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    TURISMO SOCIAL NA AMAZNIA: UMA AVALIAO ACERCA DO ACESSOAOS PORTADORES DE NECESSIDADES FSICAS E VISUAIS

    NOS EQUIPAMENTOS TURSTICOS DE BELM, PAR, BRASIL

    Wilker Ricardo de Mendona Nbrega1

    Mayra Aline Pereira da Silva2

    Eje temtico: Abordajes de la geografa poltica, econmica e histrica

    RESUMOA necessidade de proporcionar o acesso a servios bsicos e de lazer uma premissaessencial para a melhoria da qualidade de vida para todos os cidados do mundo. Oobjetivo deste trabalho foi avaliar as condies estruturais dos equipamentos de lazer nacidade de Belm, Estado do Par, Brasil. O turismo depende da prestao de servios eequipamentos capazes de atender a sociedade em carter satisfatrio, seja portador denecessidades especiais ou no. Pesquisadores como Silva & Boia (2006) e Rua (2006),

    alm de documentos tcnicos como do Ministrio do Turismo Mtur (2006) e da AssociaoBrasileira de Normas Tcnicas ABNT (1994) deram suporte a presente pesquisa. Ametodologia utilizada foi baseada em um estudo de carter descritivo e exploratrio para olevantamento de informaes e descrio de fenmenos, efetivado por meio de observaodos fenmenos a serem analisados. Na pesquisa de campo foram analisadas se asestruturas edificadas possibilitam o acesso aos portadores de necessidades especiais.Percebeu-se que as polticas de incluso social no atendem as necessidades bsicas paraque os portadores de deficincias possam usufruir dos equipamentos de lazer de formaadequada.

    Palavras-Chave: Turismo social, Portadores de Necessidades Especiais, Amazniabrasileira.

    1. Introduo

    Um dos maiores e mais notveis desafios da sociedade brasileira atual tem sido o

    enfrentamento das questes de desigualdade e excluso social em um cenrio

    democrtico, que pressupe a ampla participao do conjunto de atores sociais.

    Dentre as demandas que se destacam atualmente no turismo, se assinala a busca

    por acessibilidade aos portadores de necessidades especiais.

    Hoje, devido ao crescimento de processos que visam incluso social, como leis,

    programas de governo e, divulgao da incluso em mdia televisiva, o portador de

    necessidade especial pode trabalhar, ter momentos de lazer, relacionar-se

    1Mestre em cultura e turismo pela Universidade Federal da Bahia UFBA e Universidade Estadual deSanta Cruz UESC (Brasil), pesquisador do grupo de pesquisa em cultura, turismo e meio ambienteNAEA/UFPA (Brasil), doutorando pela Universidade Federal do Par UFPA (Brasil) no programa dedesenvolvimento sustentvel do trpico mido. Professor do curso de turismo da Universidade

    Federal do Rio Grande do Norte UFRN (Brasil). E-mail: [email protected] em Turismo com nfase em Ecoturismo pelo Instituto de Estudos Superiores da Amaznia IESAM (Brasil), especialista em educao ambiental e uso dos recursos hdricos pela FaculdadeIntegrada Brasil Amaznia FIBRA (Brasil). E-mail: [email protected]

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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    normalmente com a comunidade, ser independente e desfrutar da condio de ser

    turista.

    O objetivo principal desta pesquisa foi analisar a acessibilidade oferecida aos

    portadores de necessidades fsicas e visuais nos equipamentos tursticos de Belm,

    Estado do Par. Os objetivos especficos da pesquisa foram: a) Verificar se h infra-

    estrutura adequada para portadores de necessidades fsicas e visuais em nove dos

    principais equipamentos tursticos de Belm-PA; b) Conferir se esses equipamentos

    possuem os padres de acessibilidade a edificaes, espao, mobilirio e

    equipamento urbano, impostos pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ABNT; c) Analisar a relao de lazer que os portadores de necessidades fsicas e

    visuais possuem com os equipamentos tursticos avaliados.A metodologia utilizada foi baseada em um estudo de carter descritivo e

    exploratrio para o levantamento de informaes e descrio de fenmenos,

    efetivado por meio de observao dos fenmenos analisados; pesquisas

    bibliogrficas; pesquisas de campo; coleta de dados e registros fotogrficos.

    Para a anlise exploratria, foram avaliados seis (06) dos principais equipamentos

    tursticos de Belm-Pa, sendo eles: Estao das Docas; Forte do Castelo; Mangal

    das Garas; Mercado do Ver-o-Peso; Museu de Arte de Belm; Museu ParaenseEmlio Goeldi. Tambm foram alvos do objeto deste estudo, o Aeroporto

    Internacional de Belm e o Terminal Rodovirio de Belm, por se tratar dos

    principais pontos de entrada e sada dos turistas na cidade.

    Com relao ao turismo, grande a importncia de verificar se os principais

    equipamentos tursticos de Belm-PA oferecem infra-estrutura adequada aos

    portadores de necessidades especiais, pois as anlises das condies estruturais

    desses equipamentos ora avaliadas podem trazer a tona informaes cruciais para acomposio de polticas inclusivas no municpio de Belm e porque no falar do

    Brasil.

    2. O turismo como fator de desenvolvimento econmico e de incluso social

    Muitos pesquisadores discutem o incio da atividade turstica como uma relao que

    antecede a efervescncia capitalista, ou seja, a partir do advento da Primeira

    Revoluo Industrial. No entanto, foi a partir das contribuies de Thomas Cook, um

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    pastor ingls que em meados do sculo XIX introduziu tcnicas para organizao

    das viagens, hoje difundidas pelo mercado mundial.

    Sem dvida alguma, a maior contribuio de Cook para o turismo est na introduodo conceito de excurso organizada nessa atividade, conhecida hoje com o nome de

    packaged Tours (pacote turstico), pois permitiu que uma grande massa da

    populao tivesse acesso s viagens de frias. O acesso de um quantitativo

    expressivo de viajantes est associado ao desenvolvimento dos transportes,

    principalmente aps a Primeira Guerra Mundial, quando o turismo foi impulsionado

    pela abertura de ferrovias inicialmente na Europa e posteriormente na Amrica do

    Norte. Paulatinamente, o setor de transportes possibilitou num aumento expressivo

    das viagens, bem como do barateamento das mesmas. Para Acerenza (2002, p. 68):

    O perodo compreendido entre a segunda metade do sculo XVIII e aprimeira metade do sculo XIX marca outro momento significativo naevoluo do turismo. A transformao econmica e social decorrente daRevoluo Industrial e o conseqente surgimento de uma classe mdia eprspera, com novos gostos e necessidades, especialmente no que dizrespeito s frias, e favorecida, alm disso, pelos rpidos aperfeioamentos

    dos transportes, fez com que aumentasse o nmero de pessoas queviajassem por prazer.

    No Brasil, a atividade turstica iniciou o processo de desenvolvimento, embora muito

    tmida, somente a partir da dcada de 1920, impulsionada pela construo de

    estradas de ferro, primeiramente no Sudeste do pas, regio importante no cenrio

    econmico nacional, com a ajuda dos imigrantes europeus que cultivaram as

    plantaes de caf, uma das atividades, at ento, com melhores retornos

    econmicos no cenrio nacional. Esse perodo de intenso desenvolvimento

    econmico tambm foi marcado pelo avano do processo de urbanizao que teve

    como base a industrializao e a mecanizao do campo, o que proporcionou a

    sada de pessoas do campo para as cidades, ocasionando desenvolvimento de

    regies como o Sudeste, Sul e Centro-Oeste.

    De acordo com Rua (2006), o turismo pode contribuir decisivamente para o

    desenvolvimento sustentvel e para a incluso social porque agrega um conjunto de

    dimenses favorveis solidariedade e integrao social. Em primeiro lugar, pela

    sua prpria natureza, o turismo opera pela ruptura do isolamento, provocando o

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    contato entre culturas e ocasionando interaes de mltiplos e variados atores

    sociais. Com isso, propicia o conhecimento e a valorizao de determinados

    ambientes e comunidades. E em segundo lugar, o conhecimento oportunizado

    caracteriza-se como essencialmente prazeroso, de maneira que as interaes se

    do em um clima de reduzida tenso, favorecendo o entendimento entre os atores.

    Recentemente, o termo incluso social corriqueiro na elaborao de diferentes

    polticas e discursos, seja ele de carter pblico ou privado, no entanto, o termo

    incluso ainda recheado de valores, esteretipos e preconceitos. Para Silva e Boia

    (2006) a incluso, em todos os setores da sociedade, significa que essa deve, alm

    de garantir espaos adequados para todos, aceitar e valorizar a diversidade

    humana. necessrio redimensionar o papel do turismo, assumindo, nesse contextohistrico especfico, um papel de reorientao dos espaos e atitudes sociais.

    Segundo o Ministrio do Turismo MTUR (2006) considera-se deficiente a pessoa

    que possui limitao ou incapacidade para o desempenho de algum tipo de

    atividade. Sendo que as deficincias podem ser classificadas em:

    TIPOLOGIA DEFINIODeficincia

    FsicaAlterao completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano,acarretando o comprometimento da funo fsica, apresentando-se sob a forma deparaplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia,

    triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputao ou ausncia de membro,paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congnita ou adquirida,exceto as deformidades estticas e as que no produzam dificuldades para odesempenho de funes.

    DeficinciaAuditiva

    Perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibis (dB) ou mais, aferida poraudiograma nas freqncias de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.

    DeficinciaVisual

    Acuidade visual igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correoptica; a baixa viso, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho,com a melhor correo ptica; os casos nos quais a somatria da medida do campovisual em ambos os olhos for igual ou menor que 60; ou a ocorrncia simultnea dequaisquer das condies anteriores.

    DeficinciaMental

    Funcionamento intelectual significativamente inferior mdia, com manifestaoantes dos dezoito anos e limitaes associadas a duas ou mais reas de habilidadesadaptativas, tais como: comunicao, cuidado pessoal, habilidades sociais, utilizaodos recursos da comunidade, sade e segurana, habilidades acadmicas, lazer etrabalho.

    DeficinciaMltipla

    Associao de duas ou mais deficincias.

    MobilidadeReduzida

    Mobilidade reduzida a dificuldade de movimento, permanente ou temporariamente,gerando reduo efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenao motora epercepo, no se enquadrando no conceito de pessoa com deficincia. A NBR9050/2004 da ABNT entende por pessoa com mobilidade reduzida, alm da pessoacom deficincia, o idoso, o obeso, a gestante, pessoas com membros acidentados,etc.

    Quadro 1. Tipos de deficincia e suas definies.

    Fonte: Ministrio do Turismo do Brasil (2006).

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    O termo Pessoas com Necessidades Especiais (PNE) tem sido utilizado para

    indicar aquelas que necessitam de intervenes especializadas em casa, na escola

    ou na comunidade, devido ao atraso nos desenvolvimentos fsico, cognitivo, social

    ou de linguagem, de intervenes mdicas freqentes devido s condies de

    sade, de programas pedaggicos individualizados para problemas de

    aprendizagem, de atendimento extra para as habilidades de vida diria, de auxlio

    especial para possibilitar e enaltecer a comunicao, de terapias especiais para

    melhorar a resistncia e a coordenao fsica, ou por problemas emocionais ou de

    comportamento persistentes e de equipamentos especiais para aumentar sua

    mobilidade MILLER (1995).

    Diante da diversidade de deficincias possvel observar a dificuldade de empresaspblicas e privadas na definio de polticas inclusivas que contemplem de fato os

    anseios da populao deficiente. O que se espera dos diferentes atores que

    trabalham com o turismo no a conduo de um tipo de turismo voltado para

    pessoas com necessidades especiais, mas sim propor novas possibilidades para

    que qualquer pessoa possa ter a experincia da viagem sem confrontar-se com as

    barreiras fsicas e/ou atitudinais (SILVA; BOIA, 2006).

    Farias et. al. (2010) aponta a falta de preparo dos profissionais na rea do turismo, oque se torna especialmente problemtico diante da constatao de que a satisfao

    do consumidor depende fortemente do desempenho dos funcionrios. Para a autora,

    os profissionais no tm a viso do lazer como instrumento social, mas como

    atividade de finalidade exclusivamente comercial. Tal viso gera problemas de

    ordem social, causando dificuldades para a incluso de pessoas com necessidades

    especiais no lazer, uma vez que esses profissionais despreparados proprietrios,

    gestores, gerentes ou operadores de empresas prestadoras de servios de lazer parecem optar por trabalhar com pessoas com plenas capacidades fsicas e

    mentais, por se sentirem mais vontade com essa escolha.

    O Brasil, segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE,

    do ano de 2000, possui 15% da populao portadora de alguma deficincia, o que

    representa hoje cerca de 28,5 milhes de pessoas com alguma necessidade

    especial. Para assegurar o direito de acessibilidade aos portadores de necessidades

    especiais a Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT lanou a NBR

    9050/2004, que estabelece critrios e parmetros tcnicos a serem observados

    quando do projeto, construo, instalao e adaptao de edificaes, mobilirio,

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    espaos e equipamentos urbanos s condies de acessibilidade. Segundo esta

    norma, a acessibilidade definida como:

    Possibilidade e condio de alcance para utilizao, com segurana e

    autonomia, dos espaos, mobilirios e equipamentos urbanos, dasedificaes, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicao, porpessoa portadora de deficincia ou com mobilidade reduzida (ABNT, NBR9050/2004, p. 02).

    As leis e normas decretadas e sancionadas pelo poder pblico designadas

    proteo dos direitos do portador de necessidades especiais, garantem o pleno

    exerccio de sua autonomia e cidadania, com o intuito de proteger e resguardar seus

    direitos como pessoa e de acesso a qualquer local, inclusive, para fins tursticos.

    3. Apresentao de resultados

    O planejamento da atividade turstica nas diversas esferas, inclusive na municipal,

    dever garantir acessibilidade a toda populao, com segurana e autonomia, total

    ou assistida, dos espaos, mobilirios, edificaes e equipamentos urbanos

    pblicos, dos servios de transporte pblicos e dos dispositivos, sistemas e meios de

    comunicao e informao. Logo, possvel verificar certa preocupao por parte

    do poder pblico em garantir em seus planos e programas a implantao da

    acessibilidade e incluso social de portadores de necessidades especiais em locais

    pblicos, com base nas normas impostas por rgos competentes. Porm, na

    prtica, no o que se encontra ao visitar os equipamentos tursticos do municpio

    de Belm-PA, visto que poucos so os que oferecem acessibilidade aos portadores

    de necessidades especiais ou s pessoas com mobilidade reduzida, como idosos e

    gestantes, por exemplo.

    Para a avaliao da acessibilidade foram avaliados seis dos principais equipamentos

    tursticos de Belm-PA, alm do terminal rodovirio e do aeroporto da capitalparaense. Pode-se perceber que a maioria possui vrios gargalos, isto , falhas com

    relao acessibilidade, causando a excluso dos portadores de necessidades

    especiais nos locais apresentados a seguir.

    3.1. Forte do Castelo

    O primeiro equipamento turstico analisado foi o Forte do Castelo, localizado na

    Praa D. Frei Caetano Brando, no Bairro da Cidade Velha, que est tombado peloInstituto de Patrimnio Histrico e Artstico Nacional IPHAN desde 1962.

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    O Forte do Castelo um equipamento com inmeras barreiras arquitetnicas, pois

    por ser uma construo do sculo XVII, ainda ostenta a arquitetura daquela poca, e

    mesmo aps as diversas reformas, o local continua com inmeras barreiras. Para se

    ter acesso orla do Forte do Castelo h uma pequena escada (ver figura 01) o que

    impossibilita que uma pessoa em cadeira de rodas possa visitar esta parte do local

    sem o auxlio de outra pessoa.

    Figura 01. Acesso orla do Forte.

    Fonte: SILVA, M. 2009.

    3.2 Estao das Docas

    Localizada na Avenida Boulevard Castilho Frana, s/n, a Estao das Docas foi

    criada a partir da restaurao do antigo porto de Belm. O local possui uma mdia

    diria de 6000 (seis mil) freqentadores, pblico que faz do complexo turstico-

    cultural um grande centro de lazer na cidade de Belm. No entanto, a presena da

    acessibilidade no local razovel, pois o espao possui elevador, rampas, banheiros

    adaptados e vagas de estacionamento reservadas aos portadores a deficientes.

    Porm, as vagas de estacionamento so apenas improvisadas, pois no possuem

    sinalizao adequada e nem rampa fixa, e toda a orla da Estao foi construda por

    paraleleppedos, como se pode visualizar na figura 02, o que dificulta a caminhada

    de um idoso, e principalmente por uma pessoa cadeirante ou deficiente visual.

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    Figura 02. Paraleleppedos na orla da Estao.Fonte: SILVA, M. 2009.

    3.3 Mangal das Garas

    Localizado na Passagem Carneiro da Rocha, no bairro da Cidade Velha, o Mangal

    das Garas o resultado da revitalizao de uma rea de 40.000 m, no entorno do

    Arsenal da Marinha. O local reproduz as diferentes macro-regies da flora paraense:as matas de terra firme, as matas de vrzea e os campos.

    Apesar de ser um local construdo recentemente, a acessibilidade arquitetnica no

    foi contemplada, sendo que no h banheiros adaptados, placas em braile, e vagas

    de estacionamento reservadas aos deficientes.

    O espao onde fica localizado o Museu Amaznia da Navegao e o Restaurante

    Manjar das Garas possui uma enorme rampa que d acesso ao mirante, porm

    antes de se chegar rampa, h escadas, o que impossibilita um deficiente fsico deacessar o local. Os demais espaos como orquidrio, viveiros das aningas e

    borboletrio no possuem rampas, porm no necessrio devido fcil interao

    com o local. No entanto, para que um deficiente visual pudesse ter maior

    conhecimento sobre as espcies encontradas nestes locais, seria importante a

    implantao de placas em braile para que o local pudesse ser acessvel a esta

    parcela da populao.

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    No interior do Mangal existem algumas rampas improvisadas para auxlio

    cadeirantes (ver figura 03). No entanto, estas rampas no seguem as normas de

    inclinao e padronizao impostas pela ABNT.

    Figura 03. Rampa no interior do Mangal.Fonte: SILVA, M. 2009.

    3. 4 Museu Paraense Emlio Goeldi

    O Museu Paraense Emlio Goeldi foi criado em 06 de Outubro de 1866 pelo

    naturalista Domingos Soares Ferreira Penna, sendo a mais antiga instituio depesquisas da regio Amaznica. Porm, mesmo com uma significativa demanda de

    visitantes e j tendo passado por algumas reformas, a acessibilidade a portadores

    de deficincias ainda escassa. Apenas o prdio da Rocinha, principal smbolo do

    Museu Goeldi, adaptou sua estrutura e implantou um elevador para o auxilio a

    visitao por portadores de deficincia fsica ou pessoas com mobilidade reduzida.

    No interior da Rocinha h tambm banheiros adaptados, porm, o museu no

    dispe de rampas de acesso aos viveiros dos animais, apenas uma rampa em uma

    das entradas do Museu (ver figura 04). Tambm no h placas em braile para

    orientar deficientes visuais, o que caracteriza o Museu Emlio Goeldi como um

    equipamento turstico de difcil acesso para portadores de necessidades fsicas e

    visuais, por no oferecer acessibilidade adequada para atend-los.

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    Figura 04. Rampa em uma das entradas do Museu Goeldi.Fonte: SILVA, M. 2009.

    3.5 Museu de Arte de Belm

    O Museu de Arte de Belm funciona no Palcio Antnio Lemos em seu estilo

    neoclssico um exemplar da arquitetura da segunda metade do sculo XIX. Foi

    construdo originalmente para ser a sede da Intendncia Municipal. Ficou mais

    conhecido como o Palacete Azul, e atualmente continua abrigando o gabinete da

    prefeitura municipal de Belm. O Museu de Arte de Belm um local que possui

    alguma acessibilidade aos portadores de necessidades especiais, pois na entrada

    do prdio h rampas, e um elevador que d acesso ao segundo piso. Para facilitar o

    acesso por pessoas deficientes, uma rampa foi instalada na entrada do local (ver

    figura 05), possibilitando assim que uma pessoa em cadeira de rodas possa ter um

    acesso seguro e confortvel ao museu.

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    Figura 05. Rampa na entrada do Museu de Belm.Fonte: SILVA, M. 2009.

    3.6 Mercado do Ver-O-Peso

    O mercado do ver-o-peso um dos principais pontos tursticos da cidade de Belm-Pa, situado s margens da Baa do Guajar, a origem do mercado data da segunda

    metade do sculo XVII. Em 21 de maro de 1688, quando resolveram estabelecer

    um rgido controle alfandegrio na Amaznia, os portugueses criaram um posto de

    fiscalizao e tributos - a Casa do Haver-o-Peso. Em 1977, o complexo foi tombado

    pelo Instituto Histrico e Arquitetnico Nacional IPHAN. Apesar de ser o principal

    carto-postal da cidade de Belm, o mercado do ver-o-peso no um local

    acessvel a portadores de necessidades fsicas e visuais, pois no possui rampas,nem placas em braile, e no h comerciantes capacitados para interagir com

    deficentes auditivos. No h rampas nas caladas ao redor da feira (ver figura 06), o

    que dificulta o acesso por pessoas cadeirantes ou idosos.

    Figura 06. Calada do Mercado do Ver-o-Peso.Fonte: SILVA, M. 2009.

    3.7 Terminal Rodovirio de Belm

    Inaugurado em 29/07/1970, o Terminal Rodovirio de Belm foi privatizado e

    atualmente administrado pela Sociedade Nacional de Apoio Rodovirio e Turstico

    Ltda. SINART. Localizado na Avenida Almirante Barroso, o Terminal Rodovirio de

    Belm possui um pblico circulante mensal de, aproximadamente, 400 mil pessoas.

    A acessibilidade no terminal rodovirio de Belm pode ser percebida logo na entrada

    do terminal, onde h rampas de acesso e vagas de estacionamento reservas a

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercadohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Turismohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bel%C3%A9m_(Par%C3%A1)http://pt.wikipedia.org/wiki/Ba%C3%ADa_do_Guajar%C3%A1http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercadohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Turismohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bel%C3%A9m_(Par%C3%A1)http://pt.wikipedia.org/wiki/Ba%C3%ADa_do_Guajar%C3%A1
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    deficientes e corretamente sinalizadas. Os balces das empresas rodovirias so

    mais baixos, o que proporciona melhor interao com pessoas cadeirantes ou de

    baixa estatura. O local dispe, tambm, de banheiros adaptados e entrada especial

    para portadores de necessidades especiais no setor de embarque e desembarque

    para viagens. O porto de embarque/desembarque exclusivo para pessoas

    deficientes (ver figura 07) ou pessoas com mobilidade reduzida mostra a

    preocupao do local com o conforto destas pessoas.

    Figura 07. Embarque/desembarque para deficientes e idosos.Fonte: SILVA, M. 2009.

    3.8. Aeroporto Internacional de Belm

    O Aeroporto Internacional de Belm foi construdo em 1959, sendo administrado

    inicialmente pelo comando da aeronutica, que em 07/01/74 delegou esta funo

    Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroporturia - INFRAERO, que foi criada

    exclusivamente para a administrao dos aeroportos brasileiros. O Aeroporto de

    Belm passou por uma importante reforma e ampliao no ano de 2001, tendo sua

    estrutura totalmente modificada e atualmente opera com capacidade para atender

    uma demanda de cerca de 2,7 milhes de passageiros por ano. O Aeroporto de

    Belm incluiu a acessibilidade arquitetnica em toda sua estrutura, implantando

    rampas, elevadores, banheiros adaptados e vagas de estacionamento reservadas

    aos deficientes, o aeroporto ainda possui servios diferenciais, como o emprstimo

    de facilidades como: cadeira de rodas, carrinhos de beb e carrinhos motorizados

    que auxiliam portadores de necessidades especiais ou com mobilidade reduzida.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/2001http://pt.wikipedia.org/wiki/2001
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    O balco de informaes da INFRAERO, que presta apoio a passageiros, turistas e

    usurios do aeroporto, segue as normas impostas ABNT, pois possui uma altura que

    permite a aproximao de cadeira de rodas e possui atendentes capacitados para se

    comunicar em lngua brasileira de sinais - LIBRAS.

    Um dos servios mais diferenciados do aeroporto oferecido aos portadores de

    necessidades especiais o telefone pblico para surdos (ver figura 08), chamado

    TDD (Telecomunication Device for Deaf Dispositivo de telecomunicao para

    surdos), que apesar de ser adaptado, pode tambm ser utilizado como um telefone

    pblico comum. Este aparelho comunica-se com outro igual atravs de linha

    telefnica. Possui teclado para envio de mensagens, que sero recebidas por outro

    aparelho idntico e a leitura da mensagem realizada em um visor prprio.

    Figura 08. Telefone pblico para deficientes auditivos.Fonte: SILVA, M. 2009.

    5. Consideraes finais

    Com o desenvolvimento desta pesquisa foi possvel verificar que a cidade de Belm-

    PA, e principalmente seus equipamentos tursticos, ainda precisam se adequar aos

    padres arquitetnicos de acessibilidade e compreender que uma parcela de sua

    populao possui alguma necessidade especial ou mobilidade reduzida, como

    idosos, gestantes, obesos, entre outras possibilidades, como pessoas em estado

    provisrio ou permanentes de necessidades especiais. Para se adequar a estes

    padres necessrio que o poder pblico e os rgos responsveis pelos

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    equipamentos tursticos analisados insiram a acessibilidade na arquitetura destes

    locais, implantando meios que possibilitem que os portadores de necessidades

    especiais visitem estes equipamentos e que possam, segundo a Norma 9050/2004

    da ABNT, ter condies de alcance para utilizao, com segurana e autonomia, dos

    espaos, mobilirios e equipamentos urbanos. necessrio que os locais implantem

    rampas de acesso ou elevadores; banheiros adaptados a deficientes; placas em

    braile; vagas de estacionamento reservadas a deficientes; e utilizao de intrpretes

    de libras para o auxlio a portadores de necessidades.

    A acessibilidade deve ser uma preocupao permanente na atividade turstica, pois

    o turista que tem dificuldade de locomoo nem sempre consegue se hospedar em

    hotis, freqentar praias, restaurantes, casas noturnas, museus e outrosequipamentos tursticos devido falta de acesso fsico adequado. Logo, eliminar

    barreiras de acesso significa garantir espaos que atendam a todas as necessidades

    especiais e o planejamento de locais de turismo universais e inclusivos. Vale

    destacar que no o portador de necessidades especiais que precisa se adaptar

    sociedade, mas a sociedade que deve se adaptar e oferecer servios e produtos a

    todos, sem restries e com respeito diversidade e diferenas de necessidades

    entre as pessoas.

    6. Referncias

    ACERENZA. M. A. Administrao do turismo: conceituao e organizao. Bauru:Edusc, 2002.ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 9050/2004:Acessibilidade de Pessoas Portadoras de Deficincias a Edificaes, Espao,Mobilirio e Equipamento Urbano. Rio de Janeiro: ABNT, 2 Ed. 1994.MINISTRIO DO TURISMO - MTUR. Turismo e acessibilidade: manual de

    orientaes. Braslia, 2006.INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA. Censo demogrficodo ano 2000. Braslia, 2000.MILLER, N. B. Ningum perfeito: vivendo e crescendo com crianas que tmnecessidades especiais. Campinas: Papirus, 1995.RUA, Maria das Graas. Turismo e polticas pblicas de incluso. In: Ministrio doTurismo - Mtur. Turismo Social: Seminrio Dilogos do Turismo - Uma Viagem deIncluso. Rio de Janeiro: IBAM, 2006, pp. 17-37.FARIA, M. D.; FERREIRA, D. A.; CARVALHO, J. L. F. O portador de deficinciacomo consumidor de servios de lazer extradomstico. Itaja, Revista TurismoViso e Ao, v. 12, n 2, mai.-ago, 2010 pp. 184-203.

    SILVA, Y. F.; BOIA. I. K. Turismo e responsabilidade social: uma reflexo sobre osdireitos das pessoas com necessidades especiais. In: RUSCHMANN, D.; SOLHA, K.T. (Orgs.) Planejamento turstico. Barueri: Manole, 2006, pp.3-18.

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