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BIANCA DE SALLES ABREU CURTY AVALIAÇÃO TRIDIMENSIONAL DA RUGOSIDADE SUPERFICIAL DE LESÕES INCIPIENTES DE CÁRIES PROXIMAIS NOVA FRIBURGO 2015

BIANCA DE SALLES ABREU CURTY · 2015. 11. 30. · C978a Curty, Bianca de Salles Abreu. Avaliação tridimensional da rugosidade superficial de lesões incipientes de cáries proximais

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BIANCA DE SALLES ABREU CURTY

AVALIAÇÃO TRIDIMENSIONAL DA RUGOSIDADE SUPERFICIAL DE

LESÕES INCIPIENTES DE CÁRIES PROXIMAIS

NOVA FRIBURGO

2015

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AVALIAÇÃO TRIDIMENSIONAL DA RUGOSIDADE SUPERFICIAL DE

LESÕES INCIPIENTES DE CÁRIES PROXIMAIS

Orientador: Prof. Dr. ADALBERTO BASTOS DE VASCONCELLOS

Co-Orientadora: Profa. Dra. APOENA DE AGUIAR RIBEIRO

Nova Friburgo

2015

Monografia apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense/Campus Universitário de Nova Friburgo como Trabalho de Conclusão do Curso de graduação em Odontologia.

BIANCA DE SALLES ABREU CURTY

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C978a Curty, Bianca de Salles Abreu.

Avaliação tridimensional da rugosidade superficial de lesões incipientes

de cáries proximais. / Bianca de Salles Abreu Curty; Prof. Dr Adalberto Bastos

Vasconcellos, orientador; Profª. Drª Apoena de Aguiar Ribeiro, co-orientadora.

-- Nova Friburgo, RJ: [s.n.], 2015.

26f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) –

Universidade Federal Fluminense, Campus Nova Friburgo, 2015.

1. Cárie dentária. 2. Dentes decíduos. 3. Diagnóstico. I.

Vasconcellos, Adalberto Bastos, Orientador. II. Ribeiro, Apoena de Aguiar,

Co-orientadora. III. Título

CDD M617.6

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BIANCA DE SALLES ABREU CURTY

AVALIAÇÃO TRIDIMENSIONAL DA RUGOSIDADE SUPERFICIAL DE LESÕES

INCIPIENTES DE CÁRIES PROXIMAIS

Aprovada em: _______/______/_______

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. _________________________________________________________

Instituição: ______________________________Assinatura:_________________

Prof. Dr. _________________________________________________________

Instituição: ______________________________Assinatura:_________________

Prof. Dr. _________________________________________________________

Instituição: ______________________________Assinatura:_________________

Nova Friburgo

2015

Monografia apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense/Campus Universitário de Nova Friburgo como Trabalho de Conclusão do Curso de graduação em Odontologia.

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À Deus, aos meus pais, familiares

e amigos queridos pelas orações e companheirismo.

Às amizades construídas nesses períodos

e aos professores e funcionários da UFF-NF.

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AGRADECIMENTO

Ao Profº. Drº. Adalberto Bastos de Vasconcellos, por sua orientação,

por seus ensinamentos transmitidos, ajuda e atenção. À Profª. Drª.

Apoena de Aguiar Ribeiro, pelo auxílio e experiência. Ao técnico

Marcelo Corrêa e ao Profº. Drº Eduardo Martins Sampaio diretor do

Laboratório de Adesão e Aderência do Instituto Politécnico da UERJ de

Nova Friburgo-RJ, por toda dedicação e paciência e aos demais

professores e amigos que de alguma forma contribuíram para a

realização deste trabalho.

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RESUMO

O objetivo do presente estudo foi avaliar a exequibilidade da utilização de um

sistema de escaneamento de superfície 3-D para a medição da rugosidade

superficial de lesões de cáries proximais em molares decíduos. Após a aprovação

pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Antônio Pedro - UFF e seleção de

amostras, a avaliação das superfícies proximais com lesões de cárie em dentes

decíduos foi realizada por meio de um sistema de escaneamento de superfície 3-D

(Talyscan 150 / Taylor-Hobson). Também foram realizadas microfotografias das

áreas avaliadas. Medições foram realizadas em 16 superfícies proximais com lesões

de cárie. Em seguida, como controle positivo, as medições da rugosidade de

superfície foram realizadas nas superfícies lisas dos mesmos dentes. Uma análise

estatística (teste T) mostrou diferença significativa (p <0,05) em rugosidade Sa entre

as amostras com lesões de cárie (0,13 um) e as sem lesões (0,05 m). Pôde-se

concluir que a varredura óptica por um sistema de escaneamento de superfície 3-D

ofereceu precisão suficiente para avaliar a rugosidade superficial de lesões de cárie

na superfície proximal de dentes decíduos, assim como em superfícies sem a

presença da doença.

Palavras-chave: Cárie dentária, Diagnóstico, Dentes Decíduos.

Monografia apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense/Campus Universitário de Nova Friburgo como Trabalho de Conclusão do Curso de graduação em Odontologia.

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ABSTRACT

The aim of the present study was to evaluate the feasibility of using a 3-D surfasse

scanning system for surface roughness measurement of proximal carious lesions in

primary molars. After approval by the Research Ethics Committee of the Antonio

Pedro Hospital – UFF and samples selection, the assessment of proximal surfaces

with carious lesions of primary teeth were performed by a 3-D surface scanning

system (Talyscan 150 / Taylor-Hobson). Photomicrographs of the assessed áreas

were also taken. Sixteen measurements were performed on 16 proximal surfaces

with caries lesions. Then, as a positive control, surface roughness measurements

were performed on the smooth surfaces of the same teeth. Statistical analysis (T

test) showed significant difference (p <0.05) in Sa roughness between the samples

with caries lesions (0.13 μm) and the ones without lesions (0.05 μm). It can be

concluded that optical scanning by 3-D surface scanning system offered enough

accuracy to evaluate the surface roughness of caries lesions on proximal surfaces of

primary teeth, as well as on surfaces without the presence of disease.

Keywords: Dental caries; diagnosis; primary teeth.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA 1

2. HIPÓTESE TESTADA 4

3. MATERIAL E MÉTODO 5

4. RESULTADOS 11

5. DISCUSSÃO 18

6. CONCLUSÕES 20

7. PERSPECTIVAS FUTURAS 21

REFERÊNCIAS 22

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1 INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA

As lesões de cárie proximal em dentes decíduos apresentam progressão mais

rápida e são de difícil diagnóstico. Algumas características morfológicas dos dentes

decíduos, como menor espessura de esmalte e dentina (MORTIMER, 1970), menor

grau de mineralização (WILSON e BEYNON, 1989), túbulos dentinários mais amplos

em comparação aos dentes permanentes (MURRAY e MAJID, 1978) e área de

contato proximal mais larga, permitindo maior acúmulo bacteriano (PITTS e

RIMMER, 1992), justificam esta afirmação.

A progressão mais rápida das lesões de cárie na dentição decídua deve ser

considerada quando se determina o intervalo de tempo entre as tomadas de

radiografias interproximais (BRICKER e KASLE in MCDONALD, 2001). Neste

momento, é necessário lembrar que a exposição de crianças às radiações ionizantes

apresenta um grau de morbidade mais significativo do que em adultos. A criança se

encontra em estágio de crescimento e desenvolvimento, apresentando tecidos ainda

imaturos e mais sensíveis aos efeitos da radiação, especialmente na região de

gônadas e tireóide (PAGNONCELLI e OLIVEIRA, 1999).

A idade de 8-9 anos representa um momento interessante quando objetiva-se

pesquisar lesões interproximais em molares, pois, na maioria das crianças, a

superfície mesial do primeiro molar permanente já se encontra em contato com a

distal do segundo molar decíduo há 2 ou 3 anos (LILLEHAGEN et al., 2007). O risco

de desenvolvimento de cárie na mesial do primeiro molar permanente é

consideravelmente maior se há presença de cárie na distal do segundo decíduo

(MEJÀRE et al., 2001; VANDERAS et al., 2004 in LILLEHAGEN et al., 2007). O

exame bitewing nesta idade, portanto, tem sido justificado quando se deseja

identificar crianças com lesões de cárie proximal em esmalte nos segundos molares

decíduos e primeiros molares permanentes, mesmo em populações de baixa

prevalência de cárie (LILLEHAGEN et al., 2007).

A decisão clínica de tratamento, de acordo com os princípios atuais de

promoção de saúde e de Odontologia minimamente invasiva, irá variar de acordo

com a profundidade da lesão detectada (envolvimento ou não de dentina), presença

ou ausência de cavidade, atividade/inatividade da lesão, e com as características e o

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histórico do paciente. Quando ocorre um controle efetivo da placa, lesões de

manchas brancas podem ser remineralizadas, paralisando e revertendo o processo

carioso (NYVAD, FEJERSKOV, 1997; ELDERTON, 2001; HALA et al., 2006).

O preparo cavitário para restaurações do tipo classe II muitas vezes demanda

de perda de estrutura dental sadia para o acesso à lesão. Além disso, a margem

criada entre dente e restauração nesta região é mais crítica, visto que e espessura

de esmalte disponível para adesão é muito pequena ou até nula (DIETRICH et al.,

2000). A proximidade com o sulco gengival e, consequentemente, com o fluido

crevicular, torna o isolamento do campo operatório mais complicado, especialmente

no paciente infantil. A higienização da área também é dificultada, visto que somente

o fio dental apresenta acesso direto à região.

Em razão da complexidade e do prognóstico mais desfavorável destas

restaurações, da filosofia preventiva instituída atualmente, e da possibilidade de

redução da exposição de pacientes e profissionais à radiação ionizante, busca-se,

através de métodos de detecção com maior sensibilidade e especificidade,

interceptar precocemente o desenvolvimento dessas lesões, permitindo, através de

um programa de reeducação do paciente e tratamento conservador, a

remineralização das estruturas dentais envolvidas.

A radiografia é considerada um método mais sensível que a inspeção clínica

na detecção de lesões de cárie proximal e oclusal na dentina, para estimar a

profundidade e monitorar o comportamento das lesões (MACHIULSKIENE et al.,

1999; WENZEL, 2004; SILVA NETO et al., 2008), porém a evidência histológica

mostra que as lesões são realmente maiores do que elas aparecem nas imagens

radiográficas. Muitas lesões caracterizadas histologicamente em dentina foram

visualizadas nas radiografias como uma lesão mais superficial localizada em esmalte

(ROCKENBACH, 2006). O diagnóstico de cárie proximal restrita ao esmalte através

do método visual e radiográfico apresenta baixa sensibilidade e alta especificidade,

segundo Novaes et al. (2009).

Virajsilp et al. (2005) obtiveram resultados de alta sensibilidade para a

radiografia no diagnóstico de superfícies cavitadas, mas baixa capacidade de

distinção entre superfícies saudáveis e lesões não-cavitadas. A probabilidade de

haver cavidade em lesões cariosas com radiolucidez restrita ao esmalte é pequena,

enquanto lesões com envolvimento da porção interna da dentina mostram grande

correlação com a presença de cavidade. O exame radiográfico, no entanto, não é

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capaz de determinar com segurança a presença de cavidades em lesões proximais

com extensão intermediária, ou seja, a partir da junção amelo-dentinária, invadindo a

porção mais externa da dentina (LARENTIS, 2005).

O estudo de Silva Neto et al. (2008), sugere que o terço mais externo da

dentina é o limite histológico entre a mancha branca e a cavitação observadas

clinicamente. Mais uma vez, a radiografia é apontada como um método ineficiente

para detectar lesões incipientes confinadas ao esmalte, sendo mais eficaz para

lesões que já alcançaram a junção amelo-dentinária. Segundo os autores, enquanto

manchas brancas correspondem a cáries de esmalte, manchas escuras

correspondem a cáries em nível da junção amelo-dentinária, e a cavitação está

relacionada a cáries mais profundas em dentina.

Embora estes estudos indiquem uma relação da profundidade da lesão com a

imagem obtida na radiografia, as imagens radiolúcidas observadas não provêem

informações acerca do estágio de atividade da lesão e, desta forma, não podem ser

usadas para indicar necessidade de tratamento imediato (NYVAD, FEJERSKOV,

1997). A combinação de técnicas, portanto, ainda é a melhor ferramenta diagnóstica,

aliada ao conhecimento do dentista e seu julgamento clínico (SILVA NETO et al.,

2008).

O Rugosímetro Tridimensinal representa uma nova e eficiente ferramenta

para análise de superfícies em Odontologia. É um método que adota técnicas

digitais de análise de superfície em 3D, sem contato, por meio de leitura ótica,

possibilitando o estudo de área da superfície e não apenas de perfil, viabilizando a

obtenção de dados sem distorções ou danos à superfície. Pode-se, com este

método, analisar sucessivas vezes o mesmo espécime sem alterá-lo, podendo

associá-lo a outros métodos de estudo ou fatores modificadores de superfícies

(Hutchings, 1992 e Whitehead et al, 1999).

Objetivo: O presente estudo teve como objetivo avaliar a factibilidade de

utilização do aparelho rugosímetro 3D Talyscan para a detecção da rugosidade em

lesões de cárie proximais em molares decíduos.

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2 HIPÓTESES TESTADAS

A leitura óptica através do aparelho rugosímetro 3D Talyscan apresenta boa

acurácia para a detecção de rugosidade superficial em lesões cariosas

interproximais em molares decíduos.

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5

3 MATERIAL E MÉTODO

3.1 AMOSTRA

Foram selecionadas 20 faces proximais de molares decíduos em alunos de

duas Escolas Públicas do município de Nova Friburgo, de acordo com os seguintes

critérios:

Critérios de inclusão

• Escolha aleatória, estudantes de ambos os sexos, faixa etária de 9-12 anos

(primeiros e/ou segundos molares decíduos em fase de esfoliação);

• Todas as crianças tiveram apresentando contato proximal entre os molares

decíduos.

Critérios de exclusão

• Dentes com restaurações proximais;

• Dentes com lesões de cárie proximal cavitadas e ausência de crista marginal,

com ou sem envolvimento oclusal;

• Dentes com hipoplasia ou opacidades demarcadas;

• Ausência de dente adjacente (ausência do contato proximal);

• Foram excluídas do projeto todas as crianças que não tiverem o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido assinado por seus responsáveis.

3.2 TESTES DIAGNÓSTICOS E DE DETECÇÃO

• Exame clínico visual-táctil - realizado por um avaliador treinado (avaliador 1),

após higienização com fio dental e escovação supervisionada. O exame foi

realizado com auxílio de espelho e sonda exploradora, sob iluminação

adequada, secagem com jatos de ar e isolamento relativo com roletes de

algodão. O critério de classificação das faces examinadas adotado foi o

proposto por Nyvad et al, 1999 (Quadro 3.1).

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6

Quadro 3.1: Índice proposto por Nyvad et al. (1999) para o diagnóstico de

cárie dentária. O índice classifica as lesões de cárie quanto ao estágio de

progressão e quanto à atividade. - Nyvad Criteria for assessing activity on

caries diagnosis

Escore Categoria Critério

0 Hígido Translucidez e textura normais do esmalte

1 Cárie ativa,

superfície

intacta

Superfície do esmalte esbranquiçada/

amarelada, opaca com perda de brilho; áspera

quando a sonda é gentilmente passada pela

superfície; geralmente coberta com placa.

Nenhuma perda de substância clinicamente

detectável. Superfície lisa: lesão cariosa

tipicamente localizada perto da margem

gengival.

2 Cárie ativa,

superfície com

descontinuidade

O mesmo critério do escore 1, com defeito de

superfície (microcavidade) localizado somente

em esmalte. Sem esmalte desapoiado ou

assoalho amolecido detectável com sonda

3 Cárie ativa,

cavidade

Cavidade em esmalte/dentina facilmente visível

a olho nu; a superfície da cavidade parece

amolecida à sondagem suave. Pode haver ou

não envolvimento pulpar

4 Cárie inativa,

superfície

intacta

A superfície do esmalte é esbranquiçada,

acastanhada ou negra. O esmalte pode estar

brilhoso com textura lisa e endurecida, quando

a sonda é passada gentilmente pela superfície.

Sem perda de substância clinicamente

detectável. Superfície lisa: lesão cariosa

tipicamente localizada a alguma distância da

margem gengival.

5 Cárie inativa,

superfície com

descontinuidade

O mesmo critério do escore 4, com defeito de

superfície (microcavidade) localizado somente

em esmalte. Sem esmalte desapoiado ou

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assoalho amolecido detectável com sonda

6 Cárie inativa,

cavidade

Cavidade em esmalte/dentina facilmente visível

a olho nu; a superfície da cavidade pode estar

brilhosa e endurecida à sondagem com leve

pressão. Sem envolvimento pulpar

• Exame clínico visual-tátil direto - Após higienização com fio dental e

escovação supervisionada, o exame visual direto foi realizado pelo mesmo

avaliador 1, uma semana após o exame clínico inicial, estando os contatos

proximais separados com auxílio de elástico ortodôntico. O exame foi

realizado com auxílio de espelho e sonda exploradora, sob iluminação

adequada, secagem com jatos de ar e isolamento relativo com roletes de

algodão.

• Exame Radiográfico (radiografias interproximais) - Após a avaliação clínica

direta, radiografias interproximais foram obtidas, utilizando-se um

posicionador radiográfico infantil padronizado, distância foco-filme de 40cm,

sob tempo de exposição de 0,3s, aparelho regulado a 70mV e 8mA. Foram

realizadas duas radiografias de cada criança, uma direita e outra esquerda,

de forma a incluir todas as faces proximais dos molares decíduos superiores e

inferiores. O processamento das radiografias foi realizado no método

tempo/temperatura, de acordo com instruções do fabricante dos filmes

radiográficos utilizados. A classificação das imagens radiográficas foi

realizada pelos avaliadores 1 e 2, em dois tempos, de forma cega, de acordo

com os critérios de Kidd et al. (2003) e Mejàre et al. (1999) descritos no

quadro 3.2.

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Quadro 3.2: Critérios de avaliação radiográfica proposto por Kidd et al.

(2003) e Mejàre et al. (1999)

Escore Critério

0 Sem radiolucidez

1 Radiolucidez confinada à metade externa

do esmalte

2 Radiolucidez na metade interna do esmalte,

incluindo as lesões se estendendo para,

mas não além da junção amelo-dentinária

3 Radiolucidez em dentina; penetrou na

junção amelo-dentinária, mas não há uma

propagação evidente em dentina

4 Radiolucidez com óbvia propagação em

direção à metade externa da dentina

(menos da metade do caminho em direção

à polpa)

5 Radiolucidez com óbvia propagação em

direção à metade interna da dentina (mais

da metade do caminho em direção à polpa)

3.3 AVALIAÇÃO COM O RUGOSÍMETRO TRIDIMENSIONAL

Após os exames iniciais, os pais/responsáveis pelas crianças receberam

reforço da orientação para guardar os dentes após esfoliação, para que pudessem

ser utilizados posteriormente no presente estudo. Do total da amostra, 16 faces

foram utilizadas para a leitura pelo rugosímetro tridimensional.

O processo de medição da rugosidade superficial foi realizado por um único

avaliador, previamente treinado, totalizando 16 medições em faces proximais

apresentando lesões de cáries, provenientes de 15 molares decíduos esfoliados,

sendo que um desses elementos teve ambas as faces proximais (mesial e distal)

avaliadas. Posteriormente, como controle positivo, foram realizadas leituras de

rugosidade nas faces livres de cárie destes mesmos dentes, objetivando-se a

comparação de resultados entre uma face proximal apresentando lesão de cárie

com uma face livre de lesão. Foi escolhida a face palatina/lingual, onde, então,

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foram realizadas mais 16 medições nos mesmos 15 elementos anteriormente

escolhidos. Foram, também, produzidas 32 fotos através do Microscópio Eletrônico

ProScope HR (Bodelin Technologies, USA), sendo 16 delas em aumentos de 0x

(sem aumento) e outras 16 em aumento de 200x, objetivando uma comparação

inicial entre estas fotos e os resultados da rugosidade superficial da face do dente

com uma lesão incipiente de cárie. A descrição, em detalhes, do método adotado

nas leituras e imagens, segue abaixo:

Avaliação tridimensional da rugosidade – Rugosímetro 3D: As

amostras ficaram dispostas sobre uma placa de vidro, sobre a qual

permaneceram durante os processos de medição. Após fixação da

placa de vidro sobre a mesa de apoio do rugosímetro tridimensional da

Taylor Hobson, foi realizada a leitura das superfícies por meio de um

braço indutivo, posicionado sobre as mesmas. Em cada amostra, foi

definida uma região central de dimensões um pouco menores que a

área de superfície do corpo, a fim de se evitar efeitos de borda. Foi

nós, ou seja 58081 medições de altitude. A escolha do refino da malha

foi realizada de maneira que um maior refino não alterasse

significativamente os resultados de rugosidade média. Para evitar que

se utilizem parâmetros errôneos de rugosidade foi utilizada uma

ferramenta de nivelamento do próprio software da Taylor Hobson,

obtendo-se, assim, uma imagem de uma superfície supostamente

plana. Em seguida ao nivelamento, foi aplicado o filtro de Gauss com

cut off de 0.25mm, a fim de se distinguir rugosidade e ondulação,

obtendo-se então uma imagem que representa somente a rugosidade

da superfície original, a qual pode ser observada por meio de figuras

na forma tridimensional com terceiro eixo de cores, e na forma de uma

malha tridimensional nos quais os nós da malha representam os

pontos onde foram aferidos os níveis de altitude. A partir da superfície

resultante da aplicação do filtro de Gauss foram calculados os

parâmetros de rugosidade média, pico e depressão máxima. A

comparação entre as faces que apresentam lesão de cárie com as

faces sem lesão foi feita por meio da quantificação dos valores de Sa,

em µm, que é um dos parâmetros de rugosidade.

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10

Avaliação por fotografias por meio do Microscópio Eletrônico ProScope

HR (Bodelin Technologies, USA) : os dentes selecionados foram

posicionados, com as faces cariadas voltadas para cima, através de

uma massa firme sobre uma superfície limpa e clara. O microscópio

(figura 2) foi posicionado logo acima da face, primeiramente com a

lente de aumento 0x e posteriormente com a lente de aumento 200x. O

mesmo procedimento foi feito com as 16 faces escolhidas. As fotos

capturadas foram diretamente salvas em um notebook, através dos

programas ProScope HR e QuickTime Player.

Figura 3.1- Rugosímetro Tridimensional (Talyscan 150 / Taylor Hobson, Leicester, England).

Figura 3.2- Microscópio Eletrônico ProScope HR (Bodelin Technologies, USA).

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4 RESULTADOS

Tabela 4.1- Resultados obtidos através do Rugosímetro 3D em todas as amostras, em

valores de rugosidade superficial Sa (µm).

Nome da

Criança e

Elemento

Face do

Elemento

Com

Lesão

Sa (µm)

Face do

Elemento

Sem Lesão

Sa (µm)

A. C. B. 75 Distal 0.095 Lingual 0.053

D. G. 85 Mesial 0.115 Lingual 0.061

F. A. 65 Distal 0.135 Palatina 0.074

F. M. 54 Distal 0.089 Palatina 0.027

H. G. 75 Distal 0.193 Lingual 0.055

H. L. 55 Mesial 0.066 Palatina 0.042

H. L. 55 Distal 0.190 Palatina 0.042

Ja. 75 Mesial 0.114 Lingual 0.049

J. 54 Distal 0.136 Palatina 0.045

J. 55 Distal 0.150 Palatina 0.046

K. 65 Mesial 0.102 Palatina 0.051

K. 75 Distal 0.216 Lingual 0.054

K. 85 Distal 0.093 Lingual 0.059

M. V. 55 Mesial 0.162 Palatina 0.084

R. 55 Mesial 0.092 Palatina 0.054

T. 55 Distal 0.137 Palatina 0.0937

VALOR

MÉDIO

0,13 0,05

Os dados foram, então, analisados estatisticamente por meio do software IBM

SPSS Statistics for Macintosh, Version 22.0 (IBM Corp., Armonk, NY), disponível na

plataforma virtual https://virtuallab.unc.edu/Citrix/SF7Web/ da Universidade da

Carolina do Norte, Chapel Hill, Estados Unidos, realizando-se, primeiramente, um

teste de normalidade da distribuição das amostras. Após a realização do teste de

Shapiro-Wilk, observou-se a normalidade de distribuição das amostras (p>0,05).

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12

Quadro 4.1- Análise estatística descritiva, apresentando os valores médios de rugosidade

nos grupos com lesão (mancha) e sem lesão (µm).

Quadro 4.2- Teste de Normalidade das Amostras realizado no IBM SPSS Statistics for

Macintosh, Version 22.0.

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A análise dos histogramas e dos gráficos Q-Q Plot (figuras 4.1 a 4.4) mostra

também a boa aderência dos dados à distribuição normal.

Figura 4.1- Histograma do teste de normalidade no grupo de amostras com lesão (mancha).

Figura 4.2- Histograma do teste de normalidade no grupo de amostras sem lesão (mancha).

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Figura 4.3- Gráfico Q-Q Plot do teste de normalidade no grupo de amostras com lesão

(mancha).

Figura 4.4- Gráfico Q-Q Plot do teste de normalidade no grupo de amostras sem lesão

(mancha).

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Diante da distribuição normal encontrada, optou-se pela realização de um

teste paramétrico para comparação de amostras independentes, teste T, para se

observar se houve significância na diferença dos valores médios de rugosidade

superficial encontrados para os 2 grupos, com lesão e sem lesão. Tal como pode ser

observado no quadro 4.3, o valor de Sig. (2-tailed) foi igual a 0.000, representando,

desta forma, um p < que 0.05, o que caracteriza que há diferença estatisticamente

significante entre os valores médios de rugosidade superficial entre os grupos com

lesão e sem lesão.

Adicionalmente, com o objetivo de comparar, de forma qualitativa, as imagens

obtidas pela rugosimetria tridimensional com as imagens clínicas das lesões

cariosas, algumas fotos foram capturadas por meio do Microscópio Eletrônico

ProScope HR, utilizando as lentes de aumento 0x e 200x. As imagens de 2 das

amostras, tanto obtidas após a avaliação pelo rugosímetro tridimensional, como

geradas pela microscopia, podem ser observadas por meio das figuras 4.5A,

4.5B, 4.6A e 4.6B.

Quadro 4.3- T test realizado no IBM SPSS Statistics for Macintosh, Version 22.0.

Levene's Test for

Equality of

Variances t-test for Equality of Means

F Sig. t df

Sig.

(2-tailed)

Mean

Difference

Std. Error

Difference

95% Confidence

Interval of the

Difference

Lower Upper

Rugosidade Equal

variances

assumed

12.178 .002 6.511 30 .000 .074750 .011480 .051304 .098196

Equal

variances

not

assumed

6.511 19.317 .000 .074750 .011480 .050748 .098752

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Figura 4.5A - Fotomicrografias da face mesial com lesão do dente 55 com aumento de 0x e

200x.

Figura 4.5B – Imagens da mesma região observada após leitura no rugosímetro

tridimensional.

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Figura 4.6A - Fotomicrografias da face distal com lesão do dente 75 com aumento de 0x e

200x.

Figura 4.6B- Imagens da mesma região observada após leitura no rugosímetro.

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5 DISCUSSÃO

A lesão de cárie observada clinicamente é o resultado de inúmeros episódios

de dissolução e reposição de minerais onde houve a prevalência da perda mineral.

As lesões representam a manifestação de uma doença em desenvolvimento ou de

um episódio passado (no caso de lesões inativas) e não a doença em si.

(FEJERSKOV, 1997).

A lesão inicial ativa de cárie apresenta-se clinicamente com coloração

esbranquiçada e superfície opaca e rugosa, podendo ser identificada quando a

superfície do esmalte é seca com ar comprimido. Em estágios mais avançados, a

lesão pode evoluir até formar uma cavidade em esmalte ou em dentina. Na medida

em que as condições que ocasionaram o desequilíbrio do processo de des-

remineralização se modificam, pode ocorrer a inativação da lesão de cárie, que

passa a ter um aspecto variando de superfície lisa e brilhante, nas lesões iniciais de

esmalte, a cavidades com tecido dentinário escurecido e duro, nas lesões em

dentina (MALTZ e CARVALHO, 1999).

Dentre os métodos de detecção e diagnóstico das lesões de cárie, os

comumente utilizados na prática clínica são o exame visual-tátil e o radiográfico

(PURGER, 2010). Entretanto, outros métodos de detecção também estão

disponíveis, como os métodos baseados em corrente elétrica (avaliam as lesões de

cárie considerando a alteração da passagem de corrente elétrica) e o grupo de

métodos baseados em luz, os quais se baseiam nos fenômenos ópticos resultantes

das diferenças entre as estruturas dentais hígidas e cariadas, como a fluorescência

a laser (DIAGNOdent), o QLF - fluorescência induzida por luz de xenônio, o LED -

diodo emissor de luz e a transiluminação por fibra ótica (Foti, Difoti, Dialux, Microlux,

Discoverlight.Electrical Caries Measurements).

A análise estatística do presente estudo, responsável pela comparação dos

valores médios de rugosidade Sa apresentados pelas superfícies proximais com

lesões de cárie em relação aos referidos valores encontrados nas superfícies lisas

sem lesão cariosa, mostrou que as superfícies com lesão apresentaram, de forma

estatisticamente significante, valores maiores de rugosidade, apontando para a

eventual consideração da possibilidade de adoção deste parâmetro como um

possível método inovador para detecção de cárie. Não obstante, é válido destacar

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que futuros estudos devem ser conduzidos no sentido de avaliar a acurácia

(sensibilidade e especificidade) do referido método avaliado neste estudo, sobretudo

em comparação a outros já validados métodos de detecção clínica, tais como o

método visual-tátil, radiografias bitewing, a fluorescência a laser (DIAGNOdent), o

QLF - fluorescência induzida por luz de xenônio e a tomografia de coerência óptica

(OCT). Urge também conduzir novos estudos que possam avaliar a reprodutibilidade

do aparelho rugosímetro 3D Talyscan™ na detecção da rugosidade de lesões de

cárie proximais em molares decíduos, deteterminando, ainda, uma tabela de pontos

de corte adequada em relação ao real estágio de evolução da lesão proximal em

molares decíduos.

Entretanto, a simples observação das imagens presentes nas figuras 4.5A,

4.5B, 4.6A e 4.6B mostra a possibilidade de se correlacionar a característica clínica

da lesão cariosa com a alteração morfológica de superfície observada por meio das

imagens obtidas a partir do rugosímetro tridimensional. Tal evidência, associada à

observação de significância na diferença dos respectivos valores médios de

rugosidade entre os dois grupos, representa um considerável indicativo de que o

referido método manifesta-se promissor para uma possível adoção futura como

método de diagnóstico de cárie. Novos dispositivos, apresentando uma portabilidade

não existente com o equipamento 3D Talyscan™, podem ser desenvolvidos para

uso pelos clínicos como um método complementar de diagnóstico de lesões

cariosas. A possível vantagem de um método baseado na análise da rugosidade

superficial seria a adoção de um procedimento de análise direto, sem o componente

de subjetividade que muitas vezes acompanha métodos mais amparados na

observação de imagens ou em fenômenos ópticos com a fluorescência. Vindo ao

encontro deste entendimento, BADER e SHUGARS (2004), em uma revisão

sistemática, observaram que os métodos correntes de detecção das lesões de cárie

tendem a ser mais específicos do que sensíveis, o que resulta em relativamente

mais achados falso-negativos do que falso-positivos, conclusão compartilhada por

NOVAES et al (2009).

Considerando-se que, até o presente momento, não há registro na literatura

científica da apresentação da avaliação de rugosidade superficial como um possível

método para diagnóstico de lesões de cárie, o presente estudo representa um

importante ponto de partida para uma promissora linha de pesquisa de

inquestionável caráter de inovação clínica em Odontologia.

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6 CONCLUSÕES

A leitura ótica através do aparelho Rugosímetro 3D Talyscan nos permitiu

avaliar a rugosidade superficial e a profundidade de lesões inicias de cárie em

superfícies proximais de dentes decíduos e em superfícies sem a presença da

doença. Com as medições já realizadas, podemos observar que a rugosidade nas

áreas com lesões se mostra maior quando comparada com as áreas sem lesões.

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7 PERSPECTIVAS FUTURAS

Os resultados do presente estudo permitem vislumbrar as seguintes

possibilidades de investigações futuras em continuidade:

Avaliar a acurácia (sensibilidade e especificidade) dos métodos de

detecção clínica pelo método visual-tátil, exame clínico após separação

dentária, radiografias bitewing e leitura ótica (rugosímetro 3D

Talyscan™), em molares decíduos, comparados entre si;

Avaliar a reprodutibilidade do aparelho rugosímetro 3D Talyscan™ na

detecção da rugosidade de lesões de cárie proximais em molares

decíduos;

Determinar uma tabela de pontos de corte para o rugosímetro 3D

Talyscan™, adequada em relação ao real estágio de evolução da lesão

proximal em molares decíduos.

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