Upload
others
View
2
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Universidade Federal Fluminense
Instituto de Saúde da Comunidade
Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Paola Moraes Sarmento Santiago Freitas
INFLUÊNCIA DA COMPOSIÇÃO CORPORAL NA
MASSA ÓSSEA EM MULHERES ACIMA DE 40 ANOS
NITERÓI, RJ
2014
Paola Moraes Sarmento Santiago Freitas
INFLUÊNCIA DA COMPOSIÇÃO CORPORAL NA
MASSA ÓSSEA EM MULHERES ACIMA DE 40 ANOS
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
Graduação em Saúde Coletiva da Universidade
Federal Fluminense, como requisito parcial para
obtenção do grau de mestre em Saúde Coletiva.
Orientador (a): Prof. Drª Edna Massae Yokoo
NITERÓI
2014
F866
Freitas, Paola Moraes Sarmento Santiago
Influência da composição corporal na massa
óssea em mulheres acima de 40 anos / Paola Moraes
Sarmento Santiago Freitas. – Niterói: [s.n.],
2014.
46 f.
Orientador: Edna Massae Yokoo
Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) -
Universidade Federal Fluminense, Faculdade de
Medicina, 2014.
1. Composição Corporal. 2. Densidade Óssea. 3.
Osteoporose. 4. Saúde da Mulher. I. Título.
1.
CDD 616.71
Paola Moraes Sarmento Santiago Freitas
INFLUÊNCIA DA COMPOSIÇÃO CORPORAL NA
MASSA ÓSSEA EM MULHERES ACIMA DE 40 ANOS
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
Graduação em Saúde Coletiva da Universidade
Federal Fluminense, como requisito parcial para
obtenção do grau de mestre em Saúde Coletiva.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________________
Profª Drª Flavia Fioruci
Instituto de Nutrição da UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro
______________________________________________________________________
Profª Drª Vivian Wahrlich
Faculdade de Nutrição – Universidade Federal Fluminense
______________________________________________________________________
Profª Drª Edna Massae Yokoo
Departamento de Epidemiologia e Bioestatística – Universidade Federal Fluminense
Orientadora
DEDICATÓRIA
Aos meus pais e irmã por todo o suporte, amor e incentivo necessários.
A todos os meus amigos pela compreeensão nos dias ausentes.
A minha querida amiga Fernanda Morena, pela grande amizade, pelas explicações de
estatística, pelas conversas, pelo apoio. Sem você muita coisa não seria possível. Muito
obrigada.
A minha amiga Luciana Canto pelos trabalhos, amizade e companheirismo desde o primeiro
momento. Aos nossos inúmeros telefonemas durante esses dois anos. Muito obrigada.
A Ana Paula, pela ajuda na coleta de dados no LANUFF.
Em especial as professoras Vivian, Maria Luiza e minha orientadora Edna.
RESUMO
INTRODUÇÃO: A perda de massa óssea ao longo da vida atinge a grande maioria das
mulheres, podendo chegar a 50% aos 80 anos, sendo responsável por números elevados de
fraturas decorrentes da fragilidade óssea. A composição corporal é um componente
importante envolvido nessa perda assim como o período da menopausa, que leva a um
aumento da massa gorda e diminuição do tecido magro mole, o que favorece a perda de massa
óssea. OBJETIVO: O objetivo do presente trabalho é avaliar a influência da massa gorda,
tecido magro mole e percentual de gordura corporal (composição corporal) na massa óssea
(densidade mineral óssea - DMO e conteúdo mineral ósseo - CMO). METODOLOGIA:
Estudo transversal foi conduzido em 271 mulheres com idade entre 40 a 92 anos, em Niterói,
de 2011 a 2012. A composição corporal e a massa óssea foram mensuradas através Exame de
densitometria óssea por absorptiometria de raio-X de duplo feixe – DEXA. Foi utilizada a
regressão linear simples e regressão logística para avaliar relação entre as variáveis de
exposição (tecido magro mole, tecido gordo e percentual de gordura corporal) com as
variáveis de desfecho (densidade mineral óssea e conteúdo mineral ósseo). RESULTADOS:
das mulheres estudadas 231 estavam na menopausa e 40 na pré menopausa. Houve associação
positiva e com significância estatística entre massa gorda, tecido magro mole e percentual de
gordura e densidade mineral óssea e conteúdo mineral ósseo (P-valor < 0,001). Após ajuste
para idade e menopausa na regressão logística, elevada quantidade de massa gorda é fator de
risco para baixo CMO (RC=10) e DMO (RC = 4,2), assim como elevado percentual de
gordura é fator de risco para CMO (RC=3,9) e DMO (RC= 2,8). Ter baixa quantidade de
tecido magro mole também foi fator de risco para baixo CMO (RC= 17,2) e DMO (RC= 6,6);
todos com P-valor < 0,001. CONCLUSÃO: O presente trabalho mostrou que mulheres na
menopausa apresentam risco bastante elevado de ter baixo conteúdo mineral ósseo e baixa
densidade óssea. Além disso, quanto maior a quantidade de gordura e o percentual de gordura
corporal total, maior a chance de apresentar baixa massa óssea (CMO e DMO). O tecido
magro mole elevado foi o único componente corporal que apresentou efeito benéfico na
massa óssea.
SUMMARY
INTRODUCTION: Loss of bone mass throughout life affects the vast majority of
women , reaching 50 % at 80 years , accounting for high numbers of fractures due to bone
fragility . Body composition is an important component involved in this loss as well as the
period of the menopause, leading to an increased fat mass and reduced lean soft tissue , which
favors the loss of bone mass. AIM: The aim of this study is to evaluate the influence of fat
mass, soft lean tissue and body fat percentage ( body composition ) in bone mass ( bone
mineral density - BMD and bone mineral content - BMC) . METHODS: Cross-sectional
study was conducted in 271 women aged 40 to 92 years, in Niterói, 2011-2012. Body
composition and bone mass were measured by bone densitometry examination by X- ray
absorptiometry Dual Beam - DEXA. Simple linear regression and logistic regression was
used to assess the relationship between exposure variables (soft lean tissue, fat tissue and
body fat percentage) with the outcome variables (bone mineral density and bone mineral
content). RESULTS: 231 women were studied in 40 pre menopause and menopause. There
was a positive and statistically significant association between fat mass, lean soft tissue and
fat percentage and bone mineral density and bone mineral content (P - value < 0.001)
association. After adjustment for age and menopause in logistic regression , high fat mass is a
risk factor for low BMC ( OR = 10 ) and BMD ( OR = 4.2 ) as well as a high percentage of fat
is a risk factor for CMO ( OR = 3 , 9 ) and BMD ( OR = 2.8 ) . Have low lean soft tissue was
also a risk factor for low BMC (OR = 17.2) and BMD (OR = 6.6), all P -values < 0.001.
CONCLUSION: This study showed that postmenopausal women have very high risk of
having low bone mineral content and low bone density. Moreover, the greater the amount of
fat and percentage of total body fat, the greater the chance of having low bone mass (BMC
and BMD). The high soft lean tissue was the only body part that had a beneficial effect on
bone mass.
LISTA DE QUADROS E TABELAS
Figura 1: Prisma. Fonte: Moher, D, et al. Preferred Reporting Items For Systematic Reviews
and Meta- Analyses: The PRISMA statement, 2003 ………………………………………….8
Figura 2 – Fluxograma das etapas da revisão sistemática de literatura ....................................9
Quadro 1 – Artigos da revisão de literatura realizados no Continente Americano ................10
Quadro 2 – Artigos da revisão de literatura realizados no Continente Asiático .....................10
Quadro 3- Artigos da revisão de literatura realizados no Continente Europeu ......................13
MANUSCRITO
Tabela 1: Características antropométricas e da massa óssea de mulheres acima de 40 anos
assistidas no PMF, Niterói, 2013..............................................................................................34
Tabela 2: Prevalência de osteoporose, osteopenia e massa óssea normal em mulheres acima
de 40 anos assistidas no PMF, Niterói, 2013 .........................................................................35
Tabela 3: Regressão linear simples para CMO e DMO total em mulheres acima de 40 anos
assistidas no PMF, Niterói, 2013.............................................................................................35
Tabela 4: Regressão Logística para BMC e DMO total em mulheres acima de 40 anos
assistidas pelo PMF, Niterói, 2013........................................................................................36
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
POF - Pesquisas de Orçamentos Familiares
DIGITALIS – Estudo de prevalência de doenças cardiovasculares
PMF - Programa Médico de Família
CC - Circunferência da cintura
IMC -Índice de massa corporal (IMC),
MAG – Tecido magro mole
GOR – Massa gorda
PGTEC – Percentual de gordura corporal total
DMO – Densidade Mineral Óssea
CMO – Conteúdo Mineral Ósseo
IOF - International Osteoporosis Foundation
DEXA- Exame de densitometria óssea por absorptiometria de raio-X de duplo feixe
EPIC - The European Prospective Investigation intoCancer
RC- Razão de chance
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO 01
2- REVISÃO DE LITERATURA 07
3- JUSTIFICATIVA DO ESTUDO 15
4- OBJETIVOS 16
4.1 – Objetivo Geral 16
4.2 – Objetivos Específicos 16
5- MATERIAL E MÉTODOS 16
5.1- Desenho de estudo, população e amostra 16
5.2 – Procedimento de coletas de dados 17
5.2.1 – DEXA 17
5.2.2 – Composição corporal 18
5.2.3 - Massa óssea (variável de desfecho) 18
5.2.4 - Composição corporal (variável de exposição/risco) 19
5.2.5 - Menopausa e idade (variáveis de ajuste) 19
5.3 – Análise estatística 19
6- RESULTADOS E DISCUSSÃO 19
6.1 - Manuscrito
7- CONCLUSÃO 33
8- CONSIDERAÇÕES FINAIS 33
9- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 34
10- ANEXOS 38
1. INTRODUÇÃO
O esqueleto humano é formado por dois tipos de osso, o cortical (compacto) e
trabecular. O osso cortical forma a parede da diáfise dos ossos longos e o trabecular se
concentra nas epífises. O osso cortical é responsável pela remodelação óssea através da
ação dos osteoclastos (células que reabsorvem o osso) e dos osteoblastos (células que
depositam o osso), determinada pela solicitação e estímulos ao crescimento. O osso
trabecular é formado por uma rede complexa de pequenos túbulos e placas ósseas
formadas por osso lamelar. Apesar do osso cortical corresponder a 80% da massa do
esqueleto, o osso trabecular tem a superfície óssea 10 vezes maior devido a sua vasta
área de superfície (CUKIER, 2005).
Durante toda a vida, o osso está em constante renovação que envolve a remoção
da matriz calcificada e a sua substituição por osso formado de novo. Nos adultos
passam-se constantemente esses fenômenos de reabsorção e de depósito, o que acarreta
uma modificação contínua da estrutura óssea – cada semana são reciclados 5% da massa
óssea e há trocas de 500GOR de cálcio por dia (Consenso Brasileiro de Osteoporose
2002).
O conjunto dos processos de depósito e reabsorção denomina-se remodelação
óssea. Estes dois processos estão associados, fazendo-se em conjuntos de osteoclastos e
osteoblastos. Num adulto normal há um equilíbrio entre estes dois processos – a
quantidade reabsorvida é igual à depositada . Porém a remodelação não é uniforme –
p.ex. a parte distal do femur é totalmente remodelada cada seis meses enquanto que a
diáfise é remodelada muito mais lentamente (CUKIER, 2005).
A densidade mineral óssea (DMO) é expressa pela quantidade de conteúdo
mineral por área de osso, sendo determinada pela combinação de fatores endógenos
(genéticos e hormonais) e exógenos (atividade física e nutrição) (EIS, 2001). A perda
leve e gradual de massa e densidade óssea é caracterizada por osteopenia e a perda mais
severa é caracterizada por osteoporose, podendo ter início muito cedo. Alguns autores
dividem a osteoporose em 3 tipos: tipo I surge mais cedo e aparece mais frequentemente
após 10 anos que se seguem a menopausa; tipo II surge após os 65 e atinge duas
vezes mais mulheres do que homens e a osteoporose secundária é provocada por
outra doenças como – genética, endócrina, iatrogenia, tumores (RAMALHO, 1999).
A osteoporose, também conhecida como “epidemia silenciosa”, de acordo com
a Organização Mundial de Sáude é considerada um problema de Saúde Pública
Mundial, estando atrás apenas das doenças cardiovasculares (FENAPCO). Isto se deve à
alta incidência de fraturas, especialmente de quadril e por levar a considerável aumento
de mortalidade, morbidade, redução de mobilidade e diminuição da qualidade de vida
(GENNARI, 2001). Qualquer fratura tem efeitos sobre a qualidade de vida do
indivíduo, porém numa perspectiva de Saúde Coletiva, as de quadril são as mais
importantes, pois se relacionam em maior grau com as morbidades e são causas
elevadas de óbito.
Sua prevalência é alarmante. De acordo com a International Osteoporosis
Foundation (IOF) cerca de 200 milhões de mulheres são afetadas. Aproximadamente 40
a 50% das mulheres apresentarão osteoporose durante a vida enquanto que esse número
cai para 25 a 33% em homens. No Brasil a incidência de fratura de quadril atinge faixas
entre 5.59 a 13/10.000 para homens e entre 12.4 a 27.7/10.000 para mulheres. A
incidência e custos no tratamento são mais altas que as cardiopatias e câncer de mama,
atingindo um custo em países como Canada, Europa e Estados Unidos de até 48 bilhões
de dólares/ano (FENAPCO, BINKLEY, 2006).
Em estudo realizado em Delhi, na China com mais de 1600 indivíduos com
idade superior a 50 anos; a osteoporose estava presente em 31,1% e a osteopenia em
49,5%( MARWAHA, 2011). Na França, 646 mulheres pós menopausa foram
analisadas; a osteoporose foi diagnosticada em 57,6% e a osteopenia em 38,7%
(GUGGENBUHL, 2011).
No Brasil, são poucos os estudos sobre a prevalência da osteoporose, embora
seja a doença osteometabólica mais comum. Buttros, et al. (2011) em estudo transversal
com 401 mulheres, 24,6% apresentavam osteoporose e 40,6% osteopenia. Identificando
a idade, tempo de menopausa, tabagismo e história materna de fratura como indicadores
clínicos de risco e o IMC elevado como fator protetor.
Existem vários métodos de avaliação da densidade mineral óssea, porém a
técnica considerada padrão-ouro é através do DEXA (absorptiometria de raio-X de
duplo feixe), que divide a massa corporal em três componentes: conteúdo mineral
ósseo, tecido macio livre de minerais e gordura. Pode ser mensurada em vários locais,
dentre eles, fêmur, coluna, entre outros (OLIVEIRA, 2006). O DEXA também é
utilizado freqüentemente para acompanhar os efeitos do tratamento para osteoporose e
outras condições que causam perda da massa óssea e para avaliar o risco do indivíduo
para desenvolver fraturas.
De acordo com a WHO – World Health Organization (2007) o valor da
Densidade Mineral Óssea é classificado pelo escore T, que corresponde ao valor
correspondente à diferença entre a DMO média de jovens normais e a DMO do
indivíduo examinado, dividindo pelo desvio padrão da média de jovens normais.
Densidade mineral óssea é considerada normal quando o valor de escore T se apresenta
maior ou igual a -1,0 DP; osteopenia,valores entre -1,0 e -2,4 DP; osteoporose,valor
igual ou menor que -2,5 DP.
Alguns fatores relacionam-se diretamente com a DMO, entre eles, podemos
destacar: idade avançada, sexo, alterações hormonais, atividade física, massa gorda,
tecido magro mole, peso corporal total (LIM, 2004; FRAZAO, 2007; NASCIMENTO,
2009 ).
A composição corporal pode ser entendida como a separação do compartimento
de gordura e sem gordura (músculos, osso e vísceras). Sabe-se que os componentes
corporais (peso corporal total, massa gorda e tecido magro mole) exercem influência
sobre a DMO, porém não se tem bem esclarecido qual possuiu maior evidência
(THOMAS, 2001; GENTIL, 2007; MARONE, 2007; NASCIMENTO, 2009;
PINHEIRO, 2010;). Os estudos seguem algumas direções de estudo: avaliar a relação
entre massa gorda/tecido magro mole e DMO (HARUKO TANAKA, 1997;
COBAYASHI, 2005; GJESDAL, 2008; FU, 2011), obesidade e proteção contra
osteoporose (SILVA, 2007; REID, 2010; SAARELAINEN, 2011), perda de peso e fator
de risco para fraturas (MOAYYERI, 2012), obesidade e baixo consumo de cálcio (
ZEMMEL, 2000; HEANEY, 2006; ESTEVES, 2010).
O peso corporal total inclui tanto a tecido magro mole (MAG) quanto a massa
gorda (GOR) e parece ter importante papel na aquisição e diminuição da massa óssea,
especialmente com o avançar da idade, uma vez que há importantes alterações corporais
no processo do envelhecimento (CHEN, 1997 ; PLUIJM, 2001.; KYONG-CHOL,
2010). É de extrema importância, contudo, identificar qual dos componentes possui
maior relação com a DMO.
O The European Prospective Investigation intoCancer (EPIC), avaliou 14789
(6470 homens) indivíduos, com idades entre 42 e 82 anos, e encontrou que o percentual
de gordura corporal parece diminuir o risco de fraturas de quadril em mulheres. Aquelas
que possuíam GOR <20%, tinham 3.5 vezes mais risco de fraturar do quadril e 2.2
vezes mais risco de qualquer outra fratura comparadas com aquelas onde a GOR era de
40%. Entretanto o mesmo efeito não apareceu nos homens. Outro estudo com 6249
italianas (idade entre 30 e 80 anos) mostrou que a obesidade diminuiu
significativamente o risco de osteoporose (ANDREOLI, 2011). Silva et al, 2007,
também encontrou a mesma relação em 588 mulheres.
Os mecanismos principais pelo qual esse componente beneficia a DMO parece
ser a sobrecarga/estresse mecânico, que aumenta a osteogênese e a interação entre o
peso corporal, e a maior produção de estrógenos pelas células de gordura que são
benéficos na manutenção da massa óssea (REID, 2002 ; LIM, 2004).
Por outro lado, outros artigos apontam que massa gorda não possui qualquer
efeito benéfico à DMO e que a gordura abdominal é um fator de risco para osteoporose,
aumento de fraturas e está associada com à má saúde óssea (CHOI, 2010 ;
BHUPATHIRAJU, 2011 ; LU, 2011; SAARELAINENA, 2011). Em estudo com 907
mulheres pós menopausa com idades entre 60 e 79 anos, a elevada gordura corporal e a
circunferência abdominal foram relacionadas à baixa DMO e fratura vertebral
(KYONG-CHOL, 2010). Por isso é crucial entender de que maneira essa gordura afeta a
DMO independente do peso corporal total.
Alguns autores argumentam que os adipócitos e os osteoblastos são derivados da
mesma origem mesenquimal, fato determinado por influências locais e sistêmicas e que
por isso, a massa gorda não pode ter relação direta com a DMO. (REID, 2010;
IBRAHIM, 2011).
O tecido magro mole tem forte correlação com a DMO tanto em homens quanto
em mulheres. Gjesdal et al, 2008, observou 5205 indivíduos e encontrou essa forte
relação em homens e mulheres de meia idade e idosos. Outros autores encontraram
resultados semelhantes (DOUCHI, 2003; BLEISHER, 2011). Em mulheres pré
menopausa, um maior percentual de tecido magro mole contribui para um aumento na
DMO. Justifica-se pelo estresse mecânico gerado pela contração muscular que estimula
a formação óssea (MATSUO, 2003)
Em estudos que fazem ajuste pelo peso corporal, o tecido magro mole aparece
exercendo maior influência com a DMO (MAKOVEY, 2005 ; CHOI, 2010 ;
BLEICHER, 2011; FU, 2011). Em estudo com 5205 adultos acima de 45 anos, o tecido
magro mole se mostrou benéfico a DMO tanto na meia idade (45-50) quanto em idade
mais avançada (71-75) (GJESDAL, 2010). Bhupathiraju et al, demonstrou que o tecido
magro mole estava correlacionada com a DMO do trocanter, coluna, fêmur total e
cabeça do femur, em 629 Porto Riquenhos.
Por outro lado, sem esse ajuste, a massa gorda aparece como fator protetor para
a DMO (BLAIN, 2004; COBAYASHI, 2005; DYTFELD, 2011; SAARELAINEN,
2011). Em estudo transversal com 413 mulheres, o IMC se mostrou inversamente
proporcional à osteoporose (FRAZÃO, 2007). PINHEIRO, 2010, analisou a prevalência
e os fatores de risco para fratura por osteoporose e baixa DMO em 4,332 mulheres
estando a osteoporose presente em 33% e o elevado IMC desempenhou papel protetor.
Por essa razão, a maioria dos estudos utilizou a tecido magro mole e a massa gorda
como os componentes principais da composição corporal.
Nas mulheres a massa óssea atinge o seu pico por volta dos 18 até os 35 anos,
decrescendo a partir daí aproximadamente 0,4% a 1% por ano, podendo chegar a perder
6% por ano durante os primeiros 5 anos após menopausa. Os homens apenas começam
a perder massa óssea, cerca de 0,3% por ano, por volta dos 50 anos (PLAPER, 1997 ;
BORELLI, 2000). Essa perda da massa óssea acentua-se com o avançar da idade
podendo chegar a diminuir de 30 a 50% em mulheres entre 20 a 80 anos (LEWIN,
1997). E coincide com a menopausa que é associada a um desequilíbrio no metabolismo
ósseo, sendo os primeiros anos (de 5 a 10 anos) pós menopausa o período de maior
remodelação e perda óssea (SILVA, 2007). Além disso, há acúmulo de gordura,
principalmente na região abdominal e importantes modificações hormonais (REID,
2010).
A principal delas esta relacionada ao estrogênio, considerado um hormônio
ósseo ativo, que inibe a reabsorção óssea através da indução da apoptose dos
osteoclastos e estimula a formação óssea através dos osteoblastos (MOATTERI, 2012).
Na menopausa, sua produção é cessada, o que gera diversos sintomas, entre eles a
diminuição da absorção e reutilização de cálcio; contribuindo para a diminuição da
densidade mineral óssea e conseqüente osteopenia e osteoporose (CASTELO-
BRANCO, 2005; PINHEIRO, 2010).
O acúmulo de gordura, principalmente na região abdominal, leva ao aumento de
alguns hormônios, dentre eles o estrogênio, levando a uma melhora da manutenção
óssea e diminuição do risco de fraturas (FU, 2011). O National Osteoporosis Risk
Assesment (NORA), envolvendo mais de 200,000 mulheres pós menopausa,
demonstrou que o aumento de estrogênio circulante (através da reposição hormonal)
diminuiu significativamente o risco de fraturas (BLEISHER, 2011)
Hsu, et al. (2006) em estudo com 7137 homens, 4585 mulheres na pré
menopausa e 2248 mulheres na menopausa, encontrou que o risco de osteoporose,
osteopenia e fratura (com exceção da fratura na coluna), é mais elevado com o aumento
do % de massa gorda, mesmo ajustado para idade, atividade física, ocupação
profissional,fumo, consumo de álcool, peso, altura e anos desde a menopausa(este,
apenas para mulheres na menopausa). Para homens, o RC encontrado foi de 5,2; 3,6 e
2,3, respectivamente para osteoporose, osteopenia e fratura; para mulheres na pré
menopausa, o RC foi de 5,0; 3,3 e 3,0, respectivamente para osteoporose, osteopenia e
fratura e mulheres na menopausa, o RC foi de 6,9; 2,6 e 1,3, respectivamente para
osteoporose, osteopenia e fratura. Além disso, o aumento do % de tecido magro mole
foi inversamente proporcional ao risco de desenvolver osteopenia e fratura, mesmo após
o ajuste.
Gnudi, et al. (2007) descobriram que a tecido magro mole estava
significativamente associada a densidade mineral óssea e conteúdo mineral ósseo (P<
0,001), em mulheres sem osteoporose e em mulheres com osteoporose, tanto o tecido
magro mole quanto a massa gorda foram associadas com a densidade mineral óssea e
conteúdo mineral ósseo (P <0,05).
Kim, et al. (2012) acompanharam 3042 indivíduos, sendo 1284 homens, 362
mulheres na pré menopausa e 1396 mulheres na pós menopausa. Os resultados
apresentados mostraram que independente da idade, do peso e do sexo, o único
componente da composição corporal que teve associação significativamente positiva (P
<0,05) com conteúdo mineral ósseo foi a tecido magro mole. A massa gorda,
circunferência de cintura e relação cintura quadril foram associados negativamente com
o conteúdo mineral ósseo. Além disso, a massa gorda e o % de massa gorda diminuíam
a medida que o conteúdo mineral ósseo aumentava.
Kim, et al. (2011) ao estudar a relação entre composição corporal e densidade
mineral óssea em diversos seguimentos em gêmeos durante dois anos, encontrou que
após a regressão múltipla, apenas a tecido magro mole foi relacionada a densidade
mineral óssea (pélvis, pernas e coluna) em homens e que em mulheres o componente
que se relacionou a densidade mineral óssea nas pernas e pélvis foi a massa gorda.
Diante dos resultados, concluiu que o sexo se apresenta como uma variável importante
nessa relação.
Yoo, et al. (2012) em uma coorte com 502 indivíduos investigou o impacto da
massa gorda sobre a densidade mineral óssea de acordo com sexo e presença ou não de
menopausa. Tanto em homens quanto em mulheres na menopausa, não houve qualquer
relação entre a massa gorda e a densidade óssea. Já para mulheres antes da menopausa,
a área de gordura total, a área de gordura subcutânea, a massa gorda total apendicular e
o % de massa gorda tiveram impacto significativo sobre a densidade óssea (p< 0.001),
assim como a circunferência de cintura (p<0.05).
Grecco, et al. (2010) ao dividir a população de 398 indivíduos italianos, sendo
291 mulheres e 107 homens) em subgrupos baseados no indice de massa corporal
(IMC), notou-se que o sobrepeso ( IMC > 25 <29.9) foi neutro ou protetor para a
densidade mineral óssea enquanto a obesidade (IMC > 30) foi associado a diminuição
da densidade mineral óssea, o que pode levar a osteoporose.
Mizuma, et al. (2006) estudou 302 mulheres na pré menopausa e 197 mulheres
na pós menopausa para avaliar a relação entre a composição corporal e massa óssea, de
acordo com a idade e a presença ou não de menopausa. Na ausência da menopausa,
apenas a tecido magro mole mostrou-se significativamente positiva. Na presença de
menopausa, o tecido magro mole foi relacionado positivamente com a densidade apenas
nas mulheres com idade entre 50 a 59 anos. Em mulheres com idade entre 60 e 69, tanto
o % de massa gorda como a massa gorda total foram relacionadas positivamente a
densidade óssea.
Os estudos se mostram controversos e por isso, diante do exposto esse estudo
pretende avaliar a influência da composição corporal na massa óssea e identificar qual
componente da composição possui maior relação.
2- Revisão de Literatura
O levantamento bibliográfico foi via Pubmed, para a base de dados MEDLINE.
Os artigos foram nos idiomas: inglês, espanhol e português, publicados nos últimos 10
anos (2002 – 2012), população adulta, em humanos. Excluíram-se dissertações, teses,
revisões de literatura e editoriais. Foi seguida a orientação do PRISMA (Moher et al.,
2003), de acordo com a figura abaixo.
Figura 1 - Fonte: Moher, D, et al. Preferred Reporting Items For Systematic
Reviews and Meta- Analyses: The PRISMA statement, 2003.
No Pubmed foram utilizados os seguintes descritores: body composition AND
mineral density. Os critérios de exclusão foram: idade menor que 40 anos, doenças
relacionadas (ex: AIDS, DPOC), outros fatores associados (uso de hormônios, prática
de atividade física). Após a busca foram encontrados 513 artigos. Para leitura de títulos,
foram 400 artigos. A seguir, restaram para leitura de resumos 27 artigos. Destes, 4
foram excluídos por trabalharem com mulheres na menopausa em uso de reposição
hormonal. Dos 23 artigos que foram lidos na íntegra, 12 foram excluídos pois
apresentavam dados de indivíduos com idade inferior a 40 anos. A figura 2 apresenta o
fluxograma e a tabela 1 os achados dos artigos selecionados.
Figura 2 – Fluxograma das etapas da revisão sistemática de literatura
MedLine
513 artigos identificados
27 títulos selecionados para a leitura dos resumos. 4 artigos excluídos por por
trabalharem com mulheres na
menopausa em uso de reposição
hormonal
23 resumos selecionados
para leitura dos textos
na íntegra. 13 artigos eliminados por não falarem
sobre óbito fetal, ou sem possuírem
dados sobre óbito fetal.
11 artigos selecionados
para revisão
400 artigos identificados
após exclusão da leitura
dos títulos
4 artigos excluídos por
trabalharem com mulheres na
menopausa em uso de reposição
hormonal
12 artigos eliminados por conterem
idade inferior a 45 anos
Quadro 1 – Artigos da revisão de literatura realizados no Continente Americano Autor, ano de
publicação
Localidade,
amostra e ano do
estudo
Objetivo Tipo de estudo,
desenho e fonte
de dados
Resultados
Genaro et al.
2010
São Paulo, Brasil
70 mulheres na
menopausa com
osteoporose
2009
Avaliar a relação
entre tecido
magro mole,
massa gorda e
massa óssea em
mulheres na
menopausa com
osteoporose
Transversal
Base hospitalar
DEXA
- Correlação positiva
entre Conteudo mineral
ósseo e tecido magro
mole, massa gorda e
IMC. Negativa com
idade.
- Após ajuste para massa
gorda e IMC:
mantiveram correlação
apenas idade e tecido
magro mole (r=0.280)
- Correlação positiva
entre Densidade Mineral
óssea(cabeça de fêmur e
fêmur total) e IMC,tecido
magro mole e massa
gorda.
- Após ajuste para idade
e IMC:manteve
correlação apenas tecido
magro mole (r=0.140)
Li et al
2004
Chicago, USA
40 mulheres na
perimenopausa
2002
Determinar a
contribuição da
tecido magro
mole e massa
gord sobre a
Densidade
Mineral Ossea
em mulheres na
perimenopausa
Transversal
Base estudo
longitudinal
DEXA
Tecido magro mole
relacionada ao fêmur
proximal e cabeça de
femur
Bhupathiraju et
al
2011
Boston, USA
629 individuos
2010
Testar a hipótese
de que a gordura
abdominal é
relacionada a
pobre saúde óssea
Transversal
Base coorte
DEXA
A gordura abdominal foi
inversamente relacionada
a saúde óssea, tanto em
homens quanto em
mulheres.
Quadro 2 – Artigos da revisão de literatura realizados no Continente Asiático Liu et al.
2011
China
542 mulheres na
menopausa
01 a 10/2008
Avaliar a relação
entre tecido magro
mole e massa
gorda com idade,
idade da
menopausa, anos
desde a menopausa
e seus efeitos na
Densidade Mineral
óssea em mulheres
na menopausa com
Transversal
Base coorte
DEXA
-Mulheres não
osteoporose: massa
gorda e tecido magro
mole mais
influenciaram DMO
no quadril e lombar.
Massa gorda
relacionada a idade
da menopausa.
- Mulheres
osteoporose: massa
e sem osteoporose gorda mais
relacionada
Ijuin et al.
2002
Japão
360 pre e 193
Mulheres
menopausadas
07/96 a dez/01
Avaliar se o efeito
da menopausa
interfere na
contribuição da
tecido magro mole
e massa gorda
sobre a densidade
mineral óssea
Transversal
Base hospitalar
DEXA
Pre menopausa: após
ajuste tecido magro
mole relacionada a
todos os seguimentos
da DMO massa
gorda relacionada
apenas a pélvis,.
Pos menopausa: após
ajuste tecido magro
mole relacionada a
braços e perna
esquerda e massa
gorda relacionada a
todos os seguimentos
(exceção braço
direito). Correlação
negativa entre idade e
pernas e DMO total.
Correlação negativa
entre anos desde
menopausa e pélvis,
coluna e DMO total.
Lim et al
2004
Chuncheon, Corea
do Sul
402 indivíduos
2001
Comparar a
contribuição da
tecido magro mole
e da massa gorda
sobre a Densidade
mineral óssea
Transversal
Base populacional
DEXA
Em homens apenas a
tecido magro mole se
relacionou positive e
estatisticamente a
densidade mineral
óssea.
Em mulheres, houve
correlação positiva e
estatisticamente entre
tecido magro mole,
massa gorda e
densidade óssea.
Correlação negativa e
estatisticamente entre
idade e densidade
mineral óssea
El Hage et al
2011
Beirute, Líbano
110 mulheres na
menopausa
2011
Determinar a
importância da
tecido magro mole
e massa gorda
sobre a Densidade
mineral óssea
Transversal
DEXA
Após controle para
anos desde a
menopausa.
Tecido magro mole
relacionada
positivamente apenas
ao conteúdo mineral
ósseo.
Massa gorda
relacionada
positivamente ao
conteúdo mineral
ósseo, densidade
mineral óssea total e
densidade óssea total
nos quadris.
Ho et al
2008
China
408 mulheres na
perimenopausa
2006
Investigar a
mudança na
densidade mineral
óssea e seus
determinantes
Coorte
DEXA
Menopausa foi o
fator determinante
pata mudança na
densidade mineral
óssea, perda óssea de
0,5%/ano nas
mulheres pré
menopausa, 2%-
2,5%/ano nas
mulheres na
perimenopausa e
1,5%/ano em
mulheres na
menopausa.
Fatores protetores
para o conteúdo
osseo: caminhada,
consumo de soja e
número de gestações.
Fator protetor para
densidade mineral
óssea
total:manutenção
peso
Fator protetor para
densidade mineral
óssea no fêmur:
tecido magro mole
Sheng et al
2011
China
954 mulheres na
menopausa
2010
- Elucidar a relação
entre composição
corporal e
densidade mineral
óssea
- Determinar a
prevalência de
osteoporose
Transversal
Base populacional
DEXA
39,4% com
osteoporose
Massa gorda e tecido
magro mole
apresentaram
correlação com a
Densidade mineral
óssea em todos os
seguimentos.
Massa gorda- valores
maiores de R na
coluna lombar e
cabeça fêmur
enquanto a tecido
magro mole – valor
maior de R no
quadril.
Tanto a massa gorda
≤ 15,4 quanto a
tecido magro mole ≤
31,8 aumentam a
chance de
osteoporose
Quadro 3- Artigos da revisão de literatura realizados no Continente Europeu
Di Monaco et al
2007
Italia
293 mulheres
2006
Investigar a relação
entre tecido magro
mole apendicular,
massa gorda e
densidade mineral
óssea
Transversal
DEXA
Apenas e massa
gorda apresentou
correlação positiva
com significância
estatística com
Densidade Mineral
Óssea no fêmur
proximal, cabeça do
fêmur, trocanter e
intertrocanter
Estudos
A) Artigos Continente Americano
Genaro, et al. (2010) avaliaram a relação entre tecido magro mole, massa gorda
e massa óssea (conteúdo mineral ósseo total, densidade mineral óssea: fêmur total,
cabeça fêmur e coluna) em 70 mulheres com menopausa em tratamento clinico para
osteoporose no Hospital São Paulo. A composição corporal e a massa óssea foram
medidas pelo DEXA. Encontraram correlação positiva entre conteúdo ineral ósseo e
tecido magro mole, massa gorda e IMC e negativa com idade (todos com significância
estatística). Após ajuste para massa gorda e IMC: apenas mantiveram correlação a idade
e tecido magro mole (r= 0,28). Em relação a densidade mineral óssea da cabeça do
fêmur e femur total, apresentaram correlação positiva com IMC, tecido magro mole e
massa gorda idade (todos com significância estatística). Porém após ajuste para idade e
IMC, apenas a tecido magro mole manteve correlação (r=0,14).
Li, et a.l (2004) estudaram 40 mulheres sedentárias que estavam na
perimenopausa para avaliar se a tecido magro mole a e massa gorda contribuem e se
relacionam independentes a Densidade Mineral óssea. Encontrou que apenas a tecido
magro mole se relacionou positivamente com cabeça do fêmur, explicando 45% da
variação e fêmur proximal, explicando 38% da variação.
Bhupathiraju, et al. (2011) encontraram que a gordura abdominal é inversamente
proporcional a saúde óssea, tanto em homens quanto em mulheres.
B) Continente Asiático
Liu, et al. (2011) analisaram a relação entre tecido magro mole e massa gorda
com idade, idade na menopausa e anos desde a menopausa e os efeitos na densidade
mineral óssea. As mulheres foram divididas em 2 grupos: com osteoporose(n=298) e
sem osteoporose(n=244)
Ijuin, et al. (2002) investigou se a menopausa interfere na contribuição da tecido
magro mole e massa gorda sobre a densidade mineral óssea e encontrou que nas
mulheres na pre menopausa, após ajuste a tecido magro mole se relacionou a todos os
seguimentos da DMO enquanto a massa gorda se relacionou apenas a pélvis. Nas
mulheres na menopausa, após ajuste a tecido magro mole se relacionou aos braços e
perna esquerda e massa gorda se relacionou a todos os seguimentos (exceção braço
direito). Apresentaram ainda correlação negativa entre idade e pernas e DMO total,
assim como anos desde menopausa e pélvis, coluna e DMO total. A menopausa
portanto interfere na contribuição da composição corporal sobre a DMO
El Hage, et al. (2011) analisaram 110 mulheres na menopausa e encontraram
que após ajuste para anos desde a menopausa, a massa gorda apresentou-se mais
correlacionada tanto ao conteúdo mineral ósseo como a densidade mineral óssea.
Enquanto a tecido magro mole só apresentou correlação com conteúdo mineral ósseo.
Lim, et al. (2004) descobriram que a mudança da composição corporal com o
avançar da idade tem impacto diferente sobre a Densidade Mineral Óssea entre os sexos
feminino e masculino. Nas mulheres (n=201), houve correlação positiva e
estatisticamente significativa entre tecido magro mole, massa gorda e densidade óssea.
Apresentando ainda correlação negativa entre idade e densidade mineral óssea.
Enquanto que nos homens (n=201) apenas a tecido magro mole se relacionou positive e
estatisticamente a densidade mineral óssea.
Ho, et al. (2008) realizaram uma coorte com duração de um ano envolvendo 408
mulheres na perimenopausa, com o intuito de investigar a mudança n densidade mineral
óssea e seus determinantes. A menopausa apresentou-se como o maior determinante
para a mudança da DMO,sendo que a perda óssea foi de 0,5%/ano nas mulheres pré
menopausa, 2%-2,5%/ano nas mulheres na perimenopausa e 1,5%/ano em mulheres na
menopausa. A caminhada, consumo de soja e numero de gestações foram fatores
protetores ao conteúdo mineral ósseo; a manutenção do peso fator protetor ara DMO
total e a tecido magro mole fator protetor para a densidade mineral óssea no fêmur.
A prevalência de osteoporose em mulheres chinesas foi de 39,4%, em estudo de
Sheng, et al (2001). Além disso, encontrou correlação positiva entre tecido magro mole
e massa gorda e a densidade mineral óssea em todos os seguimentos estudados(colo do
fêmur, coluna lombar e quadril); sendo que a massa gorda apresentou maiores valores
de R na coluna e fêmur enquanto a tecido magro mole apresentou valores maiores de R
no quadril. Encontrou também, uma OR para osteoporose de 5.1 e 4.78, na coluna
lombar e fêmur, respectivamente quando massa gorda ≤ 15,4 . A tecido magro mole
sendo ≤ 31,8 aumenta a chance de osteoporose em 4.96 e 3.20, na coluna lombar e
fêmur, respectivamente.
C) Continente Europeu
Di Monaco, et al. (2007) avaliaram a relação entre tecido magro mole
apendicular e a massa gorda sobre a Densidade Mineral Óssea – DMO (femur total e
cabeça de femur, trocanter e intertrocanter) de 293 mulheres com fratura de quadril
admitidas no hospital , através do exame de Densitometria óssea, DEXA. A massa
gorda foi a única variável independente que se relacionou significativamente com todos
os seguimentos da DMO, apresentando correlação parcial variando de 0.414 a 0.647
dependendo do local aferido. Emergiu, dessa maneira como um determinante
fundamental da DMO nessa população.
3- Justificativa do estudo
A osteoporose é um problema de saúde pública, que atinge cerca de 200 milhões
no mundo, possuindo a segunda maior causa de internação devido ás fraturas constantes
e é pouco estudada na Brasil. O componente corporal, tanto massa gorda quanto tecido
magro mole, exercem influência sobre a densidade mineral óssea, porém os estudos são
muito controversos. Além disso, a menopausa parece ter papel importante nesse
processo. Abordaremos, portanto essa questão, a fim de buscar novas perspectivas no
entendimento da osteoporose já que é uma doença de difícil reversão e pouco estudada
no Brasil; permitindo conhecimentos mais concretos que possibilitem uma possível
inserção nos programas de atenção primária.
4- OBJETIVOS
4.1 - Objetivo Geral
Avaliar a influência da composição corporal na massa óssea em mulheres acima
de 40 anos assistidos no Programa Médico de Família de Niterói, Rio de Janeiro.
4.2 - Objetivos Específicos
- Verificar o percentual de gordura corporal total, tecido magro mole, massa
gorda
- Estimar a associação entre DMO e tecido magro mole
- Estimar a associação entre DMO e massa gorda
- Estimar a associação entre DMO e percentual de gordura corporal total
- Estimar a associação entre CMO e tecido magro mole
- Estimar a associação entre CMO e massa gorda
- Estimar a associação entre CMO e percentual de gordura corporal total
5 - MATERIAL E MÉTODOS
5.1 - Desenho de estudo, população e amostra
Os dados do presente trabalho são parte do projeto Digitalis (estudo de
prevalência de doenças cardiovasculares), que é um estudo observacional, transversal da
população assistida pelo Programa Médico de Família do município de Niterói, estado
do Rio de Janeiro, de ambos os sexos, com idade ≥ 40 anos de idade. O PMF em Niterói
oferece cobertura a 133 mil moradores de Niterói divididos em 110 setores e com 33
módulos de atendimento. A amostra do estudo foi sorteada entre 10 módulos de modo a
representar as regiões administrativas da cidade do PMF e foi estratificada por faixa
etária. O cálculo do tamanho da amostra baseou-se nas seguintes premissas:
A) A população de Niterói por faixa etária após os 45 anos, de acordo com a
estimativa do IBGE, está dividida em 69% na faixa de 45 a 55 anos, 14% na faixa de 56
a 69anos, 10% na faixa de 70 a 79 anos e 7% acima de 80 anos;
B) Para encontrar tais prevalências de indivíduos por faixa etária com uma
confiança de 95% e um erro aceitável de 50% foi necessário rastrear 307 indivíduos de
45 a 55 anos, 134 de 56 a 69 anos, 80 de 70 a 79 e 52 com mais de 80 anos totalizando
573 e mais 10% de perda estimada chegando-se a um total de 632 pacientes (63 por
módulo do PMF).
5.2 Coleta de dados
A coleta de dados foi realizada de agosto de 2011 a julho de 2012 através de
visitas aos módulos, nos quais foram investigados os participantes. Estes últimos foram
convidados através de um convite por escrito, padronizado, que esclareceu o objetivo da
visita e com orientações pertinentes ao estudo. Inicialmente, todas as participantes
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e então foram encaminhadas
para a coleta de dados de diferentes informações. Na primeira etapa foi realizada uma
entrevista onde foram coletados os dados antropométricos, como peso e circunferência
de cintura, e informações sócio-demográficas através de questionário estruturado. Na
segunda etapa, as participantes foram convidadas ao Laboratório de Avaliação
Nutricional e Funcional – LANUFF - UFF, para avaliação da massa óssea e composição
corporal.
5.2.1- Componente mineral ósseo – Densidade mineral óssea e Conteúdo
mineral ósseo
A densidade mineral óssea e o conteúdo mineral ósseo são estimados através da
absorptiometria de raio-X de duplo feixe (DEXA) com o aparelho - GE Health Care –
(modelo Lunar IDEXA) e foi realizada por um técnico em radiologia, com a utilização
do software encore 2010 version 13.40. e foi realizada por um técnico em radiologia.
Antes de iniciar a medida por DEXA foi feita a calibração do equipamento conforme
orientação do fabricante. O procedimento foi explicado ao voluntário que usou uma
roupa padronizada sem metais ou partes plásticas, estava descalço e sem portar nenhum
objeto metálico junto ao corpo e permaneceu imóvel durante o exame.
A densidade mineral óssea foi avaliada na coluna antero-posterior (AP) - L1-L4,
fêmur total e corpo total. Para o exame da coluna AP, o voluntário ficou deitado,
centralizado, em relação à marcação medial da cama do equipamento, com as pernas
dobradas a 90º apoiadas na almofada quadrada. O raio foi posicionado 5 cm abaixo da
cicatriz umbilical e o escaneamento foi realizado até a metade da vértebra L5. Para
avaliar a densidade mineral óssea em fêmur o voluntário permaneceu deitado com pés
separados por um trapézio e o joelho direito ficou levemente voltado para a parte interna
da perna esquerda. O raio foi posicionado no ponto médio da coxa direita. A
quantificação dos valores foi realizada pelo software Encore 2008 – GE Health Care
versão 12.20. O conteúdo mineral ósseo foi avaliado de corpo total. Foi considerado o
Conteúdo Mineral ósseo total em gramas e a Densidade Mineral Óssea em gramas por
centímetro ao quadrado total, sem ponto de corte específico.
5.2.2 – Composição corporal – massa gorda, tecido magro mole e percentual de
gordura corporal total
As medidas de composição corporal foram realizadas no Lanuff em um dia
previamente agendado, na ocasião da visita ao módulo. A composição corporal foi
obtida através da absorptiometria de raio-X de duplo feixe (DEXA) com o aparelho -
GE Health Care – (modelo Lunar IDEXA) e foi realizada por um técnico em radiologia,
com a utilização do software encore 2010 version 13.40.
Antes de iniciar a medida por DEXA foi feita a calibração do equipamento
conforme orientação do fabricante. O procedimento foi explicado ao voluntário que
usou uma roupa padronizada sem metais ou partes plásticas e foi solicitado que retirasse
o calçado e qualquer outro objeto metálico que estivesse portando. Para realizar o
exame o voluntário permaneceu deitado e imóvel. O DEXA quantificou a massa livre de
gordura, o tecido magro mole e a gordura corporal para o total corporal e por
segmentos. A gordura corporal total foi expressa em termos relativos à massa corporal.
5.2.3 - Variáveis de desfecho
a) Conteúdo mineral ósseo: expresso em gramas total através da
absorptiometria de raio-X de duplo feixe (DEXA)
b) Densidade mineral óssea total: expresso em gramas por centímetro ao
quadrado total através da absorptiometria de raio-X de duplo feixe (DEXA)
5.2.4 - Fatores de exposição/risco
a) Tecido magro mole: expressa em massa absoluta em gramas através da
absorptiometria de raio-X de duplo feixe (DEXA). Para as análises estatísticas, foi
transformado em kilogramas.
b) Massa gorda: expressa em massa absoluta em gramas através da
absorptiometria de raio-X de duplo feixe (DEXA). Para as análises estatísticas, foi
transformado em kilogramas.
c) Percentual de gordura corporal total: expresso em percentual através da
absorptiometria de raio-X de duplo feixe (DEXA).
5.2.5- Variáveis de controle na análise
a) Idade: coletados na entrevista presencial pessoal no primeiro dia na unidade
de saúde com questionário estruturado em anos.
b) Menopausa: coletada com questionário estruturado, com resposta sim ou não.
5.3 -Análise estatística
O programa SPSS (versão 17.0 SPSS Inc. Chicago) foi utilizado para as análises
estatísticas. Todos os dados foram apresentados usando tabelas descritivas resumidas.
As variáveis contínuas foram expressas como médias± desvio padrão. As variáveis
categóricas foram expressas em números absolutos e percentagens. Foi utilizada a
regressão linear simples e regressão logística para estimar os parâmetros analisados.
6 – Resultados e Discussão
Apresentação em formato de manuscrito com normas de acordo com a revista
Osteoporosis International
Título: Influência da composição corporal na massa óssea em mulheres acima de
40 anos
RESUMO
INTRODUÇÃO : A perda de massa óssea ao longo da vida afeta a grande maioria das
mulheres , chegando a 50 % aos 80 anos , sendo responsável por um elevado número de
fraturas por fragilidade óssea . Composição corporal é um componente importante
envolvido nestas perdas, bem como o período da menopausa, que leva a um aumento de
massa gorda (GOR) e reduzido tecido magro mole (MAG), o que favorece a perda de
massa óssea. O objetivo deste estudo é avaliar a influência da composição corporal na
massa óssea. METODOLOGIA: Estudo transversal com 271 mulheres com idade
entre 40-92 anos. Composição corporal e massa óssea foi medida por densitometria
óssea - DEXA. As variáveis foram ajustadas pela idade e menopausa. RESULTADOS:
Houve uma associação positiva e significativa entre GOR, MAG, percentual de gordura
corporal e Densidade mineral óssea (DMO) e Conteúdo mineral ósseo (CMO). Na
regressão logística, verificou-se que elevada massa gorda e alta porcentagem de gordura
são fatores de risco para o DMO e CMO. A redução do tecido magro mole também foi
fator de risco para o DMO e CMO, todos P-valor <0,001 . CONCLUSÃO: Este estudo
mostrou que as mulheres na pós-menopausa têm risco muito alto de ter baixa massa
óssea. Além disso, quanto maior for a quantidade de gordura e percentual de gordura
corporal total, maior é a possibilidade de ter baixa massa óssea. O tecido magro mole
foi a única parte do corpo que teve um efeito benéfico sobre a massa óssea.
Descritores: Composição Corporal; Densidade Mineral Óssea, Conteúdo mineral ósseo,
perda de massa óssea.
ABSTRACT
INTRODUCTION : Loss of bone mass throughout life affects the vast majority of
women , reaching 50 % at 80 years , accounting for a large number of fragility fractures
. Body composition is an important component involved in these losses, as well as the
period of the menopause, leading to increased fat mass ( GOR ), decreased lean soft
tissue (MAG ) , which favors the loss of bone mass. The objective of this study is to
evaluate the influence of body composition on bone mass . METHODS: Cross-
sectional study of 271 women aged 40-92 years. Body composition and bone mass was
measured by bone densitometry - DEXA . RESULTS : There was a significant positive
association between GOR , MAG , percentage of body fat and bone mineral density
(BMD ) and bone mineral content (BMC ) . After adjustment for age and menopause
with logistic regression , we found that high fat and high fat percentage are risk factors
for BMC and BMD . The reduction of lean soft tissue was also a risk factor for BMC
and BMD , all P -values < 0.001 . CONCLUSION : This study showed that
postmenopausal women have a very high risk of having low bone mass . Furthermore,
the greater the amount of fat and total body fat percentage , the greater the possibility of
having low bone mass. The soft lean tissue was the only body part that had a beneficial
effect on bone mass.
Keywords : Body Composition ; Bone mineral density , bone mineral content , bone
mass loss .
INTRODUÇÃO
O osso está em constante renovação durante toda a vida, envolvendo a
remoção da matriz calcificada e a sua substituição por osso formado de novo, o que
acarreta uma modificação contínua da estrutura óssea – cada semana são reciclados 5%
da massa óssea e há trocas de 500mg de cálcio por dia (Consenso Brasileiro de
Osteoporose 2002). O conjunto desses processos de depósito e reabsorção denomina-se
remodelação óssea.
A massa óssea atinge o seu pico por volta dos 18 anos, podendo se extender até
os 35 anos. Dependendo do processo de remodelação óssea, pode decrescer
aproximadamente 0,4% a 1% por ano, podendo chegar a diminuir de 30 a 50% em
mulheres aos 80 anos (LEWIN, 1997).
Essa perda pode levar a doenças como osteopenia e osteoporose, essa última
também conhecida como “epidemia silenciosa”, pois de acordo com a Organização
Mundial de Sáude é considerada um problema de Saúde Pública Mundial, estando atrás
apenas das doenças cardiovasculares. Isto se deve à alta incidência de fraturas,
especialmente de quadril e por levar a considerável aumento de mortalidade, morbidade,
redução de mobilidade e diminuição da qualidade de vida (BLEIBLER, 2014).
Qualquer fratura tem efeitos sobre a qualidade de vida do indivíduo, porém numa
perspectiva de Saúde Coletiva, as de quadril são as mais importantes, pois se relacionam
em maior grau com as morbidades e são causas elevadas de óbito (GENNARI, 2001).
Os principais fatores envolvidos nesse processo de perda óssea são: composição
corporal, idade, estilo de vida e menopausa. Esta última esta associada a um
desequilíbrio no metabolismo ósseo, sendo os primeiros anos (de 5 a 10 anos) pós
menopausa o período de maior remodelação e perda óssea (SILVA, 2007). Além disso,
há acúmulo de gordura, principalmente na região abdominal e importantes modificações
hormonais (REID, 2010).
Sabe-se que a composição corporal (separada em compartimento de gordura e
sem gordura - músculos, ossos e vísceras), especialmente os componentes corporais
(MAG, GOR, PGTEC), exercem influência sobre a massa óssea, porém não se tem bem
esclarecido qual possuiu maior evidência (THOMAS, 2001; GENTIL, 2007;
MARONE, 2007; NASCIMENTO, 2009; PINHEIRO, 2010;). Também o peso corporal
total, que inclui tanto o tecido magro mole (MAG) quanto a massa gorda (GOR), parece
ter importante papel na aquisição e diminuição da massa óssea. (CHEN, 1997 ;
PLUIJM, 2001.; KYONG-CHOL, 2010). Algumas linhas estudam: relação entre massa
gorda/tecido magro mole e densidade mineral óssea (HARUKO TANAKA, 1997;
COBAYASHI, 2005; GJESDAL, 2008; FU, 2011), a obesidade como proteção à
osteoporose (SILVA, 2007; REID, 2010; SAARELAINEN, 2011) e obesidade e baixo
consumo de cálcio ( ZEMMEL, 2000; HEANEY, 2006; ESTEVES, 2010).
Diante do exposto esse estudo pretende avaliar a influência da composição
corporal na massa óssea afim de identificar qual componente da composição possui
maior relação.
METODOLOGIA
Este estudo faz parte do projeto Digitalis (estudo de prevalência de doenças
cardiovasculares), que é um estudo observacional, transversal da população assistida
pelo Programa Médico de Família de Niterói, de ambos os sexos, com idade ≥ 40 anos
de idade. O PMF em Niterói oferece cobertura a 133 mil moradores de Niterói divididos
em 110 setores e com 33 módulos de atendimento. A amostra foi sorteada entre 10
módulos de modo a representar as regiões administrativas da cidade do PMF e depois
foi estratificada por faixa etária.
A coleta de dados foi realizada de agosto de 2011 a novembro de 2012 através
de visitas aos módulos, nos quais foram investigados os participantes. Estes últimos
foram convidados através de um convite por escrito, padronizado, que esclareceu o
objetivo da visita e com orientações pertinentes ao estudo. Inicialmente, todas as
participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e então foram
encaminhadas para a coleta de dados de diferentes informações. Na primeira etapa
foram coletados e mensurados os dados antropométricos, como peso e circunferência de
cintura em dois questionários estruturados. Na segunda etapa, as participantes foram
convidadas ao Laboratório de Avaliação Nutricional e Funcional – LANUFF - UFF,
para avaliação da massa óssea e composição corporal. Ambas foram analisadas através
da absorptiometria de raio-X de duplo feixe (DEXA) com o aparelho - GE Health Care
– (modelo Lunar IDEXA), seguindo os métodos de avaliação. A quantificação dos
valores foi realizada pelo software Encore 2008 – GE Health Care versão 12.20.
As variáveis de desfecho estudadas foram: Conteúdo Mineral Ósseo (CMO - g)
e Densidade Mineral Óssea (DMO – g/cm²); os fatores de exposição/risco considerados:
tecido magro mole (kg), massa gorda (kg) e percentual de gordura corporal total e as
variáveis de ajuste incluíram menopausa e idade.
De acordo com a WHO – World Health Organization (2007) o valor da
Densidade Mineral Óssea é classificado pelo escore T, que corresponde ao valor
correspondente à diferença entre a DMO média de jovens normais e a DMO do
indivíduo examinado, dividindo pelo desvio padrão da média de jovens normais.
Densidade mineral óssea é considerada normal quando o valor de escore T se apresenta
maior ou igual a -1,0 DP; osteopenia,valores entre -1,0 e -2,4 DP; osteoporose,valor
igual ou menor que -2,5 DP.
O programa SPSS (versão 17.0 SPSS Inc. Chicago) foi utilizado para as análises
estatísticas. Todos os dados foram apresentados usando tabelas descritivas resumidas e
as variáveis contínuas foram expressas como médias± desvio padrão. A associação foi
estudada com regressão linear simples, utilizando-se três modelos para o CMO (g); o
primeiro estimou a relação entre CMO e tecido magro mole (kg); o segundo estimou a
relação com a massa gorda (kg) e o terceiro com o percentual de gordura corporal total
(%). Os mesmos modelos foram utilizados para DMO. A magnitude da associação foi
verificada com a regressão logística também com 3 modelos. CMO e DMO foram
categorizados utilizando o ponto de corte os valore abaixo do primeiro tercil das
respectivas distribuições. As variáveis de exposição (MAG, GOR, PGTEC) foram
categorizadas considerando-se como ponto de corte o percentil 50 (mediana) de cada
distribuição.
RESULTADOS
As características antropométricas e massa óssea das 271 mulheres estão
apresentadas na Tabela 1. Destas mulheres, 231 estão na pós menopausa e 40 na pré
menopausa. A idade média foi de 59,32 anos e 69,95 kg para peso. A média do
percentual de gordura total foi bastante elevada (aproximadamente 42%), indicando
grande adiposidade na população analisada.
A prevalência de osteoporose foi de 5,5%, de osteopenia 25,1% e aquelas que
possuem massa óssea normal 69,4%. Nenhuma mulher na pré menopausa apresenta
osteoporose, enquanto 6,5% das mulheres na pós menopausa apresentam osteoporose.
Os valores de osteopenia na pós menopausa chegam a 27,7% e na pré menopausa 10%
(tabela 2).
Na tabela 3 estão descritos os valores obtidos através da regressão linear
simples, mostrando que todos os modelos (MAG, GOR, PGTEC) se associaram
positivamente e com significância estatística com CMO (β = 17,753; 39,541 e 18,275,
respectivamente e P-valor < 0,001) e DMO (β = 0,006; 0,013; 0,007 respectivamente e
P-valor < 0,001) após ajuste para idade e menopausa.
O modelo 1 da regressão logística (CMO, DMO, GOR, menopausa e idade)
evidenciou que indivíduos que apresentam massa gorda maior que 28,71 kg (> percentil
50) têm 10 vezes chance de apresentar baixo CMO, ou seja, abaixo de 1943,33 g (< que
o 1 tercil); e 4,2 vezes chance de apresentar baixa DMO (<0,9970 g/cm² - 1 tercil) do
que aqueles que com menos que 28,71kg de massa gorda (P-valor < 0,001). No modelo
2 (CMO, DMO, MAG, menopausa e idade), indivíduos que apresentam tecido magro
mole menor que 37,96 kg (< percentil 50) tem 17 vezes chance de apresentar baixo
CMO e 6,68 vezes chance de apresentar baixa DMO quando compradas com aquelas
que possuem mais tecido magro mole (P-valor <0,001). Para aqueles que possuem
percentual de gordura corporal maior que 40,60% (> percentil 50) a chance de
apresentar baixo CMO é de 3,9 vezes e a chance de apresentar baixa DMO é de 2,88
vezes quando comprados com aquelas com menor percentual, como demonstrado no
modelo 3, também com P-valor <0,001, tabela 4.
TABELA 1- Características antropométricas e da massa óssea de mulheres acima de 40
anos assistidas no PMF, Niterói, 2013.
PARÂMETROS MÉDIA DESVIO PADRÃO
Idade (anos) 59,32 10,40
Peso (kg) 69,95 14,69
IMC (kg/m²) 29,02 5,38
Circunferência da cintura (cm) 92,80 12,55
Tecido magro mole (MAG) – (kg) 38,21 5,75
Massa gorda (GOR) – (kg) 29,85 10,15
Percentual de gordura (PGTEC) – (%) 42,64 6,37
Conteudo mineral ósseo (CMO) – (g) 2061,37 340,91
Densidade mineral ósseo (DMO) – (g/cm²) 1,0463 0,13
TABELA 2 – Prevalência de osteoporose, osteopenia e massa óssea normal em
mulheres acima de 40 anos assistidas no PMF, Niterói, 2013.
TODAS PÓS MENOPAUSA PRE MENOPAUSA
Doença Frequência % Freq Frequência % Freq Frequência % Freq
Osteoporose 15 5,5 % 15 6,5% 0 (zero) 0%
Osteopenia 68 25,1 % 64 27,7% 4 10%
Normal 188 69,4 % 152 65,8% 36 90%
Total 271 100% 231 100% 40 100%
Densidade mineral óssea: normal escore T maior ou igual a -1,0 DP; osteopenia escore T entre -1,0 e -2,4
DP; osteoporose escore T igual ou menor que -2,5 DP, de acordo com WHO (2007)
TABELA 3- Coeficientes de regressão linear (β) de CMO e DMO. Com as variáveis
(gordura, tecido magro mole e percentual de gordura corporal total – PGTEC) em
mulheres acima de 40 anos assistidas no PMF, Niterói, 2013.
CONTEÚDO MINERAL ÓSSEO – CMO (g) DENSIDADE MINERAL ÓSSEA – DMO ( g/cm²)
VARIÁVEL Coeficiente β P- valor Coeficiente β P- valor
MODELO 1
Gordura (kg) 17,753 0,000 0,006 0,000
Menopausa -300,917 0,000 -0,106 0,000
Idade 0,424 0,791 0,000 0,823
MODELO 2
Tecido magro mole (kg) 39,541 0,000 0,646 0,000
Menopausa -175,517 0,000 -0,066 0,000
Idade -0,447 0,750 0,000 0,459
MODELO 3
PGTEC (%) 18,275 0,000 0,007 0,000
Menopausa -328,040 0,000 -0,117 0,000
Idade 0,473 0,793 -7,941E-5 0,908
TABELA 4 – Razões de chance (RC) e p-valor das associações entre CMO e DMO com
as variáveis (gordura, tecido magro mole e percentual de gordura corporal total –
PGTEC) em mulheres acima de 40 anos assistidas pelo PMF, Niterói, 2013.
CONTEÚDO MINERAL ÓSSEO – CMO (g)4
DENSIDADE MINERAL ÓSSEA – DMO ( g/cm²)5
VARIÁVEL RC P-valor RC P-valor
MODELO 1
Gordura (> Percentil 50)¹ 5,039 0,000 3,439 0,000
Menopausa 9,222 0,000 4,361 0,004
Idade 1,006 0,662 0,991 0,471
MODELO 2
Tecido magro mole (<
Percentil 50)² 8,406 0,000 3,668 0,000
Menopausa 6,262 0,004 3,188 0,024
Idade 1,005 0,472 0,989 0,406
MODELO 3
PGTEC (> Percentil 50)³ 2,075 0,008 2,248 0,003
Menopausa 9,902 0,000 4,783 0,002
Idade 1,005 0,692 0,992 0,520
Notas: 1- Percentil 50 de massa gorda = 28,71 quilogramas; 2- Percentil 50 de tecido magro mole =
37,96quilogramas; 3 – Percentil 50 de percentual de gordura corporal total – PGTEC = 40,60%; 4-CMO
abaixo do valor do primeiro tercil = 1943,33 g; 5-DMO abaixo do valor do primeiro tercil = 0,9970 g/cm²
DISCUSSÃO
O presente estudo mostrou que mulheres na menopausa apresentam risco
bastante elevado de ter baixo conteúdo mineral ósseo e baixa densidade óssea. Além
disso, quanto maior a quantidade de massa gorda e o percentual de gordura corporal
total, maior a chance de apresentar baixa massa óssea (tanto para CMO quanto para
DMO). O tecido magro mole foi o único componente corporal que apresentou efeito
benéfico na massa óssea.
O resultado da regressão linear mostrou que todos os componentes da
composição corporal (MAG, GOR e PGTEC) se associaram positivamente e com
significância estatística (P-valor < 0,001) com a massa óssea, sendo a massa magra a
variável que apresenta maior associação.
Resultados semelhantes foram encontrados por Namwongprom, et al. (2013) que
em um estudo com 1579 mulheres tailandesas com idade entre 40 a 90 anos,
demonstrou que o efeito tanto do tecido magro mole quanto a massa gorda sobre a
densidade óssea varia de acordo com o local medido e com o status da menopausa. Em
mulheres na menopausa, ambos componentes da composição corporal (tecido magro
mole e gordura) tiveram correlação positiva com DMO mesmo quando analisados
separadamente e ajustados pela idade, altura e anos de menopausa. Sendo que o tecido
magro mole mostrou correlação maior em todos os locais analisados.
Em nosso estudo verificou-se que após ajuste para idade e menopausa, a massa
gorda e o percentual de gordura tiveram associação negativa com massa óssea o tecido
magro mole é o único componente da composição corporal que continua associado
positivamente tanto com o conteúdo mineral ósseo quanto com a densidade mineral
óssea demonstrando que quanto maior a tecido magro mole, mais massa óssea (tanto
conteúdo mineral ósseo quanto densidade mineral óssea total). O peso e o IMC não
foram incluídos como variáveis de ajuste para evitar alta colinearidade com as variáveis
de exposição - uma vez que ambos contém tanto o tecido magro mole quanto a massa
gorda.
Estudos avaliando a DMO em locais específicos, encontraram resultados
diferentes como Marwaha, et al. (2013), que identificou que a densidade mineral óssea
na coluna, cabeça do fêmur e radio aumentou de acordo com o aumento do percentual
de gordura total e mesmo após ajuste para idade, IMC, cálcio sérico ionizado, fosfato,
Vit D e nível de paratormonio, a gordura visceral foi positivamente associada com
DMO na cabeça do fêmur e coluna. Mendez, 2013 que avaliou 813 mulheres na
menopausa e também encontrou que maiores índices de IMC são associados
positivamente e com significância estatística com a DMO no fêmur, lombar e quadril.
No presente estudo, as mulheres que estão na menopausa apresentam risco
bastante elevado de ter baixa massa óssea (significância em todas as análises com P-
valor <0,05) e também elevado percentual de gordura corporal, o que leva a perda de
tecido magro mole e consequente diminuição da força muscular, principalmente em
mulheres após 60 anos.
Cerca de dois anos antes de iniciar a menopausa, há um aumento da reabsorção
óssea, que apresenta como consequência a perda óssea (ERTUNGEALP, 1999). A
magnitude dessa reabsorção parece ser inversamente associada ao IMC (SOWERS,
2013). Park, et al. (2013) ao analisar 2035 mulheres identificou que após a menopausa o
percentual de gordura total aumenta e a distribuição da gordura corporal se dá de forma
diferente. Essas mudanças são decorrência principalmente das grandes alterações
hormonais, envolvendo mais especificamente o estrogênio. O declínio desse hormônio
combinado com o aumento da testosterona livre tem sido associado ao aumento da
obesidade central, estando esta obesidade diretamente ligada ao aumento do risco de
doenças cardiovasculares e perda óssea (BEGIC, 2012). Davis, et al. (2012) aponta que
há mais fatores envolvidos nessa relação entre menopausa e gordura corporal, como por
exemplo, predisposição genética, desenvolvimento intrauterino e patologia subclinica
ovariana. Ademais, mulheres obesas parecem perder mais massa óssea do que as
mulheres não obesas durante essa transição para a menopausa.
O estilo de vida e a alimentação tem relação direta com a massa óssea, mais
especificamente com a perda de massa óssea, que propicia o aumento da incidência de
osteopenia e osteoporose, levando a fraturas e consequentemente perda de qualidade de
vida, comorbidades e mortalidades. O consumo elevado de álcool e o fumo são
reconhecidamente prejudiciais enquanto a prática de atividade física, consumo
adequado de cálcio e Vit D são benéficos na prevenção e até melhora da saúde óssea
(LEWIECKI, 2008; KHAN et al, 2013; NACHTIGALL et al, 2013; SCHNATZ, 2013)
A ingestão de cálcio se mostra inversamente proporcional à massa gorda e DMO
(Pires, 2005; Santos, 2004; Lucas, 2005) e a hipovitaminose D se relaciona à
osteoporose (Russo, 2009; Bandeira, 2010), porém apenas a suplementação não garante
o aumento da massa óssea (ZHANG, 2013). Apesar de não ter sido possível o ajuste do
consumo desses nutrientes no presente trabalho, dados recentes sobre consumo
alimentar da população brasileira através da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de
2008-2009, que revelou que 84% da população consome cálcio abaixo do recomendado
(referência - 800 mg/dia). E que a vitamina D chega a ser deficiente para quase 99% da
população (referência – 10mcg) (ARAÚJO, 2013).
Mais da metade da população mundial não alcança o mínimo de atividade física
recomendado pela Organização Mundial da Saúde e 17% são sedentários. No Brasil,
esses números de sedentarismo chegam a 31,8% na região Sul e 58% na região
Nordeste. (WHO, 2004; SIQUEIRA et al, 2008). Dados do VIGITEL - Vigilância de
Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico de 2012,
mostraram que a média de inatividade física é de 14,6 % para mulheres, sendo Palmas o
lugar com menos mulheres inativas (10%) e Natal, Maceió e Teresina, apresentam o
valor mais elevado, 18%. O percentual de indivíduos fisicamente inativos foi maior
entre aqueles de 65 anos ou mais. Os adultos com menor escolaridade (até oito anos de
estudo) apresentaram os maiores percentuais de inatividade física (BRASIL, 2012).
O consumo de álcool e tabagismo pelo brasileiro também é bem elevado. O uso
de álcool chega a 68,7% da população, sendo destes 11,2% dependentes (5,7%
mulheres). O estudo CAMELIA, realizado também em indivíduos participantes do
Programa Médico de Família de Niterói, aponta um consumo de risco de álcool de 8,6%
para mulheres (equivale a 150g de etanol/semana) e um consumo de alto risco de 4,9%.
Os fumantes representam 26,9% da amostra e maior prevalência entre as mulheres,
sendo a faixa etária de 40 a 49 anos a de maior consumo seguida da faixa etária 50 a 60
anos. Mostrando ainda que o fumo tem associação positiva com o álcool (SILVA, 2013;
OLIVEIRA, 2010).
O trabalho apresentado é de bastante relevância, uma vez que foi utilizado o
método padrão ouro DEXA, que ainda é muito pouco usado para estudos populacionais,
especialmente no Brasil e houve inclusão de mulheres tanto na menopausa quanto na
não menopausa. Há possibilidade das associações encontradas serem atenuadas caso se
considere na análise variáveis como fumo, álcool, estilo de vida e alimentação. Porém,
as magnitudes das associações encontradas não são baixas, e mesmo que sejam
atenuadas com os ajustes não levarão a alteração da direção ou segmento do estudo.
Não foi possível coletar informações sobre estilo de vida, hábitos alimentares e
prática de atividade física. Porém com os estudos citados acima, podemos perceber que
a população brasileira de modo geral caracteriza-se como sedentária, tabagista
(principalmente as mulheres) e com consumo bem abaixo das recomendações. Além de
prejudicar a qualidade de vida dessas mulheres, tem impacto negativo sobre a massa
óssea. O presente trabalho mostrou que mulheres na menopausa apresentam risco
bastante elevado de ter baixo conteúdo mineral ósseo e baixa densidade óssea. Além
disso, quanto maior a quantidade de gordura e o percentual de gordura corporal total,
maior a chance de apresentar baixa massa óssea (CMO e DMO). O tecido magro mole
foi o único componente corporal que apresentou efeito benéfico na massa óssea.
REFERÊNCIAS ARTIGO
Araújo, MC et al. Consumo de macronutrients e ingestão inadequada de
micronutrientes em adultos Rev. Saúde Pública. 2013; 47(1).
Bandeira F et al.Vitamin D deficiency and its relationship with bone mineral
density among postmenopausal women living in the tropics (2010) Arq Bras Endocrinol
Metab 54(2)
Begic Z et al. The Association Between Lipid Profile and Bone Density in
Postmenopausal Women (2012) Med Arh. 66(6): 378-381
Bleibler F et al. Expected lifetime numbers and costs of fractures
in postmenopausal women with and without osteoporosis in Germany: a discrete event
simulation model (2014) BMC Health Serv Res. 14 (1):284.
Brasil. Vigitel Brasil 2012: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças
crônicas por inquérito telefônico. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.
Davis SR et al. Understanding weight gain at menopause (2012) Climateric
15:419–429
Greenberg JA. The obesity paradox in the US population (2013) Am J Clin Nutr
97:1195–200
Khan SN et al. Osteoporosis: Therapeutic Guidelines. Guidelines for Practice
Management of Osteoporosis (2013) Clinical Obstetrics and ginecology 56(4): 694–702
Lewiecki EM. Prevention and treatment of of Postmenopausal Osteoporosis
(2008) Obstet Gynecol Clin N Am 35: 301–315
Lucas R et al. Ingestão de Cálcio e Vitamina D numa Amostra Urbana de
Mulheres Portuguesas (2005) Arquivos de medicina 19(1): 7-14
Marwaha RK et al. Relationship of Body Fat and Its Distribution With Bone
Mineral Density in Indian Population (2013) Journal of Clinical Densitometry:
Assessment & Management of Musculoskeletal Health 16(3): 353-359
Mendez JP et al. Bone mineral density in postmenopausal Mexican-Mestizo
women with normal body mass index, overweight, or obesity (2013) Menopause 20(5):
568/572
Nachtigall MJ et al. Osteoporosis Risk Factors and Early Life-style
Modifications to
Decrease Disease Burden in Women (2013) Clinical Obstetrics and Gynecology
56(4): 650–653
Namwongprom S et al. Effect of fat mass and lean mass on bonemineral density
in postmenopausal and perimenopausal Thai women (2013) International Journal of
Women’s Health 5: 87–92
Oliveira OMA (2010) Ingestão alimentar e consumo alcoólico de adultos
assistidos pelo Programa Médico de Família de Niterói – RJ: Estudo Camelia.
Dissertação, Universidade Federal Fluminense
Park JK et al. Body Fat Distribution After Menopause and Cardiovascular
Disease Risk Factors: Korean National Health and Nutrition Examination Survey 2010
(2013) Journal of women´s health 22(7)
Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009 - Antropometria e estado
nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. Ministério da Sáude. IBGE -
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão (2010).
Pires LA, de Souza AC, Laitano O, Meyer F. Densidade mineral óssea, ingestão
de leite e atividade física de meninos que sofreram fraturas no antebraço (2005) J
Pediatr (Rio J) 81:332-6
Russo LAT et al. Concentração plasmática de 25 hidroxivitamina D em
mulheres na pós-menopausa com baixa densidade mineral óssea (2009) Arq Bras
Endocrinol Metab 53(9)
Santos E et al. Massa Óssea em Pacientes com Anorexia Nervosa. (2004) RBGO
26(1)
Schnatz PF. An Evidence-based Update With Regard to the Diagnosis and
Management of Osteoporosis (2013) Clinical Obstetrics and Gynecology 56(4): 647–
649
Silva ABA (2011) Tabagismo e padrão alimentar em adultos assistidos no
Programa Médico de Familia de Niteroi – RJ. Projeto Camelia. Dissertação,
Universidade Federal Fluminense
Siqueira FV, Facchini LA, Piccini RX, Tomasi E, Thume E, Silveira DS, et al.
Atividade física em adultos e idosos residentes em áreas de abrangência de unidades
básicas de saúde de municípios das regiões Sul e Nordeste do Brasil (2008) Cad Saúde
Pública 24:39-54
Sowers MR et al. Changes in Bone Resorption Across the Menopause
Transition: Effects of Reproductive Hormones, Body Size, and Ethnicity (2013) J Clin
Endocrinol Metab. 98(7):2854–286
World Health Organization (2007) Assessment of osteoporosis at the primary
health care level.
Zhang V et al. Vitamin D and Calcium: What Do We Need to Know? (2013)
Clinical Obstetrics and Gynecology 56(4): 654–658
7- Conclusão
Neste estudo podemos concluir que a manutenção do tecido magro mole e
diminuição da massa gorda e percentual de gordura corporal são preditores da
manutenção da massa óssea ao longo da vida, especialmente em mulheres na
menopausa; portanto adoção de hábitos saudáveis e prática de atividade física são
importantes para saúde óssea.
8- Considerações finais
O trabalho apresentado é de bastante relevância, uma vez que foi utilizado o
método padrão ouro DEXA, que ainda é muito pouco usado para estudos populacionais,
especialmente no Brasil e houve inclusão de mulheres tanto na menopausa quanto na
não menopausa. Possíveis limitações do estudo: não poder inferir sobre causalidade,
uma vez que é um estudo transversal; não foi possível coletar informações sobre estilo
de vida, hábitos alimentares e prática de atividade física. Porém com os estudos citados
acima, podemos perceber que a população brasileira de modo geral caracteriza-se como
sedentária, tabagista (principalmente as mulheres) e com consumo bem abaixo das
recomendações. Além de prejudicar a qualidade de vida dessas mulheres, tem impacto
negativo sobre a massa óssea.
REFERÊNCIAS TESE
Andreoli A,et al.Relationship between body composition, body mass index and
bone mineral density in a large population of normal, osteopenic and osteoporotic
women (2011) Radiol med. 116:1115–1123
Andreoli A, et al. Long-term effect of exercise on bone mineral density and body
composition in post-menopausal ex-elite athletes: a retrospective study (2012) European
Journal of Clinical Nutrition 66: 69–74
Barros HR, Ritti-Dias RM. Relação entre atividade física e densidade mineral
óssea/osteoporose: uma revisão da literatura nacional (2010) Motriz Rio Claro
16(3):723-729.
Binkley M. Osteoporosis in Men (2006) Arq Bras Endocrinol Metab 50(4)
Bleisher K, et al. The role of fat and lean mass in bone loss in older men:
Findings from the CHAMP study (2011) Bone 49: 1299–1305
Borelli A. Envelhecimento ósseo: osteoporose. In: Filho ETC, Netto MP.
Geriatria –Fundamentos, clínica e terapêutica (2000) 1ªed. São Paulo: Atheneu 22: 297-
307
Castelo-Branco C et al. Available medical choices for the management of
menopause (2005) Maturitas 52S: S61–S70.
Chen Z, et al. Fat or Lean Tissue Mass: Which One Is the Major Determinant of
Bone Mineral Mass in Healthy Postmenopausal Women? (1997) Journal of bone and
mineral research 12(1).
Choi HS, et al. Relationship Between Visceral Adiposity and Bone Mineral
Density in Korean Adults (2010) Calcif Tissue Int 87:218–225
Cobayashi F, Lopes LA, Taddei JA. Densidade mineral óssea de adolescentes
com sobrepeso e obesidade (2005) J Pediatr (Rio J) 81:337-42.
Consenso Brasileiro de Osteoporose, 2002.
Cukier C.; et al. Nutrição baseada na fisiologia de órgãos e sistemas (2005) São
Paulo: SARVIER
Demontiero O, Vidal C, Duque, G. Aging and bone loss: new insights for the
clinician (2012) Ther Adv Musculoskel Dis.4(2) : 61 –76
Douchi T, et al. Lean body mass and bone mineral density in physically
exercising postmenopausal women (2003) Maturitas 45: 185-/190
Douchi T, et al. Relative contribution of lean and fat mass component to bone
mineral density in males (2003) J Bone Miner Metab. 21:17–21
Douchi T, et al. The effects of physical exercise on body fat distribution and
bone mineral density in postmenopausal women (2000) Maturitas 35: 25–30
Dytfeld J, et al. Influence of lean and fat mass on bone mineral density
(DMO) in postmenopausal women with osteoporosis (2011) Archives of Gerontology
and Geriatrics 53: e237–e242
Eis SR, de Souza AC. Diagnosis and treatment of osteoporosis in Brazil (2001)
Clin Calcium 11(4):489-92.
Esteves EA, et al. Ingestão dietética de cálcio e adiposidade em mulheres adultas
(2010) Rev. Nutr Campinas 23(4):540-552
Frazão P, Naveira, M.Fatores associados à baixa densidade mineral óssea em
mulheres brancas (2007) Rev Saúde Pública 41(5):740-48
Fu X, et al. Associations of fat mass and fat distribution with bone mineral
density in pre- and postmenopausal Chinese women (2011) Osteoporos Int. 22:113–119
Gnudi S, Sitta E, Fiumi N.Relationship between body composition and bone
mineral density in women with and without osteoporosis: relative contribution of lean
and fat mass (2007) J Bone Miner Metab. 25:326–332
Gennari C. Calcium and vitamin D nutrition and bone disease of the elderly
(2001) Public Health Nutr. 4(2B):547-59.
Gentil P. Association Between Femoral Neck Bone Mineral Density and Lower
Limb Fat-Free Mass in Postmenopausal Women (2007) Journal of Clinical
Densitometry 10(2) : 174e178.
Gjesdal CG, et al. Impact of lean mass and fat mass on bone mineral density:
The Hordaland Health Study (2008) Maturitas 59: 191–200
Haruko Takada MD, Kaei Washino MS, Hirotoshi Iwata MD. Risk Factors for
Low Bone Mineral Density among Females: The Effect of Lean Body Mass (1997)
Preventive Medicine 26:633-638.
Heaney.Normalizing Calcium Intake: Projected Population Effects for Body
Weight (2003) J. Nutr. 1 268S-270S(133).
Ibrahim SE, et al. Serum leptin concentration, bone mineral density and bone
biochemical markers in a sample of Egyptian women:A possible relationship (2011)
The Egyptian Rheumatologist 33:171–177
Issa C, Zantout S, Azar S.T. Osteoporosis inMen with DiabetesMellitus (2011)
Journal of Osteoporosis
Kim T, et al. Sex Difference between Body Composition and Weight-Bearing
Bone Mineral Density in Korean Adult Twins: Healthy Twin Study (2011) Calcif
Tissue Int. 88:495–502
Lewin S, et al. Densidade mineral óssea vertebral e femoral de 724 mulheres
brancas brasileiras: influência da idade e do peso corporal (1997) Rev Ass Med Brasil
40(2): 127-36.
Lu H, et al.Relationships of percent body fat and percent trunk fat with bone
mineral density among Chinese, black,and white subjects (2011) Osteoporos Int.
22:3029–3035
Marone MMS, et al. Influence of body composition on the bone mass of
postmenopausaI women (1997) São Paulo Medicine Journal/RPM 115(6): 1580-1588.
Makovey J, Naganathan V, Sambrook P.Gender differences in relationships
between body composition components, their distribution and bone mineral density:a
cross-sectional opposite sex twin study (2005) Osteoporos Int. 16: 1495–1505
Matsuo T, et al. Relationship of upper body fat distribution to higher regional
lean mass and bone mineral density (2003) J Bone Miner Metab. 21:179–183
Moayyeri A, et al. Body fat mass is a predictor of risk of osteoporotic fractures
in women but not in men: a prospective population study (2012) Journal of Internal
Medicine 271: 472–480.
Moher, D, et al. Preferred Reporting Items For Systematic Reviews and
Meta- Analyses: The PRISMA statement. Disponível em: <www.plosmedicine.org>.
Nascimento T B R, et al. Influência da composição corporal e da idade sobre a
densidade óssea em relação aos níveis de atividade física (2009) Arq Bras Endocrinol
Metab. 53(4)
Pinheiro MM, et al. Risk factors for osteoporotic fractures and low bone density
in pre and postmenopausal women (2010) Rev Saúde Pública 44(3):479-85
Plapler PG. Osteoporose e exercícios (1997) Rev Hosp Clín Fac Med S Paulo
52(3):163-170
Ramalho AN.; Lazaretti-Castro M. Fisiopatologia da Osteoporose involutiva
(1999) Arq Bras Endocrinol Metab. 40(6).
Reid IR. Fat and bone (2010) Archives of Biochemistry and Biophysics 503 20–
27.
Saarelainen J, et al. Body fat distribution is associated with lumbar spine bone
density independently of body weight in postmenopausal women (2011) Maturitas 69 :
86–90
Silva HGV, et al. Influence of Obesity on Bone Density in Postmenopausal
Women (2007) Arq Bras Endocrinol Metab. 51(6)
Thomas T, et al. Role of serum leptin, insulin, and estrogen levels as potential
mediators of the relationship between fat mass and bone mineral density in men versus
women (2011) Bone 29(2):114-20.
Zemmel MB, et al. Regulation of adiposity by dietary calcium (2000) The
FASEB Journal 14(9):1132-1138
REFERÊNCIAS REVISÃO SISTEMÁTICA
Bhupathiraju SN, et al.Centrally located body fat is associated with lower bone
mineral density in older Puerto Rican adults (2011) Am J Clin Nutr. 94:1063–70
Di Monaco M, et al.Skeletal muscle mass, fat mass, and hip bone mineral
density in elderly women with hip fracture (2007) J Bone Miner Metab. 25:237–242
Genaro P S, et al. Influence of body composition on bone mass in
postmenopausal osteoporotic Women (2010) Archives of Gerontology and Geriatrics 51
295–298
Hsu YH, et al.Relation of body composition, fat mass, and serum lipids to
osteoporotic fractures and bone mineral density in Chinese men and women (2006) Am
J Clin Nutr. 83:146 –54
Ho SC, et al.Change in bone mineral density and its determinants in pre- and
perimenopausal Chinese women: the Hong Kong perimenopausal women osteoporosis
study (2008) Osteoporos Int. 19:1785–1796
Ijuin M, et al. Difference in the effects of body composition on bone mineral
density between pre- and postmenopausal women (2002) Maturitas 40: 239-244
Li, S et al. Relationship between soft tissue body composition and bone mass in
perimenopausal women (2004) Maturitas 47: 99–105
Liu S, et al. Relationship between body composition and age, menopause and its
effects on bone mineral density at segmental regions in Central Southern Chinese
postmenopausal elderly women with and without osteoporosis (2011) Archives of
erontology and Geriatrics 53 e192–e197
Lim S, et al. Body composition changes with age have gender-specific impacts
on bone mineral density (2004) Bone 35: 792– 798
Sheng et al. Relationship of body composition with prevalence of osteoporosis
in central south Chinese postmenopausal women (2011) Clinical Endocrinology 74:
319–324
World Health Organization (2007) Assessment of osteoporosis at the primary
health care level.
Yerges-Armstrong LM, et al.Adipose Tissue and Volumetric Bone Mineral
Density of Older Afro-Caribbean Men (2010) Journal of Bone and Mineral Research
25(10) : 2221–2228
Yoo HJ, et al.The differential relationship between fat mass and bone mineral
density by gender and menopausal status (2012) J Bone Miner Metab. 30:47–53