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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES
DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES PÚBLICAS, PROPAGANDA E TURISMO
A NOVA CONFIGURAÇÃO DO TURISMO: Como a internet mudou a maneira de viajar.
Aluna: Alessandra Vieira Rielli
Orientador: Professor Dr. Sérgio Bairon
São Paulo, 2011
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES
DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES PÚBLICAS, PROPAGANDA E TURISMO
A NOVA CONFIGURAÇÃO DO TURISMO: Como a internet mudou a maneira de viajar.
Alessandra Vieira Rielli
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado na Universidade de São
Paulo como exigência parcial para a
obtenção do grau de bacharelado em
Turismo. Sob orientação do Prof. Dr.
Sérgio Bairon
São Paulo, 2011
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES
DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES PÚBLICAS, PROPAGANDA E TURISMO
A NOVA CONFIGURAÇÃO DO TURISMO: Como a internet mudou a maneira de viajar.
Autora: Alessandra Vieira Rielli
Aprovado em ________/________/_________
BANCA EXAMINADORA
______________________________________ 1º Membro
______________________________________
2º Membro
______________________________________ 3º Membro
DEDICATÓRIA
Aos anos mais intensos da minha
vida.
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente aos meus pais que fizeram desse sonho realidade
com seu amor incondicional e os braços sempre abertos para me ajudar, me
apoiando em todas as minhas escolhas, sendo elas certas ou erradas. Ao meu
irmão, por sempre me ajudar a arrumar meu computador. As maricotas, que
foram essenciais na conquista desta etapa e com quem aprendi tanto, sei que
sem vocês esses últimos cinco anos não teriam sido tão lindos e intensos com
foram. A todos os meus amigos que participaram direta ou indiretamente deste
processo e que sabem da importância que tiveram, seja como ombro amigo,
seja como companheiros de filmes de péssimo gosto ou festas kabulosas,
sejam como “chefes” – duas em especial, seja como amigos de sala que
sempre me ajudaram a dar um jeitinho de passar em estatística, seja como
vizinhos que nunca reclamaram das invasões em busca de internet ou lugar
para lavar roupa, seja como um grupo de pessoas tão especiais com quem tive
a honra de dividir 14 meses da minha vida e que com certeza permanecerão
por muito mais tempo nela.
4
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7
1. CONTEXTUALIZAÇÃO DA ERA DA INFORMAÇÃO ................................ 10
2. NOVO CONTEXTO DO TURISMO ........................................................... 23
2.1 PERFIL DO CIBERTURISTA .............................................................. 25
2.2 AS ETAPAS DE UMA DECISÃO ........................................................ 37
3. GEOLOCALIZAÇÃO E MOBILE: NOVAS TENDÊNCIAS ......................... 53
3.1 GEOLOCALIZAÇÃO ........................................................................... 54
3.2 MOBILE ............................................................................................... 57
3.3 A UNIÃO DO MOBILE E GEOLOCALIZAÇÃO: FOURSQUARE ........ 63
4. AS FERRAMENTAS DE APOIO AO TURISMO DESENVOLVIDAS PELO
GOOGLE .......................................................................................................... 65
4.1 DON‟T BE EVIL, BE GOOGLE ........................................................... 65
4.2 GOOGLE MAPS ................................................................................. 69
4.3 GOOGLE EARTH................................................................................ 78
4.4 AJUDANDO A SOCIEDADE ............................................................... 80
4.5 POLÊMICAS ....................................................................................... 83
4.6 GOOGLE E O TURISMO .................................................................... 86
4.6.1 GOOGLE STREET VIEW ............................................................. 88
4.6.2 VISITANTO LUGARES PÚBLICOS E FAMOSOS ....................... 90
4.6.3 O GOOGLE ART PROJECT......................................................... 95
4.6.4 GOOGLE CITY TOUR .................................................................. 97
4.6.5 GOOGLE E AS EMPRESAS ........................................................ 99
4.6.6 OUTRAS APLICAÇÕES DO GOOGLE NO TURISMO .............. 101
4.6.7 RELATO DE EXPERIÊNCIA ...................................................... 110
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 115
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 117
5
RESUMO
O ser humano está em constante mutação. A mais recente, e
provavelmente uma das mais revolucionárias foi o domínio de todas as
informações através da internet criando uma grande massa virtual inteligente
que impactou diretamente a maneira como as partes se comunicam dentro do
turismo.
O acesso às informações do setor se tornou muito mais fácil e a relação
com o consumidor mais transparente, graças ao que chamamos de internet
colaborativa. Além disso, diversas ferramentas surgiram na internet para
auxiliar as diversas etapas de uma viagem.
Com isso, empresas como o Google desenvolveram diversas opções
criativas para aproximar destinos e informações de seus principais
consumidores: o turista, através de mapas virtuais, imagens, e diversas outras
fontes de informações interativas que ajudaram a completar esse novo cenário
do turismo em meio às informações e tecnologias.
Palavras chaves: Revolução da Informação, Avanços Tecnológicos, Web 2.0,
Ferramentas, Turismo.
6
ABSTRACT
The human is in constant mutation. The latest, and probably one of the
most revolutionary was the domination of all the information through the
internet, creating a big intelligent virtual mass that has impacted directly the way
how the parties communicate within the tourism.
The access to the information of the segment has become much easier,
and the relationship with the consumer more transparent, thanks to what we call
collaborative internet. Moreover, several tools emerged on the internet to assist
the various stages of a trip.
With that, companies like Google developed several creative options to
bring closer the destinations and information of its main consumers: the tourist,
through virtual maps, images and various other interactive sources of
information that helped to complete the new scene of tourism between the
information and technology.
Key Words: Information Revolution, Technological Advances, Web 2.0, Tools,
Tourism.
7
INTRODUÇÃO
A internet é um meio de comunicação que
permite, pela primeira vez, a comunicação de
muitos com muitos, num momento escolhido, em
escala global (CASTELLS, 2003, p. 8).
Desde a época das navegações marítimas, o homem busca sempre
encontrar um mundo novo. Seja por sua curiosidade no diferente, ou
simplesmente pela vontade de fugir da mesmice. O fato é que, com o passar
dos séculos, a distância foi se tornando o menor dos problemas, e hoje, essa
barreira é quase mínima.
Essa redução das distâncias é perceptível conforme as tecnologias e a
capacidade do homem de buscar sempre o novo foram aumentando.
Primeiramente foram os grandes navios, depois o avanço dos meios de
transporte e a disponibilização destes para as massas (principalmente após a
Revolução Industrial, com o avanço do modelo Fordismo), as televisões e
telefones, os aviões, e por fim, a internet. Isso, chamamos de globalização.
Para o turismo, esta evolução não foi diferente. Quando os custos das
passagens de trens ainda eram muito caros, inviabilizando a atividade turística
para as massas, Thomas Cook1 resolveu fretar um trem, ainda no século XVIII,
e vender as passagens a custos mais baixos para que assim, as viagens se
tornassem mais viáveis e acessíveis. Auxiliado com os avanços dos meios de
transporte e de telecomunicação, essa atividade foi crescendo cada vez mais,
aproximando não apenas lugares, como também, culturas.
Para Beni (2004), a globalização do turismo foi consequência da
globalização geral dos mercados, sejam eles financeiros, tecnológicos, das
telecomunicações, atividades comerciais, mas principalmente a globalização
econômica, que permitiu que a sociedade se estabelecesse e estabelecesse
atividades em qualquer lugar do mundo. Além disso, avanços tecnológicos nos
1 Considerado o primeiro agente de viagens da história do turismo.
8
campos da telecomunicação permitiram que informações e conhecimentos,
antes limitados, pudessem ser compartilhados com todo o mundo.
Um dos resultados dessa revolução tecnológica foi o surgimento da
Internet como ferramenta de comunicação em massa e que provocou uma
mudança no cenário da comunicação criando novas linguagens, interações,
estilos de vida e de sociabilidade. A partir de então, todos puderam participar
do mesmo contexto, atuar como criadores de conteúdo, receptores, intérpretes,
e divulgadores de forma instantânea, contínua e em constante mutação. Todos
fazem parte de uma grande conversa, de um debate permanente, aberto,
participativo e democrático, pois todos são iguais e as demandas de
interatividade e mobilidade estão presentes.
E esse ponto é o que verdadeiramente transformou o cenário das
viagens e dos viajantes. Considerando que o turismo é uma atividade baseada
nas informações e constituída basicamente por pessoas, era inevitável que
essas consequências do pós-modernismo não causassem nenhum impacto.
Com isso, tanto o mercado das atividades envolvidas, como o comportamento
do consumidor de turismo foram afetados, tornando esse segmento sensível a
estas mudanças.
Hoje, a internet é fonte de inspiração e organização para o turismo, com
suas inúmeras ferramentas e inovações que permitem que o turista modifique
seus hábitos de viagem e ainda, utilize a internet como canal de socialização e
compartilhamento de suas opiniões, percepções e experiências. Além disso,
empresas do segmento e atrativos turísticos tem nos avanços tecnológicos um
potencial canal de vendas e marketing que, se utilizado de maneira inteligente
e criativa, pode causar grande impacto nas decisões dos turistas.
Por isso, o objetivo deste trabalho é apresentar algumas dessas
manifestações, a partir da compreensão de como esta revolução tecno-social
se estabeleceu no mundo e os impactos que ela gerou nas estruturas sociais e
mercadológicas do turismo. No primeiro capítulo, será apresentado o cenário
mundial em que a internet se estabeleceu e os impactos que esta gerou na
estruturação social e mundial, com base nos pensamento de escritores que
9
buscam entender a globalização e a construção de uma sociedade voltada
para a busca de informações, criando uma grande massa de conhecimento
chamada por Lévy (1998) de inteligência coletiva.
A seguir, será analisado como essas mudanças afetaram o cenário da
atividade turística e como o consumidor do turismo se comporta diante disso, a
partir do entendimento do consumidor em geral, das experiências que este
consumidor de turismo busca, e por fim, o cenário mercadológico turístico
baseado na internet e no compartilhamento de informações.
Com estas análises, é possível apresentar então outras opções de
fontes de informação que podem servir como base para as fases do ciclo de
uma viagem, apresentado pelo empresário Robert Cole, e como elas podem
influenciar na decisão final do ciberturista. Para complementar as diversas
ferramentas de comunicação provenientes dos avanços tecnológicos, serão
apresentadas duas tendências para o mercado geral e turístico que visam
aprimorar a comunicação e facilitar o acesso às informações
independentemente de suas localização.
Por fim, o último capítulo visa englobar todas essas manifestações e
possibilidades tecnológicas, digitais e virtuais para o turismo dentro de uma
única marca, o Google, mostrando como uma das empresas mais influentes no
mundo pode participar ativamente da modernização e virtualização da atividade
turística.
É importante ressaltar que toda a pesquisa foi realizada através de uma
sistematização bibliográfica com leituras documentais a partir de bibliografias
relacionadas aos avanços da comunicação e tecnologia, além de sites de
notícias e das ferramentas citadas. Porém, foi perceptível a escassez de
bibliografias acadêmicas específicas sobre as conexões entre o turismo e sua
nova configuração a partir dos avanços da internet.
Assim, espero que este trabalho possa complementar os estudos sobre
a relação do turismo com a web, a partir do novo posicionamento social em
meio aos avanços tecnológicos e a busca por informações, possibilitando
novas formas de interação com o trade turístico.
10
1. CONTEXTUALIZAÇÃO DA ERA DA INFORMAÇÃO
Quando, no início da década de 70 em meio a Guerra Fria, a maioria das
pessoas acreditava que a grande revolução seria com a chegada do homem a
lua, mal sabiam eles que a verdadeira revolução estava dando seus primeiros
passos dentro de universidades americanas.
A revolução das informações e da comunicação começa com a criação
da ARPANET, uma rede de computadores interligados criados pela Advanced
Reseacrh Projects Agency (ARPA), em 1969, com o objetivo de compartilhar o
conhecimento entre grupos de pesquisas que trabalhavam para essa agência.
Aos poucos, essa rede foi crescendo entre as universidades, agências
de inteligência militar norte americana e outros órgãos que foram
desenvolvendo suas próprias redes internas, que levou a ARPANET se tornar
obsoleta por volta de 1990 devido à aparição de diversas outras redes mais
eficientes.
Outro fator que possibilitou o surgimento da Internet no formato atual
foram os bulletin board system (BBS2), sistema de armazenamento e
compartilhamento de informações que surgiu na década de 70. Depois disso,
muitos outros estudantes de universidades americanas desenvolveram sistema
de conexão entre computadores.
Mas o grande momento do nascimento da web foi com a criação do
WWW (World Wide Web), por um programador inglês chamado Tim Berners-
Lee, que desenvolveu um projeto onde qualquer usuário que tivesse seu
computador conectado em rede, poderia obter e acrescentar informações, de e
para qualquer outro computador conectado na rede, que posteriormente, foi
acoplado ao software Windows 95, da Microsoft, espalhando o acesso à
internet para o mundo inteiro.
A partir de então, todas as pessoas tinham a opção de tornarem-se
criadoras de conteúdo na internet, que seria disponibilizada para o mundo
2 Um Bulletin Board System (BBS) era um sistema que permitia a conexão via telefone através do um computador.
Foi substituído pela internet.
11
inteiro. No Brasil, a internet surgiu quando a FAPESP (Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo) realizou sua primeira conexão em rede, em
1988. E o grande salto, foi em 1995, com o surgimento dos primeiros grandes
sites da Internet – Yahoo e Amazon, ambos americanos.
O uso da internet teve um crescimento vertiginoso. Em 1995 3 havia
cerca de 16 milhões de usuários, em 20004 eram mais de 250 milhões, e em
2010 chegaram a 2 bilhões. Ou seja, apenas nos cinco primeiros anos, o
crescimento foi de mais de 1462%, enquanto nos últimos 10 ano foi de 700%,
um crescimento médio anualizado de 38% ao ano no número de usuários de
internet. Só no Brasil, em 2010, eram mais de 51 milhões de usuários, de
acordo com pesquisa feita pela Ibope Nielsen Online5.
Nenhum dos principais atores institucionais – Estado ou
empresas – planejou deliberadamente, nenhum grande
órgão de mídia previu, tampouco anunciou, o
desenvolvimento da informática pessoal, o das interfaces
gráficas interativas para todos, o BBS ou dos programas
que sustentam as comunidades virtuais dos hipertextos
ou da World Wide Web(...) nascidos no espírito
visionários, transmitidas pela efervescência de
movimentos sociais e práticas de base, vieram de lugares
inesperados para qualquer „tomador de decisões. (LÉVY,
2007, p.27)
Esse crescimento intenso teve como principal responsável o
barateamento das tecnologias (computadores, notebooks e celulares), e
principalmente a facilitação de acesso às telecomunicações (como internet,
banda larga e web mobile), causando uma verdadeira revolução no modo de
vida das pessoas.
3 FOLHA ONLINE. Confira os dez momentos mais importantes da Internet. 2005. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u19223.shtml > Acesso em: Abril 2011 4 PORTAL G1. Número de usuários de Internet no mundo alcança os 2 bilhões. 2011. Disponível em:
<http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2011/01/numero-de-usuarios-de-internet-no-mundo-alcanca-os-2-bilhoes.html > Acesso em: Abril 2011 5 IBOPE NILSEN ONLINE. Internet no Brasil cresceu 5,9% em Agosto. 2010. Disponível em:
<http://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=6&proj=PortalIBOPE&pub=T&db=caldb&comp=pesquisa_leitura&nivel=null&docid=0A276B95D145374B832577B6007A5F6A> Acesso em: abril 2011
12
Sabendo da evolução da internet e como essa tecnologia se posicionou
como principal fonte de conhecimento e transmissão de ideias é necessário
entender como isto afetou as organizações sociais, resultando na globalização
do conhecimento e que tipo de cenário ela criou.
Assim, em seu livro, The World is Flat (2007), Thomas Friedman mostra
a existência de três fases dessa globalização. A primeira delas, Globalização
1.0, de 1492 a meados de 1800, quando Cristóvão Columbus deu início as
Grandes Navegações, provando que o mundo era redondo através de uma rota
alternativa para o comércio do Novo Mundo com o Velho Mundo. Essa nova
rota modificou as estruturas comercias da época, aproximando países e
continentes que até então, eram desconhecidos ou mesmo distante demais
para serem conectados com a Europa. Friedman (2007) define essa era como
a diminuição do mundo do tamanho grande para médio.
A segunda globalização, intitulada como 2.0, ocorreu por volta de 1800
até os anos 2000, quando com a Revolução Industrial, o barateamento dos
meios de transporte e das telecomunicações tornaram o mundo muito mais
próximo e conectado para todos, não apenas para uma determinada camada
social. O transporte se tornou cada vez mais rápido, o comércio se estabeleceu
em todas e entre todas as regiões do mundo, e a informação era altamente
disseminada. As companhias e grandes empresas se globalizaram (surgimento
das multinacionais), e que agora poderiam se estabelecer e comunicar com
qualquer parte do mundo. O mundo já não era mais médio, mas pequeno.
Finalmente, a última globalização, a 3.0, é a que se vive atualmente, na
qual o mundo diminuiu de pequeno para minúsculo e ainda, se planificando
(principalmente após a queda do muro de Berlin, em 1989, acabando com o
separatismo do mundo), ou seja, cada vez mais igual e acessível. É a era que
caracteriza a força dada ao indivíduo que agora, colabora e compete com o
conhecimento e a informação a nível global, sem qualquer limitação física.
É visível a relação entre a dominação do mundo pelos homens, com os
avanços tecnológicos. E essa dominação não foi apenas territorial, mas
principalmente nos campos da informação e comunicação, áreas
provavelmente mais “afetadas”, que resultaram em ferramentas, tecnologias e
13
programas que facilitaram e modificaram a transmissão de conhecimento entre
a humanidade.
Com a comunicação e a informação disseminada e amplamente
accessível, novas relações sociais e comerciais se estabeleceram. O mundo
estava interligado. A limitação à imprensa local foi substituída pelo acesso á
imprensas mundiais que permitiam que as pessoas pudessem acompanhar de
perto e sem nenhum interceptor as tendências e acontecimentos do mundo,
além de colaborar com a produção desse conteúdo complementando a grande
rede de acesso às informações: a internet.
Para exemplificar essa nova orientação da comunicação, é possível
observar o exemplo citado por Henry Jenkins (2008) na qual o lançamento do
filme Rok Sako To Rok Lo (2004) foi exibido em vários lugares do mundo,
simultaneamente, através de celulares. Até tempos atrás, pensar em
transmissão de um filme, com qualidade e em tempo real, já era muito difícil, e
através de um aparelho móvel, era ainda mais improvável.
Thomas Friedman (2007) também cita que percebeu uma mudança no
cenário mundial (o que ele chama de planificação) em uma reunião em
Bangalore, Índia, quando, ao entrar em uma sala de reunião, havia pessoas de
Singapura, Londres, Nova York, São Francisco e Boston discutindo,
conversando e tomando decisões, todos em uma grande tela de computador.
Naquele momento, Friedman (2007) mostra a existência verdadeira da
globalização, associada em grande parte, aos altos investimentos em
tecnologia, ao barateamento de computadores e o avanço de diversos
softwares6 que facilitam tanto o acesso, como a conexão entre pessoas no
mundo inteiro.
Friedman (2007) ainda afirma que com o mundo “plano” todos poderiam
estar conectados, bem como seus conhecimentos, todos em uma única rede
que nos levaria a uma era de prosperidade, inovações e colaborações entre
empresas, comunidades e indivíduos. Isso caracteriza em grande parte o perfil
da nova geração e a formação de uma inteligência coletiva, muito maior,
6 Software são conjuntos ou tipos de programas, dados e ferramentas desenvolvidas para computadores, para
desempenhar determinadas funções.
14
complexa e completa que de qualquer indivíduo, onde todo o conhecimento
seria compartilhado.
Acrescentemos à nossa definição este complemento
indispensável: a base e o objeto da inteligência coletiva
são o reconhecimento e o enriquecimento mútuos das
pessoas, e não o culto de comunidades fetichizadas ou
hipostasiadas. (LÉVY, 1998, p. 28).
Com a informação sendo transmitida equivalentemente aos povos, essa
sociedade conectada pode organizar suas ações de uma maneira superior e
equilibrada, já que não há mais tanta exclusividade das informações. Manuel
Castells (2003) afirma que com a internet foi implantada uma nova ideologia de
liberdade, criada pelos usuários e desenvolvedores da internet.
Os personagens principais deste novo cenário da globalização e
principalmente da internet como meio de comunicação principal, são todos os
indivíduos que se manifestam livremente através das diversas tecnologias e
programas na internet, delimitando assim o comércio, as informações e o
sucesso das marcas, e até o cenário político, ajudando pessoas antes
alienadas a sua realidade local a terem acesso à informação de todo o mundo,
mostrando a elas como o mundo é e se comporta.
Em fevereiro de 20117, assistimos a queda do egípcio Hosni Mubarak
após uma revolta da população, descontente com o governo que já durava 30
anos. As organizações dos movimentos se deram principalmente através do
Twitter8 e do Facebook9 (redes sociais altamente conectadas com o mundo
inteiro). Antes disso, na Tunísia, a população usou essas mesmas ferramentas
para organizar manifestações que resultaram na destituição do presidente Ben
Ali, provando o poder que a internet tem de mostrar certas situações e em
impulsionar reações coletivas.
7 SETTI, Renan. Redes Sociais desempenharam papel fundamental na queda de Mubarak, afirmam especialistas. O
Globo Online. 2011. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2011/02/11/redes-sociais-desempenharam-papel-fundamental-na-queda-de-mubarak-afirmam-especialistas-923780668.asp> Acesso em: Maio 2011 8 Twitter é uma rede social onde as pessoas escrevem pequenos textos, de no máximo 140 caracteres, expressando
suas ideias, vontades, desejos, reclamações e até ações que estão fazendo. Hoje, o Twitter é altamente utilizado por empresas, como ferramenta de auxilio ao Serviço de Atendimento ao Consumidor, monitorando o que as pessoas falam da marca, e interagindo com esses consumidores. 9 Rede social, criada para aproximar as pessoas do mundo inteiro.
15
Para que essa estruturação social acontecesse, três fatores do século
XX foram essenciais, segundo Castells (2003): a globalização das economias,
do capital e das empresas que geraram a valorização da sociedade pelas
informações abertas, certo reflexo de muitas ditaduras que aconteceram pelo
mundo no final das décadas passadas, e principalmente com a revolução
microeletrônica, facilitando o acesso e a compra de computadores e a
utilização e massa da internet.
Essas questões determinaram o surgimento de uma nova organização
social que valoriza a cultura da informação. Uma sociedade que busca sempre
saber melhor o que acontece em sua volta e o que existe à sua volta, graças às
facilidades disponibilizadas nos meios de comunicação, sem limite e sem
qualquer censura.
Para essa geração da informação, os limites são diferentes. Para eles,
poder conhecer o mundo, seja físico ou informacional, é uma simples questão
de desenvolver alguns programas que permitam realizar suas vontades. A
referência à frase “redução das distâncias” é real e quase literal, exatamente
por essa facilidade em conhecer cada detalhe de cada lugar através da tela de
um computador, além de obter informações detalhadas sobre a política, a
sociedade e a cultura local (é possível englobar aqui, diversos assuntos como
música, arquitetura, história, moda, culinária, dança etc.).
Embora esses avanços tecnológicos tenham sido criados para facilitar
as relações entre povos e aumentar a liberdade de transmissão de informação
entre os mesmos, é importante lembrar que muitas vezes o Estado pode
determinar este desenvolvimento e esta liberdade. Hoje, a internet segue
determinados protocolos a respeito dos governos de cada país. O governo
chinês, por exemplo, tem um controle e censura fortes para alguns conteúdos
que são considerados ofensivos a cultura local, alegando que só assim podem
preservar a identidade local.
Mesmo com essas condições, Friedman (2007) aponta o lado oposto
deste movimento, extremamente relevante para a sociedade e suas culturas, já
que hoje é possível viver em qualquer lugar do mundo e estar presente na
rotina de seu país natal, seja através das notícias, conversas instantâneas, das
16
cadeias de restaurantes ou até acompanhando fotos e vídeos da sua família.
Analisando a relação entre a invasão das culturas nas culturas e a preservação
das identidades originais de cada país, Jenkins (2008, p. 44) diz “as promessas
desse novo ambiente midiático provocam expectativas de um fluxo mais livre
de ideias e conteúdos. Inspirados por esses ideais, os consumidores estão
lutando pelo direito de participar mais plenamente de sua cultura”.
Pode-se considerar este fluxo, como sendo as mudanças na forma de
consumir e produzir os meios de comunicação, os avanços das tecnologias
digitais e virtuais, a ruptura com o tradicional e a estimulação da sociedade
para novas realidades.
Assim, o cenário de globalização que se tem hoje baseia-se na evolução
tecnológica e a formação de uma nova estrutura social, extremamente voltada
para a busca de conhecimento através das informações amplamente
disponibilizadas nas tecnologias digitais. Este cenário afeta a cultura em geral,
desde o comportamento social ao comportamento mercadológico, tornando o
mundo muito mais acessível sob ponto de vista da comunicação. É a
planificação do mundo citada por Friedman (2007) resultado de uma geração
que busca cada vez mais a conexão global e o fluxo livre de conhecimentos e
informações.
Essa geração surge em meio ao nascimento de um novo mundo em que
sua participação é fundamental e essencial para que as mudanças continuem.
Se no começo do século XX a televisão revolucionou a distribuição da
informação, hoje, a internet faz o papel de principal mídia de uma geração de
conhecimento. E quem nunca se perguntou: como eu vivia sem internet?
Ela se tornou onisciente e onipresente. Criou novas linguagens, nova
noção de tempo-espaço e novos estilos de vida. Tornou o todo, um só, o longe,
perto, em uma rede conectada, não apenas computadores, mas por pessoas
que determinaram o surgimento de uma rede colaborativa. A internet permite
que vontades e individualidades sejam divulgadas e dá a chance de conquistar
17
o mundo, seja através de um tweet10, de um blog ou de um vídeo postado. É a
geração do instantâneo.
Para Levy (LÉVY, 2007, p.26) “a prensa de Gutenberg não determinou a
crise da Reforma, nem o desenvolvimento dos ideais iluministas e a força
crescente da opinião pública no século XVIII – apenas condicionou-as”. O
mesmo acontece com a evolução da internet, ela não determinou a
modificação das estruturas sociais e da propagação da informação, apenas
condicionou a uma nova formação tecno-social.
Somado a isso, Conrado Adolpho (2010) afirma que a web muda o que
antes era elitista e populista. A informação agora é democrática, onde qualquer
pessoa pode ser o que quiser e fazer o que quiser, e ainda, ser reconhecido
por isso, sem censura.
“Estamos em uma era de transformações que tem na
internet apenas sua interlocutora e tradutora, porém, não
foi ela que causou toda essa mudança. O consumidor já
cobiçava tais modificações em seu cotidiano. Havia uma
demanda de desejos e necessidades reprimida por falta
de um meio que a entendesse e a acolhesse. Esse meio
era a internet.” (VAZ, 2010, p.33).
A expansão do computador pessoal, da Internet e das redes digitais
abriu espaço para uma nova realidade na distribuição da informação, na
relação entre consumidores e fornecedores e no surgimento de novos estilos
de vida, onde a comunicação saiu do seu espaço limitado, constituindo o
cenário que é chamado por Lévy (2007) como “cibercultura”.
Para ele, a cibercultura surge a partir das vontades e inquietações de
uma nova geração, que deseja experimentar formas de comunicação diferente
daquelas tradicionais, criando um novo espaço chamado de “ciberespaço”,
acolhedora de toda essa era da informação virtual.
É difícil levantar críticas perante essa cultura que está nascendo, já que
não se sabe exatamente as consequências futuras que ela nos trará. Levy
10
Referência à mensagem escrita no site Twitter.
18
(2007) compara o uso dos vídeogames pelas crianças e jovens com as críticas
levantadas ao cinema quando este surgiu – um manipulador, que hoje, é
contemplado e extremamente premiado como arte.
Roy Ascott (apud LÉVY, 2007, p. 13) diz que essa revolução da
telecomunicação foi o “segundo dilúvio”, o das informações. “[...] é o
transbordamento caótico das informações, a inundação de dados, as águas
tumultuosas e os turbilhões da comunicação [...]”. Isso reflete potencialmente
na formação das novas gerações, conhecidas como geração Y e Z, uma
expressão que classifica os jovens nascidos entre 1978 e 1990 e de 1991 até
atualmente. Estas gerações foram concebidas já na era digital, na extrema
democracia e da ruptura com o tradicional, participando diretamente da
evolução da tecnologia.
Esse cenário cria um perfil de consumidor totalmente diferente do que as
bases tradicionais estão acostumadas. Segundo a revista Galileu11 (2009,
online) “99% dos nascidos entre 1980 e 1993 só se mantêm envolvidos em
atividades que gostam, e 96% acreditam que o objetivo do trabalho é a
realização pessoal”. Além disso, é uma geração caracterizada pela velocidade
dos acontecimentos, da informação e da constante mudança. Eles querem
fazer tudo os que gostam e as tecnologias e antigas estruturas sociais
precisam acompanhar isso.
Um estudo realizado pela Enfoque Pesquisa de Marketing no Brasil e
apresentado pela Revista Exame12 (2011, online), afirma que se um
adolescente da geração Z, passasse 24 horas na frente de uma tela, seria 77%
do tempo na internet, 66% da Televisão e 54% do celular. É a prova de que
eles não consomem somente a mídia tradicional, mas o conteúdo que os
permite interagir e compartilhar conhecimento, experiências e informação. Com
isso, as mudanças culturais, na qual mencionado anteriormente, são
justificadas e devem ser aceitas como resultado de uma nova era que permeia
uma geração totalmente envolvida com as questões digitais.
11
LOIOLA, Rita. Geração Y. Galileu Online. 2009. Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG87165-7943-219,00-GERACAO+Y.html> Acesso em: Abril 2011 12
MELLO, Bruno. Geração @: quem são e como se comportam? Portal Exame. 2011. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/geracao-quem-sao-e-como-se-comportam> Acesso em: Abril 2011
19
Entender essa nova geração e a revolução da informação nos ajuda a
entender as mudanças que acontecem em diversas áreas, e a adaptação à
essa nova realidade é inevitável. É preciso saber acompanhar as
necessidades, onde o tradicional já é obsoleto, as inovações são cada vez
mais rápidas, e o acesso a informações e variados tipos de fontes de
conhecimento devem estar cada vez mais disponíveis, seja na publicidade, no
entretenimento, ou no turismo, segmento que será abordado no próximo
capítulo.
Assim como nos lembramos das Grandes Navegações e da Revolução
Industrial como pontos significantes para a formação da sociedade e do
mundo, daqui a alguns anos, décadas ou séculos, este momento de mudanças
no comportamento social provavelmente será pontuado como um marco,
podendo ser chamado de Revolução da Informação, onde todos se tornam um
e as informações são amplamente disseminadas, graças às evoluções
tecnológicas.
Já afirmava Castells (2003, pg. 7) quando disse: “A internet é o tecido de
nossas vidas. Se a tecnologia da informação é hoje o que a eletricidade foi na
Era Industrial, em nossa época a Internet poderia ser equiparada tanto a uma
rede elétrica quanto a um motor (...)”.
E não é apenas uma mudança no cenário de tráfego de informação. É
principalmente uma mudança social, é o ideal existencialista de Sartre13 sendo
personificado pela internet, onde o homem é resultado do meio em que vive, a
partir das relações sociais que cada pessoa tem e que, com a internet, essas
relações se intensificam e a troca de conhecimento também. Saber já não é
mais suficiente. É preciso saber de tudo, experienciar e compartilhar.
Hoje a criação de conteúdo na internet é ilimitada, e com isso, são
bilhões de páginas que flutuam nesse cosmo digital, criadas por pessoas em
todos os lugares do mundo, com todo o tipo de conhecimento e de todas as
13
O existencialismo de Sarte (O ser o e nada, 1943) procura explicar os aspectos da experiência humana. Sartre diz que a única sabedoria do homem que nasce com ele é a biológica; a sobrevivência e o resto se adquirem de tal forma que não vem do sujeito é ensinado a ele pelo mundo exterior.
20
classes sociais. “A circulação de conteúdos depende fortemente da
participação ativa dos consumidores” (JENKINS, 2008, p.27).
Além disso, a convergência do mundo apresentada por Jenkins14 (2008)
representa uma transformação cultural, surgindo também a cultura
participativa, onde os consumidores buscam novas fontes de conhecimento, e
deixam de ser meros expectadores para serem atuantes no mundo fortemente
delimitado pela internet.
É um simples ciclo, que a partir da atuação do indivíduo conteúdos são
criados, informações disponibilizadas, tecnologias e softwares adaptados às
necessidades, o comércio é agilizado, o acesso as informação fica rápido e
fácil, as relações se tornam cada vez mais fortes, mais necessidades digitais e
virtuais nascem, inovações em diversos segmentos surgem, e assim por
diante.
As pessoas estão se conectando umas às outras e conhecendo, cada
vez mais, outras culturas, lugares e indivíduos. A criação desse grande
conteúdo de informações na internet possibilita aos usuários, interagir e
conhecer qualquer coisa que lhe seja interessante e real. Além disso, com essa
somatória de conhecimento, alguns tipos de serviços também foram facilitados,
item que será abordado a seguir.
Pierre Lévy (1998) traz o conceito de inteligência coletiva que é o
conhecimento que cada um tem somado em universo acolhedor de todas as
informações, já que é impossível saber de tudo. Através das tecnologias
disponíveis hoje, a inteligência e as informações são mais bem compartilhadas
e se tornam gigantes diante da coletividade que a internet proporciona, de
proporções nunca presenciadas antes, criando assim o ciberespaço
colecionador de todo esse conteúdo.
A inteligência coletiva refere-se à essa capacidade das
comunidades virtuais de alavancar a expertise combinada
de seus membros. O que não podemos saber ou fazer
14
Em seu livro Cultura da Convergência, Jenkins propõe o conceito de convergência como sendo a transformação social, cultural, mercadológica e tecnológica que a humanidade vive com a valorização da informação e a busca por novas experiências e conhecimentos.
21
sozinhos, agora podemos fazer coletivamente.
(JENKINS, 2006, p.54)
Juntamente com o cenário das gerações Y e Z, o consumo de
informação tornou-se um processo coletivo e cada vez mais acelerado, já que a
partir do perfil psicológico dessas gerações analisados anteriormente, percebe-
se a necessidade de mudanças e resultados sempre imediatos.
A possibilidade da conexão com o ciberespaço a baixo custo, a
independência de um meio intermediador das mensagens, a chance de
publicação de informações por qualquer usuário da rede e a grande
capacidade de troca dessas informações são alguns dos motivos que
resultaram nesse novo modelo social globalizado e de valorização à cultura da
informação.
Toda essa evolução do mundo e da cultura tem um grande impacto em
diferentes setores da economia, já que, tendo total acesso as informações, o
consumidor aumenta seu poder perante as marcas, bem como suas exigências
em relação ao produto ou serviço. Assim, com as novas possibilidades de
interação, com o compartilhamento de informações e o crescimento das
grandes empresas de tecnologia e informática, muitas empresas começaram a
interessar-se pela Internet como uma grande oportunidade de negócios.
A opinião das pessoas perante um estabelecimento ou serviço, agora
não permanecem mais nas relações entre a empresa e o consumidor. Com as
diversas ferramentas digitais de conexão social mundial, as pessoas
conquistaram um poder até então pouco preocupante: a manipulação da
opinião alheia, surgindo assim um novo conceito, chamado de Web 2.0 15,
baseado na coletividade e compartilhamento de informações, que evolui de
páginas estáticas e da coleta simples de informações para a geração de um
conteúdo universal.
A Web 2.0 é provavelmente a maneira mais colaborativa de atuação
perante os serviços disponíveis hoje. É a união da inteligência coletiva de Lévy
15
Termo criado para identificar o momento em que a internet passa a ser colaborativa e participativa, onde a opinião das pessoas supera a importância da comunicação nas suas bases mais simples.
22
(1998) com as prestações de serviços em prol de melhores resultados para
aquisição de um produto. Para o consumidor, ler opiniões de outras pessoas
que utilizaram o serviço ou adquiriram um produto é fundamental para
determinar sua decisão final, além de poderem expressar suas satisfações ou
insatisfações sobre o que foi adquirido. Já para o mercado, disponibilizar
espaços onde as pessoas podem comentar ou classificar o seu objeto de
venda, é fundamental para sua sobrevivência neste novo cenário.
Além disso, com a redução das distâncias geográficas que a internet
proporciona, é possível encontrar produtos e serviços em qualquer lugar do
mundo, saber das suas qualidades e das suas referências. Para as empresas é
possível encontrar públicos e mercados que se interessem pelo seu produto no
mundo inteiro, sem barreiras geográficas.
A questão da participação e da experiência está ligada a mudança de
perfil da sociedade que recebe essas tecnologias e suas facilidades. Nicholas
Negroponte (1990, apud JENKINS, 2009) prevê a formação de produção
midiática para públicos determinados, contrastando com os “velhos meios de
comunicação passivos” e os “novos meios de comunicação interativos”, algo
ainda muito difícil de compreender.
Hoje, as produções, sejam elas de entretenimento, tecnológicas ou de
qualquer outro segmento, acompanham o ritmo das novas gerações que
buscam fugir do tradicional e do padrão, e o resultado disso é o crescimento da
interatividade, podendo considerar esses novos consumidores como ativos.
Eles controlam suas vontades, direitos com o auxilio de ferramentas que
conectam ele com todas as pessoas do mundo, tendo assim uma influência no
mercado, que até pouco tempo atrás não era tão visível.
É importante entender como funciona este movimento da opinião
coletiva para compreender como o mercado do turismo deve se comportar
diante dessas mudanças e do estabelecimento da Web 2.0, especialmente
porque nesta nova realidade de mercado, a internet deixou de ser apenas um
produto para se tornar um serviço às pessoas, de acordo com a conveniência
de cada usuário.
23
Entendendo o cenário criado com a evolução da internet, a modificação
social com o surgimento de uma nova geração totalmente voltada para a
comunicação e a informação, e as consequências dessas mudanças, é
possível começar a entender melhor como se posiciona o turismo neste
contexto, e quais impactos este segmento sofreu e sofrerá com o novo modelo
tecno-social.
2. NOVO CONTEXTO DO TURISMO
O modelo de mundo plano permite que você compartilhe
sua cultura local com o mundo (FRIEDNMAN, 2007, p.
478 – tradução livre).
Ao longo das análises do cenário que permeia o turismo, observa-se a
formação de um novo contexto social que Levy (2007) considera como causa
de uma inquietação social com os antigos parâmetros tradicionais da
comunicação e da informação e que resultam em um conjunto de mudanças
que valorizam a cultura da informação e do conhecimento, a partir das
facilidades de acesso aos conteúdos, gerados pelo avanço tecnológico, em
particular, com a internet.
A velocidade com que essa tecnologia vem acompanhando a formação
da nova geração influencia diretamente no comportamento destas diante de
suas vontades e necessidades. Como apresentado no capítulo anterior,
segundo as pesquisas de perfil das gerações Y e Z, as pessoas que nasceram
na era digital exigem cada vez mais informações e decisões rápidas, além de
ter a sua disposição a comunicação direta com outros consumidores, podendo
levar um empreendimento ao sucesso ou ao fracasso.
A partir deste capítulo, será apresentado o cenário do turismo no
contexto da Revolução da Informação, como a atividade se comporta diante
dessas mudanças, as consequências técnicas que estas facilidades
proporcionam para a atividade turística, além de mostrar que é possível se
24
utilizar das tecnologias como ferramenta de expansão do turismo, já que é feito
a partir das necessidades dos seus consumidores (os turistas) e, com isso, é
fundamental que todo o trade turístico acompanhe essa evolução, e
principalmente participe dela.
Por ser composto por informações, as ferramentas decorrentes deste
cenário tecnológicos e informacional, são primordiais e recursos essenciais
para a evolução da atividade turística. Inúmeros são os produtos em que o
turista necessita realizar algumas pesquisas, sendo um segmento amplo e
diversificado: opções de destinos, atrativos, áreas naturais, meios de
transportes, hospedagens, combinações de rotas, etc.
Para Guimarães e Borges (2008) a internet surge como principal canal
de obtenção dessas informações e, com isso, recursos como fotografias de
destinos e produtos turísticos, vídeos, imagens em tempo real, sons ambientes
e textos atualizados, contribuem cada vez mais para subsidiar as tomadas de
decisão dos turistas, além de auxiliar na divulgação de destinos e dos
fornecedores de produtos e serviços do segmento.
Destinos exóticos, desconhecidos, atrações raras ou culturas muito
diferentes exigem uma investigação maior e mais detalhada por parte do
turista, para que suas expectativas sejam atendidas e os riscos evitados. E,
caso o destino possua poucas informações na internet, pouca interação ou
conteúdos vagos e mal elaborados, maiores as chances do turista mudar o
destino da viagem. Assim, o turista, cada vez mais, tentará aumentar a
quantidade e qualidade das informações disponíveis, para que ele tenha uma
maior sensação de tranquilidade, esclarecendo suas possíveis dúvidas.
O setor do turismo é um grande incorporador de
tecnologia, nos seus diversos segmentos, e o seu
crescimento sempre depende da capacidade de inovação
e do uso da tecnologia para melhoria da gestão,
desenvolvimento de novos produtos, aperfeiçoamento da
comunicação, otimização das experiências de viagens e
25
personalização do atendimento. (GUIMARÃES;
BORGES, 2008, p.10)
2.1 PERFIL DO CIBERTURISTA
Sabendo das mudanças acarretadas com a Revolução da Informação que
conforme afirma Jenkins (2008) são consequência de uma vontade de maior
participação da cultura, e, como essas mudanças podem impactar o turismo, é
fundamental entender primeiramente o comportamento e o perfil do turista
neste cenário.
Para isso, considera-se o termo ciberturista, sugerido por Guimarães e
Borges (2008) para caracterizar este indivíduo que faz suas pesquisas,
compras, reservas, e outras ações relacionadas ao turismo, utilizando o
ciberespaço de Lévy (2007), ambiente virtual paralelo a nossa realidade.
Em primeiro lugar, é importante lembrar que o ciberturista nada mais é que
o consumidor do produto turístico, tendo seu comportamento impactado por
diversos aspectos. Segundo a teoria de marketing levantada por Yanazi (2007),
qualquer produto, de qualquer mercado está vinculado ao seu consumidor.
Entender o contexto em que ele vive, suas expectativas e necessidades, é
fundamental para o sucesso de qualquer empreendimento. No turismo, não é
diferente, por isso, para entender o comportamento do consumidor de turismo,
primeiro é necessário entender o comportamento do consumidor em geral.
Para isso, Yanazi (2007) considera duas principais determinantes: o instinto
(características individuais) e as condições de ambiente e de convívio
(características sociais). O primeiro são comportamentos básicos, que nascem
com o indivíduo e geralmente estão associados à sua sobrevivência. O
segundo modela os instintos básicos, de acordo com o ambiente em que este
indivíduo está inserido.
Os relacionamentos e a sociedade criam necessidades, e influenciam as
pessoas através da cultura, classes sociais, opiniões de família, religião, entre
26
outros. Além disso, evoluções tecnológicas, modelos de consumo, marketing,
fazem com que as pessoas potencializem ainda mais essas necessidades.
Segundo a teoria de Abrahan Maslow (apud CARVALHO, 2010), depois
de identificada uma necessidade, desejos e impulsos surgem movendo o
indivíduo a querer realizá-la. Para ele, o ser humano deve saciar primeiramente
suas necessidades fisiológicas, ou seja, aquelas a qual sua sobrevivência
depende, depois, as necessidades de seguranças, as sociais, e por último a de
autoestima, resultado do contexto social.
Concluímos que a partir do momento que o ser humano tem suas
atividades básicas saciadas, ele partirá para as necessidades secundárias,
estas influenciadas pela sociedade e as relações que esta cria, e se a
sociedade está em meio a uma grande revolução, como é o caso da nova
geração, os impactos são ainda maiores. Sendo assim, o turismo pode ser
encarado como produto de consumo, parte de uma necessidade de
conhecimento e experiência, e que também envolve serviços e compras, que
será determinado a partir de fatores que afetam a decisão do indivíduo perante
uma viagem.
Para Swarbrooke e Horner (2002), o processo de tomada de decisão do
turista segue fatores motivadores, que incentivam o turista a adquirir
determinado produto e fatores determinantes que mostram até que ponto o
turista deseja obter algo. Para representar alguns dos principais fatores
motivadores, os autores apresentam a figura abaixo:
27
Já os fatores determinantes, podem ser pessoais ao turista ou externo a
ele. No primeiro, questões como saúde, renda disponível, tempo de lazer,
conhecimento das destinações, tipo de férias, medos, atitudes perante o
turismo, são determinante pessoais para que a viagem aconteça ou não. Os
fatores externos ao turista não dependem dele, mas mesmo assim, afetam sua
decisão, como apresentamos na figura abaixo:
TURISTA
FÍSICOS: relaxamento
exercício, saúde
EMOCIONAIS: nostalgia, romance, aventura,
escapismo, fantasia
PESSOAIS: visitar amigos
e parente, fazer
economias, fazer novos
amigos
DESENVOLVIMENTO PESSOAS:
aumentar conhecimento, aprender algo
novo
CULTURAIS: visita à lugares de interesse, vivência de
outras culturas
STATUS: exclusividade, fator moda,
bom negócio, gastar de maneira
ostensiva
Figura 1 - Fatores motivadores do turismo, segundo Swarbrooke e Horner
28
Figura 2 - Fatores externos que influenciam a decisão do turista
Assim, observa-se uma hierarquia de influências nas decisões das
pessoas. A partir do entendimento dos fatores que podem impactar as decisões
dos consumidores do turismo, é necessário conhecer quais os fatores sociais e
os cenários que hoje influenciam no comportamento do consumidor de turismo.
Sabe-se que a estrutura do turismo é composta principalmente por
pessoas e por isso, esta é uma área que precisa se adaptar conforme a
sociedade se transforma. Além disso, a tecnologia proporcionou o surgimento
de uma nova geração baseada principalmente na informação e nas diversas
formas de acesso a ela, como observado no primeiro capítulo.
Assim, acompanhando essa evolução tecno-social, o turista busca muito
mais agilidade na obtenção dessas informações, economia de tempo e de
dinheiro, de modo à sempre fazer a escolha mais viável e que satisfaça suas
necessidades, e a internet é o principal meio para isso.
FATORES POLITÍCOS, ECONÔMICOS, SOCIAIS E
TECNOLÓGICOS EM NÍVEL GLOBAL
FATORES POLITÍCOS, ECONÔMICOS, SOCIAIS E
TECNOLÓGICOS EM NÍVEL NACIONAL
INFLUÊNCIA DA MÍDIA
ATIVIDADE DO MARKETING DA
INDÚSTRIA DO TURISMO
OPINIÃO DE AMIGOS E PARENTES
TURISTA
29
Segundo o IBOPE (2010, online) 16, a categoria que mais cresceu de
2009 para 2010 nas buscas na internet foi “viagens”, com uma variação de
36,9%, mostrando a forte tendência desse meio de comunicação como fonte de
informação para a atividade do turismo.
Guimarães e Borges (2008) afirmam que ao navegar, a percepção
sensorial do usuário fica mais aguçada, e com isso, ele tende a se concentrar
mais na ação e nos conteúdos que está buscando, além de estar disponível a
qualquer hora, facilitando as interações principalmente comerciais. Ele adquire
conhecimento na internet, sites, blogs, redes sociais, portais de notícias, e
todas as outras opções disponíveis no universo digital.
Para o turista, utilizar essas ferramentas online significa coletar mais
informações e detalhes sobre determinado lugar da maneira que lhe é
conveniente, e ainda, ajuda a criar seu próprio filtro das informações
disponíveis na internet, é o que Jenkins (2008) chama de luta pela participação
da sua própria cultura. Essa superabundância de informações aumenta o poder
de barganha e as exigências perante a indústria do turismo, alterando, por
16
IBOPE NIELSEN ONLINE. Número de usuários ativos da internet cresceu 1,8% em Maio. 2010. Disponível em: <http://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=6&proj=PortalIBOPE&pub=T&db=caldb&comp=pesquisa_leitura&nivel=null&docid=17CCD8DF3C83101C832577460057D746> Acesso em: Maio 2011
Figura 3 - Crescimento do número de usuários únicos de categorias selecionadas no Brasil (IBOPE Nielsen Online, 2010 )
30
exemplo, o cenário da concorrência e a ação de terceiros, como as agências
de viagem.
De acordo com a pesquisa realizada pela Amadeus (2009) com as
mudanças no comportamento do turista, influenciado pelas questões
tecnológicas e os avanços aos acessos à comunicação, especialistas em
viagens esperam que grandes mudanças aconteçam nos serviços do turismo
nos próximos 10 anos, como observar-se no gráfico abaixo.
Gráfico 1 - Expectativas de especialistas para as mudanças de comportamento do turista, influenciados pelas mudanças sociais e tecnológicas (Amadeus – 2009).
É possível perceber que mais da metade dos especialistas acreditam que o
comportamento do consumidor mudará perante o aumento das informações
sobre as opções de viagens e derivados, especialmente ao acesso ilimitado de
informações disponibilizados na internet, podendo ocasionar uma maior
exigência quanto aos serviços oferecidos para turista.
Destaca-se aqui outra característica citada anteriormente: com o perfil das
novas gerações sendo modelados a partir das tecnologias de comunicação,
estes se basearão inicialmente na internet como fonte de busca para qualquer
tipo de informação em relação ao destino, ou qualquer outro item de sua
viagem. Jenkins (2008) chama isso de substituição do consumo individualizado
e personalizado para um consumo socializado e conectado.
31
A pesquisa ainda indica que os profissionais do turismo acreditam que
apesar do aumento do conhecimento, isso não resultará em uma redução na
busca de agências de viagens ou profissionais capacitados como auxiliadores,
porém exigirá tanto conhecimento como o que provavelmente o indivíduo pré
adquiriu na internet. Apesar disso, o relatório sobre Turismo 2.0 da TerraForum
(2011) afirma que com a velocidade de troca de informações através da
internet, este cenário enfraquece as atividades das agências e demais canais
tradicionais, consequentes da mudança do comportamento do turista.
Outra percepção que a pesquisa traz é que o viajante desenvolverá um
perfil mais aventureiro, em consequência da disponibilidade de informações na
qual ele mesmo pode fazer sua busca. Viagens internacionais e inusitadas são
o principal alvo desse indivíduo, pois são situações muito diferentes do seu
cotidiano. Como afirmamos anteriormente, este tipo de viagem envolve
informações mais detalhadas, que hoje, são possivelmente acessadas a partir
da internet.
Mais da metade dos entrevistados acredita que a tecnologia modificou ou
está prestes a modificar o modo como o viajante interage com o destino, ou
com a viagem em sim. Isso se deve a diversas facilidades que lhe é
proporcionado: check in online, reserva de hotéis online, informações locais,
condições climáticas, mapas, entre tantos outros itens que, disponíveis ao
Gráfico 2 - Expectativas de especialistas para as mudanças de comportamento do turista, segundo tipos de viagens e atitudes perante a decisão (Amadeus – 2009)
32
turista, podem tornar a sua experiência mais completa e mais próxima da
perfeição.
Ainda segundo a pesquisa da Amadeus (2009), 80% dos especialistas em
viagens acreditam ser muito mais difícil construir relações de fidelidade com o
cliente no mundo virtual. Isso é causado principalmente pela diversidade de
opções que o turista tem na hora da escolha, seja em relação à companhia
aérea, hospedagem ou destinos e por sua autonomia na busca desses
serviços.
Assim, as empresas de turismo que estão acompanhando este processo e
se adaptando ao novo cenário do Turismo, provavelmente sofrerão impactos
muito menores, que aqueles que preferem ignorar as mudanças, como afirma
Vaz (2010).
O grupo de hotéis Starwoods Hotels & Resorts adaptaram-se a nova
realidade criando uma nova marca chamada Alorf. Desenvolvido em um mundo
virtual um programa que o usuário baixa no seu computador que simula um
mundo virtual em três dimensões e inteiramente interativo. É como uma
experiência de estar em um dos ambientes da rede de hotéis, instigando a
curiosidade e o interesse do usuário. (GUIMARÃES; BORGES, 2008)
A rapidez da evolução tecnológica mudou o hábito
das pessoas, tornando-as mais exigentes e
aumentando sua necessidade de informação em
curto espaço de tempo. Os consumidores
modernos não permitem que os processos
Gráfico 3 - Expectativa dos especialistas para o comportamento do turista, de acordo com a tecnologia como fator influenciador (Amadeus – 2009)
33
decisórios sejam lentos e demandam soluções
ágeis, o que pode ser viabilizado mediante
sistemas de informações adequados e de pessoal
qualificado. (GUIMARÃES; BORGES, 2008, p.
45).
Por fim, é importante ressaltar a importância da Web 2.0 no segmento, pois,
mais do que nunca, as pessoas buscam informações detalhadas sobre os
serviços e destinos, principalmente em redes sociais, fóruns, blogs e
referências dadas nos sites, onde se é possível compartilhar opiniões e
experiências e que criam um conteúdo que, segundo Jenkins (2008) depende
apenas da participação ativa do consumidor.
Na figura 2, vimos uma hierarquia de influências nas decisões das pessoas,
sendo que a última era a opinião de amigos e parentes, mostrando que essas
informações tem grande impacto, se não determinantes, na decisão final do
turista. Este é exatamente o ponto onde a web 2.0 se estabelecesse como
fonte primordial de informação e compartilhamento e que não deve ser
ignorada.
Utilizando a internet e suas divisões como fonte de informação,
modificamos outra questão que tem grande influência nas decisões do turista e
que determinam: as experiências que uma viagem proporciona. Swarbrooke e
Horner (2002) afirmam que o pós-modernismo substitui as experiências de
massas, onde os consumidores de turismo buscam novas experiências cada
vez mais personalizadas, fugindo de padronizações.
Esse comportamento também é analisado por Guimarães e Borges
(2008), que acredita que os consumidores possuem uma mistura de
experiências, motivações e desejos que determinam suas decisões. Já
Krippendorf (2001), acredita que o homem rege sua existência em torno de três
itens: trabalho, moradia e lazer. Dentro do lazer, ele recebe motivações e
influências que o levam ao turismo na busca do anticotidiano, já que a
sociedade impõe um ritmo de vida que prioriza o tempo de trabalho ao tempo
livre.
34
O que impele um indivíduo a viajar, a procurar lá fora o
que não encontra dentro não é tanto o resultado de um
impulso pessoal quanto a influência do meio social, que
fornece a cada um as suas normas existenciais. A
decisão pessoal é, de certa forma, condicionada pela
sociedade. (KRIPPENDORF, 2001, pg. 38)
O turismo pode ser entendido como uma composição de experiências e
sensações novas, desbravamento do desconhecido, imersões em situações
ausentes do cotidiano e que vão muito além do turismo massificado que se é
vendido.
Krippendorf (2001) concretiza as principais razões pelas quais as
pessoas viajam. Para o ser humano, viajar é: descansar e recuperar as
energias perdidas com a rotina intensa de trabalho e proporcionar saúde física
e mental; fugir da realidade cotidiana; tempo de reencontrar pessoas e criar
novas relações sociais; conhecer novas culturas e refletir sobre sua vida e para
isso buscam experiências profundas.
Para Neto e Gaeta (2010) uma verdadeira experiência supera aspectos
banais e estereotipados para surgir como uma experiência pessoal, vantajosa,
que enriqueça a história do indivíduo e alargam o conhecimento humano. É
constituída de emoções, conhecimentos e principalmente da imaginação. “A
viagem não é apenas um deslocamento geográfico, cultural ou social, mas uma
jornada interior, o que justifica ser uma experiência fundamental na vida das
pessoas” (NETO; GAETA, 2010, p.23).
Outras duas considerações levantadas por Neto e Gaeta (2010) podem
ser analisadas como resultado da busca por algo diferente da rotina, na maior
parte das vezes, uma viagem. A primeira é a ideia de fragmentação, decorrente
do excesso de estímulos e de demanda sob o qual o ser humano vive hoje. É a
perda de si e a cobrança extrema com itens alheios ao seu íntimo (trabalho,
compromissos, dinheiro).
A segunda ideia é o excesso, que rodeia todas as questões da vida,
aumentando a cobrança em decisões, respostas e escolhas que o indivíduo
deve fazer. Ambas as questões levam o ser humano ao sufocamento pela falta
35
de espaço para suas vontades mais naturais, que então, busca através de
viagens, experiências e divertimentos para preencher essa lacuna ausente na
sua rotina.
Com isso, os consumidores do turismo desenvolveram um perfil muito
mais exigente, devido principalmente a grande oferta de informações e as
várias opções de escolhas, intensificando a busca pela experiência como forma
de agregar valor na aquisição.
Assim, o turismo vem como complemento para o cotidiano desconectado
das pessoas que buscam nas viagens o verdadeiro momento de prazer. Devido
a esse cenário atual onde a perda do controle da própria vida é comum, as
experiências, sejam elas longas, curtas, caras ou baratas ganham novo papel
na sociedade, tornando-se elemento fundamental que aguça os instintos do ser
humano, aproximando-o da sua verdadeira essência.
Diferentes dos bens materiais que são tangíveis e são rapidamente
vivenciados, a experiência se caracteriza por ser memorável e permanecer
guardada ao longo do tempo. Essa sensação ajuda a construir o próprio perfil
do indivíduo, suas vontades, seus desejos e suas características, e que
também sofre alterações com as influências externas, como apresentamos
anteriormente ao descrever os impactos da sociedade no consumidor
determinando seu comportamento.
Neste cenário, a internet impera como facilitador de experiências,
através de diversas ferramentas criadas para aproximar o consumidor do seu
produto final – a viagem. Essas facilidades ajudam a tornar as experiências
mais completas, permitindo que o turista tenha acesso ilimitado às
informações, além de poder utilizar este meio como fonte de inspiração e
planejamento da sua viagem.
No relatório sobre Turismo 2.0 da Terra Forum (2011) o novo contexto
social leva o turista a inúmeras influências que o estimularão a praticar
determinada viagem. Assim, o estudo classifica as experiências que as
ferramentas de apoio ao turismo (provenientes dos avanços tecno-sociais) têm,
em níveis de interação podendo ser descritiva, unilateral, ou bilateral. Neste
36
último acontece o máximo da interação entre ambas as partes, provocando
mudanças profundas no comportamento do turista.
Assim, não se deve ignorar a importância de ações que provoquem
sensações e experiências através de veículos digitais e virtuais criando uma
sensação prévia daquilo que o consumidor está prestes a desfrutar facilitando
assim suas decisões.
Com isso, será apresentado o perfil do consumidor do turismo, o contexto
em que ele está inserido e o principal fim ao se fazer uma viagem (buscar a
experiência). É possível caracterizar o turista da era da informação, ou o
ciberturista como:
Sendo, antes de tudo, um consumidor, que tem seus comportamentos
determinados por instintos e modificados por fatores pessoais e sociais.
O consumidor de turismo também recebe influências de agentes
internos e externos a ele, sendo a internet um desses itens que
estimulam a busca por um novo conhecimento.
É um indivíduo que tem grande acesso às informações sobre toda a
atividade turística, desde o destino, até as diferentes opções de
hospedagem em determinado local.
Ele tem um perfil mais exigente, devido à essa abundância de
informações, cobrando mais dos serviços prestados e é mais ousado por
ter a possibilidade de pesquisa e conhecer novos destinos, utilizando os
diversos serviços da internet.
Com as mudanças tecnológicas e o acesso ilimitado as informações
disponibilizadas na internet, as empresas ligadas ao turismo precisam se
adaptar e acompanhar as necessidades e exigências desse turista.
O turista busca complementar suas pesquisas com opiniões de pessoas
que já visitaram determinado lugar ou utilizaram algum serviço. Esses
relatos podem influenciar potenciais consumidores (é o que chamamos
de Web 2.0, citada no capítulo anterior).
Esse consumidor, busca no turismo, uma experiência que traga
sensações e situações que o libertem da sua rotina, do seu cotidiano.
37
As experiências turísticas são pessoais e sensoriais, e extremamente
ligadas à imaginação, e a evolução tecnológica ajuda a facilitar a
concretização dessas experiências.
A partir de agora, com a análise dos principais fatores que afetam o
comportamento do ciberturista e o cenário em que ele está inserido, será
apresentado um panorama do que essas mudanças provocam no turismo, as
ações de busca de informações e como esse turista utiliza a tecnologia para
auxiliar no planejamento e na inspiração de uma viagem.
2.2 AS ETAPAS DE UMA DECISÃO
Qual país se deve ir? Onde se hospedar? Quanto vai custar a viagem?
Quanto tempo terá disponível? Quais os atrativos a serem visitados? A viagem
superou as expectativas? O hotel cumpriu com o esperado? São diversas as
perguntas que uma pessoa se faz quando está programando uma viagem.
Essas perguntas, na maioria das vezes, são respondidas ao longo da sua
pesquisa sobre determinado destino ou serviço, outras, apenas após sua
experiência.
Como apresentado ao longo deste trabalho, as fontes de busca para
essas perguntas nunca foram tão acessíveis e completas, e no geral, se voltam
para a internet criando o ciberespaço preenchido por uma inteligência coletiva,
de acordo com os pensamentos de Lèvy (1998). Assim, com o avanço
tecnológico e das mídias sociais, é possível perceber uma experiência turística
muito mais sofisticada.
De acordo com a pesquisa realizada pela Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas - FIPE (2010), 27,6% dos turistas estrangeiros que
vieram ao Brasil em 2008 utilizaram a Internet como principal fonte de
informação para a viagem, mostrando a importância que esta ferramenta tem
para o turismo.
38
De acordo com as informações apresentadas anteriormente, uma
viagem é a concretização de vontades, desejos e expectativas que o turista
tem e que serão superados, ou não, através de experiências que impactarão
seu comportamento e sua realização. Para que isso aconteça, é preciso
primeiramente entender as diferentes maneiras que podem influenciar e
escolha de uma viagem.
Robert Cole 17(2008, online) propõe que o indivíduo passa por um ciclo
holístico que resultará em uma viagem. Este ciclo tem sete etapas que juntas
determinarão o sucesso ou fracasso da experiência turística. A figura a seguir
mostra como essas fases estão disponibilizadas.
O ciclo começa com a fase da inspiração, onde determinados fatores e
situações motivam o indivíduo a viajar. A seguir, começa a fase de pesquisa de
informações que resultará no planejamento detalhado da viagem. Para verificar
a veracidade das informações coletadas, o individuo buscar validar as
informações, comparando com outros consumidores por exemplo. Tendo esses
detalhes definidos e a segurança de que é aquilo que ele quer, ele passa para
a fase de reservas (hotéis, aviões, teatros), e por fim a viagem em si.
17
COLE, Robert. How Google can help revolutionize online travel. 2009. Disponível em: <http://www.rockcheetah.com/blog/innovation/how-google-can-help-revolutionize-online-travel/> Acesso em: abril 2011
Figura 4 - Ciclo de fases do processo de uma viagem, segundo Robert Cole.
39
Atualmente, o processo da viagem não termina na viagem, há ainda a
etapa de compartilhamento de informações e experiências, através das
diversas redes sociais e sites que permitem um feedback18 da viagem. Neste
capítulo, este processo será analisado, desde a decisão até a conclusão da
viagem, e as tecnologias disponíveis que podem auxiliar o turista em todas as
etapas.
INSPIRAÇÃO
Inspiração não é criada apenas pela tecnologia, mas a
tecnologia pode ajudar as pessoas a se inspirarem (COLE,
2009, disponível em: <
www.rockcheetah.com/blog/innovation/how-google-can-help-
facilitate-travel-inspiration>. Acesso em: abril de 2011)
Filmes, imagens, acontecimentos históricos, construções arquitetônicas,
revistas, são inúmeros os itens que podem incitar a curiosidade de um turista
para algum destino ou atrativo. Por isso, consideramos que a inspiração é a
primeira das sete fases do processo de uma viagem, pois é a partir dela que o
indivíduo desenvolverá todas as outras.
O processo de inspiração é extremamente individual, e assim como os
fatores que influenciam um consumidor, características pessoais e sociais,
financeiras, geográficas e até profissionais, influenciarão na decisão da viagem.
Para o destino turístico é provavelmente uma das etapas mais importantes,
pois é quando o indivíduo escolherá ou não determinado lugar. Por isso, há a
necessidade de estar presente nos ambientes que podem impactar o turista,
por exemplo, criando conteúdos em sites específicos e relevantes para chamar
a atenção e de destacar em meio a tantas opções.
Muitos sites surgem para tentar instigar essa inspiração do consumidor.
Com o avanço das tecnologias e dos próprios recursos da Internet, é possível
perceber um caminho ao mundo ideal, onde aplicativos poderão oferecer mais
conteúdos rápidos e extremamente personalizados, segundo Cole (2009,
18
Termo em inglês para retorno de opinião.
40
online). Isso acontece como resposta à ampla quantidade de opções que a
internet oferece, seja na escolha dos destinos, seja nas opções de serviços.
O estudo da TerraForum (2011) ainda apresenta a existência de três
categorias que se modificaram no cenário do turismo 2.0: o turista, que tornou-
se mais independente, como apresentamos anteriormente, as ofertas turísticas
que precisaram se adaptar e reinventar suas formas de interações e serviços
para acompanhar seus consumidores, e por fim, as organizações que surgiram
a partir de oportunidades que a internet proporcionou, criando novas
tecnologias e modificando a dinâmica do setor.
O site Youniverse (www.youniverse.com), é um exemplo desses novos
atores do turismo 2.0, na qual propõe alguns quizes que ajudam a definir o
perfil e gostos do usuário. Através de imagens, o individuo responde questões
que mais se aproximam da sua personalidade. No final, um pequeno texto
descreve as suas características, comportamento, vontades, desejos e
questões mais subliminares.
Já no site Tripbase (www.tripbase.com) a partir da escolha da data,
cidade de partida, e as características da viagem (como mais ou menos vida
noturna, restaurantes, compras, natureza e atrações gerais), o site disponibiliza
os destinos que se adequam aos desejos do indivíduo, podendo ordená-los de
Figura 5 - Imagem do site Youniverse
41
acordo com o orçamento da viagem. Este site também auxilia na etapa de
planejamento da viagem.
Vídeos e imagens são os itens que mais estimulam a inspiração das
pessoas, pois mostram o local como ele verdadeiramente é. Na maioria das
vezes são produzidos de maneira tentadora, expondo as belezas do lugar. Em
2010, a Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) em parceria com o Google,
lançou um canal no site Youtube (www.youtube.com/vistbrasil) onde o usuário
encontra diversos vídeos dos destinos brasileiros, além de depoimentos de
personalidades e de outros turistas que já visitaram os locais, em 68 idiomas. O
canal tem acesso ao Google Maps que possibilita o usuário localizar os
destinos brasileiros que determinado vídeo aborda. É o primeiro mashup19 do
tipo no mundo.
19
Mashup é um website que utiliza outros websites como referência, formando um tipo de aplicativo com diversas funções.
Figura 6 - Imagem do site Tripbase
42
Ações como essa mostram a importância do destino estar presente na
Internet, onde a maior parte das pessoas fazem suas buscas, não apenas para
motivar a viajar, mas também para ajudar a planejar, item que será abordado a
seguir.
Outra questão a se destacar é o avanço da web 2.0. Esses espaços de
compartilhamento de experiências e opiniões são extremamente importantes,
não apenas na fase da inspiração, mas em todo o ciclo, já que o turista
observará a experiência e opinião de outros turistas, para então ter alguma
decisão, é o surgimento da cultura participativa de Jenkins (2007), onde as
pessoas deixam de ser meros expectadores para participarem da criação de
conteúdo.
Segundo o relatório da TerraForum (p.18, 2011) “o setor turístico tem
como objetivo estimular e mobilizar seus públicos para que eles realizem
determinada viagem. De tal maneira, o uso das redes sociais deve empregar
estratégias que estimulem o viajante e sua decisão, utilizando recursos
multimídias, experimentação, depoimentos dentre outras várias possibilidades”.
A fase de busca por inspiração ou acontecimentos que inspirem o
indivíduo a realizar uma viagem, ajuda a determinar seus objetivos e assim o
Figura 7 - Imagem do site Youtube Brasil
43
indivíduo avança para a próxima fase onde ele irá buscar mais informações
para concretizar sua idealização, resultado dos fatores inspiradores.
PESQUISA, PLANEJAMENTO, VALIDAÇÃO E RESERVAS.
De acordo o Ministério do Turismo (2010), em 2009, a principal fonte de
informação de um destino para o turista foi “Amigos e Parentes” com 30,8%,
seguido da Internet 30,1%, este com números crescentes desde 2005.
Percebem-se aqui duas indicações: a importância que a internet tem tido
ao longo dos últimos quatro anos, e a relevância da opinião de outras pessoas,
explicando o sucesso das redes sociais na web 2.0 como mencionamos
anteriormente. Jenkins (2008, p. 55) afirma que estão se formando
comunidades na qual os membros têm interesses parecidos, e que são
constituídas basicamente da “produção mútua e recíproca de conhecimento”,
que servem como fontes de informações para o bem comum.
Gráfico 4 - Principais fontes de informações de um destino (Ministério do Turismo – 2009)
A pesquisa da Amadeus (2009) mostra quais ferramentas o turista utiliza
para fazer suas pesquisas e reservas turísticas. É possível perceber que cerca
de 48% das pessoas indicam as mídias sociais como fator decisivo no
planejamento (redes sociais e avaliação de usuários), o que fortalece a ideia do
compartilhamento de informações entre os consumidores.
44
Gráfico 5 - Opções que terão maior impacto na maneira que a próxima geração pesquisará informações turísticas (Amadeus – 2009)
Somados às novas características sociais e mercadológicas do século
XXI é possível provar a tendência da internet como fonte de informação e a
importância de que todos os segmentos envolvidos na atividade turística
estejam preparados para essas mudanças. Além disso, a nova organização
social voltada para a Web 2.0 mostra participar ativamente da internet como
canal de distribuição e comunicação. Guimarães e Borges (2008) concretizam
isso ao afirmar que a grande intenção na utilização dos diversos canais de
distribuição e comunicação no turismo, é para levar as informações
necessárias sobre os itens que ele precisará para realizar sua viagem, além de
facilitar as informações sobre determinado destino turístico. “Não dispor de um
site na internet significa permanecer inacessível a milhares de consumidores
do mundo todo” (GUIMARÃE; BORGES, 2008, p.31).
Assim, retomando o ciclo de Cole (2009), após o processo de inspiração
para uma viagem, o turista passa pelas fases de pesquisa e planejamento da
viagem, consecutivamente, e por fim, a obtenção do produto. Todas essas
etapas estão fortemente atreladas à internet.
Primeiramente o turista pesquisará sobre o lugar, atrativos, onde se
hospedar, onde comer, que transportes utilizar. Esta fase se aproxima da etapa
anterior, a inspiração, já que, na maioria das vezes, ao buscar fontes de
45
inspiração, o turista já está fazendo uma pesquisa sobre determinado local ou
hotel.
É importante ressaltar que, segundo a pesquisa do Ministério do Turismo
(2010), o número de pessoas que não utilizam nenhum serviço de agências é
crescente, gerando mais pessoas que buscam organizar sua viagem
independentemente, como observamos no gráfico a seguir, consequência das
facilidades que a tecnologia proporciona.
Com o crescente número de viagens independentes, as pessoas
buscam realizar suas vontades mais específicas de acordo com seus objetivos
e expectativas, e para isso é necessário buscar informações detalhadas e
opções de cada item que for utilizado na viagem (hospedagem, transporte,
ingressos de eventos, atrativos a visitar, etc).
É importante que o indivíduo pesquise o máximo de informações
possíveis para ter certeza da sua decisão. Visitar sites dos destinos e buscar
comentários de outros viajantes são coisas fundamentais para firmar sua
decisão e seguir para a fase de planejamento, e por isso, quanto mais visível o
destino ou serviço estiver na internet, maiores as chances de ser escolhido
Segundo Guimarães e Borges “Em plena Era do Conhecimento, a qualidade da
informação é decisiva para a sobrevivência dos negócios” (GUIMARÃE;
BORGES, 2008, pg.33).
Nos sites e portais de localidades turísticas há duas
espécies distintas de conteúdo. Uma está ligada aos
fatores que atraem o turista, estimulando sua visitação a
partir de atrativos naturais, históricos e culturais das
localidades, especialmente aqueles que dificilmente são
encontrados em outros lugares (...). A segunda forma de
Gráfico 6 - Número de pessoas que utilizaram agências de viagem (Ministério do Turismo – 2010)
46
conteúdo diz respeito aos dados mais específicos, como
calendário de eventos, agenda cultural, instalações
hoteleiras, serviços turísticos e serviços públicos, que
devem ser constantemente atualizados para atender as
necessidades dos turistas. (GUIMARÃE; BORGES, 2008,
p.34).
Muitos fatores influenciarão as decisões, como número de viajantes,
distância do destino, dinheiro disponível, objetivo da viagem, etc. Para
organizar todas essas questões e decidi-las eficientemente, a internet
disponibiliza diversas ferramentas que auxiliam o viajante a construir sua
própria viagem. É importante ressaltar que as quatro fases: pesquisa,
planejamento, validação e reserva, podem ser feitas simultaneamente nos sites
que serão apresentados abaixo.
Alguns desses sites se especializaram em determinar as melhores
opções de itens em uma viagem, de acordo com as especificações do turista,
alinhando todos os itens da viagem em um roteiro ideal, é o que o relatório da
TerraForum (2011) chama de agregadores 2.0, que surgem como solução para
o excesso de informação disponível na internet, tornando-se referências como
fontes de informação.
O site Yourtour (www.yourtour.com) disponibiliza roteiros e atividades
específicas de acordo com a região escolhida e seus interesses (culturais,
arquitetônicos, etc). É muito semelhante ao serviço citado acima (Tripbase),
porém, este, além de oferecer roteiros para regiões e não apenas para uma
cidade, também tem um mapa que indica a localização de cada atrativo e as
rotas que o turista deve seguir, além de dividir as atividades e as cidades
visitadas em dias e horários.
Definidos o destino e, possivelmente as atividades turísticas encontradas
no local, é preciso pesquisar os serviços que serão necessários na viagem. O
site Expedia (www.expedia.com) e o TripAdvisor (www.tripadvisor.com) são os
dois sites mais conhecidos para pesquisa de serviços turísticos, auxiliando no
planejamento e compra desses serviços. Neles, é possível encontrar todas as
passagens aéreas e os preços disponíveis para determinado destino, de
47
acordo com seu ponto de partida e as datas escolhidas, selecionar hotéis,
aluguel de carros, cruzeiros, e ainda, adquirir pacotes de viagens oferecidos
pelo site. É como uma agência de viagens online, porém, o indivíduo tem muito
mais liberdade de escolha e comparação de preços.
Definidos estes detalhes, o usuário precisa fazer suas compras e
reservas, podendo utilizar os sites citados acima como canais de compra. No
Brasil, o Submarino Viagens (http://www.submarinoviagens.com.br) e o Decolar
Figura 8 - Imagem do site Expedia
Figura 9 - Imagem do site TripAdvisor
48
(http://www.decolar.com/) são bons exemplos de canais de pesquisa,
distribuição e compra de serviços turísticos.
Ainda, existem alguns sites que se especializaram em determinados
segmentos, como é o caso do Booking (www.booking.com) que disponibiliza
uma lista de hotéis classificando-os de acordo com a área de localização,
valores da estadia e classificação (as famosas estrelas), e ainda contém
informações sobre comodidades, políticas do hotel, horários, contato e fotos.
Para acompanhar a tendência de compartilhamento das informações, a
maioria destes sites têm espaços para comentários e a classificação dos
serviços de acordo com a opinião dos usuários. Aqui, pessoas que já se
hospedaram em determinado hotel e fizeram sua reserva pelo site, voltam para
relatar sua experiência, e muito provavelmente, influenciam na decisão de um
futuro hóspede.
Figura 10 – Imagens do site Booking, seguido de um exemplo de compartilhamento de informação.
49
Conforme apresentamos anteriormente, esta abordagem é
extremamente relevante para o ciberturista, que busca na internet, opções e
opiniões sobre determinado produto, podendo assim, validar suas escolhas, e
garantir que elas são verdadeiras e adequadas.
Para auxiliar o ciberturista organizar as atividades e os roteiros no
destino, alguns sites desenvolveram algumas rotas com lugares de grande
interesse para o turista visitar. O Google City Tour
(http://citytours.googlelabs.com/) cria roteiros com os principais atrativos do
local, oferecendo informações que facilitam o planejamento da viagem e das
atividades feitas em cada dia, além de auxiliar no levantamento de informações
dos principais atrativos, como museus, prédios históricos e igrejas.
O site NileGuide (http://www.nileguide.com/) unifica todos os serviços
citados para planejamento e ainda oferece um serviço de guia local completo.
Ao escolher um destino e período da viagem, o site disponibiliza informações
sobre os principais atrativos, classificando-os de acordo com os interesses,
lugares para visitar, restaurantes, vida noturna, história do local e dos seus
bairros, curiosidades, meios de transportes para o acesso e opções de hotéis,
possibilitando a reserva ao redirecionar a página para sites como o Expedia,
além de ter um álbum com diversas fotos do destino. O site ainda permite que
as pessoas exponham suas experiências e avalie os serviços utilizados.
Figura 11 - Imagem do site Nile Guide
50
Outra caracteristícas complexa de uma viagem é organizar a logísticas
dos processos, que envolvem principalmente o transporte, devido as várias
opções de veículos, conexões, distância de um lugar ao aeroporto, rotas e
estradas a seguir, etc. Para solucionar essas dificuldades, alguns sites foram
criados para auxiliar o ciberturista organizar e planejar roteiros mais complexos.
Cole (2009) afirma que essas tecnologias, chamadas de door-to-door20,
são extremamente importantes para reduzir as dificuldades que uma viagem
pode apresentar, otimizando o tempo e facilitando o acesso ao destino, não
apenas na pré-viagem, como principalmente durante ela.
O site Zoombu (http://www.zoombu.co.uk/) oferece voos das principais
companhias aéreas que atendem a União Europeia, apresentando um gráfico
com os dias e os valores de cada voo. Assim, o usuário pode identificar qual
data sua viagem será mais barata.
20
Door-to-door é uma referência as tecnologias e empresas que proporcionam soluções de logística do transporte em uma viagem, disponibilizando todas as opções do aeroporto até a porta do hotel.
Figura 12 - Imagem do site Zoombu
51
Para auxiliar na logística no destino, os sites GoScopia
(http://www.goscopia.com) e TransportDirect (http://www.transportdirect.info)
oferecem todos os meios de transportes, contatos e onde encontrá-los. Além
disso, o TransporDirect também oferece roteiros de passeios diários, rotas de
bicicleta e dicas de cada localidade.
Por fim, é importante que estas ferramentas sejam integradas e alinhadas
cada vez mais para que a pesquisa, o planejamento , a verificação e as
reservas da viagem se tornem processos fáceis de serem realizados e cada
vez mais personalizados, sendo todas as necessidades do viajante atendidas
previamente à viagem e podendo utilizar apenas um recurso de informação: a
internet.
Figura 13 - Imagens do site Scopia
52
VIAGEM E COMPARTILHAMENTO DE EXPERIÊNCIA
Depois de definido todos os detalhes da viagem, desde meios de
transportes até os roteiros para cada dia através de websites que facilitam
essas ações, é necessário concretizar todas as etapas anteriores. E não por
menos, esta é a fase mais importante, pois é quando o turista verdadeiramente
comprova tudo o que pesquisou, planejou e comprou: a viagem.
Porém, esta ação não é mais isolada e muito menos o ponto final do
ciclo. Hoje, é preciso considerar que, simultâneamente à viagem, o turista tem
a opção de compartilhar informações e opiniões, facilitado principalmente pelos
avanços tecnológicos e pela web 2.0. Em uma entrevista21, Robert Cole afirma
que a experiência mais importante é a utilização dos serviços obtidos e a
confirmação do que foi prometido.
Por isso, é fundamental que os serviços envolvidos no turismo garantam
a qualidade de seus produtos, principalmente no cenário atual em que as
mídias sociais se apresentam como grandes influenciadores de opinião, já que
um comentário negativo poderá refletir em muitas pessoas que mudem de ideia
em relação á aquele estabelecimento ou lugar. O turista passa a utilizar os
produtos e serviços, podendo ao mesmo tempo, mandar um tweet ou uma
mensagem no Facebook sobre o que está acontecendo com ele, tendo assim
uma interação simultânea com o destino e com seu ciclo social.
Outra maneira de compartilhar suas opiniões é escrevendo recados nos
sites de buscas (como os apresentamos anteriormente) ou no próprio site do
serviço, seja ele um hotel, uma companhia aérea, ou no próprio destino. Muitas
cidades e países tem nas suas páginas espaços de interação entre os
viajantes, que pode impactar um possível turista à escolher ou não aquele
destino.
Hoje, mais do que nunca, a indústria do turismo precisa valorizar seus
clientes e garantir a qualidade dos seus produtos e serviços, pois o acesso
disseminado a todos os tipos de informações e os inúmeros veículos e
ferramentas que o permitem compartilhar suas experiências, traz uma força
21
COLE, Robert. 7 Steps To Successfull Travel e-business – A Holistc Approach. V TV Channel. Disponível em: <http://vtv.vfmleonardo.com/7-steps-to-successful-travel-ebusiness-a-holistic-approach/> Acesso em: abril 2011
53
nunca antes vista ao consumidor, que agora levar uma marca ao sucesso ou
ao fracasso, sem muito esforço. Segundo pesquisa22 feita pela agência
F/Nazca com o Instituto Datafolha, 51% dos internautas brasileiros publicam
conteúdos na internet que eles próprios produzem, como atividades ou
passeios.
Notamos que um novo tipo de estrutura se forma para auxiliar o turista:
os serviços virtuais. São sites, ferramentas, programas que vão sendo criados
no espaço da internet como forma de facilitador na elaboração de uma viagem.
Essas mudanças acontecem simultaneamente com o novo posicionamento do
consumidor perante o mercado, e principalmente a sociedade, onde a
informação é mais do que nunca, a base da sua decisão.
Acompanhar essas mudanças é questão de sobrevivência para o
mercado do turismo, e um grande beneficio para o turista, que agora tem muito
mais liberdade na sua decisão e mais informações disponibilizadas para isso. É
o turismo altamente democrático proveniente das tecnologias e da internet.
3. GEOLOCALIZAÇÃO E MOBILE: NOVAS TENDÊNCIAS
Após as diversas análises de cenários e comportamentos do consumidor de
turismo do século XXI, pode-se perceber uma forte tendência para o
desenvolvimento de serviços e ferramentas na internet que facilitam o processo
de uma viagem, seja no planejamento ou na aquisição de serviços específicos.
Assim, após entender melhor como funciona o ciclo de decisão, o perfil do
ciberturista e a importância de todos os segmentos envolvidos na atividade
turística em participar dessas mudanças, buscando aperfeiçoar as experiências
turísticas e facilitar o acesso às informações, será apresentados a seguir, duas
22
TECNO TURIS 2010. Web: 69% dos internautas brasileiros compartilham conteúdo online.2010. Disponível em: <http://www.tecnoturis.com.br/index.php?news=Mjk=> Acesso em: Maio 2011
54
tendências, associadas à internet, que também participam dessa mudança de
cenário do turismo: a geolocalização e o mobile23.
3.1 GEOLOCALIZAÇÃO
Pensando nas palavras de Friedman (2007), afirmando que o mundo se
tornou plano, é possível perceber o crescimento de outro segmento
paralelamente e em consequência da internet, não só para o turismo, mas para
o comércio em geral, o mapeamento virtual ou geolocalização, que surge como
nova ferramenta de comunicação impulsionando ainda mais a internet
colaborativa e interativa.
Desde os primórdios da comunicação, as pessoas buscam novas formas
de se conectarem umas com as outras, aproximando cada vez mais pessoas e
culturas, tentando reduzir os espaços entre elas. Com os mapas não foi
diferente. Eles permanecem com sua função primária, a localização, mas,
foram englobados na geração X e Y e agora, acumulam mais funções dentro
do cenário virtual e digital: a geolocalização ou georefernciamento.
A geolocalização é um termo utilizado para a localização geográfica de
um objeto em tempo real, que hoje fazem parte de radares, GPS,24 celulares, e
na internet. Ela se tornou fundamental no mundo virtual, permitindo que as
pessoas encontrem, não apenas as coisas que estão ao seu redor (como lojas,
restaurantes, bares) como também permite que as empresas, estabelecimento
e comércios enviem informações específicas para as pessoas de acordo com
sua posição geográfica. Por isso, está profundamente atrelada à questões do
marketing, podendo até ser considerada como estratégia de ponto de venda de
algum produto.
Além disso, para sanar as necessidades de orientação e unir com
comércios, atividades e outros itens, surge um fenômeno conhecido como
mashups, que são bases de dados aleatórios sobre determinado assunto,
23
Mobile é o termo em inglês que significa celular. 24
Sistema de Posicionamento Global (Global Positioning System)
55
adicionado à mapas online e, que foi cada vez mais englobado pelas empresas
como ferramenta de marketing digital. É uma maneira simples de juntar
informações sobre um local ou sobre uma atividade comercial com um mapa
de localização, uma das primeiras fontes de busca do usuário.
O site Buildings (www.buildings.com.br), por exemplo, utiliza a
ferramenta do Google Maps como forma de apresentar a localização de
imóveis na região escolhida, assim, fica mais fácil para o comprador ter uma
noção de onde exatamente está o imóvel, ou que imóveis que existem na
região que deseja comprar.
Outra opção de uso da geolocalização é com sua união nas mídias
sociais, possibilitando o compartilhamento de informações com pessoas que
estão geograficamente mais próximas, além de receber publicidades de
estabelecimentos, e encontrar qualquer tipo de serviço (banco, lojas,
restaurantes) sem grandes esforços.
Além disso, possibilita a união das informações básicas que devem ser
transmitida para um consumidor com a possibilidade de este marcar o local de
Figura 14 - Imagem do site Buildings
56
interesse em um mapa pessoal, escrever uma resenha sobre determinado
restaurante, compartilhar com outros possíveis consumidores sua opinião, ou
ainda identificar outros estabelecimentos próximos a esse, a fim de garantir o
crescimento do conhecimento disponível na internet ou inteligência coletiva
segundo Lèvy (1998).
Sites de relacionamento, como o Twitter e o Facebook já dispões de
geotags25 associados às mensagens enviadas por um usuário e o Youtube,
associados aos seus vídeos. Outros sites se especializaram na geolocalização,
como é o caso do Foursquare, que será abordado a seguir.
Semelhante à proposta do Youtube, sites como o Flickr e o Panoramio
utilizam a geolocalização com o mesmo objetivo: associar imagens a lugares
do mundo. Esse tipo de função auxilia nas etapas de inspiração, e
principalmente na pesquisa de algum destino turístico, pois, além de oferecer o
conteúdo visual, também liga as informações cartográficas do local. Já o site
Wikloc funciona com a união do sistema de geolocalização e a disponibilização
de trilhas feitas pelos próprios usuários. Assim, os usuários podem compartilhar
suas imagens, informações, e a própria trilha (por exemplo, em uma montanha)
para outros interessados. É a união do conteúdo colaborativo associado aos
mapas das regiões citadas.
Atualmente, as empresas de eletrônicos, já estão criando aparelhos com
a tecnologia de GPS integrada ao sistema, facilitando o acesso às redes de
geolocalização entre outras informações que essa tecnologia oferece.
Recentemente, a Sony26 lançou uma câmera digital com o sistema de GPS
implantado para que assim, o usuário pudesse tirar a foto e ter as informações
geográficas gravadas com a imagem.
O site de busca Google utiliza a geolocalização com os resultados de
busca, exibindo um mapa e a localização do serviço ou estabelecimento que o
usuário procura. Já o Twitter, anunciou a parceria com empresas de
25
É o processo de adicionar referências geográficas à determinado arquivo, site, ou plataforma. 26
SONY. Disponível em: <http://www.sonystyle.com.br/br/site/catalog/ProductDisplay.jsp?stockType=A&parentCatId=cat870031&category=cameras&tabNum=1&id=DSC-HX5V_Preto> Acesso: Abril de 2011
57
geolocalização, permitindo que os tweets tenham sua localização anexada,
segundo o site Exame27 (2010, online).
Com a integração desses serviços, fica muito mais fácil e rápido para o
usuário encontrar endereços e lugares, tanto na cidade em que mora, como em
destinos turísticos, além de facilitar para empresas identificar o perfil geográfico
do seu consumidor, seus gostos, seus lugares favoritos, e quais tipos de
estabelecimento ele considera bom ou não, já que os mapas também
funcionam como ótimo estimulante da criatividade para o turista, além de
facilitar a definição e a localização de rotas de viagem.
Para Aguiar (2009), a análise do comportamento do ser humano pode
ser percebida através da geografia, ou seja, com o estudo do espaço-tempo
desses indivíduos através dos locais que este frequenta. E esta é mais uma
das possibilidades para alavancar o turismo utilizando ferramentas produzidas
pelos avanços tecnológicos e da internet. Afinal, a criação e circulação de
conteúdos dependem exclusivamente das pessoas segundo Jenkins (2007), e
o turista publica a informação na internet simplesmente porque deseja, e não
porque o obrigaram a isso.
3.2 MOBILE
Lévy (2007) nos mostrou que a inquietação da geração descendente dos
avanços tecnológicos e das facilidades que vieram em consequência deste
fato, pressionou a sociedade a criar novas alternativas criativas para a
comunicação. Um desses avanços foi dentro das tecnologias móveis,
conhecidas como mobile, ou celulares.
Hoje, o celular é considerado ferramenta essencial e forma mais rápida e
instantânea que uma pessoa tem para se comunicar e buscar informações,
independente de sua localização. Ele se tornou parte da cultura da sociedade,
27
AGUIARI, Vinicius. Twitter implanta geolocalização nos tuites. Portal Exame. 2010. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/tecnologia/twitter/noticias/twitter-implanta-geolocalizacao-tuites-569939> Acesso em: Maio 2011
58
afinal só no Brasil, são cerca de 212 milhões de celulares mais que a própria
população do país segundo o site Globo28 (2011, online). Mais uma
manifestação da convergência cultural de Jenkins (2007).
Segundo Guimarães e Borges (GUIMARÃES; BORGES, 2008, p.27) “O
uso de aparelhos celulares para acessar a internet tem sido bastante inovador,
e o setor de telefonia móvel promete ainda muitas novidades para os
consumidores, cada vez mais dependentes das tecnologias”.
A principal razão de se pensar no turismo com o auxilio do celular é na
rapidez que as informações podem chegar e alcançar aquele que é mais
interessada. Vai fazer sol amanhã? Haverá uma tempestade de neve? Ainda
consigo comprar os ingressos para aquele show de hoje à noite? Que horas o
restaurante fecha? Onde estou? Como chego ao museu? Essas são algumas
perguntas básicas que qualquer pessoa que esteja visitando algum lugar pode
ter, e provavelmente terá enquanto estiver na rua ou em algum passeio.
A convergência das tecnologias para os aparelhos móveis tornou-o um
dispositivo prático, útil e extremamente necessário, não mais para apenas se
comunicar com outras pessoas, mas para receber e-mails, informações, fazer
pagamentos e buscar mapas de localização. Facilitar o acesso a informações
na internet já não é mais suficiente, é preciso disponibilizar em qualquer lugar
durante a viagem, já que nem sempre o turista estará na frente de um
computador quando tomar alguma decisão ou verificar alguma informação.
Alguns programas disponíveis em celulares mostram essa união da
informação benéfica ao turista com a tecnologia do celular. O PhotoTrip
registra a localização da imagem através da geolocalização como citamos
anteriormente e o Jibbigo, permite a tradução em tempo real de frases em
qualquer língua.
Jenkins (2009) afirma que a convergência tecnológica e o surgimento de
aparelhos que juntam todas as informações e interatividades, estão dentro de
um movimento muito maior chamado de Convergência de Mídias “que não se
28
GLOBO. Brasil tem mais celular que gente. 2011. Globo.com. Disponível em: < http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1517398-7823-BRASIL+TEM+MAIS+CELULARES+DO+QUE+GENTE,00.html> Acesso em: junho 2011
59
trata apenas de um processo de evolução ou substituição de tecnologias,
também envolve transformações na indústria, cultura e paradigmas sociais que
encorajam e permitem ao consumidor a procurar e produzir novas
informações”. Assim, o autor conclui que isto influenciará na maneira como
indivíduos irão interagir com outros em um ambiente social e possibilitará
novas formas de se comunicar e produzir conteúdo que os conectam
socialmente.
O site Everytrail (www.everytrail.com) possibilita que, a partir de uma
busca por determinado local, o usuário obtenha informações extremamente
completas sobre trilhas e percursos em cidades e Parques de todo o mundo
além de um mapa do percurso, podendo transferir o arquivo direto para o
celular.
Figura 15 - Imagem do site Everytrail
60
Segundo a pesquisa da ComScore (2011) sobre as categorias que mais
crescem no acesso a internet pelo celular, pode-se ter uma ideia da
importância de oferecer estas informações para os usuários. Só nos acessos
aos mapas, o crescimento foi de 46% na mesma época em 2009.
Através da tecnologia 3G29, o usuário pode acessar qualquer informação
da internet, através de seu celular, e ainda, permite que as empresas do trade
alcancem o turista em qualquer situação, integrando informações e atividades
que podem levá-lo a utilizar determinado produto ou simplesmente facilitar o
acesso a algum tipo de serviço (é o caso dos check-ins online via mobile das
companhias aéreas). São as estratégias de marketing digital das empresas do
turismo, voltadas para as tecnologias mobile.
29
Conhecida como terceira geração de telefonia móvel, com alta velocidade de transmissão de dados.
Gráfico 7- Categorias em celular de maiores crescimentos nos Estados Unidos (ComScore - 2011)
61
No gráfico acima, feito pela Morgan Stanley (2009), percebe-se o avanço
das tecnologias com o crescimento da sua utilização ao longo das últimas cinco
décadas. Hoje, a utilização da Internet através dos serviços mobile é tão
relevante quanto o próprio computador, e segundo o gráfico abaixo, até 2014
os usuários de mobile superarão os usuários de computador.
Gráfico 8 - Crescimento das diferentes formas de interação com o computador (Morgan Stanley, 2009)
Gráfico 9 - Crescimento do número de usuários de celular e computador para acessar a internet (Morgan Stanley, 2009)
62
Para o turismo, a utilização de serviços mobile tem sido de extrema
importância, já que é útil para todas as fases do ciclo de Cole (2009) de uma
viagem, como apresentamos no capítulo anterior. A criação de aplicativos de
viagens facilita ainda mais esse acesso. Segundo o relatório da Amadeus
(2009), só a marca Apple disponibilizou cerca de 3700 aplicativos para viagens.
A PhoCusWrights em seu relatório sobre as tendências em tecnologias
de viagem (2010), considerou que o segmento mais relevante para o turismo,
utilizando o mobile, é a busca de mapas e direções, onde cerca de 35% dos
entrevistados afirmando que utilizarão e já utilizaram a tecnologia para este fim.
É inegável que o uso do celular para as atividades diárias têm crescido e
provavelmente continuarão crescendo, e por isso, é imprescindível que as
empresas (principalmente do trade turístico) utilizem essa tecnologia para
alcançar seu consumidor, acompanhando assim, sua evolução e a evolução do
seu novo comportamento perante as tecnologias.
O setor do turismo é um grande incorporador de
tecnologia, nos seus diversos segmentos, e o seu
Gráfico 10 - Formas de uso do celular no Turismo (PhocusWrights – 2010)
63
crescimento sempre depende da capacidade de inovação
e do uso da tecnologia para melhoria da gestão,
desenvolvimento de novos produtos, aperfeiçoamento da
comunicação, otimização das experiências de viagens e
personalização do atendimento. (GUIMARÃES;
BORGES, 2008, p.10)
Além disso, considerar a integração das diversas ferramentas
disponíveis hoje, como os mapas utilizando a geolocalização como base de
informação, ou das redes sociais, permite que a ação de viajar seja mais
segura e simplificada com um suporte ilimitado de informações para aquele que
viaja, e ainda, impulsiona o trade turístico a se empenhar cada vez mais na
qualidade de seus serviços e produtos, evitando que as expectativas de seu
consumidor não sejam superadas e ele compartilhe sua experiência em tempo
real com outras pessoas que poderiam vir a ser possíveis novos consumidores.
3.3 A UNIÃO DO MOBILE E GEOLOCALIZAÇÃO: FOURSQUARE
Depois de apresentarmos os cenários das duas principais tendências
tecnológicas para o turismo (geolocalização e mobile), como cenários de uma
nova forma de comunicação e diálogo dos indivíduos, será apresentado um
exemplo de como é possível a união das duas tecnologias, associada às redes
sociais.
As mídias sociais têm dado um passo além do simples
compartilhamento de ideias ou de informações. Agora, além de dizer o que se
está fazendo, o indivíduo também diz onde está e o que sua opinião sobre o
local, uma forma de indicação entre as pessoas.
As tecnologias mobiles também permitiram que este novo campo fosse
aberto. A partir da geolocalização, os aplicativos ligados ao celular permitem
que as pessoas se conectem de acordo com o local que estão, fazendo um
64
“check-in” no estabelecimento e informando a todos os seus seguidores do
Twitter e Facebook.
É o caso do Foursquare, lançado em 2009, uma plataforma de
localização geográfica através do celular, onde as pessoas informam os
lugares que estão (por exemplo, um restaurante) e vão coletando pontos, até
se tornarem o “prefeito do lugar” (quanto mais a pessoa frequenta determinado
local, mais pontos ela acumula) e podendo até ganhar descontos no
estabelecimento. Além disso, permite que as pessoas compartilhem suas
opiniões e informações relevantes sobre o local.
De acordo com o site do Foursquare (https://foursquare.com/about), em
abril de 2011, havia cerca de 8 milhões de usuários no mundo e cerca de
35.000 novos usuários por dia, com mais de 2.5 milhões de “check-ins” diários.
Só em 2010, o site contabilizou mais de meio bilhão de “check-ins”, mostrando
a força da geolocalização associada aos celulares e o potencial setor de
investimento por parte das empresas e estabelecimentos.
Dentro as categorias que receberam o “check-in” em primeiro lugar são
restaurantes, em segundo locais de trabalho, em terceiro lojas e locais de
compras, e em quatro viagens e destinos turísticos segundo o relatório da
própria empresa.
É uma maneira simples de guardar os lugares que a pessoa frequentou,
os que mais gostou, os que foi mal atendido, lugares que seus amigos foram e
recomendaram, etc. É uma grande espaço de compartilhamento de
informações sobre lugares e estabelecimento, e que pode ser considerado
quase como um guia turístico qualificado.
65
4. AS FERRAMENTAS DE APOIO AO TURISMO DESENVOLVIDAS PELO GOOGLE
Como método complementar a este trabalho, será apresentado a seguir
uma análise de algumas ferramentas desenvolvidas pela empresa Google que
podem ser aplicadas no turismo, com o objetivo de exemplificar a necessidade
e as oportunidades que o cenário do turismo dentro da era da informação e da
tecnologia nos trás, e como o novo turista consome essas informações.
O principal objetivo desta análise será apresentar as diversas maneiras que
o Google pode auxiliar o turismo e principalmente o turista, e como suas
propostas mudaram a maneira de buscar informações sobre o trade turístico.
Além disso, esse estudo se propõe servir como apoio para a implementação de
novas ideias e ações para o turismo, utilizando os benefícios que a era da
informação e da tecnologia digital trouxeram.
Todas as informações foram coletadas de livros relacionados a empresa,
reportagens de grandes veículos de notícias e, principalmente do site e blog
oficial do Google e também a partir da utilização das próprias ferramentas
mencionadas.
4.1 DON’T BE EVIL, BE GOOGLE
A primeira grande revolução na maneira que a informação e o
conhecimento foram divulgados foi com a invenção da prensa tipográfica, por
Johanner Gutenberg, no século XV. A partir desse marco, livros e teorias
puderam ser dissipadas para toda população.
Quase seis séculos depois, a partir de um projeto acadêmico, dois
jovens estudantes de Ph.D., da Universidade de Stanford, Estados Unidos
revolucionaram ainda mais a comunicação em massa e a maneira como as
pessoas começaram a buscar informações, com a criação de uma das
empresas mais revolucionárias do século XXI: o Google.
66
Demorou quase um quarto de um século para Thomas
Edison inventar a lâmpada; Alexander Graham Bell
passou muitos anos desenvolvendo o telefone; Henry
Ford inventou a moderna linha de produção e
transformou em uma produção e consumo em massa de
carros, apenas depois de décadas de trabalho; e Thomas
Watson Jr. trabalhou duro e muito antes da IBM criar os
computadores modernos. Mas Brin e Page, em apenas
cinco anos, tornaram um projeto de pesquisa da
faculdade e transformaram em uma empresa
multibilionária de alcance global. (VISE, 2008, p.11.
Nossa tradução)
Sergey Brin e Larry Page deram início a uma nova era da informação,
onde as pessoas puderam buscar números de telefones, histórias,
curiosidades, notícias do mundo inteiro e fazer compras em questão de
segundos, tornando o Google a ferramenta de busca mais popular da internet,
tanto que até um verbo foi criado para a utilização deste site: “googling”.
A palavra Google é uma referência ao algarismo 1 seguido de 100 zeros
e a empresa foi lançada em 1998, sem intenções de lucros, apenas com a ideia
de criar um novo sistema de busca online onde os principais sites (que
apareceriam no topo da página) seriam aqueles que fossem mais citados em
outros sites, ou seja, considerados os mais relevantes, ordenando então o mar
de informações da internet. Além disso, o Google revolucionou a dinâmica da
publicidade, que agora, deveria se preocupar não apenas com campanhas em
revistas e na televisão, mas principalmente, com suas ações na web.
Em 1999, já eram realizadas aproximadamente 500 mil consultas diárias
e atualmente, segundo dados do site da Nielsen30 (2010, online) apresentados
no gráfico abaixo, o Google representa 65% do mercado de buscas na internet.
Para ter uma ideia da quantidade de informação que circula no Google, ao
digitar a palavra “Google” no próprio site ele gera aproximadamente
5.690.000.000 resultados em apenas 0,09 segundos (abril/11) apenas para
explicar o significado da palavra buscada. 30
NIELSEN WIRE. Top U.S Search Sites for June 2010. 2010. Disponível em: < http://blog.nielsen.com/nielsenwire/online_mobile/top-u-s-search-sites-for-june-2010/> Acesso em: Abril 2011
67
Com um layout simples e um lema de “não seja mau”, a empresa criou
uma das ferramentas mais importantes do novo modelo social baseado na
internet: o buscador Google. “Os buscadores se tornaram tão presentes na vida
das pessoas que existe o perigo de elas acreditarem que, se uma coisa não
aparece no Google, ela não existe” (KENSKI. 2004. Online)31. Além disso,
trouxe um novo modelo de empresa do século XXI que modificou as estruturas
tradicionais, fugindo do convencional, e permitindo um ambiente mais
descontraído fosse instaurado, combinando com as exigências das novas
gerações.
Seu crescimento é inegável. Ainda segundo o relatório da Nielsen, a
empresa manteve em 2010 um crescimento de 65%, contra 13,9% do
concorrente Bing (Microsoft) e 13,1% Yahoo Buscas (Yahoo).
31
KENSKI, Rafael. O Mundo Google. Super Interessante. 2004. Disponível em:
<http://super.abril.com.br/tecnologia/mundo-google-444546.shtml> Acesso em: abril 2011
Figura 16 - Os sites de busca mais usados nos Estados Unidos em Junho de 2010 (Nielsen – 2010)
68
Por esse crescimento predominante, é comum ouvir frases como: O
Google vai dominar o mundo. E não é para menos, os servidores do site
recebem 6,4% de todo o tráfego da internet do mundo, de acordo com a revista
Exame32 (2010, online). E esse número tende a aumentar, já que o tráfego da
internet tem aumentado em média 40% a 45% a cada ano (2010, online) 33.
A rapidez com que essas novidades são absorvidas pode ser explicada
por uma mudança considerável no comportamento da sociedade em função da
aceleração do tempo, o encurtamento do espaço e a explosão no volume de
informações disponíveis, como apresentamos no primeiro capítulo. E junto a
isso tudo, o desejo natural das pessoas de estar em comunidade que
revolucionou e resultou em uma nova internet: a 2.0, que, como previu
Friedman (2007), resultaria em uma geração prospera e colaborativa.
Além disso, o Google se reinventa a cada dia, criando diversas
plataformas de pesquisa, conectividade e informações (Gmail, Google Maps,
Gtalk, Google Earth, Google Mobile, Google Tradutor, Google Chrome, Google
Analytics, entre outros) auxiliando a maioria dos setores, especialmente o
turismo e que será apresentado a seguir.
32
CAMPI, Monica. Google detém 6,4% de todo o tráfego online. Portal Exame. 2010. Disponível em:< http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/google-detem-6-4-de-todo-o-trafego-online> Acessado em: Abril 2010 33
LABOVITZ, Craig. Google sets new internet traffic. Arbor Networks. 2010. Disponível em: <http://asert.arbornetworks.com/2010/10/google-breaks-traffic-record/> Acessado em: Abril de 2011
Gráfico 12 - Gráfico de crescimento dos sites de busca desenvolvido pela Nielsen (2010)
69
4.2 GOOGLE MAPS
O Google Maps teve início a partir de um projeto34 em 2003, quando o
engenheiro de computação Lars Rasmussen, seu irmão Jens e dois
australianos Noel Gordon e Stephen Ma desenvolveram um software que
pretendia mapear todas as regiões do mundo através dos mapas digitais, onde
as pessoas poderiam baixar o arquivo, e tê-lo no seu computador pessoal.
Em março de 2004, apenas os Estados Unidos haviam sido mapeado no
sistema e posteriormente a Inglaterra. Eles conseguiram fazer esse
mapeamento, coletando base de dados de mapas digitais de cada lugar e
colocando no sistema. Porém, muitas regiões e países não tinham esse tipo de
mapa digital.
Então, um grupo de técnicos de Bangalore, Índia, decidiu iniciar esse
mapeamento junto a Lars e sua equipe, porém de uma maneira globalizada.
Eles criaram o Map Maker, onde voluntários de vários países poderiam inserir e
criar os mapas de suas regiões (uma espécie de Wikipédia dos mapas). Foram
164 países voluntários inicialmente, que auxiliaram na criação do mapa do
mundo.
No início, os mapas digitais eram muito simples, era possível adicionar o
endereço, ver uma parte do mapa, ou adicionar dois endereços e ver a rota a
se seguir. Até que a equipe pensou que se eles desenvolvessem um mapa
suficientemente grande, móvel e interativo, este poderia se tornar uma
plataforma para outros os serviços, e futuramente, gerar lucros.
Após diversas negociações, Lars conseguiu vender seu projeto para o
Google, que inicialmente queria apenas desenvolver uma plataforma que fosse
útil e interessante ao usuário – as questões financeiras eram meras
consequências. Em Fevereiro de 2005 o Google Maps foi divulgado ao mundo,
inicialmente, conhecido como Google Local.
34
RASSMUSSEN, Lars. Palestra: Google Maps e Wave. Sydney. 2010. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=FTyfP7mbVYY>. Acessado em: Abril de 2011.
70
Em Janeiro de 2006, o Google Maps disponibilizou mapas das estradas
e ruas dos Estados Unidos, Porto Rico, Canadá, Reino Unido, Japão e
algumas cidades na Irlanda. Durante o ano de 2006, muitas outras ferramentas
foram lançadas como: Google Mars, Google API 2.0, a insersão de múltiplos
destinos na busca por direções e em Fevereiro de 2007, estações de metro e
contornos de edifícios de algumas cidades foram incluídas no mapa de satélite
do Google Maps.
Nos anos seguintes, com o sucesso e utilidade da ferramenta, o Google
implementou muitos outros recursos que facilitariam a busca e a vizualização
de informações no Google Maps, mas nenhum deles teve tanto destaque como
o Google Street View, adicionado no sistema em Maio de 200735. Nesta opção,
o usuário vizualizava o endereço digitado em imagens de 360° a partir do chão,
tendo uma experiência virtual com imagens reais. No Brasil, o serviço foi
disponibilizado em 30 de setembro de 201036.
35
CHAU, Stephen. Introduciong… Street View. Google Lat Long Blog. 2007. Disponível em: <http://google-latlong.blogspot.com/2007/05/introducing-street-view.html > Acesso em: Abril 2011 36
PETRÓ, Gustavo. Street View estréia na América do Sul com 51 cidades. Portal G1. 2010. Disponível em: <http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2010/09/street-view-chega-ao-brasil-mostrando-ruas-de-15-municipios.html> Acesso em: Abril 2011
Figura 17 – Imagem do Google Street View da cidade de Paris, França (2011)
71
De acordo com a Eyefortravel37 (2010, online), o site era o mais popular
em meados de 2010, nos Estados Unidos, detendo 14,67% do market share,
considerando os maiores site de viagem que tiveram respectivamente 8.54% e
3.47% do market share.
Além disso, com a ampla utilização de celulares com acesso de internet,
o Google Maps se posiciona como um dos principais aplicativos para celular,
segundo a pesquisa da Nielsen38 (2010, online), se tornando site de referência
mundial para localização e mapeamento.
37
EYEFORTRAVEL. 38.81% of visits to the online travel industry went to top 10 sites. Eyefortravel online. 2010. Disponível em: < http://www.eyefortravel.com/news/north-america/38-81pc-visits-online-travel-industry-went-top-10-sites> Acesso em: Maio 2011 38
NILSEN WIRE. The State of Mobile App. 2010. Disponível em: <http://blog.nielsen.com/nielsenwire/online_mobile/the-state-of-mobile-apps/ > Acesso em: Abril 2011
Gráfico 13 - Aplicativos mais usados no Iphone OS (Nielsen, 2010)
72
Sua principal utilidade é fornecer mapas detalhados de ruas, bairros,
cidades e países através do navegador do usuário, com diversas formas de
visualização, além de obter rotas e distâncias, localizar serviços públicos e
privados como hotéis, restaurantes, metrôs, pontos de ônibus, etc. Nessa
plataforma, o modelo é feito segundo a Projeção de Mercator39, por isso não
mostra áreas em volta dos polos (a ferramenta com projeção semelhante a da
Terra é o Google Earth).
39
A projeção de Mercator é um modo de representação das coordenadas espaciais relativas as três dimensões do globo terrestre num planisfério de duas dimensões.
Gráfico 14 - Aplicativos mais usados no BlackBerry OS (Nielsen, 2010)
Gráfico 15 - Aplicativos mais usados no Android OS (Nielsen 2010)
73
A partir da pesquisa do nome de um local, o site procura na sua base de
arquivos os resultados mais relacionados com o digitado, apresentando a lista
de opções ao usuário. Seu funcionamento se baseia na extensão JavaScript40
e XML 41e, conforme o usuário arrasta a tela, visualizando o mapa por
completo, as imagens vão sendo baixadas do servidor. Por causa dessas
extensões, é possível que qualquer usuário crie itens na interface do Google
Maps, possibilitando assim os Mashups.
Outras duas funções muito importantes do Google Maps são as
“direções” e o My Maps. Na primeira, é possível descobrir a melhor rota entre
os dois destinos, além de disponibilizar rotas alternativas que evitem rodovias e
pedágios. Disponibiliza ainda a distância e o tempo que levará o percurso, que
pode ser feito de carro, a pé, transporte público e em alguns países já existem
rotas para bicicletas. Nem todas as rotas são possíveis de serem calculadas,
devido a distância ou a necessidade de outros meios de transportes para
serem acessadas.
O My Maps é uma ferramenta que pode ser usada por usuários e
empresas para criarem seus próprios mapas. Nesta opção, o usuário pode
marcar seu mapa e disponibilizá-lo para outras pessoas, além de inserir
imagens, vídeos, informações como previsão do tempo, marcar seus lugares
favoritos, etc. Assim, empresas e estabelecimentos comerciais podem aparecer
no mapa, sendo facilmente encontrada, seja por uma busca ocasional, seja por
uma busca específica, além de poderem adicionar o mapa da sua localização
no próprio website, fornecendo uma sensação de veracidade e confiança ao
consumidor.
Com isso, o Google Maps revolucionou o acesso às informações de
mercado, antes disponibilizadas por listas telefônicas. Hoje, se o usuário
desejar buscar um estabelecimento comercial próximo a sua residência, ele
apenas digita o nome, por exemplo, “pizzaria” ou “hotéis próximos a Avenida
Paulista, São Paulo”, e o mapa trará os resultados semelhantes a busca. Além
40
Linguagem de programação padronizada pela Ecma International que é atualmente a principal linguagem para programação em navegadores web. 41
Extensible Markup Language é uma recomendação da W3C para gerar linguagens de marcação para necessidades especiais.
74
disso, ao clicar no ícone de identificação do local, algumas informações
básicas, comentários e imagens são fornecidos. Para Vaz (2010), o Google
Maps promete ser uma ferramenta de grande utilidade para marketing das
empresas, se estas souberem aproveitar a oportunidade.
Para que esta função de serviço à comunidade fosse possível, o Google
criou o Google Maps API42 e com isso foi possível embutir o Google Maps a
qualquer outro site externo. No Brasil, o localizador de estabelecimentos e suas
informações foram cadastrados a partir da Telelistas43 e do Maplinks44,
parceiros do Google Brasil.
Em 2006, foi criado o Google Maps para celulares conectados ao serviço
de GPS, facilitando o processo de busca de direções sem a necessidade de
um computador, como observado no capítulo anterior. É hoje um dos principais
aplicativos para aparelhos móveis.
No turismo, a utilização do Google Maps não modificou apenas a busca
por locais e estabelecimentos em diversos lugares do mundo, mas também
permitiu que o turista participasse de uma viagem virtual, facilitando sua
localização nos destinos turísticos. Vaz (2010, p.466) exemplifica: “uma
42
Interface de Programação de Aplicativos (API) é um conjunto de programas que permitem a construção de aplicativos de maneira não tão evidente para usuários, interligando diversas funções em um site. 43
Empresa de lista telefônica online, com o cadastro de todos os números de empresas, serviços, produtos e pessoas. 44
Guia localização online de ruas, rodovias, estradas e endereços.
Figura 18 - Mapa representando a busca por uma empresa e as indicações de estabelecimentos.
75
agência de viagens poderia mostrar a seus clientes os hotéis próximos aos
monumentos que ele deseja visitar. Poderia inclusive propor um tour pelos
principais monumentos turísticos de uma determinada cidade informando para
o turista”.
Apenas com as ferramentas disponibilizadas pelo Google, uma agência
de viagens pode criar roteiros no Google Maps, adicionar vídeos dos destinos
no Youtube, fotos através do Panoramio (também adquirido pelo Google) e
ainda, criar um blog com todas as informações possíveis de um destino.
O Google Maps é, sem dúvida, uma das mais
funcionais ferramentas disponibilizadas pelo
Google desde seu original e pioneiro sistema de
buscas. As empresas que souberem aproveitá-lo
poderão auferir muitos lucros a partir de suas
API‟s. (VAZ, 2010, P.472).
Em alguns países, as áreas mais turísticas têm links para que o usuário
encontre maiores detalhes sobre o local. Informações, websites oficiais, fotos,
vídeos são algumas das principais formas de associação dos mapas com
detalhamentos das informações turísticas, sendo possível ainda, associar o
Google Maps com itens de compartilhamento das informações.
Todas essas informações são disponibilizadas através de dois tipos de
visualização: Satélite e Earth. No primeiro, o usuário vê mapas simples, apenas
com ruas e indicações de áreas ocupadas e áreas verdes. No segundo, são
disponibilizadas imagens reais e de alta definição do mundo inteiro, podendo
aproximá-las até distâncias bem pequenas (cidades maiores tem a resolução
das imagens melhor que de cidades menores). Essas imagens são coletadas
através de satélites ou de fotos aéreas (tiradas de um avião), formando assim
um “álbum” com todas as imagens do mundo.
76
Muitas críticas giram em torno dessas imagens. Segundo Bedi (2008,
online) 45, governos de alguns países afirmam que a disponibilização de
imagens de alta definição de certas regiões pode facilitar ataques terroristas,
além de mostrar detalhes de áreas secretas ou de segurança máxima.
Tentando evitar isso, o Google Maps “borrou” ou deixou incompletas as
imagens de algumas áreas, como por exemplo, usinas nucleares e áreas que
alguns governos exigiram a omissão. A Coréia do Norte, por exemplo, não
possui nenhuma informação de localização das cidades e na China, devido às
exigências do governo, em Fevereiro de 2007 foi criado o Google Ditu46, que
segue algumas leis locais.
45
BEDI, Rahul. Mumbai attacks: Indian suit against Google Earth over images use by terrorists. The Telegraph. 2008.
Disponível em: <http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/asia/india/3691723/Mumbai-attacks-Indian-suit-
against-Google-Earth-over-image-use-by-terrorists.html> Acesso em: abril 2011 46
Ditu refere-se a mapa na língua chinesa
Figura 19 - Mapa das ruas da cidade de São Paulo no modelo simples de visualização (GOOGLE, 2011)
77
Hoje, o Google Maps é referência em mapeamento virtual, porém, é
importante ressaltar que outras empresas também desenvolveram aplicativos e
plataformas parecidas.
Alguns desses concorrentes são: Bing Maps – Microsoft; TerraServer-USA;
Géoportail – a French; Mappy; MapQuest; Multimap.com – adquirido
recentemente pela Microsoft; Nearmap.com – Austrália; OpenStreetMap; Ovi
Figura 20 - Usina Nuclear Pilgrim, Massachussets com imagem borrada - Estados Unidos (GOOGLE, 2011)
Figura 21 - Mapa da Coréia do Norte sem nenhuma informação (GOOGLE, 2011)
78
Maps; Pictometry; Seat Pagine Gialle – Itália; Terralink International;
ViaMichelin; Waze; Yahoo! Maps; ABmaps.
Apesar da grande diversidade, nenhuma delas tem o mesmo crescimento e
alcance do Google, como apresentamos anteriormente.
4.3 GOOGLE EARTH
O Google Earth foi lançado em Junho de 200547 e desenvolvido pela
empresa Keyhole Inc, pioneira em informações geoespaciais. É basicamente
um globo virtual que possui mapas e informações geográficas da Terra, onde o
usuário pode adicionar um endereço, uma coordenada geográfica, ou
simplesmente utilizar o cursor para fazer a busca de uma localidade.
Os mapas são apresentados através da superposição de imagens obtidas a
partir de imagens de satélites, fotografias aéreas e GIS 3D48 e é disponibilizado
em três diferentes tipos: Google Earth (versão gratuita), Google Earth Plus e o
Google Earth Pro (que custa em torno de $300 a $399 por ano, segundo o site
do produto49). Ainda, a plataforma permite que o usuário veja a Terra em
diversos ângulos, com imagens em 2D e 3D e ainda, possui uma tecnologia
que simula um voo quando você está indo para o destino escolhido.
Ao longo dos anos, diversas ferramentas foram introduzidas no programa,
como Google Street View, o monitoramento real do trânsito, e a cobertura das
imagens de todo o terreno dos oceanos. Como o Google é desenvolvido
através de “camadas” de imagens, em 2006, foi criada uma camada especial
para adição de links do Wikipédia e do Panoramio (www.panoramio.com). Hoje,
o Panoramio faz parte do Google, é nada mais é que um site de arquivamento
de imagens juntos ás suas localidades.
47
GOOGLE. Press Center. 2005. Disponível em: <http://www.google.com/press/pressrel/google_earth.html> Acesso em: Abril 2011 48
GIS é a união da cartografia, análises, estatísticas e as bases tecnológicas. 49
GOOGLE. Google Earth para usuários corporativos. Disponível em: <http://www.google.com/enterprise/earthmaps/earth_pro.html> Acesso em: maio de 2011
79
O usuário pode inserir fotos de qualquer lugar no mundo, além de fazer
buscas e partilhar suas opiniões. Primeiramente, as imagens são enviadas
para o Google, que selecionará aquelas que entrarão no Google Earth para
que estejam alinhadas com o objetivo do site. O site ainda disponibiliza uma
área onde é possível selecionar os lugares considerados “mais legais” no
mundo e ainda promove competições divididas em categorias de fotografias
pelo mundo.
Ao clicar em cima de uma das fotos, o site redireciona o usuário para
outra janela, onde a foto está ligada a um mapa do local com as informações
básicas, outas fotos daquela área e comentários e opiniões de usuários sobre
aquela imagem ou sobre aquele local.
Figura 22- Imagem do site Panoramio com as diversas imagens disponíveis do mundo inteiro.
80
4.4 AJUDANDO A SOCIEDADE
Segundo o Google, o Maps50 é considerado um serviço à população, por
oferecer mapas virtuais e informações básicas e comerciais das áreas, sem
nenhum custo. Já o Google Earth51, é tido como uma ferramenta de
mapeamento do planeta, oferecido em versões gratuitas (mais simples) e as
versões pagas (voltados ao corporativo).
Utilizar ambos para auxiliar a sociedade é de extrema importância. E essa é
uma das preocupações que o Google tem com seus projetos: tornar o mundo
das informações mais fácil e acessível a todos, por isso criou o Projeto Google
Crises Response52, que cria páginas especiais para facilitar a obtenção de
informações importantes em grandes catástrofes.
50
GOOGLE. Google Maps. Disponível em: < http://maps.google.com.br/maps> Acesso em: Abril 2011 51
GOOGLE. Google Earth. Disponível em: < http://www.google.com/earth/index.html> Acesso em: Abril 2011 52
GOOGLE. Google Crises Response. Disponível em: <http://www.google.com/crisisresponse/response.html> Acesso em: Abril 2011
Figura 23 - Uma das imagens retiradas do site Panoramio, apresentando o mapa da localização e outras fotos relacionadas aquele lugar.
81
Como primeiro exemplo, em Setembro de 200553, logo após o furacão
Katrina passar pela região de Nova Orleans (Estados Unidos), o governo
americano pediu apoio ao Google Maps para levantar imagens das áreas que
haviam sido destruídas pelas inundações ou pelos incêndios. Logo, foi
disponibilizado para o público uma plataforma que mostrava as imagens de
Nova Orleans após o Katrina, que ajudou moradores e governo a entenderem
melhor o que aconteceu, encontrar propriedades e até auxiliar nos trabalhos de
resgate.
No Brasil, durante as chuvas que destruíram a região serrana do Rio de
Janeiro, o Google criou um site parecido que centralizava informações de ajuda
às cidades. A ferramenta era integrada aos mapas do Google Maps, e
mostrava onde ficavam os locais para doações, as centrais de voluntariado, os
hospitais e ainda, um sistema de busca por desaparecidos da tragédia. O site
53
GOOGLE EARTH. Hurricane Katrina Imagery. 2005. Disponível em: < http://earth.google.com/katrina.html>
Acesso em: Abril 2011
Figura 24 - Detalhe da imagem de uma região destruída de Nova Orleans , EUA
82
entrou no ar no dia 11 de janeiro de 201154 e também faz parte do projeto
Google Crisis Response.
Outra maneira de utilizar o Google Maps e o Earth para auxiliar a
comunidade é através da criação de mapas do crime. Em Chicago, EUA foi
criado o primeiro site contra que apresenta as estatísticas de crimes em cada
região da cidade integradas ao Google Maps (www.chicagocrime.org).
Em São Paulo, uma emissora de televisão55 fez o mesmo serviço
através do Google Maps. Os telespectadores que sofreram algum tipo de crime
acessam o site, adicionam onde aconteceu o crime e descrevem o que
aconteceu. É uma forma de unir digitalização das informações e serviços à
comunidade.
54
GOOGLE. Google Crisis Response: Brazil Flood. 2011. Disponível em: <http://www.google.com/crisisresponse/brazil_floods.html > Acesso em: Abril 2011 55
PORTAL G1. Indique locais onde ocorreram roubos e latrocínios em SP. 2011. Disponível em: <http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/03/indique-locais-onde-ocorreram-roubos-e-latrocinios-em-sp.html> Acesso em: Abril 2011
Figura 25 - Mapa da criminalidade na cidade de São Paulo com base no Google Maps
83
4.5 POLÊMICAS
Apesar de ser muito bem desenvolvido, e ter ampla cobertura mundial,
ainda existem muitos detalhes a serem discutidos e desenvolvidos para a
perfeita performance do site e suas ferramentas.
O Google Street View começou em 2007 e já gerou muita polêmica em
torno da privacidade. Segundo o site de notícias USA Today 56(2007, online),
logo que foi lançado, muitas pessoas reclamaram de terem suas imagens
disponibilizadas para o mundo inteiro no mapa. Devido à ferramenta de zoom,
é possível ler placas de sinalização nas ruas, e consequentemente, identificar o
rosto das pessoas fotografadas.
O Google disponibilizou um canal de reclamação, onde as pessoas que
ficaram insatisfeitas ao terem suas imagens publicadas poderiam pedir para
que fosse apagado ou que tivesse seu rosto omitido da foto. Porém, apenas
remover a imagem das pessoas não foi suficiente. Em 200857, a ferramenta
começou a “borrar” os rostos antes mesmo de disponibilizar as imagens no
site.
Outra questão que gerou polêmica, porém agora em torno do Google
Maps, foi um erro de divisa de países no Google Maps quase gerou um conflito
internacional entre Nicarágua e a Costa Rica, em 2010. Segundo o jornal The
Guardinan58 (2010, online) o mapa mostrava a Nicarágua com uma parte da
Costa Rica. Com isso, o general da Nicarágua resolveu colocar tropas do país
na região, que foi reivindicada pela Costa Rica, culpando o Google Maps de ter
fornecido dados errôneos no site.
56
MILLS, Elinor. Google’s street level maps raising privacy concerns. USA Today. 2007. Disponível em: <http://www.usatoday.com/tech/news/internetprivacy/2007-06-01-google-maps-privacy_N.htm> Acesso em: Maio 2011 57
SHANKLAND, Stephen. Google begin blurring faces in Street View. Cnet News. 2008. Disponível em: <http://news.cnet.com/8301-10784_3-9943140-7.html> Acesso em: Abril 2011 58
HALLIDAY, Josh. Google Nicaraguan map error threatens to escalate into regional dispute. The Guardian. 2010.
Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/technology/2010/nov/15/google-map-dispute-nicaragua> Acesso em:
Abril 2011
84
Erros de configurações dos mapas são comuns. No começo de 2011, ao
iniciar o Google Maps Brasil, era possível ver a cidade de Jaboatão dos
Guararapes que fica no estado de Pernambuco, sendo localizado no centro do
país, no Mato Grosso. E a capital do Mato Grosso, Cuiabá, não estava inserida
no mapa.
Um dos problemas que mais pode afetar o turismo é questão da
desatualização constante dos mapas. Por não serem em formato “livre”, ou
seja, as imagens não são em tempo real, mas sim de um determinado
momento em que foram fotografados, alguns locais podem estar
desatualizados, como por exemplo, fachadas que foram modificadas,
construções que foram terminadas, estabelecimentos que foram modificados.
Como exemplo, um caso recente aconteceu com um albergue na cidade
de São Paulo. O Okupe Hostel (http://www.okupehostels.com) localizado na
região dos Jardins, em São Paulo. Quando o carro do Google Street View
coletou a imagem do local, o hostel estava começando a ser reformado, e a
imagem mostrava uma casa velha e em péssimos estados. Com isso, as
pessoas que buscavam informações do hostel no Google Maps e visualizam o
Figura 26 - Mapa do Brasil com um erro das nomenclaturas
85
Street View tinham a imagem errada da entrada do hostel, pois as fotos
estavam desatualizadas. Uma situação delicada, pois poderia afastar
potenciais clientes apenas pelo desencontro de informações.
Até Maio de 2011, nada havia sido atualizado nessa região, e a imagem
no Google Maps é totalmente diferente da imagem real do local, como observa-
se nas imagens abaixo.
Figura 28 - Imagens do Okupe Hostel após a reforma (Março 2011)
Figura 27 - Imagem da fachado do Okupe Hostel no Google StreetView (GOOGLE MAPS - 2011)
86
Segundo o Google, todas as localidades criadas ou modificadas por
usuários são revisadas antes de serem postadas. Isso é feito para garantir a
qualidade e veracidade das informações, porém, erros como esses podem
afetar comércios, que agora passam a depender do Google e do Google Maps
como ferramenta de divulgação e marketing.
4.6 GOOGLE E O TURISMO
O Google tem ilimitadas estratégias quando se fala de futuro, e muitas
delas estão diretamente relacionadas com o turismo. Segundo o site do
Google59, sua missão é organizar as informações do mundo e torná-las
acessíveis e úteis para todos. A partir disso, é possível traçar um caminho
promissor para os viajantes que buscam mais informações na web.
E como isso é feito? Democratizando o planejamento de viagens,
promoções e as tecnologias desenvolvidas para viagens (buscas, mapas,
imagens, vídeos, e-mail e plataformas interativas), conectando consumidores e
vendedores através de canais mais diretos, criando uma nova forma de
comunicação em todo o trade turístico, como apresentado anteriormente.
Os beneficiados são tanto os compradores como os próprios
fornecedores do segmento. Grupos de hotéis, companhias aéreas, destinos
turísticos, atrativos, são inúmeros aqueles que foram estimulados para as
mudanças e que já participam desse novo cenário virtual. Para o ciberturista
esta adaptação é uma questão de tempo, e para o setor turístico é uma
mudança vital.
Impulsionadas pelas diversas criações e parcerias que estimulam o
mercado a produzir novas formas de atingir seu público alvo, as tecnologias
digitais e virtuais também ajudam a criar uma nova forma de marketing e um
novo cenário de competição. As primeiras ações para facilitar o turismo,
trouxeram ferramentas e ideias iniciais que ajudaram não só a cadeia do
59
GOOGLE. Disponível em: < http://www.google.com.br/intl/pt-BR/about.html> Acessado em: Abril de 2011
87
turismo, como também estimulou o surgimento de outras ferramentas que
podem oferecer a experiência virtual como estimulador do consumidor.
Além das mudanças na maneira como as pessoas realizam busca de
informações e reservam suas viagens, é importante lembrar o desenvolvimento
de tecnologias mobile, que interferem na relação do turista após chegar ao seu
destino, como foi abordado no capítulo 3.
A praticidade, rapidez e independência são alguns dos itens que hoje as
pessoas buscam para tomar suas decisões e realizar suas compras e
atividades. Participar desse cenário é vital para o turismo, especialmente
porque este envolve um processo decisório minucioso, onde as pessoas
querem o máximo de informações possíveis, sobre um destino ou um hotel. E
após a revolução recente da informação e com os avanços da tecnologia, como
abordado no início deste trabalho, são questões que fazem parte desse novo
perfil de consumidor.
Depois de entender um pouco como funciona o serviço de mapeamento
online do Google Maps e a ferramenta Google Earth, é possível associa-los na
área do Turismo e perceber que suas funções vão além de um simples
mapeamento de ruas e cidades.
Deve-se lembrar de que essas opções de auxílio ao turismo e ao turista
são úteis para todas as fases do ciclo de viagem, conforme Cole (2009). Além
disso, aproximam a geolocalização do turismo, principalmente em viagens
independentes, onde o indivíduo precisa de informações extremamente
detalhadas para elaborar sua viagem, conhecer o destino previamente, obter
informações sobre atrativos, direções, condições climáticas, hotéis,
restaurantes, etc. A seguir, serão apresentados quais mecanismos inovaram
este setor.
88
4.6.1 GOOGLE STREET VIEW
O Google Street View é uma tecnologia encontrada tanto no Google Maps
quanto no Google Earth, onde o usuário pode visualizar um determinado local
panoramicamente, ou seja, com imagens 360° no nível do chão, como se ele
estivesse de pé naquele lugar.
Essa tecnologia foi lançada em 2007, inicialmente nos Estados Unidos.
Depois da grande aceitação no mercado americano, o Google expandiu a
ferramenta para outros lugares do mundo. Hoje, o Google Street View é
disponível em 33 países, incluindo o Brasil.
Seu arquivo de imagens é feito a partir de quinze câmeras acopladas no
topo de um carro (geralmente fornecido por parceiros ou empresas
interessadas em patrocinar o serviço de mapeamento) e posicionadas em
todas as direções, que circulam por todas as ruas das cidades que serão
cadastradas no imagery60. Recentemente61, na última atualização da base de
imagens, o Google cadastrou áreas de difícil acesso, utilizando bicicletas,
triciclos e até carros de neve, permitindo que imagens de áreas internas de
monumentos ou atrativos turísticos fossem registrados, como é o caso do
Coliseu, na Itália.
60
Espécie de álbum que arquiva todas as imagens. 61
RATNER, Dan. Street View hits the slopes at Whistler. Google Lat Long Blog. 2010. Disponível em: <http://google-latlong.blogspot.com/2010/02/street-view-hits-slopes-at-whistler.html> Acesso: Abril 2011
Figura 29 - Imagem do Coliseu no Google Street View (2011)
89
Essas câmeras tem um GPS acoplado que grava as imagens juntamente
com as coordenadas geográficas, assim, as imagens aparecerão no mapa no
exato lugar que foi fotografado.
Para acessar o Street View, o usuário precisa apenas arrastar o “Pegman”
(boneco representativo que sinaliza os locais em que o Street View é
disponível) e adicioná-lo no mapa. Para caminhar nas ruas, basta clicar nas
setas que indicam as direções.
Na França, o Google Street View iniciou suas atividades com imagens
do Tour de France62, mostrando as áreas do roteiro por onde os ciclistas
passam todos os anos, podendo assim, auxiliar no planejamento da rota dos
competidores, e de possíveis turistas que desejem fazer este roteiro como
parte de sua viagem.
No Brasil há cerca de 51 cidades com o mapeamento fotográfico e foi o
primeiro país da América do Sul a ter o serviço, de acordo com o site O Globo63
(2010, online) tornando possível um passeio virtual pelas ruas e monumentos
das cidades. O Street View também permite que o usuário descubra pontos de
referência que ajudam a chegar ao destino, auxiliando também na localização
tanto de moradores, como de visitantes.
A seguir, serão apresentadas algumas maneiras que Google Street View
pode ser utilizado por destinos para promovê-los entre os viajantes além de
auxiliar na orientação de localização este próprio viajante. É importante
ressaltar que as ferramentas a seguir envolvem questões de experiências
turísticas virtuais, na qual o turista busca uma nova forma de visualizar o
destino ou qualquer outro local de interesse, podendo assim, ter um
conhecimento ilimitado.
62
RATNER, Daniel. Tour the Tour de France with Street View. Google Lat Long Blog. 2008. Disponível em: < http://google-latlong.blogspot.com/2008/07/tour-tour-de-france-with-street-view.html> Acesso em Maio 2011. 63
O GLOBO. Google Street View é lançado em 51 cidades do Brasil. 2010. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/tecnologia/mat/2010/09/30/google-street-view-lancado-em-51-cidades-do-brasil-922665011.asp> Acesso em: Abril 2011.
90
4.6.2 VISITANTO LUGARES PÚBLICOS E FAMOSOS
Para aproximar o Google Maps das cidades mais turísticas do mundo,
foram criadas plataformas que disponibilizam passeios virtuais e, alguns
monumentos e pontos turísticos através do Google Street View. É como um
álbum que coleciona os principais lugares do mundo, organizados em temas,
no qual também é possível acessar o site do lugar ou da cidade.
Para o usuário, não são apenas fotos estáticas de lugares que talvez ele
nunca visite, são imagens que permitem que eles conheçam e ande por
cenários históricos e lugares famosos e que antes eram restritos apenas a
quem pudesse pagar a viagem.
ITÁLIA E FRANÇA HISTÓRICA inclui visita aos principais monumentos
arquitetônicos e históricos da Itália.
Figura 30 - Imagem das ruas históricas de Pompéia na Itália retiradas no StreetView do Google Earth (2011)
91
OS SETE CONTINENTES disponibiliza um ou mais monumentos
principais de cada continente, onde o Google Street View é disponível.
PATRIMÔNIOS DA HUMANIDADE UNESCO onde alguns dos
patrimônios tombados podem ser visualizados com detalhes.
Figura 31 - Imagem de Half Moon Bay na Antartida retiradas do Google StreetView no Google Earth (2011)
Figura 32 - Imagem do Memoria de Hiroshima retiradas do Google StreetView no Google Earth (2011)
92
DESTAQUES DOS ESTADOS UNIDOS apresenta imagens dos mais
famosos monumentos, praias, atrativos turísticos espalhados pelo país.
ESTÁDIOS DA ÁFRICA DO SUL mostra as imagens internas de todos
os estádios onde ocorreram os jogos da Copa do Mundo de 2010.
Figura 33 - Imagem do Gateway Arch, Missouri, EUA retiradas do Google StreetView no Google Earth (2011)
Figura 34 - Imagem do Soccer City, Africa do Sul retiradas do Google StreetView no Google Earth (2011)
93
PISTAS DE SKI DE WHISTLER BLACKCOMB, Canadá onde que
aconteceram as olimpíadas de inverno de 2010.
DESTINOS FAMOSOS DO MUNDO onde o Google Street View oferece
imagens dos pontos turísticos mais famosos do mundo.
Figura 35 - Imagem da pista de ski do Whistler Blackcomb retiradas do Google StreetView no Google Earth (2011)
Figura 36 - Imagem da Sagrada Familia em Barcelona, Espanha, retiradas do Google StreetView no Google Earth (2011)
94
PRAIAS DO HAWAII onde é possível ver imagens das principais praias
do Hawaii, Estados Unidos.
Observa-se nesta opção a união do mapeamento e da fotografia, formando
um tipo de turismo virtual, onde qualquer indivíduo pode navegar por estes
lugares, visualizando-os através das diversas imagens sequenciais que o
Google Street View coleta, possibilitando um novo tipo de experiência turística.
Assim, fazer uma viagem virtual antes da viagem concreta cria uma pré-
visualização do local, fazendo com que o indivíduo esteja preparado para o que
vai encontrar, além de auxiliar no seu planejamento de viagem. Isso não
determina que a viagem física seja menos interessante. São experiências
diferentes, e como observadas anteriormente, o ser humano é composto por
diversas experiências.
Figura 38 - Yokohama Bay, Hawaii Figura 37 - Imagem da Yokohama Bay, Hawaii, retiradas do Google StreetView no Google Earth (2011)
95
4.6.3 O GOOGLE ART PROJECT
Em fevereiro de 201164, o Google Street View ultrapassou as paredes dos
principais museus do mundo, através do Google Art Project
(www.googleartproject.com), uma colaboração entre a empresa e 17 museus
em todo o mundo, na qual o visitante pode navegar internamente, observando
as obras detalhadamente.
Foram selecionadas mais de 1000 obras de 486 artistas expostas nos
museus do ltes Nationalgalerie, The Freer Gallery of Art Smithsonian, National
Gallery (London), The Frick Collection, Gemäldegalerie, The Metropolitan
Museum of Art, MoMA, Museo Reina Sofia, Museo Thyseen - Bornemisza,
Museum Kampa, Palace of Versailles, Rijksmuseum, The State Hermitage
Museum, State Tretyakov Gallery, Tate, Uffizi and Van Gogh Museum.
A navegação pode ser feita como se o usuário estivesse caminhando pelos
museus, visitando salas e acessando as obras. Segundo o site da Folha65
(2011, online) nem todas as salas e obras estão disponíveis no site. A parceria
com as instituições se deu de modo que cada museu escolheu exatamente o
que de seu acervo mostrar.
A tecnologia é a mesma do Google Street View, e oferece os mais
conhecidos registros de artes do mundo para aqueles que não têm a
oportunidade de viajar, não podem, ou até mesmo para aqueles que foram, e
querem reviver a experiência. É a forma mais democrática de arquivar e
transmitir conhecimento artístico para as pessoas.
Além disso, cada museu escolheu uma obra para ser fotografada com
imagem especial, exibindo detalhes quase imperceptíveis a olho nu. São sete
bilhões de pixels que permitem os navegantes analisarem traços, estilo de
pintura, cores e pinceladas. Ao lado das obras, é possível saber detalhes sobre
ela, sobre o artista e até acessar links relacionados do Youtube.
64
SIEGEL, Jonathan. Street View take you inside museums around the world. Google Lat Long Blog. 2011. Disponível em: < http://google-latlong.blogspot.com/2011/02/street-view-takes-you-inside-museums.html> Acesso em: Abril 2011 65
FOLHA ONLINE. Google leva acervo de grandes galerias para internet. 2011. Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/tec/869013-google-leva-acervo-de-grandes-galerias-para-a-internet.shtml> Acesso em: Abril 2011
96
Outra ação semelhante foi criada pela agência de publicidade Loducca,
utilizando o próprio Google Street View. Ao invés de artes de museus, o site
disponibiliza obras de arte urbana, como o grafite, espalhadas pelas grandes
Figura 39 - Imagens da sala dos espelhos no Palácio de Versailles, França (GOOGLE ART PROJECT, 2011)
Figura 40 - Imagem detalhada de uma das obras de artes disponível no Google Art Project (2011)
97
cidades. Conhecido como Art Street View, só em São Paulo já são mais de 389
marcações, segundo o site Brainstorm66 (2011, online).
4.6.4 GOOGLE CITY TOUR
Com um formato semelhante ao Google Maps, o Google City Tour foi
lançado em 2009 com o objetivo de auxiliar a criação e planejamento de
itinerários turísticos em grandes cidades. O projeto faz parte do Google Labs
(www.googlelabs.com), um segmento do Google onde é possível encontrar
todos os projetos experimentais do Google.
Ao acessar o site, o usuário precisa somente colocar o destino, e em
questão de segundos o Google City Tour oferece um itinerário de visitas aos
principais pontos turísticos do lugar, semelhante ao Nile Guide, apresentado
anteriormente, só que totalmente vinculado ao Google Maps. O usuário pode
ainda modificar as informações fornecidas de acordo com suas necessidades.
Para cada dia, o site apresenta diversos atrativos para serem visitados, o
tempo médio de permanência em cada um, o tempo e distância entre os
pontos, as direções, e ainda é possível alterar o tempo de visita e classifica-lo
com estrelas. O itinerário é montado de acordo com as informações de horários
e datas de funcionamento de cada local.
66
MERIGO, Carlos. RedBull Art Street View. Brainstorm 9. 2011. Disponível em: < http://www.brainstorm9.com.br/social-media/red-bull-street-art-view/> Acesso em: Abril 2011
Figura 41 - Imagem de uma das obras de grafites do Art Street View
98
Como exemplo, observa-se uma visita ao Tate Modern (Galeria de Arte
Moderna em Londres). O site aconselha a visita a ser feita no segundo dia
(quinta-feira 28 de Julho), as 13h45m, com permanência de 30 minutos.
Porém, o usuário poderá alterar o tempo de permanência, além dos atrativos a
serem visitados naquele dia.
Com isso, o turista pode criar itinerários eficientes e também editá-los de
acordo com suas preferências e vontades. Se preferir, o turista poderá ver as
imagens em formato “satélite” facilitando o prévio reconhecimento da área ou
do atrativo. O “Street View” ainda não é disponível ao site.
É importante ressaltar que o Google City Tour não oferece apenas os
nomes dos atrativos, mas suas informações básicas como horário de
funcionamento, endereço, site, imagens e os transportes públicos mais
próximos a aquele lugar. Essas informações são extremamente relevantes na
hora do planejamento de uma viagem, e o Google City Tour oferece esse
auxilio de informações como complemento ao roteiro criado. É uma maneira
muito interativa de busca de informações e que podem modificar ainda mais a
maneira que as pessoas elaboram seus roteiros de viagem.
Figura 42 - Imagem do Google City Tour
99
Há ainda muito para se melhorar, como por exemplo, incluir mais
destinos e atrativos, além de mais opções de transportes públicos, como por
exemplo, ao invés de aconselhar caminhar por 32 minutos, utilizar o metro
como opção de locomoção. Mesmo assim, é inegável o avanço do Google
dentro do turismo com esta ferramenta que além de facilita a localização
geográfica, também auxilia na busca de informações de atrativos turísticos,
otimizando o processo de planejamento e elaboração de uma viagem.
4.6.5 GOOGLE E AS EMPRESAS
O trade turístico é composto por diversos setores, que envolve desde
hospedagens e alimentação, até farmácias e lojas de souvenires. Para
promover uma busca detalhada sobre as informações desses
estabelecimentos, o Google uniu o Google Maps e o buscador para que essas
informações fossem acessadas e encontradas mais facilmente.
Neste caso, o Google se apresenta apenas como um canal de propaganda,
não oferecendo comparações entre hotéis ou filtros, apenas expõe as opções
cadastradas no Google‟s Adword, Local Search, Shopping e Maps aumentado
à possibilidade de escolha e o conhecimento de opções para o usuário.
Figura 43 - Informações sobre o atrativo turístico, disponíveis no Google City Tour
100
Quando o usuário faz um busca por um hotel, tanto no buscador do
Google como no Google Maps, a página apresenta as opções de hotéis, suas
localizações e outras informações, todas sinalizadas no mapa ao lado,
informações relevantes no momento da decisão.
Como visto ao longo deste trabalho, a tendência dos mercados é
estarem cada vez mais virtualizados, ou seja, suas informações precisam estar
na internet, pois é onde seus consumidores farão a busca. Isso torna o
Figura 44 - Hotéis na região de São Francisco, EUA, disponibilizados no Google Maps.
Figura 45- Imagem de uma busca do Google, com a visualização dos resultados no mapa.
101
marketing digital inevitável para empresas e marcas preocupadas em
acompanhar o relacionamento e o comportamento dos seus consumidores.
No caso do turismo, é possível afirmar que a principal fonte de
informação sobre estabelecimentos é a internet, e por isso, é imprescindível
que os envolvidos estejam preparados para ingressas neste cenário, e utilizar
de ferramentas, como o Google, para alcançar seus consumidores.
4.6.6 OUTRAS APLICAÇÕES DO GOOGLE NO TURISMO
Depois de apresentar as ferramentas que revolucionaram o cenário da
geolocalização, do turismo, e das viagens virtuais, são apresentadas a seguir,
algumas formas de inserção do Google Maps, Google Earth e do Google Street
View como aplicativos de apoio as buscas de informações turísticas. Além
disso, iniciativas como essas ajudaram a criar uma nova percepção de mundo,
onde as distâncias foram realmente reduzidas, já que as barreiras para se
conhecer um lugar, uma paisagem ou uma obra de arte foram minimizadas
com essas tecnologias.
A seguir, serão ressaltadas as ferramentas que tem relação com o Turismo,
considerando-se a relação, não apenas como apoio ao direcionamento dos
atrativos, mas uma maneira de ajudar a influenciar e inspirar o usuário a
determinadas localidades.
Roma Antiga 3D
Através desse aplicativo acessado no Google Earth, é possível ter uma
visualização da cidade de Roma em 320D. C, visitando o interior de
construções famosas, e assim, entender melhor como os romanos antigos
viviam. O recurso foi desenvolvido em parceria com a Universidade da
Virginia, EUA através do projeto “Reborn Rome”, que tem como objetivo
principal reconstruir modelos ilustrados em 3D da Roma Antiga, entre os
períodos do Bronze (1000 A.C) e o período da decadência (550 D.C).
102
É possível analisar esse aplicativo como uma forma de viagem virtual na
história do mundo, onde o usuário poderá ser inspirado pela tecnologia e
assim, desejar conhecer os lugares históricos de Roma.
Discovery Networks
Nesta ferramenta, o Google em parceria com a Discovery Channel
desenvolveu um recurso onde o usuário pode ver vários vídeos de programas
do canal, em temas distintos, como por exemplo, ver o nascer do sol em vários
locais do mundo (HD Theater‟s Sunrise Earth), passear pelos Parques
Nacionais dos Estados Unidos, ou simplesmente conhecer áreas famosas
espalhadas pelo mundo.
Destaca-se sua importância como ferramenta de conhecimento sobre
determinados lugares. Antes de conhecer um determinado destino, o turista
poderá ver a localidade através de vídeos e documentários específicos, para
que o viajante tenha ainda mais conhecimento sobre aquele destino, antes
mesmo de chegar lá.
Everytrail
Segundo o blog do site Everytrail (http://blog.everytrail.com/?p=53),
através da parceria com o Google Earth, a ferramenta permite que o usuário
faça sua rota de viagem e visualize-a em 3D no Google Earth, seja em áreas
naturais, históricas ou áreas remotas. Informações como distância, meio de
transporte utilizados e direções são disponibilizados no recurso. O usuário
pode ainda adicionar comentários e imagens do percurso, e ainda, buscar
roteiros de outras pessoas, podendo auxiliar na inspiração e planejamento de
uma viagem.
Nesta ferramenta é possível perceber o efeito da web 2.0 no turismo. Ao
cadastrar ou buscar um roteiro, o usuário não terá apenas as informações de
mapa do local, mas também, um feedback completo sobre o local, a partir da
opinião de outros aventureiros. Além disso, este recurso auxilia também no
103
conhecimento prévio do lugar, através de imagens e da própria plataforma
“satélite” e “street view” do Google Earth.
360° City, Gigapan Photos e Gigapxl Photos
Apesar de não serem desenvolvidas pelo Google, é uma das opções de
visualização dentro do Google Earth. Neste caso, alguns locais possuem
imagens chamadas de 360° com alta resolução que são disponibilizadas pelos
aplicativos: 360° City, Gigapan e Gigapxl.
Todas as imagens são em alta resolução, ou seja, podem ser
visualizadas com muitos detalhes, de lugares reais em momentos reais (mas
não simultâneos). A diferença entre os três recursos é apenas a maneira e
locais onde as imagens são apresentadas, porém permitem que o usuário
analise e conheça lugares no mundo inteiro através de imagens de altíssima
qualidade, instigando ainda mais a curiosidade e a vontade de conhecer
determinado lugar.
Figura 46 - Imagem em alta resolução das ruínas gregas no aplicativo 360° City.
104
.
Figura 48 - Imagem em alta resolução das pirâmides do Egito no aplicativo GigaPixl.
Figura 47 - Imagem em alta resolução do Grand Canyon, EUA, no aplicativo GigaPan.
105
Viagem e Turismo
Este recurso promove o turismo das regiões cadastradas, e apresentam
foto e informações de todos os destinos turísticos e seus atrativos. Dentre eles,
destaque para o passeio 3D por dentro dos parques do Walt Disney World, na
Florida (Estados Unidos).
A parceria entre o Walt Disney World e o Google Earth permite que o
usuário conheça todos os parques e os 22 hotéis que compõe o complexo.
Além disso, é possível fazer um roteiro de visitação, ler informações sobre
todas as atrações, acessar o site oficial do Parque, e ainda, ver fotos de todo o
Parque.
Este aplicativo dentro do Google Earth tem dois principais objetivos:
primeiramente ao acessar o mapa 3D, o turista pode viajar pelo parque,
conhecendo a estrutura e localização de todos os brinquedos e lojas,
facilitando o planejamento de um passeio. Com isso, o visitante poderá saber o
que lhe espera e conhecer o parque da maneira mais eficiente. É claro que
Figura 49 - Imagem do passeio virtual em um dos parques da Disney, com informações sobre os atrativos.
106
uma viagem virtual jamais representará a sensação da viagem real, mesmo
porque, neste caso estamos falando de um parque, com brinquedos que não
podem ser reproduzidos no mundo virtual.
Em segundo lugar, deve-se ressaltar a importância deste procedimento
para o destino em si, que poderá divulgar seus serviços e produtos pelo mundo
inteiro, de uma maneira muito mais completa e interativa, que apenas um site
com informações estáticas.
Webcams Travel
Neste aplicativo, encontrado também dentro do Google Earth, é possível
ver imagens reais e simultâneas de câmeras espalhadas por vários pontos
turísticos do mundo. Habilitando esse recurso, é possível localizar as câmeras
e assistir ao vivo o que acontece naquele lugar, naquele momento, além de
poder obter informações como temperatura e horário. É possível encontrar
essa ferramenta no Google Maps também.
Figura 50 - Imagens da Grécia, no WebCams Travel do Google Earth
107
Diferente da viagem em 3D, que é um mundo construído, e das imagens
360°, esta ferramenta possibilita visualizar determinado lugar em tempo real,
mostrando as condições climáticas, condições do trânsito, etc. Informações
essas, que muitas vezes podem ser útil para o turista, ou até para instigar a
curiosidade deste.
Os lugares mais e menos turísticos do mundo
O Google Maps disponibiliza um mapa que classifica as regiões do
planeta mais e menos visitadas, de acordo com a coloração do mapa. Essas
informações foram fornecidas de acordo com o número de distribuições
fotográficas da plataforma Panoramio67, que registra fotos do local visitado.
Lugares com mais concentração de fotografias enviadas para o usuários são
consideradas as áreas mais visitadas.
Conhecer as áreas mais turísticas e saber quais regiões são essas,
pode influenciar o turista na sua decisão, além de auxiliá-lo na busca de
informações. Por exemplo, uma pessoa que deseje viajar para um lugar menos
visitado, busca a informação no mapa e descobre a incidência turística lá.
67
Adquirido recentemente pelo Google, o Panoramio é um site de imagens, onde os usuários podem colocar fotos dos lugares que visitaram e que depois serão inseridas no mapa do local. De acordo com as politicas do Google, essas imagens são filtradas por uma equipe, não permitindo imagens ofensivas ou de pessoas.
Figura 51 - Câmeras do Webcams Travel no Google Maps
108
Os lugares mais interessantes e remotos do mundo
Semelhante ao recurso anterior, este mapa utiliza a mesma base de
informação (Panoramio) para mensurar as áreas mais isoladas que tem grande
incidência turística.
Figura 52 - Imagem do mapa com os lugares mais e menos turísticos
Figura 53 - Imagem do lugares mais interessantes e remotos do mundo, de acordo com a coloração do mapa.
109
As áreas com coloração mais escura (vermelho) são mais turísticas
entre as áreas remotas, e as áreas verdes são regiões extremamente pouco
turísticas. Segundo o site oficial do Google, este mapa possui apenas lugares
distantes de cidades, normalmente em áreas montanhosas ou polares.
Abaixo, uma imagem da região nórdica da Europa, mostra como as
visitas se distribuem principalmente na Suécia, Finlândia, Noruega e Rússia.
Direções e localizações especiais para ciclistas
Em Maio de 2010, o Google lançou a ferramenta de direções para
ciclistas, no Google Maps, depois de muita pressão por parte dos usuários, que
consideravam a última ferramenta necessária no site, já que este tinha
transportes como carro, público e a pé, segundo o blog do Google68 (2010,
online).
Hoje, esse público pode buscar rotas e trilhas para bicicletas (são cerca
de 20.000 quilômetros de trilhas, registrados no Google), ciclovias das
68
LEEN, John. It’s time to bike. Google LatLong Blog. 2010.Disponível em: < http://google-latlong.blogspot.com/2010/03/its-time-to-bike.html> Acesso em: maio 2011
Figura 54 - Imagem do mapa com os lugares mais interessantes e remotos do mundo
Figura 55 - Imagem da região nórdica da Europa no mapa das regiões mais remotas do mundo.
110
principais cidades, recomendações de rotas, ruas que foram consideradas as
melhores para a passagem dos ciclistas, rotas que evitem rodovias muito
movimentadas e que evitem travessas em cruzamentos muito perigosos.
Outro recurso desenvolvido para os ciclista é um cálculo de esforço
físico que evita rotas com subidas extremas, e um rotas que evitam muitas
descidas, já que, em áreas muito íngremes, o uso do “breque” é maior, gerando
o seu desgaste rápido. Além disso, o usuário pode customizar seu próprio
trajeto.
Tour de France
Em 2008, o Google Maps lançou o Google Street View para todo o
roteiro do Tour de France, evento ciclístico que acontece anualmente na
França. Nesta situação, o usuário poderá navegar pelo roteiro, e ter imagens
dos famosos roteiros franceses.
Aproximando as pessoas de desses lugares, através de uma viagem
virtual, é possível criar um interesse que o leve a viajar para o destino. É uma
ótima ferramenta de marketing interativo. Além disso, também é um recurso
que pode ser usado para viajantes conhecerem o roteiro antecipadamente,
podendo ter uma melhor preparação para a viagem.
4.6.7 RELATO DE EXPERIÊNCIA
Segundo Gil (1991), um estudo pode ser complementado com histórias de
vida ou relatos, considerados casos específicos do assunto. Assim, será
apresentada brevemente a minha própria experiência de utilização das
ferramentas do Google como apoio ao desenvolvimento e planejamento
turístico.
Em Dezembro de 2011, realizei uma viagem para Nova York na qual foi
inteira elaborada utilizando os recursos do Google Maps. A intenção era provar
111
que seria possível utilizar um único mecanismo para alcançar todas as
informações necessárias, de maneira fácil e detalhada.
Como já conhecia Nova York, determinei roteiros para áreas que não havia
ido. Então, utilizando o mapa da ilha de Manhathan no Google Maps, separei
as regiões por dias de visitas. Antes de explicar o método de visitas aos locais
desejados, é preciso apresentar como foi realizada a busca pela hospedagem.
Realizaria a viagem em Dezembro (alto inverno e alta temporada) e estaria
sozinha. Por isso, determinei que a hospedagem deveria estar próxima à áreas
movimentadas, como a Times Square, para que eu pudesse andar
tranquilamente mesmo durante a noite. Utilizando o Google Maps, comecei a
procurar quais hotéis haviam ao redor das áreas delimitadas, com foco na
Times Square
Ao aproximar o mapa da área, podemos ver a imagem de uma cama
seguida de um nome, que representam o hotel que se encontra naquele local.
Ao clicar em cima do nome do hotel, é possível ler uma pequena resenha, a
categoria deste hotel, o endereço e as informações básicas como telefone ou
site. E assim, a pesquisa foi sendo feita. Como a prioridade era a localização,
fui em busca de hotéis com preços acessíveis em áreas do meu interesse.
Figura 56 - Imagem do mapa de Nova York, EUA, com as informações de um dos hotéis.
112
Para saber se o hotel estava de acordo com minhas expectativas, buscava
a imagem da fachada no Google Street View, como na figura abaixo. Além
disso, utilizando esta ferramenta era possível analisar a rua, o acesso a ela, a
distância de alguns pontos turísticos, além de padarias e cafeterias por perto,
facilitando na identificação da área.
Definido o hotel e feita à reserva, era preciso definir os roteiros de cada
dia. Como comentado anteriormente, os passeios foram divididos por áreas e
dias, seguindo o mapa da ilha. Por exemplo, para conhecer a região cultural do
Greenwich Village, que fica no lado oeste da ilha, fui pesquisando no mapa as
principais ruas, parques e pontos de interesse, e buscava as imagens do
Google Street View para ter uma orientação e saber por quais ruas deveria
andar.
Outros pontos turísticos também foram sendo descobertos utilizando o
Google Maps e o Google Street View. Por exemplo, um dos parques do
Brooklin, localizado atrás da Brooklin Bridge e com um vista privilegiada da ilha
de Manhathan, que era um dos meus pontos turistícos de interesse, porém,
não sabia o nome do local, apenas sabia qual a vista que se tinha de
Manhathan a partir desse parque. Assim, para encontrá-lo localizei
primeiramente no Google Maps, como mostra a imagem abaixo.
Figura 57 - Imagem do hotel em Nova York, EUA, no Google Street View
113
A seguir, era necessário descobrir como chegar até este local utilizando
apenas o metrô da cidade. Assim, localizei a estação mais próxima do parque
no Google Maps, anotei as direções do metrô até o Parque, e pude conhecer
um dos pontos turísticos de Nova York, que não estavam entre os pontos
turísticos tradicionais, mas que era um local que eu tinha muito interesse em
conhecer.
Figura 58 - Imagem do Empire Fulton Ferry State Park, no Brooklin, EUA (GOOGLE MAPS, 2011)
Figura 59 - Detalhe do metrô localizado no Google Maps.
114
Com essa experiência, é possível perceber como a maneira de buscar
informações turísticas foi modificada, e como, o Google facilitou esse
procedimento a partir das inúmeras ferramentas criadas para aproximar os
turistas do seu objetivo final.
Figura 60 - Fotografia do parque (Dezembro, 2010)
115
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acompanhamos freneticamente os avanços das tecnologias da
comunicação ao longo dos últimos anos, onde o novo se torna obsoleto quase
que instantaneamente, sem saber ao certo qual mundo essas mudanças
criarão. Um dos resultados claros desses avanços foi a formação de uma
busca coletiva e de magnitude nunca antes vivenciada das informações, que
Lévy considera como uma forma de inteligência coletiva, onde todos podem ter
conhecimentos sobre todos os assuntos com a ajuda da internet, que
possibilita a socialização e a troca desses conhecimento entre pessoas e
mundos.
Essas mudanças aconteceram rapidamente ao longo das últimas décadas
e impactou diretamente o turismo e seus participantes, modificando suas
estruturas, prestações de serviços, fontes de informação e principalmente a
comunicação com seu consumidor. Esse consumidor foi exposto a iniciativas e
tecnologias que facilitaram seu relacionamento com o turismo, podendo
participar mais ativamente de sua própria viagem e ampliar infinitamente seu
leque de opções de escolha. Além disso, ficou muito mais exigente perante
suas experiências e também muito mais participativo, comunicando-se com
outros viajantes que compartilham suas experiências criando um cenário
colaborativo rico em informações e opiniões.
O entendimento do comportamento desse público e as ferramentas que ele
utiliza para vivenciar o turismo são fundamentais para a criação de estratégias
mais certeiras no cenário 2.0. É fundamental que os agentes do trade turístico
direcionem seus esforços em aceitar as mudanças e participar ativamente
delas, acompanhando assim seu público e garantido sua permanência no
mercado.
O presente trabalho procurou apresentar algumas das mudanças e as
tendências que impactaram o cenário do turismo do século XXI, com destaque
para os avanços tecnológicos, da internet e do comportamento social que
buscam hoje, muito mais informação sobre todos os assuntos, dentre eles o
116
turismo. Assim, o surgimento de diversos sites e ferramentas, com destaque
para as desenvolvidas pelo Google, modificaram a maneira como o turista atua
no ciclo de viagem proposto por Cole (2009).
O turista do mundo 2.0 tem vontades e inspirações impactadas por
tecnologias desenvolvidas com criatividade e que hoje, são consideradas
diferenciais, seja de um atrativo, de um destino ou de um hotel. Isso se tornará
cada vez mais um fator decisivo e fortemente influenciador nas suas escolhas,
já que não há nenhuma previsão de regressão desse cenário revolucionário da
informação associado à tecnologias digitais e virtuais.
A partir da análise de algumas destas ferramentas, principalmente do
Google Maps e do Google Earth, foi possível observar que muito já se foi feito.
Desde mapas digitais que possibilitam a visualização de locais no mundo
inteiro, até sites que propõem roteiros de viagem detalhados e que permitem a
aquisição de serviços e produtos turísticos sem a necessidade da intercepção
de agentes de viagens.
O estudo desse comportamento é constante e não pode ser considerado
finalizado. Assim como as mudanças do mundo são extremamente aceleradas,
na mesma velocidade acontecem as mudanças de comportamento do turista,
que não deixa de acompanhar as possibilidades em otimizar e intensificar suas
experiências.
Proponho, a partir das analises realizadas neste trabalho, que novas
pesquisas sobre os impactos causadas pelas constantes mudanças socio-
tecnológicas no turismo continuem e se intensifiquem. É incontestável que o
consumidor do turismo acompanha as modificações no seu entorno, e que
exigirá cada vez mais das estruturas do turismo esta mesma evolução. Afinal,
tudo isso converte para uma experiência turística muito mais completa, além de
proporcionar conhecimentos ilimitados e igualitários para toda sociedade que
participa ativamente da internet.
117
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