K o h l e r ( 1 8 8 7 / 1 9 6 7 j e K u r t K o f f k a
(1886/1941) , da Univers idade de Frankfur t .
0 movimento ges ta l t i s ta a tuou pr inc ipalmente no campo da teor ia da
fo r m a , com contribuio relevante aos estudos da percepo, l ingua -
gem, intel igncia, aprendizagem, memria, motivao, conduta explo-
ratria e dinmica de grupos sociais . Atravs de numerosos estudos e
p esqu isas experimenta is , os gesta lt is tas fo rm u la ra m suas teoria s acer-
ca dos campos mencionados. A teoria da Gestal t , extrada de uma rigo-rosa exper imentao, va i suger ir uma respos ta ao porqu de umas
fo r m a s agradarem m a is e outras no. Esta m aneira de abordar o
assu nto vem opors e ao subje t iv i smo, pois a psico logia da for m a se
apia na f i s io logia do s i s tema nervoso , quan do procura expl icar a
relao sujei toobjeto no campo da percepo.
Como curiosidade, cabe acrescentar ainda que o termo Gestal t , que se
generalizou dando nome ao movimento, no seu sentido mais amplo,
signif ica uma integrao de partes em oposio soma do "todo". I
geralmente traduzido em ingls, espanhol e portugus como estrutura,
f igura , f o rm a . Como curiosidade, em termos de Des ig n Industria l, otermo se vulgarizou signif icand o boa fo rm a .
A seguir, transcreveremos uma sntese da Fundamentao Terica da
Gestalt, extrada das obras de M. Wertheimer, K. Koffka e W. Khller
sobre a qual foi em basad o cien tificam ent e este Sistema de Leitura
(retirada dc um trecho da Au la 30 - Plstica 111" - do trabalh o do
Professor Caetano (5). Nesla transcrio literal, inclumos mais algu
mas figuras ilustrativas com o propsito dc reforar e tornar mais cla
ros ainda alguns dos exemplos da Teoria da Gestalt.
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Fundamentao Terica daGestalt
A Gestalt, aps sistemticas pesquisas, apresenta uma teoria nova sobre o fenme-no da percepo. Segundo essa teoria, o que acontece no crebro no idntico aoque acontece na retina. A excitao cerebral no se d em pontos isolados, mas porextenso. No existe, na percepo da forma, um processo posterior de associaodas vrias sensaes. A primeira sensao j de forma, j global e unificada.
No exemplo da iluso de tica (fig .l), a excitaocerebral se processa em funo da figura total pelarelao reciproca das suas varias partes dentro dotodo. i retngulo nos parece maior do que
outro, porque eles sao vistos na aepenaencia desua posio dentro do angulo. Da mesma manei-ra,a linha superior nos parece menor que a infe-rior (fig.la), as linhas obliquas no parecem
paralelas e os dois crculos centrais, embora pare-am diferentes, tm o mesmo tamanho (fig.lb).
No vemos partes isoladas, mas relaes. Isto ,uma parte na dependncia de outra parte. Para anossa percepo, que resultado de uma sensaoglobal, as partes so inseparveis do todo e so
fg.ib Hmode tica outra coisa que no elas mesmas, fora desse todo.
O postulado da Gestalt, no que se refere a essas relaes psicofisiolgicas, pode serassim definido: todo o processo consciente, toda forma psicologicamente percebidaest estreitamente relacionada com as foras integradoras do processo fisiolgico cere-bral. A hiptese da Gestalt, para explicar a origem dessas foras integradoras, atri-buir ao sistema nervoso central um dinamismo autoregulador que, procura de sua
prpria estabilidade, tende a organizar as formas em todos coerentes e unificados.
Essas organizaes, originrias da estrutura cerebral, so, pois, espontneas, no arbitrrias, independentemente de nossa vontade e de qualquer aprendizado. A
escola da Gestalt, colocando o problema nesses termos, vem possibili tar uma res-posta a muitas questes at agora insolveis sobre o fenmeno da percepo.
Anlise das Foras Que Regem a Percepo da Forma
Visual Foras Externas e Foras Internas
Koffka, quando estuda o fenmeno da percepo visual, isto , quando procura explicar por que vemos as coisas como as vemos, estabelece, inicialmente, uma
primeira diviso geral entre foras externas e foras internas:
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20 Joo Gomes Fi lho
As foras externas so constitudas pela estimulao da retina atravs da luz prove-niente do objeto exterior.
Essas foras tm origem no objeto que olhamos, ou melhor, nas condies de luzem que se encontra.
As foras internas so as foras de organizao que estruturam as formas numaordem determinada, a partir das condies dadas de estimulao, ou seja, das for-as externas. As foras internas tm a sua origem, segundo a hiptese da Gestalt.num dinamismo cerebral que se explicaria pela prpria estrutura do crebro.
A maneira como se estruturam essas formas obedece a uma certa ordem, isto .essas foras internas de organizao se processam mediante relaes subordinadasa leis gerais. Mas, aqui, entrase numa segunda diviso ou na anlise especificade alguns princpios bsicos regendo as foras internas de organizao:
Princpios Bsicos que Regem as Foras Internas de
Organizao
Atravs de suas pesquisas sobre o fenmeno da percepo, feitas com grandenmero de experimentos, os psiclogos da Gestalt precisaram certas constantesnessas foras internas, quanto maneira como se ordenam ou se estruturam as
formas psicologicamente percebidas.
Essas constantes das foras de organizao so o que os gestaltistas chamam depadres, fatores, princpios bsicos ou leis de organizao da forma perceptual.So essas foras ou esses princpios que explicam por que vemos as coisas de uma determinada maneira e no de outra.
As foras iniciais mais simples, que regem o processo da percepo da formavisual, so as foras da segregao e unificao. As foras de unificao agem emvirtude da igualdade de estimulao. As foras de segregao agem em virtude de desigualdade de estimulao.
Evidentemente, para a formao de unidades, necessrio que haja uma descontinuidade de estimulao (ou contraste). Se estivermos envolvidos numa estimu-lao homognea (sem contraste), como uma densa neblina, nenhuma forma ser
percebida.
J ao contrrio, pela diferena da estimulao, um ponto preto se destaca num fundo branco, (fig. 2)
No nosso exemplo, o branco constitui fundo inseparvel da unidade percebida.No podemos perceber unidades visuais isoladas, mas sim, relaes: um ponto nadependncia de outro ponto.
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Assim, na figura 1 (exemplo de iluso de tica,, vemos o tamanho dos retngulosna dependncia da sua posio dentro do angulo. Da mesma forma, uma man-cha preta se destaca mais sobre um fundo branco tig. 2a do que sobre um fundocinza claro (2b) e, menos ainda, num cinza escuro, tig. 2c)
Para a nossa percepo noexiste. pois, nenhuma qua-lidade absoluta de cor, bri-lho ou forma. H apenasrelaes. Entretanto, se as
foras de segregao e uni-ficao explicam a forma-o de unidades como pon-tos, linhas, manchas, noexplicam, contudo, por
que uma superfcie contor-nada se separa do resto docampo como unidadevisual, (fig. 3)
Vemos, ao lado, um trin-gulo (fig. 3a), em funodo fator de fechamento.Wertheimer explica o fato, introduzindo um novo
fator de organizao da
forma, que o fechamento importante para a for -mao de unidades. As
foras de organizao dirigemse, espontaneamente,
para uma ordem espacial,que tende para a unidade em todos fechados, segregando uma superfcie, to com-
pletamente quanto possvel, do resto do campo. Existe a tendncia psicolgica deunir intervalos e estabelecer ligaes.
Na figura 4, vemos uma circunferncia, um quadrado e uma cruz central, emfuno do fa tor fechamento.
Nas figuras 5, o fechamento estabelece unidades diferentes: na primeira, quatropares de linhas, e na segunda, quatro intervalos vazados.
Outro fa tor de organizao boa continuao. Toda unidade linear tende, psico-logicamente, a se prolongar na mesma direo e com o mesmo movimento.
Uma linha reta mais estvel do que uma curva. Ambas, entretanto, seguem seusrespectivos rumos naturais.
Suponhamos que, nas figuras 6, tivssemos apenas a parte designada por a; e b ec so adicionadas a a como sendo a sua continuao. Qual delas aparecer como
a) mais contraste b) menos contraste c) mui to menos contraste
Fig. 2 Formao de unidades. Diferenas de estimulao/contraste.
Fig. 4 Fechamento
Fig. 5 Fecham ento
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alguma coisa de anexo?Sem dvida, na primeira
figura, a linha anexa b.Na segunda figura, oarranjo menos definido:tanto b como cpodem ser acontinuao de a. Esse
tato de sempre termos uma certa impresso de como as partes 'uno umas s outras, isto , que a nossa organizao te>ide a se::sdo da boa continuao.
. :i funo da boa continuao que organizamos uma ou duas figuras..; ~. vemos um retngulo com uma linha que o atravessa. No podemosQuadrilteros irregulares, porque as linhas retas do retngulo teriam de se.forando a boa continuao.
Na figura 8, vemos doishexgonos juntos. A razo clara.
Aqui, fig9, h umaimpresso esteticamentedesagradvel, porque acontinuao natural dacurva fioi interrompida.
A lei da boa continuao
:xv.:ca, segundo a Gestalt, no s as formas bidimensionais, como as tridimensioO problema da percepo do espao tem sido motivo de teorias divergentes.
' ns acham que o atributo original inato no homem e mais tarde desenvolvido iiue se deve a uma capacidade especial da retina (paralaxe binocular).
Outra posio a que explica a percepo da profundidade como resultado da Xperincia do hbito que adquirimos com objetos distantes. Os aspectos tridi-mensionais de figuras como cubos e outros desenhos em perspectiva foram semprexrlicados pela experincia.
vestaltistas, sem negar o efeito desta e da paralaxe binocular, pois assunto queai?ida estudo, permitemse concluir, pelas observaes feitas nos seus experi
que a aparncia das formas tridimensionais, como das bidimensionais,ie tambm da organizao. Exemplificando esta afirmao, apresentam
: .'K?to$ como estes (fig.10) (que no podem ser corretamente explicados pela: : binocular).
A figura 10a bidimensio-nal, por causa da conti-nuao e regularidade dasdiagonais. A figura 10b ambgua. Pode parecer biou tridimensional. A conti-nuao da vertical impede
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Gestall do Objeto/Sistema de Leitura Visuai 23
uma percepo mais definida do espao. Na figura 10c, a percepo claramen-te tridimensional, pois h quebra e irregularidade das linhas, sendo difcil uma organizao em continuidade.
Na figura 11b. em relao fig. 1 Ia. se percebe u\hor a terceira dimenso, por
causa da organizao. :s:o . a fiurj se diviae. o das partes melhor na?.irncia tridimensionalo oue na bidimensional.::.e exemplo, fig. 11c, h
c.ara superposio deoue se explica pela
> : de continuao
H. a:na.;. ao:s \nores rte organizao. que so os mais c'mentans: proximidade esemewana. ProximicLide: elementos ticos, prximos uns aos outros, tendem a ser
fisros lumos. isto . a constiturem unidades. Quanto mais curta a distncia entredois pontos, mais unificao se d.
O agrupamento naturalb d (fig. 12) ab/cd. S com
W 9 w V V w muita dificuldade consegui-d a _ _ _ _ _ mos ver o arranjo ad que,
fatalmente, se perde aoc. , j menor movimento dos olhos.rtg. 12 rroximidaae
Neste exemplo (fig. 13),c _ o agrupamento , ainda,
mais imperioso. VemosAb 0 A ^ abc filas de 3 pontinhos.
Qualquer outro arranjo W W W W W W possvel. Na figura 13a,
. , , diferentes distncias, maisFig. 13 Iroxtmtdade J
prximas,provocam agru-pamentos de quatro colu
_ ^ _ nas em pares.
w Semelhana: a igualdade de0 0 0 0 0 0 forma e cor desperta a
_ __ _ _ tendncia dinmica deconstituir unidades, isto , de
Fig. Ba Proximidade estabelecer agrupamento
das partes semelhantes.
Fig. 14 Stmelhana
Aqui (fig. 14), os grupos soorganizados pela semelhan-a de elementos. Na figura14a, os espaos so iguais,mas se formam dois gruposalternados de colunas, pelo
fator de semelhana de cor.
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A semelhana fa tor mais forte de organizaoque a proximidade. A simples proximidade nobasta para explicar o agrupamento de elementos.E necessrio que estes tenham qualidades emcomum.
Aqui, por exemplo, fig15, no existe um agru-pamento ou uma unidade, apesar da proxim i-dade do hexgono e do ponto. Semelhana e pro-
ximidade: so dois fatores que agem em comum,muitas vezes se reforam ou se enfraquecem
mutuamente.
Neste exemplo, fig. 16, esto se reforando mutua-mente. Vemos filas bem definidas de pontosmenores e pontos maiores. Todos esses experimen-tos nos mostram que h uma ordem no agrupa-mento das partes dentro do todo.
A Gestalt constata, ainda, um principio geralque, na verdade, abrange todos os outros. o
princpio que se chama de pregnncia da frma oufora estruturai Segundo esseprincipio, as foras de organizao da frma tendem se dirig ir tanto quanto operm item as condies dadas no sentido da clareza,da urAc.de,do equilbrio, daBoa Gestalt, enfim.
A hiptese fisiolgica da Gestalt, em termosde um dinamismo sensortal procu-ra da sua prpria estabilidade, como hiptese que . est sujeita a discusses,mesmo porque o pouco conhecimento do que se tem dafisiologta cerebral no
permite um maior aprofundamento do assunto.
Entretanto, a sua possvel validade no o que, mais diretamente, interessa aonosso problema, e sim a contribuio objetiva da escola atravs da observaodireta de dados fenomnicos ,que o conceito de Gestalt no campo de percepo
e a constatao de princpios bsicos regendo a organizao da frma.
Wertheimer nos d um exemplo curioso da
influncia do que ele chama pregnncia da forma,mesmo na percepo das cores. O anel circularnesta figura 17 visto, mais ou menos, homogeneamente cinza. Entretanto, se colocarmos umaagulha no meio do aneL fommndo dois semicrcu-
los, veremos que no mesmo momento o semicrculo sobre o fundo vermelho tomaruma cor esverdeada e o semicrculo oposto tomar uma cor avermelhada.
Uma vez que os estmulos luminosos, provenientes das cores, so os mesmos nasduas fases do experimento, o fa to s pode ser explicado, como diz Wertheimer, por
fora de organizao que tende a manter unidade e a uniformidade de forma,tanto quanto o permitam as condies preexistentes.
Fig. 14a Semelhana
OFig. 15 Proximidade
Fig. 16 Semelhana/Proximidade
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nhieio/Sistema de l .cil imi Visua 25
Na primeira fase do experimento, as foras de coeso, estimuladas pela unidadeda figura, so suficientemente fortes para resistir fragmentao do anel emconseqncia da diversidade do fundo, o que acontece se a figura fo r seccionada
pela agulha.
Com este experimento, salientase. : < :>:?or:ncia da noo de uni-dade, de Gestalt, na psicologia aa perce?: tambm a relao sujeitoobjeto, tal como encarada pe.a &*' *;. u : >: .as coisas como as vemos
por causa da organizao (foras partir do estmuloprximo (foras externas)''. Dito a:naa ru . urra :iagem percebida o resultado da interao dessas duas to^ca. *~~:a. n.7r->;..vsendo os agentesluminosos bombardeando a retina, e as torca; a tendncia deorganizar, de estruturar, da melhor forma poss::
O Valor da Experincia no Fenmeno aa Percepo
Foi mediante um grande nmero de experimentos do gY':.-- : *oramempregadas figuras simples como pontos e linhas, que os G e ; : .: .: : .v. lamenta-ram sua teoria e assim estabeleceram de modo ntido o ta.or ;u: xrer:>itia no
fenmeno da percepo. (1)
Agora, atravs deste nosso sistema de leitura visual da forma. p.uTa:Qs igual-mente, guardadas as devidas propores, avanar um pouco ma:.: ' ioatendo as
leis da Gestalt sobre objetos, entendidos aqui como qualquer coisa : : : : : nual quer manifestao visual concreta passvel de ser lida, analisaaa e :K:erPrc:a:elformalmente.
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do Objeto/Sistema dc Leitura Visual
Leis da Gestalt
A seguir, so colocados os rebatimentos operados sobre as leis da
Gestalt, que do o embasamento cientfico a este sistema de leitura
visual.
Ou seja, a partir destas leis, foi criado o suporte sensvel e racional,
espcie de abc da leitura visual, que vai permitir e favorecer toda e
qualquer articulao analtica e interpretativa da forma do objeto,
sobretudo, com relao uti l izao das demais categorias conceituais.
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' ^
iv L.:-. .ra Visual . 29
UnidadesUma unidade pode ser consubstanciada num nico elemento, que se encerra em si mesmo,
ou como parte de um todo. Ainda, numa conceituao mais ampla, pode ser entendida como o conjunto de mais de um elemento, configurando o todo propriamente dito, ou seja, o pr
prio objeto. As unidades formais, que configuram um todo, so percebidas, geralmente, atra
vs de relaes entre os elementos (ou subunidades) que as constituem. Uma ou mais unida
des formais podem ser segregadas ou percebidas dentro de um todo por meio de diversos ele
mentos como: pontos, linhas, planos, volumes, cores, sombras, brilhos, texturas e outros, iso
lados ou combinados entre si.
ON es te s dois obje to s, te m -s e o exem plo de un id ade que se ence rr a em si
mesma. Ou seja , em um nico e lemento, o pr imei ro const i tudo pela
esfera e o segundo, pela letra S. Nestes dois casos, obviamente, no
N est e c o n ju n to a rq u it e t n ic o , seg re g am -s e q u a tr o un id ad es p ri n cip ais : o cu
como unidade de fundo, par te de um viaduto, edi f c io cent ra l e edi f c io la tera l .
Es tas unidades , por out ro lado, segregam-se em out ras tantas subunidades como.
po r exem plo , as n u v en s no cu ; a p a rt e do v ia du to , que se se g re ga em dois g ra n
des e lementos lon gi tudinais ; o edi f c io la tera l , conf igurado pelas diversas unida
des dos andares e cobertura e, em destaque, o edifcio central que, por sua vez.
se segrega em diversas out ras unidades conf iguradas por muro gradeado. em pr i
mei ro plano; andar tr reo; fachada f ronta l , subdividida pelos planos hor izonta l
(que contm mais se te e lementos quadrados) e o grande re tngulo ver t ica l em
x (que, por sua vez , se segrega em qua t ro grande s t r ingulos) e . f inalmen te , a
pa rt e su p e ri o r da fa chada, na qual poss v el se seg reg a r m ais qu a tr o un id ad es
geomtr icas pr incipais , const i tudas pelos e lementos de base , l a tera i s esquerda edirei ta, e a torre, imediatamente atrs.
Esta mul t ido, dent ro da concei tuao mais ampla , cons
t i tui uma unidade como um todo. Por out ro lado, cada
pess oa ta m b m pode se r co nsi d e ra da com o um a u n id ad eou como uma subun i dade , den t r o do t odo .
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30 Joo Gomes Fi lho
Segregao '
Segreg ao significa a capacidad e perceptjva jl e separar, identificar, evidencia r ou destacar
^unidades formais em um todo compositivo ou em partes deste todo.
Naturalmente, pode-se segregar uma ou mais unidades, dependendo da desigualdade dos
estmulos produzidos pelo campo visual (em funo das foras de um ou mais tipos de con
trastes). A segregao pode se feita por diversos meios tais como: pelos elementos de pontos,
linhas, planos, volumes, cores, sombras, brilhos, texturas e outros.
Para efeito de leitura visual, pode-se tambm estabelecer nveis de segregao. Por exemplo,
identif icando-se apenas as unidades principais de um todo mais complexo, desde que seja
suficiente para o objetivo desejado de anlise e/ou interpretao da forma do objeto.
N es te cen r io , se g re g am -s e co m o un id ades
p ri nc ip ai s: o ve ic ul o , o so lo , a p a is agem e o
cu no fundo. J no veculo , pode-se segregar
inmeras ou t r a s un idades como: sua ca r roce -
r ia . suas rodas , faris , aerofl io , espelhos
re trovisores , por tas , pra-br isa , as unidades
in fo rmac iona i s e ou t ro s , a t s e e sgo ta r a pe r
cepo das unidades vis veis ou consider- las
suf ic ientes para uma dada le i tura visual .
N es te tr ech o da A ve ni da Pau li st a, pode- se pe rc eb er in m er as un id ad es se gr eg ad as
pe lo s e le m en to s de pont os, li nh as , p la nos , vol um es , so m br as , br ilhos , co re s e out ro s,
consubstanciadas pelos diversos obje tos exis tentes no cenr io urbano. Como unidade mais evidente , s i tuado no pr imeiro plano de imagem, destaca-se o to tem de
comunicao visual , no qual se segregam, como unidades pr incipais , os textos , o
s inal de t rnsi to , o semforo e a s inale ira de comunicao com os pedestres - que.
po r su a ve z, se des do bra m em ou tr a s un id ad es co m pos it iv as em ca da um de les .
Aqui na pra ia , segregam-se como unidades
pr in ci pa is : a fo lh ag em , em pr im ei ro pl an o , a
moa e o mar . Na moa, podem-se segregar
outras unidades como: seus culos , seu biquni ,
sua saia, o coco em suas mos. etc. Se necess
rio , poder-se- ia decompor tambm a moa em
suas unidades pr incipais como: cabea, t ronco,
b ra o s e m o s, per nas e p s, e as sim po r di an te .
J no interior do edifcio, segregam-se como unidades ou partes principais: o teto,
as paredes, a mureta, a escada e corrimos e, em primeiro plano, as plantas. Aqui
tambm , se necessrio, se poderiam s egregar os diversos elemen tos que constituem
as unidades citadas como: as estruturas do teto e das paredes, as portas, os degraus
da escada, e assim por diante.
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Gcstali do Objeto/Sistema dc Leitura Visual 3 1
UnificaoA unificao da forma consiste na igualdade ou semelhana dos estimulos produzidos pelo
campo visual, pelo objeto. A unificao se verifica quando os fatores de harmonia, equ- brio, ordenao visual e, sobretudo, a coerncia da linguagem ou estilo formal das partes ou
do todo esto presentes no objeto ou composio. Importante salientar que. obviamente, a
unificao tambm se manifesta em graus de qualidade, ou seja. varia em funo de uma
melhor ou pior organizao formal.
Nesse caso se poder atribuir ndices qualificativos numa dada leitura. Em tempo, dois prin
cpios bsicos concorrem tambm fortemente para a unificao da organizao formal, que
so as leis de proximidade e semelhana quando presentes em panes ou no objeto como um
todo conforme se ver mais adiante.
0 s mbolo do ying-yang s inte t iza exemplarmente o fa tor de uni f icao da f igu
ra pelo seu equil brio simtrico, com os pesos visuais opostos contrabalanados
e dis t r ibudos homogeneamente . Sua harmonia plena, e o cont ras te cromt ico
dos seus e lementos valor iza e torna a f igura mais express iva plas t icamente .
Nes ta re p re sen ta o , a u n if ic ao da fi gura se d
pel o equ il ib ro ab so lu to das su as un id ades vis uais .Contempla na sua composio, a lm do fa tor de
semelhana das e l ipses , a propr iedade de s imet r ia
axia l presente em todos os e ixos . 0 ponto cent ra l da
f igura funciona como um foco de for te a t rao
visual .
Aqui, na torre Eiffel , a unificao da imagem notvel pelos fatores de proxi
midade e semelhana, predominante em mui tas das suas unidades coniposi t ivas
e pelo seu equi l br io per fe i to , em funo d os pesos visuais s imet r icamente c on
t rabalanados e di s t r ibudos homogeneamente . A harmonia da f igura , como um
todo, apresenta a l to grau de ordenao. 0 cont ras te de ver t ica l idade presente
confere leveza e sentido de elevao torre.
N es te au to m vel, a u n if ic ao se d est aca p ri n c ip a lm en te pe lo
seu es t i lo e l inguagem formal . Sua harmonia ordenada e seudesign, exceto a lguns rudos visuais , bem coerente .
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Juo onios Filho
Fechamento
0 :V- - de fechamento importante para a formao de unidades. As foras de organizao
da r:r.c-. dirige m -se espo nta nea m ente para um a ordem espacial que tende para a form ao de undades em todos fechados .
E:r. outras palavras, obtm-se a sensao de fechamento visual da forma pela continuidade
numa ordem estrutural definida, ou seja, por meio de agrupamento de elementos de manei
ra a constituir uma figura total mais fechada ou mais completa.
Importante no confundir a sensao de fechamento sensorial, de que trata a lei da Gestalt ,
com o fechamento fsico, contorno dos elementos dos objetos, presente em praticamente
todas as formas dos objetos.
N es ta s d iv ers if ic ad as m an if esta es v is u a is , o
fa tor de fechamento se expressa exemplar
mente . As foras de organizao da forma
dir igem-se sempre para uma ordem espac ia l
lgica , conf i rmando o s ignif icado formal
dese jado. Em a lgumas imagens, predomina o
fa tor de func iona l idade ; em outras , o fa tor
abst ra to . Entre tanto , um aspec to importante
p erm ei a to d a s es ta s im ag ens, qu e o fa to r de
inst igao e a t rao v isua l , a l iado a so lues
obt idas com sut i leza , que re fora e concorre ,sem duvida , para promover um re f inamento
formal delicado para a maioria destas figuras.
1
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Continuidade
- ^ v 'uinuidade, ou boa contin ua o, a impresso visual de com o as partes se sucedem . v' da organ izao perceptiva da forma de mo do coerente, sem quebras ou interrupes
'rajetria ou na sua fluidez visual.
r a tend ncia dos elem ento s de acom pan harem uns aos outros, de ma neira tal que
> ~ .::a ra a boa continuidade de e lementos como: pon tos , linhas, planos, volum es , cores , tex-
brilhos, degrads, e outros. Ou de um m ovim ento num a direo j estab elecida.
-. noa continuidade atua ou concorre, quase sempre, no sentido de se alcanar a melhor
"' .a possvel do objeto, a forma mais estvel estruturalmente.
O circulo , evidentemente , a conf igurao
forma l de me lhor cont inu idade , uma vez que
o pe rcur so do o lha r no sof re nenhuma in te r
rupo ou desvio no seu percurso. Neste
exemplo , obse rva - se boa cont inu idade tan to
formal como cromtica . As cores, apesar de
mu darem ao longo do c r cu lo , apresen tam um a
var iao dent ro de um padro em degrad ,
formando unidades pa rc ia is , por tan to , com
bo a c o n ti n u ao .
No exem plo , ac im a, a bo a co n ti n u id ad e da fo rm a apare ce de m aneir a ev id en te . Nas p r
pri as co n fi g u ra es dos c r cu lo s de m odo a lt e rn ad o , no s seg m ento s cro m ti cos, as sim
como na prpr ia conf igurao formal da espira l no seu sentido de profundidade.
N es te te rm in al de in fo rm a es p a ra v id eo lo cad o ra s, a b o a co n ti n u id a d e da fo rm a a p a
rece , de mane i ra exempla r, no produ to como um todo . A conf igurao s inuosa do ob je
to, passando a sensao de l igeiro movimento visual , em sintonia com a sua funo de
uso, valor iza-o plast icamente , em termos de equil br io e harmonia visual .
No d esi gn des sa li n h a de perf um es, o fa to r de b oa c o n ti
nuao se manifesta na sua bela e simples forma orgni
ca. A l inguagem do arredondamento da forma notvel ,
com exceo apenas da base de apoio dos f rascos, em que
e rompido pelo plano de assento. As cores so coerentes
em cada um deles. 0 equil br io e a harmonia , bem resol
vidos. valor izam a boa forma dos produtos.
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34 J o o G ome s F i l ho
Proximidade
Elementos pticos prximos uns dos outros tendem a ser vistos junto s e, por conseguinte, a
constiturem um todo ou unidades dentro do todo.
Em condies iguais, os estmulos mais prximos entre si, seja por forma, cor, tamanho, tex
tura, brilho, peso, direo, e outros, tero maior tendncia a serem agrupados e a constiturem
unidades.
Proximidade e semelhana so dois fatores que muitas vezes agem em comum e se reforam
mutuamente, tanto para constiturem unidades como para unificar a forma.
N es te te c la d o , as te c la s p re n
tr ip las e 2 unidades dupio '
p ro x im id ad e . As te c la s br ar .
a harmonia formal d i-
-c_ 'e i ;a r i ! - se c la ramente em 2 unidades
r / c r c d ia d a s . e x a ta me n te p e lo f a to r d e
>. d luais. reforam o equilbrio e
. ' u n: io do .
Na cart a de b ar a lh o , p erc eb e-s e c la ra m en te duas unid ades ah-
super ior e um a infe r ior de cabea para ba ixo , formadas cac u r
ras de paus) , pr incipalm ente, pelo fator de proxim idade, re: rv.
a . J as outras duas unidades (10 de paus) aparecer: : v . - , :
grando ao todo - pr imeiro, porque a unidade 10 n" csar da figurinha de paus ser idntica, ela e muito rr.cr. : err. rc'..
r.\t-r:'e ::::earadas (uma
v'ivunt os de 5 figu-
jc !" fa to r de se m elh a n-
- . '" ladas no se inte-
segundo. porque, ape-is suas semelhantes.
# 0*1
Aqu:. r .a de cores, segreg a-se um segm ento de arco irregula r con
f igurado pe los pequenos re tngulos co lor idos e cont nuos , exa tamente
pe lo fa to r de p ro x im id ad e des sa s un id ad e s. A im ag em ap re sen ta um a
bo a h ar m o n ia , em b ora su a un if ic a o , com o um to d o , e st e ja le v em ente
p re ju d ic ad a pe la s q ue bra s n a u n if o rm id ad e das co re s dos re t n g u lo s no
segmento , sobre tudo na sua reg io infe r ior .
N es te ed if c io , o co n ce it o de p ro x im id ad e- re fo r ado pe lo de se m e lh an a- co n s ti
tu indo unidades exem plificado pe la c la ra segregao de t r s qu ar te tos hor izonta is
de unidades formadas: pelos elementos decorativos, na parte superior do edif cio;
pel as d uas li n h as de ja n e la s , lo go ab ai x o , e n tr e c o lu n as e, na p art e de bai xo , pe la
l inha formada por dois t r ios de to ldos magentas . In te ressante nota r que as duas
ja n e la s s it u ad as nas la te ra is da fa ch ad a , a p esa r de se m elh an te s, n o se unif ic am ,
exa tamente por es ta rem mais d is tan tes en tre s i .
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bNicnia (k* Leitura Visual
SemelhanaA igualdade de forma e de cor desperta tambm a tendncia de se construir unidades, isto ,
de estabelecer agrupamentos de partes semelhantes.
Em condies iguais, os estmulos mais semelhantes entre si , seja por forma, cor, tamanho,
peso, direo, e outros, tero maior tendncia a serem agrupados, a constiturem partes ou
unidades. Em condies iguais, os estmulos originados por semelhana e em maior proximidade
tero tambm maior tendncia a serem agrupados, a constiturem unidades.
Semelhana e proximidade so dois fatores que. alm de concorrerem para a formao de
unidades, concorrem tambm para promoverem a unificao do todo, daquilo que visto, no
sentido da harmonia, ordem e equilbrio visual.
\ JNes ta fi gu ra , as tr s u n id ad es est e la re s bs ic as so b re p o sta s se seg re gam c la ra m e n te pe lo s
fa tores de proximidad e e de semelhan a (sobre tudo pe las formas t r iang ula res e pe las cores).
A f igura como um todo apresenta uma unif icao apenas razove l , por apresenta r a lguns
ru d o s v i su a is - a c im a d a u n id a d e c e n t r a l - e , so b re tu d o , p e lo d e s lo c a m e n to d a su p e rp o
s i o d a s t r s u n id a d e s b s i ca s , q u e c o m p ro m e te su a h a rm o n ia e m t e rm o s d e u m a o rd e n a
o equilibrada.
N es ta p in tu ra , seg re g am -s e co m o u n id a d es p ri n c ip a is c in co li n h a s e ci n co colu nas,
pe la sem elh a n a de seu s e le m en to s - re fo r ad as p e la co r e p o r p ro x im id ad e , se mp re d o m n io de u m a o u de o utr a , e x a tam e n te pel o fa to r de p ro x im id ad e e s ta r qu as e
eqid istante nos dois sent idos. 0 a l to contraste de cores va lor iza a imagem, e o
d e se n h o d e c a d a u m a d a s u n id a d e s , e m su a o rg a n iz a o f r a g m e n ta d a , p ro v o c a
in te resse imedia to , f ru to de uma grande a t rao e inst igao v isua l .
N es te p ro d u to seg re g a m -se , b a s ic a m e n te , q u a tr o c o n ju n to s d e u n id a d e s : o re t n g u lo h o r i
zonta l , formado pe los se is furos do a l to-fa lante , dentro da rea e l p t ica ; a l inha ver t ica l ,
form ada pe los t rs leds, d i re i ta ; o re tn gu lo ver t ica l , forma do pe las tec las de 1 a #. e a
c o lu n a d e t e c l a s , t o t a lm e n te p re t a s , d i r e it a . Es te s q u a t ro a g ru p a m e n to s se o r ig in a ra m
e m fu n o d o s f a to re s d e se m e lh a n a fo rm a l e c ro m t i c a e , a in d a , r e fo r a d o p e lo f a to r d ep ro x im id a d e qu e , ju n to s , p ro p o rc io n a m u m a b o a u n if ica o do o b je to .
N es te co m p le x o a rq u it e t n ic o , seg reg a m -s e d iv ers as u n id ad es fo rm ais . N os ed if
c ios, segregam-se unidades formais configuradas, pr inc ipa lmente , por d iversas
ja n e la s que ev id e n c ia m li n h as e co lu n as co m b o a u n if ic a o , e x a ta m e n te pel os
fa tores de proximidade e semelhana . J na fachada da igre ja , as t rs por tas se uni
f icam pe los m esmos fa tores, o mesmo a contecend o com as t rs jane las super iores.
Entre tanto , no existe unif icao entre estas duas unidades. Na imagem como umtodo, ex iste uma harmonia bem ordenada , e o contraste de est i lo formal , nos dois
t ipos de const rues, tornam a imagem in te ressante do ponto de v is ta p lst ico .
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36 J o o G ome s F i l ho
Pregnncia da Forma
A pregnncia a Lei Bsica da Percepo Visual da Gestalt e assim definida:
"Qualquer padro de estmulo tende a ser visto de tal modo que a estrutura resultante to simples quanto o permitam as cond ies dad as.
"As foras de organizao da forma tendem a se dirigir tanto quanto o permitam as condi
es dadas, no sentido da harmonia e do equilbrio visual".
Em outras palavras, pode-se afirmar que urr.
p re gnnci a um obje to que ap re se r. ta urr. rr. i \ . :
cla reza e un ifica o visu al, e um :c -
na organizao de seus e lemer .' > - - r . :.= .
figura esquerda, e a!-- j : . : - ;
clara e ac:. !c:*ura. E.a 'c " .
,:nra d
r.rc:*lad'senta u:r..i
dos seus clt
equilibra di-
nm ero m a io r de t . t r :
rei.ii. c
i\e! iei-\>r ele-
uaaem
letra.
_ r -> . L-crvcbc-^e que a do lado
,.i maiur do que a do
r.: .1 pr .meira imagem apre-
: peia prpria disposio
- mais sol tos , ordenad os e
' e= . j : ida imagem apresenta um
:r. m aior co nce ntra o e sem
quase nenhuma recu ' . ar :dai :e r . ^ r . zonta l ou ver t ica l : por tanto,
com sua harmonia sen>: \e imeme prejudicada.
Aqui na imagem da esquerda a pregnncia
formal mdia , por se t ra tar de um compo
sio que apresenta uma cer ta di f iculdade
inic ia l de le i tura por causa de a lgumassobreposies e fuso de suas f iguras com-
posit iv as , por m , se m m aio re s dif ic u ld ades
p a ra sua ap re en so e com pre ens o . J a p in
tura da di re i ta , que conf igura um t recho do
mapa mundi , cr ia t ivamente e laborada dentro
de uma l inguagem espontnea e di fusa (con
figurada por por meio de l inhas i r regulares ,
com massas e manchas dispersas e , a t cer to
p on to , a le at ri a s , al m de core s q u en te s e
f r ias seguindo o mesmo padro) apresenta
b a ix a p re gn n c ia . Sua le it u ra re q u e r a te n o
e um m a io r tem po pa ra sua com preenso .
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Pregnncia da FormaC ntinuand o. uma boa pregnn cia pressupe que a organizao formal do objeto, no sen ti
do psicolgico, tender a ser sempre a melhor possvel do ponto de vista estrutural. Assim, para efeito deste sistema, pode-se afirmar e estabelecer o seguinte critrio de qualificao ou
ju lg am en to organiz acio nal da form a:
1. Quanto melhor for a organizao visual da forma do objeto, em termos de facilidade de
compreenso e rapidez de leitura ou interpretao, maior ser o seu grau de pregnncia.
2. Naturalmente, quanto pior ou mais confusa for a organizao visual da forma do objeto
menor ser o seu grau de p regnncia. Para facil itar o julgam ento da pregnncia, p ode-se
estabelecer um grau ou um ndice de pontuao como, por exemplo: baixo, mdio, alto ou
uma nota de 1 a 10, respectiva m ente, no sentid o da melhor para a pior qua lificao.
As t rs imagens acima apresentam baixos ndices de pregnncia pelo fa tor de complexidade, que se t raduz em exces
so de unidades composi t ivas . Na pr imeira f igura , agravada por cer to grau de ambigidade. Na f igura cent ra l , a orga
nizao formal do emblema ext remamente profusa em elementos s imbl icos . Na pintura abst ra ta , a lm de suacomplexidade, sua harmonia visual per turbada por diversas i r regular idades e pela impresso de sobreposies de
elementos formais , orgnicos e geomtr icos , que no se a jus tam de modo coerente , sobretudo com re lao s man
chas em cores quentes e s mui to escuras . Em resumo, as t rs f iguras exigem do observador um tempo maior de
ateno para sua le i tura . Este tempo maior decorre , exatamente , porque as foras internas de organizao da forma,
agindo no s is tema nervoso do observador , procuram achar a melhor es t rutura percept iva poss vel no obje to , de modo
a permit i r a sua decodif icao em alguma coisa mais c lara e lgica , de modo a faci l i tar sua compreenso.
J a imagem deste palcio e de seu entorno apresenta um
e levado g rau de o rgan i zao fo rm a l em t e rm os de ha rm o
nia e equi l br io visual . Nela predominam os fa tores de
s imetr ia e de unif icao, por proximidade e semelhana
de suas unidades composi t ivas , tanto no edi f c io quanto
no jardim e , por tanto, com al ta pregnn cia . Sua le i tura
rpida e imediata .
Aqui tambm, na viso area des te parque aqut ico, a baixa
p re g n n c ia se car ac te ri za p r in c ip a lm en te pelo fa to r de co m p le
xidade, em funo de suas inmeras unidades formais . Sua
organizao visual i r regular e confusa , exigindo maior tempo
para sua le it u ra e co m pre ens o .
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Conceituao da FormaPropriedades
A seguir, aps as definies, so colocados os rebatimentos operados sobre a forma e suas propriedades com exemplificaes prticas sobre imagens de objetos, contextualizadas e comentadas.
0 termo FORMA (7) comporta diferentes noes, entre elas:
1. Sentido filosfico geral e particularmente metafsico: (... forma platnica, como idia/ espcie/ gnero/ etc.); (... aristotlica como ... A matria aquilo com o qual se faz algo, a forma aquilo que determina amatria para ser algo, isto , aquilo pelo qual alguma coisa o que ).
2. Sentido lgico (...a lgica clssica distingue-se entre a forma e a
matria do juzo: a matria a que muda no juzo... a forma o que permanece inaltervel...).
3. Sentido epistemolgico (... Kant quando fala das formas a priori e, especificamente, das formas a priori da sensibilidade - espao e tempo).
4. Sentido esttico (... Na esttica, costume distinguir forma de contedo ... mas. metafisicamente, a forma no-sensvel, intelectual,''conceituai", etc. .. .entende-se usualmente por forma o estilo, a maneira", a "linguagem", etc.).
5. FORMA (8). (Do lat. forma .). S. f. 1. Os lim ites ex ter ior es da ma tria
de que constitudo um corpo, e que conferem a este um feitio, uma configurao, um aspecto particular.
Como se percebe, o termo "forma" comporta e admite diferentes significados. Entre estas definies, ficamos com a de Aristteles, acima, e a do Dicio nrio A urlio , ltima, as que mais se aproximam da conceituao do termo forma" que elegemos para este sistema, que a
seguinte:
A forma pode ser definida como a figura ou a imagem vsivel do con
tedo. De um modo mais prtico, ela nos informa sobre a natureza daaparncia externa de alguma coisa. Tudo que se v possui forma".
Por outro lado, a forma possui propriedades que a consubstanciam, de per si ou por inteira. Ou seja, a forma pode se constituir num nico
ponto (singular), ou numa linha (sucesso de pontos), ou num plano (sucesso de linhas) ou, ainda, num vo lum e (uma forma com pleta, con templando todas as propriedades citadas).
Para efeito deste sistema de leitura, vamos considerar a forma de acordo com esta conceituao, ou seja, dentro destes parmetros.
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FormaA forma pode ser def inida como a f igura ou a imagem vis ve l do contedo. A forma nos
informa sobre a natureza da aparncia externa do objeto. Tudo que se v possui forma. A
percepo da forma o resultado de uma interao entre o objeto fsico e o meio de luz
agindo como transmissor de informao, e as condies e as imagens que prevalecem no
sistema nervoso do observador, que , em parte, determinada pela prpria experincia
visual. Para se perceber uma forma, necessrio que existam variaes, ou seja, diferen
as no campo v isua l . As d i ferenas acontecem por var iaes de e s t mulos v i sua is , em
funo dos contrastes , que podem ser de diferentes t ipos , dos e lementos que configuram
um determinado objeto ou coisa .
N es ta fo to , a fo rm a, com o um to do . a de um a m ulh er . E i r r e ta r . j . p e: o p r >prio con ce i
to de unidades conf iguracionais , pode-se perceber inmeras out ras forma-- . : a i s como a
forma do cabelo, do rosto e, no rosto, a forma das sobrancelhas, dos ci l ios. dos olhos, do
nariz, da boca e, na boca, a forma dos lbios, e assim sucessivamente.
N es te cat lo g o , seg re g am -s e in m era s fo rm as . As
formas das diversas f iguras nas fotograf ias . As
conf iguraes esquemt icas das duas modelos e ,
nes tas , as roupas . A forma das duas colunas de
textos e, nestas, as palavras e, nas palavras, asformas das letras.
Aqui , aparecem as formas das unida
des pr incipais do barco, como: o
casco, a es t rutura com seus respect i
vos panos de vela , as bandei ras e os
t r ipulantes . Todas e las segregadas
pel os d iv ers os c o n tr a st e s ex is te n te s ,reforados pelas cores e suas n uances .
N es ta in s ti g an te p in tu ra , se g regam -s e as fo rm as de duas m ulh ere s. A qu i
acontece uma coisa cur iosa: percebemos a f igura da esquerda ora como uma
si lhueta em um fundo branco, ora como uma f igura branca sobreposta a um
fundo escuro. A Gesta l t expl ica esse fenmeno, por meio das foras internas
de organizao formal , ou se ja , pelo fa tor de fechamento perceptual que
fecha ora uma, ora out ra f igura .
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42 J o o G ome s F i l ho
Forma Ponto
a unidade mais simples e irredutivelmente mnima de comunicao visual. Na natureza, o
arredondamento sua formulao mais corrente. Geometricamente ele singular, no possui
extenso.
Qualquer ponto tem uma grande fora de atrao visual sobre o olho. tanto se sua existncia
natural, quanto se produzido pelo homem com algum propsito.
Para efeito deste sistema de leitura, considera-se como ponto qualquer elemento que funcione
como forte centro de atrao visual dentro de um esquema estrutural, seja numa composio
seja num objeto.
0 olho e a boln de ^ ' . ' r- - --
unidad e s ingular e de r - .
fe i tamem e esferica . .
ficado do pon to que : -
forma que vm a segu:r . er .
objetos reais.
\es ta paisagem, o sol aparece
como pr incipal ponto cent ra l de
at rao visual . Como focos de
at rao visual secundr ios , podemse r cons ide rados t am bm os pon
t inhos conf igurados pelos pssa
ros em sua trajetria.
Este semforo exer-. : '::w*
forte elem ento de a:rj.V .
forma redonda dos taM,s. pc
titucionalizadas (verde, r.d
pel a su a re tr o il um in ao . o
despertada muito mais re:V
uc ponto como
' -vudu pela prpr ia
Toste das cores ins-
\ ermeiho) e. ainda,
i em que a ateno
Esta imagem simbol iza o fenmeno do a juntamento de pontos , em que as
im agens s o conf igu radas a pa r t ir de num erosos pon tos que , dependendo de
sua quant idade, tamanho e das di ferentes dis tncias ent re s i , podem propor
c iona r m a io r ou m enor qua l i dade de de f in i o da im agem com o, po r exem
pl o, n a s fo to g ra fi as , nos ou td o ors , nos an ti go s te le v is ore s, e ou tr os .
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Gestalt do Ob jeto/Sistem a de l eitura Visual
Forma LinhaA linha definida como uma sucesso de pontos. Quando dois pontos esto to prximos
entre si , que no podem reconhecer-se individualmente, aumenta a sensao de direcionamento, e a cadeia de pontos se converte em outro elemento visual distinto: a linha. A linha
pode definir-se tambm como um ponto em movimento. A linha conforma, contorna e deli
mita objetos e coisas de modo geral. Em design, principalmente, o termo linha, no plural,
define tambm estilos e qualifica partidos formais como Linhas Modernas, Linhas
Orgnicas, Linhas Geomtricas, Linhas Aerodinmicas", e outros.
No d ese nh o de ss e av i o, as li n has re p re se n ta m io d a a -.maCt-ni dn
obje to . Todas as suas diversas unidade ' ' cont iauraeionais como:
fuselagem, p ra-br isa , por tas , janelas , asas e turbinas .
N es ta re p re se n ta o do m ap a da A m r ic a do Su l, as li nh as co n fi gu ra m o co n to rn o do c o n ti
nente , dos pases e del imitam as f ronte iras entre e les . As cores contras tantes auxi l iam a per
cepo visual em termos da segregao das diversas unidades que const i tuem o todo.
N es ta in st ig an te p in tu ra ab s tr a ta , na qu al e st o p re se n te s os a sp ec
tos de espon taneidade , d is toro e d ifusidade, as l inhas joga m p apel
impor tan te na con f igu rao da imagem como um todo . As l inhas
rea lam as sensaes de m ov imen tos e p redominam sob re o s dema is
elementos compostos por t raos , manchas e superf c ies (chapadas e
em profundidade) tudo isso numa sut i l combinao cromtica em
tons f r ios e quentes que valor izam sua harmonia visual .
Fabiana Amar.ilVaientini
ltn? Grtgc
T
Slvia Aguiar
A
PERSONA
N es ta equ il ib ra da e h ar m o n io sa com pos i o
de pgina do cat logo de moda da Unip97,com exceo das fotos , o concei to de l inha se
expressa to ta lmente: no desenho das modelos ,
na configurao das roupas (valor izada por
textura que enfat iza seu volume) e , inclusive ,
nas le t ras dos textos e na marca- logot ipo.
J nesta obra de ar te , a imagem configurada predominantemente por l inhas , dentro
de uma l inguagem al tamente express iva , em que o desenho ganha em graa , esponta
neidade e . sobretudo, sut i leza valor izada pela tonal idade cromtica homognea.
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44 Joo Gomes Fi lho
Forma Plano
0 plano definido como uma sucesso de l inhas. Em geometria, um plano, por definio, tem
somente duas dimenses: comprimento e largura. No espao, porm, no possvel expres
sar um plano sem espessura, tem de existir como algo material. A diferena entre um slido
e um plano ento muito relativa, dependendo do contexto visual observado. Outro concei
to conhecido no dia-a-dia prof iss ional e muito usual o de plano enquanto superf cie como,
por exemplo: superfcies de fachadas de edifcios, de tetos e paredes, de pisos de campos e
quadras desportivas, de ruas e estradas, e assim por diante.
Para efeito deste sistema de leitura, considerar-se-o estes dois conceitos: 1. Se o comprimen
to e a largura predominarem fortemente com respeito espessura (como, por exemplo: em
folhas de portas, tampos de mesas, folhas de papel, cortinas, etc. . retos ou curvos), poder-se-
considerar a forma percebida como um plano, independentemente da massa do material
que o consubstancia. 2. 0 plano exist indo apenas enquanto superf cie de qualquer objeto ou man ifestao visual .
A porta ao lado i lust ra o conce i to em que as d imen ses da la r
gura e a l tura de sua fo lha predominam sobre uma espessura
diminuta , conf igurando assim a representao de um plano.
Nes ta em b arc a o, os p la n o s po dem ser c o n si d era d o s co m o re p re sen
tados pe los e lementos curvi l neos da ve la esvoaante e pe las la te ra is
c u i a as do casco.
N es ta a u to -e s t ra d a , as p la cas de s in a li z a o rep re se n ta m os p la n o s.
A e s t r a d a r e p re se n ta t a m b m u m p la n o , s q u e d e n t ro d o c o n c e i to
de superf c ie , neste caso , um plano cont nuo.
Aqui , na configurao esquemt ica da rua Benedi to Cal ix to , todas as ed i f icaes representam tambm o conce i to
de p lano enquanto superf c ie . Os p lanos so const i tu dos pr inc ipa lmente pe las suas fachadas f ronta is e , inse r idosn e s t a s c o m o u n id a d e s m e n o re s , d iv e r so s o u t ro s p l a n o s fo rm a d o s p o r p a re d e s , p o r t a s , j a n e l a s , m u ro s
e portes.
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SKu-m.i de l eitura V isual
Forma Volume
Volume definido como algo que se expressa por projeo nas trs dimenses do espao, de
duas maneiras: 1. Pode ser fsico: algo slido como um bloco de pedra, como um edifcio,como uma pessoa, etc., ou seja, algo real. 2. Por outro lado, o volume, ou solidez tridimen
sional um efeito que pode ser criado por meio de artifcios, como na pintura, no desenho,
na ilustrao, e outros, sobre superfcie plana. Sua qualidade visual a mesma em todos os
casos.
Pode-se obter a sensao de espessura ou profundidade pelo emprego de luzes, brilhos, som
bras, texturas. Ou, ainda, com o uso ou no da perspectiva linear, formas que avanam sobre
outras e tambm, por intermdio de cores, que avanam e recuam, de modo a ressaltar deter
minadas partes do objeto.
N est a s duas im ag en s, re p re sen ta d as fo to g ra fi cam en te pelo av i o e se io de m ulh er, o conce it o de v o lu m e ex p re s
so s igni f icando a lgo real , exis tente .
J nes tas duas out ras image ns , luta de sum e motocic l is ta , o concei to de volum e expressa-se como algo criado
pelo hom em , p ic to ri cam en te . A re p re sen ta o dos lu ta dore s em p la n o b id im ensio na l se tr ad u z p o r m eio de linhas ,
cores , sombras , br i lhos , e tc , que do a sensao de volume conf igurao. 0 mesmo acontece com a imagem do
motocic l i s ta . 0 sof i s t icado t ra tamento grf ico por meio de for tes cont ras tes com nuances de cores br i lhantes e cha
padas , fr ia s e qu en te s, lu z e som bra , e tc ., v alo ri za e x tr ao rd in a ri am e n te as fo rm as que co nsti tu em o co n ju n to p il o to -motocic le ta , representado numa superf c ie plana.
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46 . Joo Gomes Filho
Forma Configurao Real
Configurao sinnimo de forma; porm, deve ser entendida dentro do conceito de repre
sentao de um objeto, pelas suas caractersticas espaciais consideradas essenciais . Desse
modo. em se tratando de configurao, pode-se referir a duas propriedades visuais distintas
dos objetos que so:
1. A representao real dos objetos.
2. A representao esqu em tica dos objetos.
A representao real de objetos ou coisas de modo geral so os l imites reais traduzidos pelos
pontos, l inhas, planos, volumes ou massas, ou seja, o registro por meio de fotografias, i lus
traes e pinturas f igurativas, bem como por meio de esculturas, esttuas, monumentos,
produtos em geral, e outros.
Nes ta im ag em . por ex em plo , po ss v el re co n h ecer a co n fi g u ra o real re pre sen
tada pela estatua do Cristo Redentor , s ituada no Rio de Janeiro.
Na fo to g ra fi a d est a pa is agem , aco n te ce a m es m a co is a: p erc eb e-s e a
conf igurao rea l de um automvel Lotus . Ou se ja , o observador o
identif ica e reconhece como um objeto especf ico.
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Configurao Esquemtica
A configurao esquemtica o registro por meio de representaes esquemticas de modo
geral e da representao por meio do conceito de esqueleto estrutural. As configuraes
esquemticas so as formas materiais que se originam na nossa percepo, mas que raramente coincidem com elas. Ou seja, quando o esqueleto estrutural pode ser incorporado
por uma grande variedade de formas. Nesse sentido, uma configurao esquemtica nem
sempre percebida como a forma de uma coisa em particular, conhecida.
As configuraes esquemticas, nos dois casos, so geralmente representadas por meio de
sombras, manchas, chapad os, traos, l inhas de contorno s, si lhuetas e outros meios em
desenhos, ilustraes, fotografias, e outros.
Nes te exem plo , p e rc ebe -s e ap enas a m an c h a de um g ru po de pess oas reu n i
das . Ou seja , o observador no consegue ident i f icar ou reconhecer o grupo ou
qualquer pessoa dentro do grupo de maneira par t icular . As f iguras da imagem
podem in c o rp o ra r q u a lq u e r ti p o de pess oa . Seu desen h o c o n te m p la um a
conf igu rao som breada .
Aqui nes te desenho, f ica evidenciado o concei to de esquele to es t rutura l . um outro
grupo de pessoas , s que representado po r out ro t ipo de l inguag em grf ica , ou seja ,
p o r co n to rno de li nh as co n fi g u ra nd o a s il hu eta de qu a tr o pess oas - obv ia m en te
no ident i f icadas e que, por tanto, podem assumir qualquer ident idade.
N est a co n fi g u ra o e squ em ti ca , p e rc eb em -se as fo rm as que con su b sta n cia m
as unidades do plano de fundo, da bic ic le ta e do c ic l i s ta em funo dos con
tras tes , formal e cromt ico, exis tentes ent re os e lementos do conjunto. Ambos
esto indef inidos , por tanto, podendo tambm assumir qualquer ident idade.
Aqui , acontece o mesmo. 0 animal es t representado por meio de um desenho
esquemt ico com conf igurao chapada. A f igura pode ser representa t iva de
qualquer e lefante .
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Categorias Conceituais
Alm das leis da Gestalt , foram acrescentadas duas classes de catego
rias conceituais para complementar este sistema de leitura visual e
torn- lo mais ef icaz. As categorias conceituais fundamentais e as
categorias conceituais que tm como f inal idade funcionar como tc
nicas visuais apl icadas sero expl ici tadas mais adiante.
Estas categorias e suas respectivas definies foram extradas das
diversas reas do conhecimento. Abarcam diversos autores e contem
plam, principalmente, obras l igadas aos campos do design. das artes
plsticas e da psicologia da percepo.
Algumas categorias foram transcritas l iteralmente, outras foram com
plementadas e outras foram criadas em funo da nossa experincia e
do prprio objetivo de ordem prtica deste sistema.
Importante ressaltar que estas categorias conceituais, ao serem util iza
das para juz os crticos, no devero p ossuir con ota e s determ insti-
cas. Elas podero ser util izadas de modo positivo ou negativo na lei
tura e interpretao da forma, em funo da melhor ou pior organiza
o visua l inscrita no objeto de leitura. Isto se justifica porque quase
toda formulao visual tem o seu contrrio e est naturalmente tam
bm relacionada com o controle dos elementos visuais que do lugar
configurao e forma dos objetos.
Dessa maneira, poder-se- ut i l izar os antnimos respect ivos de cada
categoria, qua ndo for o caso, para as referidas leituras com apreciaes
posit ivas ou negat ivas como, por exemplo: harmonia e desarmonia,
ordem e desordem, coerncia e incoerncia, opacidade e transparncia,
e outras.
As categorias concei tuai s escolhidas obviamente no esgotam o
assunto; todavia, acreditamos estarem relacionadas neste s is tema as mais importantes e suf icientes para a lei tura adequada de qualquer
m ani f e st ao v i sua l .
Destacamos tambm que, dentro de todo o contexto deste s is tema,
impera um certo grau de subjetividade, tanto nas definies das cate
gorias conceituais como nos prprios comentrios feitos em relao a
cada exemplo ilustrado, que naturalmente inevitvel em reflexes e
pesquisas dessa natureza, mesmo porque grande parte dessas catego
rias estudada e debatida universalmente h sculos, sobretudo por
fi lsofos e outros pensadores. Entretanto, consideramos que, para o
objetivo a que se destinam, satisfazem a funo.
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50 Joo Gomes Filho
Importante anotar ainda que algu m as dessas jzategorias se desdobram
e, muitas vezes se entrelaam e/ou se superpem (como, por exemplo:
forma, harmonia, equilbrio, contraste, etc.). Naturalmente caber a
cada leitor aprofundar maiores estudos sobre cada uma delas e at na
criao ou descoberta de outras, j que os temas so inesgotveis.
Categorias ConceituaisFundamentais
A seguir so colocadas as categorias conceituais fundamentais con
substanciadas na harmonia, no contraste e no equilbrio visual, com
suas respectivas propriedades e desdobramentos em formulaes
opostas.
Estas categorias tm como finalidade, alem de darem embasamento e
consistncia s leis da Gestalt. sobretudo com relao a sua lei bsica
da pregnncia da forma, concorrer tambm como poderosas foras
de organizao formal nas estrategias composit ivas. que suportam o
sistema em termos dos rebatimentos levados a efeito nas diversificadas
manifes taes v isua is dos obje tos .
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i -T n s i s i c n i a d e L e i i u r a V i s u a l 57
Harmonia
A harmonia diz respeito disposio formal bem organizada no todo ou entre as partes de
um todo. Na harmonia, predominam os fatores de equilbrio, de ordem e de regularidade visual inscritos no objeto ou na composio possibilitando, geralmente, uma leitura simples
e clara.
A harmonia , em sntese, o resultado de uma perfeita articula" -.Suai na integrao e
coern cia formal das un idade s ou partes daquilo que apresentari ciaquilo que visto.
Aqui . a nfase do fa tor harmonia se caracter iza pr incipalmente na organizao formal
da imagem, como um todo. na qual o equi l br io e perfe i tamente contrabalanado em
funo dos pesos visuais or iginados pelas cores em suas tonal idades c laras e escuras ,
sobrepostas a um fundo di fuso que reala a f igura da mulher . Tudo isso valor izado
pe lo su ti l e a tr ae n te posic io nam en to na com posi o.
Esta f igura exem pl i fica bem o concei to deharmonia por apresentar , de modo ine
quvoco, os fa tores de ordem, regular ida
de e equi l br io visual com dis t r ibuio
homognea das unidades e dos pesos cro
mt icos com suas cores integradas , tudo
al iado a uma perfe i ta in tegrao formal
do crculo.
r
4
N es ta s du as im ag en s - Arc o do Triunfo e Taj M ah al - o co nceit o de harm on ia
se revela perfeitamente. Nelas, pode-se observar os fatores de regularidade, boa
continuidade, proximidade e semelhana, ordem e, sobretudo, o equilbrio sim
trico com distribuio eqitativa dos pesos visuais, valorizada pela articulao de
suas l inguagens formais , respect ivas , absolutamente integradas e coerentes .
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52 Joo Gomes Filho
Harmonia OrdemA harmonia por ordem acontece quando se produz concordncias e uniformidades entre as
unidades que compem as partes do objeto ou o prprio objeto como um todo.
Obtm-se ordem pela presena de relaes ordenadas naquilo que visto ou, ainda, por
compatibilidade de linguagens formais. Ou seja, quando no existem alteraes ou conflitos
formais no padro ou no estilo do objeto.
N es ta fo rm ao dos av i es no c u, que co nfi g ura m o dese nho de um ir i r. gulo . pe lo
fa tor de fechamento, percebe-se c laramente o sent ido de harmonia pelo ordenamento
areo de sua organizao no espao. Os avies es to per fe i tamente dis t r ibudos e a l i
nhados. 0 bri lho do sol . que atrai a ateno, mais a sensao de movimento dos avies,
dada pelos seus ras t ros , valor izam ext raordinar iamente a composio pias t icameme.
A f igura da bandei ra apresenta uma harmonia no
sent ido de ordem visual quase que absoluta no seu
todo - com exceo da fa ixa e das es t re las , ligei rament e desa l i nhadas - p r opor c i onada pe l os fa t o re s de
equi l br io s imt r ico e coerncia da l inguagem geo
mtr ica da sua composio.
N est e cen ri o , a h a rm o n ia ex is te n te pelo co nce it o de o rd em
exemplar . Aqui , poss vel observar re laes inte l igentemente bem
or denadas e s impl es , a lm de abso l u t a com pa t i b il idade de l i ngu a
gem formal no todo e a t nos mnimos deta lhes . A quebra de s ime
t r ia no lado esquerdo rompe, em par te , com o equi l br io absolutoda i magem t o r nando- a ma i s i n t e r e s san t e , uma vez que quebr a
tambm seu equi l br io pass ivo.
Aqui ocorre a mesma coisa . A harmonia exis tente pelo concei
t o de o r dem t ambm exempl a r. A ha r mo ni a s e r eve la sobr e t u
do pela s impl ic idade da organizao formal proporcionada
pelo s fa to re s de re g u la ri d a d e e u n if o rm id a d e na seq n c ia dos
diversos planos longi tudinais com equi l br io s imt r ico.
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Harmonia Regularidade
'Dieno da harmonia por regularidade consiste basicamente em favorecer a uniformida-
:e de elementos no desenvolvimento de uma ordem tal em que no se permitam irregula- ' - iades. desvios ou desalinh am ento s e, na qual, o objeto ou com posi o alcan ce um estado
absolutamente nivelado em termos de equilbrio visual.
Esta imagem t raduz o conce i to de harmonia por regula r idade . A organizao
visual se encontra num equilbrio perfeito. Pode-se observar todas as leis da
Gesta l t nesta f igura como: a boa cont inuidade , a proximidade e semelhana
dos e lementos e o fechamento - com o in te ressante e fe i to de ambigidade das
se tas, que ora nos parecem ser s c la ras , ora s escuras - e unificao . Tudo
isso redundando em a l ta pregnnc ia formal no seu todo.
A face da ca lculadora tambm apresenta um a l to ndice de pregnnc ia v isua l . Sobre tudo pe la
ordem imposta atravs da regularidade, do alinhamento dos seus elementos e pela sua coerncia
formal . A harmonia l ige i ramente pre judicada por a lguns ru dos c romt icos, mesmo assim a
leitura e a compreenso so fceis e rpidas.
0 t recho desta parede de t i jo los representa igua lmente bem o fa tor de regula
ridade pe lo a l inhamento perfe i to dos t i jo los no sent ido hor izonta l e nas suas
div ises vert icais . A harm onia l ige i ramente pre judicada pe las d i fe renas c romt icas e pe los seus e fe i tos tona is o que , ao mesmo tempo, torna o equi l br io
menos montono e a imagem ganha em in te resse v isua l .
Este outro exemplo notve l , que s in te t iza os conce i tos de harmonia
p o r o rd em e p o r re g ula ri dad e. Est a ob ra de ar te , ri ca m e n te o rn a m e n
tada , apresenta como fa tor pr inc ipa l de harmonia o seu perfe i to equi
l br io , proporc ionado pe lo seu padro de s imetr ia absolu ta no e ixo
ver t ica l , com adequada d is t r ibuio dos pesos v isua is . A harmonia
re forada pe los fa tores de boa cont inuidade e de unif icao formal
(pe los pr inc p ios de proximidade e semelhana em suas d iversas unidades configurac iona is) , a lm da absolu ta coernc ia de seu est i lo e
l inguagem formal , como um todo.
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54 Joo or r is Fi l l io
Desarmonia
A desarmonia a formulao oposta da harmonia. A desarmonia , em sntese, o resultado
de uma desarticulao na integrao das unidades ou partes constitutivas do objeto, daquilo
que visto.
Ela se caracteriza pela apresentao de desvios, irregularidades e desnivelamentos visuais, em
partes ou no objeto como um todo.
N es ta co nfi g u ra o u rb ana , n b s e n a d a de ss e p om o de v is ta , a
desarmonia se manifes ta de modo inequvoco , pr inc ipa lmente
na par te in fe r ior da imagem, na qua l predominam todos os
fatores visuais negativos na vua organizao formal, consubs
tanciados em desordem, desvios, ir regular idades, sobreposies
fragmentadas, poluio visual, etc. Em suma uma completa
desar t icu lao na in tegrao do todo observado.
N es ta im ag em , a d e sa rm on ia v is ual ev id ente pela so bre p o
sio aleatria dos seus diversos elementos compositivos.
* . i i tf,. :ue rc:Tc't-r. =
pe so vis ual na im agem .
r;)" d"
V -' \ : > :r.; . -cm duvid a, o ma ior peso visual
o to - ;.>.cr.T.i.i- i" ia do di reito da im ag em .
Porem. ' .. i passaro . localizad o no centro
dos ei\ i - d:. ., . e. sobre tudo, con tra um fundo
mui to c iar" . : , r"pnrdi ina um for te equi l br io no
esquema es t rutura ' . . proporcionando uma organi
zao formal bas tante harmoniosa .
N est a fi gu ra , o eq u il b ri o acon te ce e x a ta m e n te pel a com p ensa o dos peso s
visuais , inf luenciado em p ar te , pelas cores . 0 m aior peso, const i tu do pelos braos ,
cabea e o t ronco, contrabalana o equi l br io com a posio e a postura das per
nas da a t le ta . 0 conjunto resul ta numa organizao pls t ica a t raente e harmoniosa
visualmente .
8/22/2019 Gestalt Do Objet o
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Equilbrio Simetria\ ' rr.erria e um equilbrio axial que pode acontecer em um, ou mais de um eixo, nas posi-
horizontal, vertical, diagonal ou inclinada. uma configurao que d origem a form ulaes v isuais iguais, ou seja, as unidad es de um lado so idn ticas s do outro lado. Ou
ainda, dentro de um certo relativismo, pode-se considerar tambm como equilbrio simtrico
lados opostos que, sem serem exatamente iguais, guardem uma forte semelhana.
Agrupamentos simetricamente organizados tendem a ser percebidos mais facilmente do que
agrupamentos assimtricos. Sua util izao pode resultar em algo enfadonho, sem graa e
esttico. Nesse caso, d eve -se joga r com outros c onc eitos formais de equilbrio, para tornar a
composio ou objeto mais interessante.
Nes ta g ra v u ra a fr ic an a, e no ed if c io da corte am eri ca n a , ao la do , pre d om in am os co nce it os de ord em e, p ri nc ip a lmente, de simetr ia - as formas so iguais nos dois lados do eixo vertical central - , o que concorre para um equil
brio v is ual har m nic o . Na g ra vu ra , a pas si v id ad e da im ag em quebra d a, em pa rt e, pe la li ge ir a se nsa o de fl u tu a o
das f iguras no espao, sobretudo, com relao s f iguras centrais e , no edif cio, pela ligeira inclinao da perspectiva
da imagem para trs .
. - , No desenho ao lado , o equi l br io absolu tamente per fe i to . Todas as foras e pesos
^ v i s u a is e s t o d i s t rib u d o s h o m o g e n e a me n te . 0 c o n c e i to d e s ime t ri a s e e x p r e ss a e m
todos os e ixos , tendo como ponto de a trao v isua l e i r r ad iador dos ra ios d iago
nais o c rcu lo centra l . A sobrepos io das f igur inhas com bas to na mo confere
He* & imagem um efe i to in te ressante e contr ibu i para rom per um pouco com a sensao' . esttica provoc ada pela sua harm onia geral.
;* *
Nes te co m ple xo, fo rm ad o pel as d uas au to -e s tr a d as e su as al as de ac es so ,
o equilbr io e a harmonia tornam o conjunto perfeito. A simetr ia est pre
sente em quatro eixos pr incipais , todos eles inclinados. A sensao de
movimento , t r aduz ida pe las enormes curvas das a las de acesso quebra ,
em parte, a monotonia da imagem, valorizando-a do ponto de vista plstico.
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