130
UNIJUI - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DACEC - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONOMIAS E DA COMUNICAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS LUCIANE ZANCHI HORN BRAZ AUDITORIA OPERACIONAL DE RECURSOS HUMANOS DA EMPRESA CARVÕES BV. IJUÍ (RS) 2012

TCC - Luciane Braz.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

  • UNIJUI - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO

    ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

    DACEC - DEPARTAMENTO DE CINCIAS ADMINISTRATIVAS,

    CONTBEIS, ECONOMIAS E DA COMUNICAO

    CURSO DE CINCIAS CONTBEIS

    LUCIANE ZANCHI HORN BRAZ

    AUDITORIA OPERACIONAL DE RECURSOS HUMANOS

    DA EMPRESA CARVES BV.

    IJU (RS)

    2012

  • 2

    LUCIANE ZANCHI HORN BRAZ

    AUDITORIA OPERACIONAL DE RECURSOS HUMANOS

    DA EMPRESA CARVES BV.

    Trabalho de Concluso de Curso para a obteno do ttulo de graduao no Curso de Cincias Contbeis da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul UNIJUI.

    Professor Orientador: Irani Paulo Basso

    IJU (RS)

    2012

  • 3

    LUCIANE ZANCHI HORN BRAZ

    AUDITORIA OPERACIONAL DE RECURSOS HUMANOS

    DA EMPRESA CARVES BV.

    Trabalho de Concluso de Curso para a obteno do ttulo de graduao no Curso de Cincias Contbeis da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul UNIJUI.

    Aprovado em:

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. Lauri Basso

    Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul UNIJUI.

    Prof. Irani Basso

    Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul UNIJUI.

  • 4

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo em primeiro lugar Deus, por ser a base das minhas conquistas.

    Agradeo a minha me Carmem, que sempre me incentivou e me apoiou para

    que eu nunca desistisse e conquistasse meus objetivos, e ao meu pai Olmiro (in

    memorian), que mesmo no estando mais junto de ns deve estar guiando meus passos.

    Um agradecimento especial ao meu esposo Andr que me acompanhou durante

    o curso, com sua dedicao, apoio e principalmente compreenso nos momentos de

    nervosismo.

    Aos meus irmos e demais familiares que sempre me deram fora e coragem.

    Agradeo a todos os professores que durante o curso transmitiram seus

    conhecimentos para que eu aprimorasse os meus, em especial ao professor Irani Paulo

    Basso, orientador e amigo, por ter acreditado no meu potencial.

    A empresa, principalmente ao proprietrio e ao empregado do escritrio de

    contabilidade, pela colaborao obtida para a realizao deste trabalho.

    Aos amigos e colegas que estiveram ao meu lado, sempre dispostos a ajudar,

    com um gesto ou uma palavra de incentivo.

    Muito Obrigado

  • 5

    RESUMO

    Hoje em dia uma empresa no pode mais deixar de lado as questes trabalhistas.

    Empregados satisfeitos resultam em benefcios. O servio de auditoria de recursos

    humanos um trabalho de medio e preveno, que envolvem o estabelecimento de

    aes que visem solucionar problemas ou preveni-los, evitando demandas judiciais e

    infraes administrativas. O objetivo deste trabalho identificar como esto sendo feitas

    as rotinas trabalhistas na entidade, diante da legislao aplicada aos recursos humanos.

    Foi feita uma pesquisa na entidade auditada e verificou-se que as rotinas relacionadas ao

    departamento esto sendo aplicadas corretamente, seguindo com a legislao e as

    normas internas da organizao, evitando assim possveis reclamatrias trabalhistas ou

    multas de rgos fiscalizadores.

    Palavras-chave: Auditoria de Recursos Humanos.

  • 6

    LISTA DE QUADROS

    PAPIS DE TRABALHO DE AUDITORIA Quadro 01: Controles internos ................................................................................................ 101 Quadro 02: Admisso de empregados .................................................................................... 103 Quadro 03: Exame mdico admissional e demissional .......................................................... 104 Quadro 04: Contrato de trabalho ............................................................................................ 105 Quadro 05: Carteira de Trabalho e Previdncia Social .......................................................... 106 Quadro 06: FGTS, PIS / PASEP e INSS ................................................................................ 107 Quadro 07: Contribuio Sindical .......................................................................................... 108 Quadro 08: Horrio de trabalho .............................................................................................. 109 Quadro 09: Quadro de pessoal................................................................................................ 110 Quadro 10: Proventos ............................................................................................................. 111 Quadro 11: Descontos ............................................................................................................ 113 Quadro 12: Encerramento da folha de pagamento ................................................................. 115 Quadro 13: Vale transporte..................................................................................................... 116 Quadro 14: Dcimo terceiro salrio ....................................................................................... 117 Quadro 15: Frias ................................................................................................................... 118 Quadro 16: RAIS e CAGED .................................................................................................. 119 Quadro 17: Resciso do contrato de trabalho ......................................................................... 120 Quadro 18: Seguro desemprego ............................................................................................. 121 Quadro 19: Perfil Profissiogrfico Previdencirio - PPP ....................................................... 122

  • 7

    SUMRIO

    INTRODUO ........................................................................................................................ 9 1 CONTEXTUALIZAO DO ESTUDO .......................................................................... 10 1.1 REA DO CONHECIMENTO CONTEMPLADA .......................................................... 10 1.2 CARACTERIZAO DA ORGANIZAO ................................................................... 10 1.3 PROBLEMATIZAO DO TEMA .................................................................................. 11 1.4 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 12 1.5 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 12 1.6 METODOLOGIA DO TRABALHO ................................................................................. 13 2. REVISO BIBLIOGRFICA .......................................................................................... 18 2.1 CONTABILIDADE ........................................................................................................... 18 2.1.1 Finalidades da contabilidade ........................................................................................ 18 2.1.2 Conceitos da contabilidade ........................................................................................... 19 2.1.3 Funes e objetivos da contabilidade ........................................................................... 19 2.1.4 Ramos da contabilidade ................................................................................................ 20 2.1.5 Princpios da Contabilidade ......................................................................................... 21 2.1.6 Normas Brasileiras de Contabilidade .......................................................................... 25 2.2 AUDITORIA ...................................................................................................................... 27 2.2.1 Origem e evoluo da auditoria ................................................................................... 28 2.2.2 Conceito da auditoria .................................................................................................... 28 2.2.3 Objeto da auditoria ....................................................................................................... 29 2.2.4 Objetivo da auditoria .................................................................................................... 29 2.2.5 Classificao da auditoria ............................................................................................. 30 2.2.6 Tipos de auditoria .......................................................................................................... 30 2.2.7 Formas de auditoria ...................................................................................................... 32 2.2.8 Normas e tcnicas de auditoria .................................................................................... 36 2.2.9 Papis de trabalho da auditoria ................................................................................... 38 2.2.10 Sistema de controles internos ..................................................................................... 42 2.2.11 Planejamento e programa de auditoria ..................................................................... 43 2.2.12 Relatrios de auditoria ................................................................................................ 44 2.2.13 tica profissional ......................................................................................................... 44 2.3 AUDITORIA DE RECURSOS HUMANOS ..................................................................... 46 2.3.1 Administrao de pessoal .............................................................................................. 46 2.3.2 Documentao necessria ............................................................................................. 47 2.3.3 Contrato de trabalho ..................................................................................................... 48

  • 8

    2.3.4 Jornada de trabalho ...................................................................................................... 50 2.3.5 Livro ou ficha de registro de empregados ................................................................... 54 2.3.6 Exigncias legais ............................................................................................................ 54 2.3.7 Folha de pagamento....................................................................................................... 59 2.3.8 PIS Programa de Integrao Social .......................................................................... 76 2.3.9 Frias .............................................................................................................................. 78 2.3.10 Resciso de contrato de trabalho ............................................................................... 81 2.3.11 Seguro desemprego ...................................................................................................... 85 2.3.12 PAT Programa de Alimentao do Trabalhador .................................................. 86 2.3.13 GFIP - Guia de Recolhimento do FGTS e de Informaes Previdncia Social ........................................................................................................................................ 86 2.3.14 GRRF - Guia de Recolhimento Rescisrio do FGTS ............................................... 88 3 ATIVIDADE PRTICA: AUDITORIA DE RECURSOS HUMANOS ........................ 90 3.1 PROGRAMA DE AUDITORIA DE RECURSOS HUMANOS ....................................... 90 3.1.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 90 3.1.2 Amostragem ................................................................................................................... 91 3.1.3 Procedimentos de verificao ....................................................................................... 91 3.1.4 Avaliao dos controles internos .................................................................................. 91 3.1.5 Objetos de exame ........................................................................................................... 91 3.2 ELABORAO DOS PAPIS DE TRABALHO DE AUDITORIA ............................. 100 3.3 RELATRIO DE AUDITORIA ...................................................................................... 123 CONCLUSO ....................................................................................................................... 128 REFERNCIAS ................................................................................................................... 129

  • 9

    INTRODUO

    A realizao do trabalho de concluso de curso tem como propsito a ampliao

    qdos conhecimentos da acadmica na rea contbil em geral, com nfase na rea de

    auditoria operacional de recursos humanos.

    A auditoria compreende, como explicitam a maioria dos autores da rea, o

    exame de documentos, livros e registros, inspees e obteno de informaes internas

    e externas, relacionados com o controle do patrimnio, bem como aqueles relacionados

    s reas operacionais da Entidade, entre elas, o setor de recursos humanos.

    A auditoria uma atividade cada vez mais essencial para as entidades e para a

    sociedade como um todo, sendo de uso imprescindvel, na medida em que as estruturas

    administrativas se complexificam, os processos se renovam, demandando cada vez mais

    medidas de controles, tanto ao nvel interno como externo, entrando a, a tcnica

    contbil da auditoria como medida adequada para alcanar tais objetivos.

    A auditoria operacional destina-se a determinar se as operaes da empresa

    auditada esto ocorrendo de forma correta. A auditoria pode servir como uma

    ferramenta de suporte aos gestores das empresas, ajudando-os nas tomadas de decises

    e auxiliando nos procedimentos com informaes contbeis, operacionais e

    administrativas, apontando eventuais problemas e possveis solues para os mesmos.

    Inicialmente, o trabalho de concluso de curso apresenta a contextualizao do

    estudo, onde foi definido o tema, o problema, os objetivos, a justificativa, e a

    metodologia a ser utilizada no desenvolvimento do estudo.

    No segundo captulo foi realizada a reviso bibliogrfica que envolveu pesquisa

    em livros, revistas, internet e textos publicados. Nesta etapa se desenvolveu o estudo

    terico, que fundamentou a rea objeto de estudo do trabalho, no caso, a auditoria

    operacional de recursos humanos, seguido da bibliografia consultada na sua execuo.

  • 10

    1 CONTEXTUALIZAO DO ESTUDO

    Nesta parte do trabalho, apresenta-se a parte inicial do estudo, composta pela

    definio do tema, do problema e dos objetivos a serem contemplados em seu

    desenvolvimento, seguido da justificativa e da metodologia a ser utilizada durante a

    realizao do estudo.

    1.1 REA DO CONHECIMENTO CONTEMPLADA

    A cincia contbil foi concebida para estudar e controlar o patrimnio das

    entidades, contando para isso de diversas tcnicas que a operacionalizam nas diversas

    reas de atuao do profissional contbil, dentre elas a da auditoria. A principal viso da

    auditoria fornecer s organizaes, relatrios para que a empresa possa ser

    reconhecida como uma empresa que realiza seus processos corretamente. A auditoria

    atua no sentido de avaliar e confirmar as demonstraes e informaes divulgadas,

    assim como verificar os mecanismos de controle interno e os procedimentos

    operacionais e administrativos das organizaes.

    A rea de conhecimento escolhida para a realizao do trabalho de concluso de

    curso de graduao em Cincias Contbeis a auditoria operacional, com aplicao

    prtica na rea de recursos humanos, tendo como objeto de estudo uma empresa que

    tem como atividade principal o comrcio atacadista de combustvel de origem vegetal,

    localizada na cidade de Iju-RS, para verificar as rotinas trabalhistas da sua diviso de

    administrao de recursos humanos.

    1.2 CARACTERIZAO DA ORGANIZAO

    O trabalho foi realizado em uma empresa que tem como atividade principal o

    comrcio atacadista de combustvel de origem vegetal, o carvo. Essa empresa foi

    constituda em 31 de janeiro de 1984 e est situada no bairro Alvora do municpio de

    Iju (RS) registrada como microempresa, sendo optante pelo sistema de tributao do

    Simples Nacional.

  • 11

    A empresa tem um scio proprietrio, o seu faturamento fica em torno de R$

    35.000,00 (trinta e cinco mil reais) mensais; seu quadro de funcionrios constitudo de

    cinco colaboradores, distribudos em secretria, empacotador e motorista entregador, o

    proprietrio o responsvel pela rea financeira da empresa, sendo que a contabilidade

    e a folha de pagamento so feitas por um escritrio de contabilidade.

    Por se tratar do ramo do comrcio atacadista de carvo, a empresa procura

    atender as necessidades de seus clientes, oferecendo sempre produtos de qualidade.

    1.3 PROBLEMATIZAO DO TEMA

    A auditoria operacional visa avaliao dos controles internos e da eficcia dos

    procedimentos administrativos e operacionais da empresa. Consiste basicamente em

    diagnosticar a Entidade e fornecer sua administrao um relatrio situacional,

    contribuindo nos controles e avaliao de desempenho adequado e correto de suas

    funes e responsabilidades, avaliando se a empresa auditada est atingindo os

    objetivos propostos, com identificao de eventuais falhas e irregularidades no sistema

    operacional, com vista s devidas correes tempestivas. O objetivo da auditoria

    operacional auxiliar os membros da gesto da entidade a desempenhar eficientemente

    suas funes e responsabilidades, fornecendo-lhes anlises, recomendaes,

    comentrios e objetivos sobre as atividades desenvolvidas.

    Na organizao em que foi realizado o trabalho, no houveram aes no sentido

    do diagnstico preventivo nas diferentes reas administrativas, porm, a realizao

    dessa tarefa de concluso de curso, foi de fundamental importncia para a proponente,

    tambm foi mais uma oportunidade para que o setor de recursos humanos tivesse sua

    disposio informaes de origem externa para maior segurana no funcionamento de

    seus controles internos na preveno de que irregularidades no estejam ocorrendo e, no

    caso de falhas identificadas, pudessem antecipadamente serem sanadas, evitando assim,

    futuras aes fiscais.

    Diante disso, a pergunta que norteia e que o trabalho procurar dar resposta :

    Como esto sendo feitas as rotinas trabalhistas na entidade, diante da legislao

    aplicada aos recursos humanos?

  • 12

    1.4 OBJETIVOS

    Os objetivos determinam o que se quer alcanar com a elaborao do Trabalho

    de Concluso de Curso, de forma a buscar o objeto que ser a resposta da problemtica

    estabelecida.

    1.4.1 Objetivo geral

    Elaborar e aplicar um programa de auditoria de recursos humanos, com a

    finalidade de informar direo sobre eventuais falhas nas rotinas trabalhistas, bem

    como, proporcionar a acadmica, desenvolver e colocar em prtica seus conhecimentos

    na rea objeto de estudo.

    1.4.2 Objetivos especficos

    - Revisar e aprofundar, atravs da literatura especializada, os conhecimentos em

    contabilidade, auditoria, legislao trabalhista, fiscal e previdenciria, rotinas

    trabalhistas e outros assuntos que forem pertinentes;

    - definir pontos de controle para a aplicao da auditoria;

    - levantar pontos da legislao e rotinas trabalhistas utilizados pela entidade;

    - analisar os controles internos em uso na empresa, identificando eventuais

    falhas e possveis aperfeioamentos;

    - elaborar um programa de auditoria de recursos humanos aplicvel entidade;

    - aplicar o programa desenvolvido na entidade, fazendo um relatrio de

    auditoria, com recomendaes quando necessrio.

    1.5 JUSTIFICATIVA

    Como acadmica de Cincias Contbeis, a realizao deste trabalho contribui

    para a aprendizagem, enriquecendo tanto o lado pessoal como o profissional, podendo

  • 13

    colocar em prtica conhecimentos estudados na formao acadmica. A escolha pela

    auditoria de recursos humanos vem do interesse pelo assunto e certamente servir para

    outras pessoas ou organizaes, como um entendimento detalhado das rotinas

    trabalhistas no setor de recursos humanos.

    Para a Entidade objeto da prtica do estudo, pode servir de instrumento de

    anlise e ajudar a avaliar se as rotinas trabalhistas esto sendo desenvolvidas

    corretamente de acordo com a legislao e com as normas internas da organizao,

    evitando assim possveis reclamatrias trabalhistas ou at mesmo multas de rgos

    fiscalizadores.

    Para a acadmica, na condio de concluinte do curso de Cincias Contbeis, se

    trata de excelente oportunidade para aprofundar e aprimorar conhecimentos tericos e

    tcnicos na rea contbil e na tcnica da auditoria e especialmente de coloc-los em

    prtica, buscando com isso o aperfeioamento profissional.

    Para a Universidade, bem como para o curso de Cincias Contbeis e a

    comunidade em geral, o produto deste trabalho vem aumentar o acervo de fonte de

    estudo e pesquisa na rea de auditoria de recursos humanos.

    1.6 METODOLOGIA DO TRABALHO

    Esta parte do trabalho est voltada para a classificao da pesquisa, sua natureza

    e seus objetivos, coleta de dados e outras situaes ligadas ao campo do conhecimento

    contbil e segue com a anlise e interpretao de dados, necessria para a elaborao e o

    desenvolvimento da pesquisa.

    1.6.1 Classificao da pesquisa

    Na classificao da pesquisa so expostos os dimensionamentos condicionantes

    e delimitantes das aes a serem implementadas na elaborao dos estudos tericos e

    das atividades operacionais da parte prtica do trabalho de concluso de curso a ser

    elaborada pela autora.

  • 14

    a) Do ponto de vista de sua natureza

    Do ponto de vista de sua natureza, a pesquisa pode ser classificada como

    aplicada, pois pode gerar conhecimentos por meio de sua reviso bibliogrfica e

    aplicao prtica, voltados soluo de problemas especficos, e conforme Vergara

    (2009, p. 43):

    A pesquisa aplicada fundamentalmente motivada pela necessidade de resolver problemas concretos, mais imediatos, ou no. Tem, portanto, finalidade prtica, ao contrrio da pesquisa pura, motivada basicamente pela curiosidade intelectual do pesquisador e situada, sobretudo, no nvel da especulao.

    Toda pesquisa aplicada envolve, segundo Silva e Menezes (apud KELM, 2007,

    p.43), [...] verdades e interesses locais e tem inmeras possibilidades para aplicao

    nas Cincias Sociais.

    b) Do ponto de vista dos seus objetivos

    Considerando o objetivo geral do estudo, esta pesquisa caracteriza-se de trs

    formas, a primeira como exploratria, que conforme Gil (apud KELM, 2007, p. 43):

    A pesquisa exploratria o primeiro passo do trabalho cientfico. So finalidades de uma pesquisa exploratria, sobretudo quando bibliogrfica, proporcionar maiores informaes sobre determinado assunto; facilitar a delimitao de um tema de trabalho; definir os objetivos ou formular as hipteses de uma pesquisa ou descobrir novo tipo de enfoque para o trabalho que se tem em mente. Atravs das pesquisas exploratrias avalia-se a possibilidade de desenvolver uma boa pesquisa sobre determinado assunto. Portanto, a pesquisa exploratria, na maioria dos casos, constitui um trabalho preliminar ou preparatrio para outro tipo de pesquisa.

    A segunda, como pesquisa descritiva, pois descreve as caractersticas de

    determinada populao ou o estabelecimento de relaes entre variveis. Envolve o uso

    de tcnicas padronizadas de coleta de dados e questionrio. Segundo Andrade (apud

    BEUREN, 2004, p. 81):

  • 15

    A pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registr-los, analis-los, classific-los e interpret-los, e o pesquisador no interfere neles. Assim, os fenmenos do mundo fsico e humano so estudados, mas no so manipulados pelo pesquisador.

    Por fim, em pesquisa explicativa, que visa identificar os fatores que contribuem

    para a ocorrncia dos fenmenos, aprofunda o conhecimento da realidade, explicando o

    porqu das coisas e quando realizada nas cincias naturais, requer o uso do mtodo

    experimental e, nas cincias sociais, requer o mtodo observacional.

    c) Quanto forma do problema

    A pesquisa tambm pode ser classificada como qualitativa, que considera que h

    uma relao dinmica entre o mundo real e o sujeito e no requer o uso de mtodos e

    tcnicas estatsticas.

    Conforme Beuren (2010, p. 92), [...] na pesquisa qualitativa concebem-se

    anlises mais profundas em relao ao fenmeno que est sendo estudado, baseada

    na interpretao dos fenmenos, tendo o ambiente natural como fonte direta na coleta de

    dados, descreve e destaca complexidades e caractersticas mais profundas do problema

    em estudo.

    d) Do ponto de vista dos procedimentos tcnicos

    Quanto aos procedimentos tcnicos, segundo Gil (2002), a pesquisa pode ser

    classificada como bibliogrfica, por ser desenvolvida com base em material j

    elaborado, constitudo principalmente de livros e artigos cientficos e atualmente com

    material disponibilizado na internet; tambm como pesquisa documental, pois ser

    elaborada a partir de materiais que no receberam ainda um tratamento analtico, como

    instrues normativas e manuais internos da organizao; como levantamento, quando

    se utilizou da interrogao direta de pessoas acerca do problema estudado; e ainda como

    estudo de caso, pois consiste no estudo profundo e exaustivo do objeto em estudo, de

    maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento.

  • 16

    1.6.2 Plano de coleta de dados

    Segundo Andrade (2003, p. 152-153), [...] a coleta de dados constitui uma etapa

    importantssima na pesquisa de campo, mas no deve ser confundida com a pesquisa

    propriamente dita.

    O plano de coleta de dados consistiu de um levantamento de informaes atravs

    de observao e entrevista para saber as rotinas e procedimentos realizados no setor de

    recursos humanos da empresa. Consistiu ainda de anlise e reviso de documentos do

    setor, onde posteriormente foram feitos apontamentos baseados nas normas de auditoria

    e legislao trabalhista e previdenciria.

    a) Instrumento de coleta de dados

    Segundo Beuren (2004), os instrumentos de pesquisa so entendidos como

    preceitos ou processos que o cientista deve utilizar para direcionar, de forma lgica e

    sistemtica, o processo de coleta, anlise e interpretao de dados.

    Para este estudo, foram utilizadas entrevistas, sendo elas no estruturadas e

    informais, para obter melhores informaes sobre os controles internos, e ainda foi

    efetuada a pesquisa documental, para a conferncia das rotinas e procedimentos

    realizados no setor de recursos humanos.

    Como instrumento de coleta de dados, com foco nas tcnicas de observao, que

    se constitui de observao sistemtica, possui planejamento e utilizada em pesquisas

    mais detalhadas; observao no participante, onde o pesquisador presencia o fato, mas

    no participa do mesmo; observao individual, realizada apenas por um pesquisador; e,

    observao na vida real, onde os dados so registrados na medida em que eles

    acontecem.

  • 17

    1.6.3 Anlise e interpretao dos dados

    Segundo Beuren (2004, p. 141), [...] a anlise deve ser feita para atender aos

    objetivos da pesquisa e para comparar e confrontar dados e provas, no intuito de

    confirmar ou rejeitar as hipteses ou os pressupostos da pesquisa monogrfica.

    A anlise e interpretao dos dados foi feita por meio de verificao de folhas de

    pagamento, de carteiras de trabalho, do livro de registro de empregados e outros

    registros correlacionados, verificando-se se os mesmos esto de acordo com as normas e

    as leis correlacionadas e vigentes.

    Os dados levantados foram analisados de forma descritiva e quantitativa, sendo

    verificados clculos e registros feitos. Para uma melhor interpretao os dados, foram

    anotados os dados e as informaes nos papis de trabalho, o que serviu como base para

    o relatrio de auditoria.

  • 18

    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    Neste captulo foram abordadas as consideraes de autores sobre contabilidade,

    auditoria, legislao trabalhista, fiscal e previdenciria, dentre outros aspectos que se

    fizerem necessrios para o embasamento terico da autora do trabalho de concluso de

    curso.

    2.1 CONTABILIDADE

    A contabilidade to remota quanto o homem. A necessidade de acompanhar a

    evoluo do patrimnio foi o grande motivo para o seu desenvolvimento. O grau de

    avano da contabilidade est associado ao grau de progresso econmico, social e

    institucional de cada sociedade.

    A contabilidade uma cincia essencialmente utilitria, no sentido de que

    responde, por mecanismos prprios, a estmulos dos vrios setores da economia. Ela

    tem uma importncia fundamental nas organizaes, pois por meio dela que a

    administrao consegue cumprir seu papel de planejamento e controle. mediante os

    nmeros da contabilidade que a administrao faz seus oramentos e tambm o controle

    entre o que foi planejado e o que foi alcanado.

    2.1.1 Finalidades da contabilidade

    Segundo Basso (2005, p. 24), a finalidade primordial da contabilidade utilizar

    as informaes geradas a partir dos seus registros para o controle e planejamento da

    entidade, pois a contabilidade o ncleo central de controle patrimonial, podendo com

    isto comparar previses e oramentos com a realidade da empresa, bem como colaborar

    com o processo decisrio atravs do planejamento.

    A partir da necessidade de controle do patrimnio, se identifica a finalidade a

    que se destina a contabilidade, que gerar informaes de ordem qualitativa e

    quantitativa seus interessados, sejam administradores, acionistas, bancos,

    financiadores, fornecedores, governos e pessoas fsicas.

  • 19

    2.1.2 Conceitos da contabilidade

    A contabilidade uma cincia social, mais especificamente do grupo das

    cincias econmicas e administrativas, que se utiliza de tcnicas para se tornar til e

    cumprir com as finalidades para que foi concebida.

    Conforme Basso (2005, p. 22), entende a contabilidade como:

    Conjunto ordenado de conhecimentos, leis, princpios e mtodo de evidenciao prprios, a cincia que estuda, controla e observa o patrimnio das entidades nos seus aspectos quantitativo (monetrio) e qualitativo (fsico) e que, como conjunto de normas, preceitos e regras gerais, se constitui na tcnica de coletar, catalogar e registrar os fatos que nele ocorrem, bem como de acumular, resumir e revelar informaes de suas variaes e situao, especialmente de natureza econmico-financeira.

    A contabilidade tem origem h mais de trinta mil anos, na pr-histria, onde os

    homens primitivos faziam o registro de suas caas e coletas desenhado nas paredes das

    cavernas, mostrando assim as suas riquezas.

    2.1.3 Funes e objetivos da contabilidade

    O objetivo principal da contabilidade fornecer informaes econmicas para

    que o usurio possa tomar decises e fazer julgamentos de forma segura. A

    contabilidade deve ser flexvel para fornecer conjuntos diferenciados de informaes

    para o usurio ou para decises especiais.

    Segundo Basso (2005, p. 25), os principais objetivos da contabilidade so:

    - controlar (fsica e monetariamente) o patrimnio da entidade; - apurar os resultados decorrentes das variaes ocorridas no patrimnio da entidade; - evidenciar a situao patrimonial, econmica e financeira da entidade, bem como suas tendncias; - atentar para o cumprimento de normas, leis e demais dispositivos emergentes da legislao aplicvel aos negcios da entidade; - fornecer informaes sobre o patrimnio aos seus usurios, de acordo com suas necessidades.

  • 20

    Para os objetivos serem bem executados, a contabilidade deve elaborar vrias

    funes que so atribudas a ela, que segundo Basso (2005, p. 25), so:

    - coletar os documentos comprobatrios dos atos e fatos administrativos e econmicos que ocorrem na entidade; - classificar os documentos comprobatrios de acordo com as alteraes que provocam no patrimnio da entidade; - registrar os fatos contbeis decorrentes das alteraes patrimoniais nos livros de escriturao contbil da entidade; - acumular informaes quantitativas e qualitativas do patrimnio e suas variaes, ao longo do tempo; - resumir informaes do patrimnio e suas variaes, em demonstrativos contbeis; - revelar a situao patrimonial, econmica e financeira da entidade.

    Os objetivos revelam a noo da contabilidade, entendida como o centro do

    controle do patrimnio da entidade, para onde devem ser direcionados os documentos

    que comprovem variaes em seus elementos, para que possam ser analisados e

    avaliados do ponto de vista da legitimidade do ato e, logo aps, processados

    contabilmente para gerar informaes sobre a nova situao do patrimnio.

    2.1.4 Ramos da contabilidade

    A contabilidade possui um amplo campo de aplicao e que no pode ser

    delimitado a um nico modo de aplicao, pois este existe aonde existir um patrimnio

    definido. Segundo Basso (2005, p. 27), os principais campos de aplicao da

    contabilidade podem ser classificados nos seguintes ramos:

    - Contabilidade Comercial; - Contabilidade Industrial; - Contabilidade Pblica; - Contabilidade Bancria; - Contabilidade Rural (Agrcola ou Agropecuria); - Contabilidade de Cooperativas; - Contabilidade de Seguradoras; - Contabilidade de Fundaes; - Contabilidade de Construtoras; - Contabilidade Hospitalar e - Contabilidade de condomnios, entre outros.

  • 21

    Segundo Basso (2005, p. 27), representam um amplo campo de aplicao da

    Contabilidade, as micro, pequenas, mdias e grandes empresas pblicas e privadas,

    entidades de fins ideais, propriedades rurais e pessoas fsicas em geral.

    2.1.5 Princpios da Contabilidade

    Para o desenvolvimento de qualquer atividade profissional, precisamos conhecer

    as regras adotadas para a sua execuo, isso tambm ocorre na atividade contbil, dessa

    forma pode-se estabelecer que os Princpios de Contabilidade, enunciados pela

    Resoluo do Conselho Federal de Contabilidade n 750/93, modificados pela

    Resoluo CFC n 1.282/10, representam verdades da cincia contbil e fundamentam a

    execuo dos trabalhos contbeis.

    A utilizao dos princpios pelos contadores visa garantir que a escriturao e as

    demonstraes contbeis, de qualquer entidade, reflitam a sua situao patrimonial,

    financeira e econmica em determinado momento.

    Os princpios so os pilares do sistema de normas, que estabelece regras sobre a

    apreenso, registro, demonstrao e anlise de variaes sofridas pelo patrimnio,

    buscando descobrir suas causas, de forma a possibilitar prospeces sobre a entidade e

    cuja aplicao no pode sofrer qualquer restrio.

    Segundo Basso (2005, p. 307), no caso da contabilidade, seus princpios valem

    para todos os patrimnios, independentemente das entidades a que pertenam, das

    finalidades para as quais sejam usados, da forma jurdica, ou da sua localizao,

    expressividade e quaisquer outros qualificativos, desde que gozem da condio de

    autonomia em relao aos demais patrimnios existentes.

    a) Princpio da Entidade

    De acordo com o artigo 4, sobre o Princpio da Entidade:

    Art. 4 O princpio da Entidade reconhece o Patrimnio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciao de um Patrimnio particular no universo dos patrimnios existentes, independentemente de

  • 22

    pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituio de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequncia, nessa acepo, o patrimnio no se confunde com aqueles dos seus scios ou proprietrios, no caso de sociedade ou instituio. Pargrafo nico: O Patrimnio pertence Entidade, mas a recproca no verdadeira. A soma ou agregao contbil de patrimnios autnomos no resulta em nova Entidade, mas numa unidade de natureza econmico-contbil.

    Este princpio reconhece o patrimnio como objeto da contabilidade e afirma a

    autonomia patrimonial, ou seja, a necessidade de se diferenciar o patrimnio da empresa

    do patrimnio dos scios, acionistas ou proprietrios da mesma.

    b) Princpio da Continuidade

    O nascimento de uma empresa se d com o registro de seu documento de

    constituio, a partir dai todas as suas operaes daro sustentao continuidade da

    empresa. A continuidade ou no da empresa influencia o valor econmico dos seus bens

    e direitos e o valor e o vencimento de suas obrigaes.

    Art. 5 - O Princpio da Continuidade pressupe que a Entidade continuar em

    operao no futuro e, portanto, a mensurao e a apresentao dos componentes do

    patrimnio levam em conta esta circunstncia. (Redao dada pela Resoluo CFC n

    1.282/10).

    c) Princpio da Oportunidade

    O artigo 6 trata do Princpio da Oportunidade:

    Art. 6 O Princpio da Oportunidade refere-se ao processo de mensurao e apresentao dos componentes patrimoniais para produzir informaes ntegras e tempestivas. Pargrafo nico A falta de integridade e tempestividade na produo e na divulgao da informao contbil pode ocasionar a perda de sua relevncia, por isso necessrio ponderar a relao entre a oportunidade e a confiabilidade da informao. (Redao dada pela Resoluo FCF n 1.282/10).

  • 23

    O Princpio da Oportunidade enfatiza o registro e relato de todas as variaes no

    patrimnio de uma entidade, no momento em que elas ocorrem.

    d) Princpio do Registro Pelo Valor Original

    O Princpio do Registro Pelo Valor Original esta enfatizado no artigo 7:

    Art. 7 O Princpio do Registro pelo Valor Original determina que os componentes do patrimnio devem ser inicialmente registrados pelos valores originais das transaes, expressos em moeda nacional. 1 As seguintes bases de mensurao devem ser utilizadas em graus distintos e combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas: I Custo histrico. Os ativos so registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que so entregues para adquiri-los na data da aquisio. Os passivos so registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca da obrigao ou, em algumas circunstncias, pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais sero necessrios para liquidar o passivo no curso normal das operaes; e II Variao do custo histrico. Uma vez integrado ao patrimnio, os componentes patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variaes decorrentes dos seguintes fatores: a) Custo corrente. Os ativos so reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no perodo das demonstraes contbeis. Os passivos so reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, no descontados, que seriam necessrios para liquidar a obrigao na data ou no perodo das demonstraes contbeis; b) Valor realizvel. Os ativos so mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma ordenada. Os passivos so mantidos pelos valores em caixa e equivalentes de caixa, no descontados, que se espera seriam pagos para liquidar as correspondentes obrigaes no curso normal das operaes da Entidade; c) Valor presente. Os ativos so mantidos pelo valor presente, descontado o fluxo futuro de entrada lquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das operaes da Entidade. Os passivos so mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo de sada lquida de caixa que se espera seja necessrio para liquidar o passivo no curso normal das operaes da Entidade; d) Valor justo. o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transao sem favorecimentos; e e) Atualizao monetria. Os efeitos da alterao do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contbeis mediante o ajustamento da expresso formal dos valores dos componentes patrimoniais.

  • 24

    2 So resultante da adoo da atualizao monetria: I a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, no representa unidade constante em termos do poder aquisitivo; II para que a avaliao do patrimnio possa manter os valores das transaes originais, necessrio atualizar sua expresso formal em moeda nacional, a fim de que permaneam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por conseguinte, o Patrimnio Lquido; e III a atualizao monetria no representa nova avaliao, mas to somente o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicao de indexadores ou outros elementos aptos a traduzir a variao do poder aquisitivo da moeda nacional em dato perodo. (Redao dada pela Resoluo CFC n 1.282/10).

    Os elementos patrimoniais devem ser registrados pela contabilidade por seus

    valores originais, expressos em moeda corrente do pas. Assim, os registros da

    contabilidade sero efetuados com embasamento no valor de aquisio do bem ou pelo

    custo de fabricao, incluindo todos os gastos para colocar o bem em condies de gerar

    benefcios para a empresa.

    f) Princpio da Competncia

    De acordo com o artigo 9:

    Art.9 O Princpio da Competncia determina que os efeitos das transaes e outros eventos sejam reconhecidos nos perodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. Pargrafo nico. O Princpio da Competncia pressupe a simultaneidade da confrontao de receitas e de despesas correlatas. (Redao dada pela Resoluo CFC n 1.282./10).

    Princpio ligado ao registro de todas as receitas e despesas de acordo com o fato

    gerador, no perodo de competncia, independentemente de terem sido recebidas ou

    pagas. O Princpio da Competncia est relacionado ao reconhecimento das receitas

    geradas e das despesas incorridas em determinado perodo.

  • 25

    g) Princpio da Prudncia

    O artigo 10 trata do Princpio da Prudncia:

    Art.10 O Princpio da Prudncia determina a adoo do menor valor para os componentes do Ativo e do maior para os do Passivo, sempre que se apresentarem alternativas igualmente vlidas para as quantificaes das mutaes patrimoniais que alterem o Patrimnio Lquido. Pargrafo nico. O Princpio da Prudncia pressupe o emprego de certo grau de precauo no exerccio de julgamentos necessrios s estimativas em certas condies de incerteza, no sentido de que ativos e receitas no sejam superestimados e que passivos e despesas no sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de mensurao e apresentao dos componentes patrimoniais. (Redao dada pela Resoluo CFC n 1.282/10).

    O Princpio da Prudncia especifica que diante de duas alternativas igualmente

    vlidas, para a quantificao da variao patrimonial, ser adotado o menor valor para

    os bens ou direitos e o maior valor para as exigibilidades. Quando se apresentarem

    opes igualmente aceitveis, ser escolhida a opo que diminui o valor do Patrimnio

    Lquido.

    2.1.6 Normas Brasileiras de Contabilidade

    As Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) constituem-se num conjunto de

    regras e procedimentos de conduta, que devem ser observados como requisitos para o

    exerccio da profisso contbil, bem como os conceitos doutrinrios, princpios,

    estrutura tcnica e procedimentos a serem aplicados na realizao dos trabalhos

    previstos nas normas aprovadas por resolues emitidas pelo CFC.

    As Normas Brasileiras de Contabilidade so classificadas em Profissionais e

    Tcnicas.

    As Normas Brasileiras de Contabilidade Profissionais se estruturam da seguinte

    forma, conforme definido pela Resoluo 1.328/2011:

  • 26

    I - Geral - NBC PG - so as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas indistintamente a todos os profissionais de Contabilidade; II - do Auditor Independente - NBC PA - so as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas, especificamente, aos contadores que atuam como auditores independentes; III - do Auditor Interno - NBC PI - so as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas especificamente aos contadores que atuam como auditores internos; IV - do Perito - NBC PP - so as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas especificamente aos contadores que atuam como peritos contbeis.

    As Normas Brasileiras de Contabilidade Tcnicas se estruturam da seguinte

    forma:

    I - Geral - NBC TG - so as Normas Brasileiras de Contabilidade convergentes com as normas internacionais emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB); e as Normas Brasileiras de Contabilidade editadas por necessidades locais, sem equivalentes internacionais; II - do Setor Pblico - NBC TSP - so as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Pblico, convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor Pblico, emitidas pela International Federation of Accountants (IFAC); e as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Pblico editadas por necessidades locais, sem equivalentes internacionais; III - de Auditoria Independente de Informao Contbil Histrica - NBC TA - so as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas Auditoria convergentes com as Normas Internacionais de Auditoria Independente emitidas pela IFAC; IV - de Reviso de Informao Contbil Histrica - NBC TR - so as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas Reviso convergentes com as Normas Internacionais de Reviso emitidas pela IFAC; V - de Assegurao de Informao No Histrica - NBC TO - so as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas Assegurao convergentes com as Normas Internacionais de Assegurao emitidas pela IFAC; VI - de Servio Correlato - NBC TSC - so as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas aos Servios Correlatos convergentes com as Normas Internacionais para Servios Correlatos emitidas pela IFAC; VII - de Auditoria Interna - NBC TI - so as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicveis aos trabalhos de Auditoria Interna; VIII - de Percia - NBC TP - so as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicveis aos trabalhos de Percia; IX - de Auditoria Governamental - NBC TAG - so as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas Auditoria Governamental convergentes com as Normas Internacionais de Auditoria Governamental emitidas pela Organizao Internacional de Entidades Fiscalizadoras Superiores (INTOSAI).

  • 27

    As Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de

    Contabilidade (CFC) devem seguir os mesmos padres de elaborao e estilo utilizados

    nas normas internacionais e compreendem as Normas propriamente ditas, as

    Interpretaes Tcnicas e os Comunicados Tcnicos.

    2.2 AUDITORIA

    A auditoria um dos campos de atuao da contabilidade, tratando-se de uma

    tcnica que, atravs de procedimentos prprios, busca certificar aos usurios internos da

    contabilidade o maior grau possvel de confiabilidade das informaes contidas nas

    demonstraes contbeis.

    A auditoria pode ser entendida como a tcnica contbil que faz o levantamento,

    estudo e avaliao dos procedimentos, operaes, rotinas e demonstraes

    administrativas e financeiras de uma entidade, com a finalidade de expressar uma

    opinio sobre a posio patrimonial analisada.

    O conceito de auditoria varia em palavras, dependendo do autor, mas em sua

    essncia possuem o mesmo significado. Assim, em Franco & Marra (2000, p. 26),

    A auditoria compreende o exame de documentos, livros e registros, inspees e obteno de informaes e confirmaes, internas e externas, relacionados com o controle do patrimnio, objetivando mensurar a exatido desses registros e das demonstraes contbeis deles decorrentes. Os exames so efetuados de acordo com as normas de auditoria usualmente aceitas e incluem os procedimentos que os auditores julgarem necessrios, em cada circunstncia, para obter elementos de convico, com o objetivo de comprovar se os registros contbeis foram executados de acordo com princpios fundamentais e normas de contabilidade e se as demonstraes contbeis deles decorrentes refletem adequadamente a situao econmico-financeira do patrimnio, os resultados do perodo administrativo examinado e outras situaes nelas demonstradas.

    Consiste em controlar as reas da empresa a fim de evitar situaes de fraudes,

    desfalques e subornos, por meio de testes regulares nos controles internos especficos de

    cada entidade.

  • 28

    2.2.1 Origem e evoluo da auditoria

    A auditoria surgiu como consequncia da necessidade da confirmao dos

    registros contbeis. O primeiro pas conhecido por utilizar tcnicas de auditoria para

    atestar a veracidade dos registros contbeis foi a Inglaterra, primeira a possuir grandes

    companhias de comrcio e a primeira a instituir o Imposto de Renda, baseado nos lucros

    das empresas.

    A evoluo da auditoria se deu em consequncia do crescimento das empresas,

    do aumento de sua complexidade e do envolvimento do interesse da economia popular

    nos grandes empreendimentos.

    A evoluo das tcnicas contbeis tornou-se imprescindvel s administraes

    das empresas, as tcnicas de auditoria desenvolveram-se de forma notvel, a ponto de

    hoje, no se ter um instrumento de mera observao, mas servindo de orientao, de

    interpretao e previso dos fatos, tornando-se dinmica e constante evoluo.

    2.2.2 Conceito da auditoria

    Pode-se definir auditoria como o levantamento, estudo e avaliao sinttica das

    transaes, operaes, procedimentos, rotinas e das demonstraes financeiras da

    entidade.

    Segundo Franco & Marra (2000, p. 26),

    Auditoria a tcnica contbil que atravs de procedimentos especficos que lhe so peculiares, aplicados no exame de registros de documentos, inspees, e na obteno de informaes e confirmaes, relacionados com o controle do patrimnio de uma entidade objetiva obter elementos de convico que permitam julgar se os registros contbeis foram efetuados de acordo com princpios fundamentais e normas de Contabilidade e se as demonstraes contbeis deles decorrentes refletem adequadamente a situao econmico-financeira do patrimnio, os resultados do perodo administrativo examinado e as demais situaes nelas demonstradas.

    O mesmo autor complementa que auditoria compreende o exame de

    documentos, livros, inspees e obteno de informaes e confirmaes, internas e

  • 29

    externas, relacionados com o controle do patrimnio, objetivando mensurar a exatido

    desses registros e das demonstraes contbeis deles decorrentes.

    2.2.3 Objeto da auditoria

    O objeto da auditoria o conjunto da totalidade dos elementos do patrimnio, os

    quais compreendem registros contbeis, papis, documentos, fichas, arquivos e

    anotaes que comprovem a veracidade dos registros e a legitimidade dos atos da

    administrao. Incluem-se tambm os fatos no registrados documentalmente, mas

    relatados por aqueles que exercem atividades administrativas, cuja informao merea

    confiana, desde que tais informaes possam ser admitidas como seguras pela

    evidncia ou por indcios convincentes (FRANCO & MARRA, 2000).

    Segundo Damian, em seu Trabalho de Concluso de Curso (2010, p. 29),

    A auditoria para a administrao, o fisco e para os proprietrios e financiadores do patrimnio serve para dar uma convico de que as demonstraes contbeis refletem, ou no, a situao do patrimnio em determinada data e suas variaes em certo perodo. Ao detectar e comprovar irregularidades, o auditor deve aponta-las, por escrito, e determinar medidas corretivas, cabendo administrao da entidade programar as medidas cabveis a cada caso. Ao final dos trabalhos com base no relatrio analtico, o auditor emite seu parecer opinativo sobre a matria examinada, de acordo com a realidade encontrada.

    a auditoria que d credibilidade s demonstraes contbeis e s informaes

    nelas contidas, embora a auditoria no se destine somente a descoberta de fraudes ou

    erros praticados por administradores ou funcionrios, ela frequentemente apura tais

    fatos, atravs de procedimentos que lhe so prprios.

    2.2.4 Objetivo da auditoria

    Crepaldi (2002, p. 23), descreve como objetivo principal da auditoria,

    O processo pelo qual o auditor se certifica da veracidade das demonstraes financeiras preparadas pela companhia auditada. Em seu exame, o auditor, por um lado, utiliza os

  • 30

    critrios e procedimentos que lhe traduzem provas que assegurem a efetividade dos valores apostos nas demonstraes financeiras e, por outro lado, cerca-se dos procedimentos que lhe permitem assegurar a inexistncia de valores ou fatos no constantes das demonstraes financeiras que sejam necessrios para seu entendimento.

    O mesmo autor diz que o objetivo da auditoria expressar opinio sobre a

    propriedade das demonstraes financeiras e assegurar que elas representem a posio

    financeira, o resultado de suas operaes e as origens e aplicaes de recursos

    adequadamente, de acordo com os princpios fundamentais de contabilidade, aplicados

    durante o perodo.

    2.2.5 Classificao da auditoria

    Baseado na definio conceitual da auditoria, podemos classifica-la em dois

    tipos:

    a) A auditoria das demonstraes financeiras, que so informaes, preparadas

    por escrito, destinadas a apresentar a situao e a evoluo do patrimnio da empresa

    aos administradores e aos demais interessados.

    b) A auditoria operacional ou de gesto, que consiste na reviso metdica dos

    programas e atividades que se destinem aos determinados setores e tem como principal

    finalidade avaliar e comunicar aos responsveis se os recursos da entidade esto sendo

    usados corretamente e se os objetivos esto sendo alcanados.

    2.2.6 Tipos de auditoria

    A auditoria justificada atravs da aplicao do trabalho ao auditor e de acordo

    com sua condio contratual com a entidade auditada, podendo ser dividida em

    auditoria interna e auditoria externa.

  • 31

    2.2.6.1 Auditoria interna

    A auditoria interna executada por um contador, funcionrio ou contratado pela

    prpria entidade a ser auditada. Conforme Crepaldi (2002, p. 39),

    A auditoria interna uma atividade de avaliao independente dentro da empresa, que se destina a revisar as operaes, como um servio prestado administrao. Constitui um controle gerencial que funciona por meio da anlise e avaliao da eficincia de outros controles. executada por um profissional ligado empresa, ou por uma seo prpria para tal fim, sempre em linha de dependncia da direo empresarial.

    O objetivo da auditoria interna auxiliar todos os membros da administrao, a

    desempenharem suas funes e responsabilidades, fornecendo-lhes anlises,

    recomendaes e comentrios sobre as atividades examinadas.

    As responsabilidades da auditoria interna na entidade devem ser determinadas

    pelas polticas da empresa. A autoridade correspondente deve proporcionar ao auditor

    livre acesso a todos os registros, propriedades e pessoal da empresa que possam ser

    importantes para o assunto em exame.

    2.2.6.2 Auditoria externa

    A auditoria externa exercida por contadores legalmente credenciados que no

    possuem vnculo empregatcio ou subordinao empresa a ser auditada. Segundo

    Crepaldi (2002, p. 46), a auditoria externa,

    [...] constitui o conjunto de procedimentos tcnicos que tem por objetivo a emisso do parecer sobre a adequao com que estes representam a posio patrimonial e financeira, o resultado das operaes, as mutaes do Patrimnio Lquido e as origens e aplicaes de recursos da entidade auditada consoante as normas brasileiras de contabilidade.

    Uma das caractersticas que diferencia a auditoria externa o grau de

    independncia que o auditor deve manter em relao entidade auditada. A

    independncia do auditor externo jamais poder aceitar imposies da empresa quanto

  • 32

    ao procedimento que dever adotar para a realizao da auditoria, nem as concluses a

    que chegar. Somente o auditor dever julgar a profundidade que deve dar ao exame e a

    validade das provas, para assim, tirar suas concluses e oferecer seu parecer final sobre

    a matria examinada.

    2.2.7 Formas de auditoria

    A auditoria pode apresentar diversas formas, cada qual com suas caractersticas

    peculiares, assim podero ser classificadas de acordo com a extenso do trabalho, de

    acordo com a profundidade dos exames, de acordo com sua natureza, de acordo com os

    fins a que se destina e de acordo com a relao do auditor com a entidade auditada.

    2.2.7.1 De acordo com a extenso do trabalho

    A auditoria pode ser classificada segundo a extenso do trabalho a ser realizado,

    e que, segundo Franco & Marra (2000, p. 204-205), se divide em geral, parcial ou

    especfica e reviso limitada.

    a) Auditoria geral: aquela exercida sobre todos os elementos que compe o

    patrimnio, bem como sobre todas as operaes de um exerccio, ao fim do qual o

    auditor emite um parecer sobre as demonstraes contbeis em conjunto e sobre os

    registros de que se originaram. A auditoria geral pode variar em profundidade, exigindo

    exame integral, ou por testes, das operaes registradas. Pode ainda ser realizada em

    carter permanente ou eventual, segundo contrato firmado pela empresa.

    b) Auditoria parcial ou especfica: aquela feita em apenas uma ou algumas das

    demonstraes contbeis, ou de livros ou atos de gesto e com objetivos especiais de

    apurar a situao econmica e/ou financeira da entidade; conferir os custos; confirmar a

    existncia de determinados valores patrimoniais; confirmar saldos de contas de

    terceiros; verificar o cumprimento de obrigaes fiscais; verificar o atendimento dos

    preceitos de legislao societria; apurar desvios do patrimnio; apurar erros e fraudes;

    e determinar o valor real do patrimnio lquido da sociedade.

    c) A reviso limitada: compreende um conjunto especfico de exames que no

    aplicam todas as normas de auditoria. Trata-se de reviso especial, efetuada

  • 33

    trimestralmente nas companhias abertas, por determinao da Comisso de Valores

    Monetrios.

    2.2.7.2 De acordo com a profundidade dos exames

    De acordo com Basso (2005, p. 104), a profundidade dos exames refere-se

    aplicao dos procedimentos de verificao dos elementos objetos de exame, podendo

    ser feito em partes ou no todo, determinados pelo tempo disponvel e pelo grau de

    confiana do auditor no controle interno da entidade.

    De acordo com Franco & Marra (2000, p. 206-207), esses procedimentos tem a

    seguinte subdiviso:

    a) Reviso integral: compreende o exame de todos os registros contbeis e de

    todos os documentos e controles da entidade, equivalente a uma percia, com a

    finalidade de descobrir erros ou fraudes nos registros, nos documentos e nos controles.

    Geralmente feita pela auditoria interna, tendo em vista o tempo disponvel e o nmero

    de pessoas que podem ser envolvidas no exame.

    b) Auditoria por testes (amostragem): compreende o exame de determinada

    porcentagem dos registros, dos documentos ou dos controles, considerada suficiente

    para que o auditor faa sua avaliao sobre a exatido e a legitimidade dos elementos

    examinados. A profundidade da auditoria determinada pelo prprio auditor, que fixar

    a quantidade de testes que julgar necessrio.

    c) Reviso analtica: refere-se ao acompanhamento minucioso de todos os

    procedimentos que antecederam aquele fato contbil em exame. A reviso analtica

    acontece quando o auditor, por razes de deficincia do controle interno ou por

    descobertas de irregularidades, decide aprofundar os exames de determinados elementos

    na busca de melhores provas.

    2.2.7.3 De acordo com a natureza

    A natureza dos servios de auditoria est ligada a sua durao e dividida,

    segundo Franco & Marra (2000, p. 208-210) em:

  • 34

    a) Auditoria permanente: o caso da auditoria interna de algumas entidades, que

    possuem carter permanente. Nesse caso, a presena continuada do auditor permite um

    melhor acompanhamento na realizao dos registros e o aconselhamento para

    eliminao de imperfeies administrativas, operacionais e/ou fiscais.

    b) Auditoria eventual ou especial: aquela que se refere a um servio especfico,

    isto , o auditor contratado para examinar e opinar sobre determinada situao, sem

    programa de continuidade, podendo ser parcial, integral ou por testes.

    c) Auditoria de balano com fim especfico: podero ter por objetivo apenas as

    demonstraes contbeis peridicas, como o balano patrimonial, com os fins de

    acautelar interesses de acionistas e investidores; controle administrativo; concesso de

    crditos; atender a exigncias legais; e apurar o valor real do patrimnio lquido da

    entidade.

    2.2.7.4 De acordo com os fins que se destina

    Segundo Basso (2005, p. 106-108), so vrias as finalidades e os objetivos dos

    servios de auditoria, sendo que os principais so:

    a) Auditoria para acautelar interesses de acionistas e investidores: surgiu em

    funo das empresas de capital aberto, onde acionistas e investidores, com o intuito de

    defender seus interesses, passam a exigir auditoria geral e permanente de todos os atos

    da administrao para se certificar de lisura de seus procedimentos.

    b) Auditoria para controle administrativo: pode ser parcial e especfica, quando

    contratada para fins de controle de certos setores de atividade ou grupos de

    componentes patrimoniais, devendo opinar sobre as situaes examinadas

    c) Auditoria para apurar erros e fraudes: contratada especificamente nos

    momentos em que os erros ou fraudes acontecem, pois nesta situao a administrao

    sabe que h irregularidades, mas desconhece a causa, bem como seu volume e autores.

    d) Auditoria para apurar o valor real do patrimnio: a auditoria tem a funo de

    apurar o valor real do patrimnio bruto ou lquido da entidade, para que seja feita a

    retirada ou admisso de scio/acionista, colocao de aes no mercado, venda, ciso,

    fuso ou incorporao de empresas, liquidao da sociedade. Portanto, compete ao

  • 35

    auditor conferir e confirmar a existncia dos elementos, corrigir o balano e apurar o

    valor do patrimnio lquido atualizada.

    e) Auditoria para concesso de crdito: exigido por agente financeiro para

    certificar-se do real estado financeiro e econmico da empresa para a qual vai conceder

    crdito.

    f) Auditoria para cumprimento de obrigaes fiscais: pode ser feita por

    determinao da prpria empresa ou pelo fisco, com a finalidade especfica de apurar o

    cumprimento de determinada obrigao fiscal.

    g) Auditoria para confirmar a exatido das demonstraes contbeis: se busca

    coletar provas/evidncias da finalidade das demonstraes contbeis da entidade

    examinada, sendo este o coroamento do trabalho de investigao e de seus respectivos

    registros contbeis.

    2.2.7.5 De acordo com a relao do auditor com a entidade auditada

    A relao do auditor com a entidade auditada classificada e dividida em

    auditoria interna e auditoria externa. Conforme Basso (2005, p. 108-110):

    a) Auditoria externa: realizada por profissional liberal autnomo ou empresa de

    auditoria independente, sem vnculo de emprego, contratada para prestar um servio

    especializado de auditoria permanente ou eventual, por determinado cliente.

    O auditor independente realiza seus trabalhos atravs de seus prprios mtodos

    de convenincia, desde que obedea as normas da auditoria e obtenha elementos de

    convico com os quais possa dar parecer sobre a documentao examinada. Cabe

    somente ao auditor julgar a extenso e a profundidade dos exames, a procedncia e a

    validade das provas, para tirar suas prprias concluses gerais e emitir seu parecer final

    sobre os exames realizados.

    b) Auditoria interna: exercida geralmente por funcionrios da prpria empresa

    em que atuam em carter permanente. O auditor deve exercer seu trabalho com total

    independncia profissional, de acordo com as normas de auditoria, e seu vnculo

    empregatcio no deve lhe tirar a iseno profissional, pois sua subordinao

  • 36

    administrao da entidade que o emprega deve restringir-se apenas ao aspecto

    funcional.

    As vantagens da auditoria interna so a exigncia dentro da prpria organizao,

    de um departamento que exerce permanentemente o controle de todos os atos da

    administrao. As desvantagens so em relao ao risco que os funcionrios do

    departamento de auditoria sejam envolvidos pela rotina de trabalho e s exeram sobre

    aquilo que lhe oferecido para examinar.

    2.2.8 Normas e tcnicas de auditoria

    As normas de auditoria geralmente aceitas orientam os auditores na realizao

    de seus exames e na preparao de relatrios. Essas normas determinam a estrutura

    dentro da qual o auditor decide sobre o que necessrio para a elaborao de um exame

    de demonstraes financeiras, para a realizao do exame e para a redao do relatrio.

    Tambm servem para medir a qualidade dos objetivos de auditoria e dos atos destinados

    a atingir esses objetivos.

    As normas de auditoria so entendidas como regras estabelecidas pelos rgos

    reguladores da profisso contbil, em todos os pases com o objetivo de regular o

    exerccio da funo do auditor, na execuo de seus trabalhos e ao parecer que dever

    ser emitido por ele. Ao todo so dez normas, trs das quais so descritas como normas

    gerais, trs como normas relativas execuo do trabalho e quatro normas sobre o

    parecer do auditor.

    Em funo da vigncia das Leis 11.638/07 e 11.941/09, que introduziram

    modificaes nas Normas de Contabilidade e de Auditoria no Brasil, as normas de

    auditoria em vigor antes da vigncia dessas leis, esto sendo revisadas e j foram

    emitidas vrias resolues que adaptam as atuais normas de auditoria independente das

    demonstraes contbeis s normas de auditoria adotadas no exterior.

    2.2.8.1 Teoria da prova auditorial

    Conforme Basso (2005), o exame auditorial deve conduzir o auditor a emitir

    uma opinio, um parecer final sobre os documentos examinados, para atingir esse

  • 37

    objetivo, o auditor coleta informaes e evidncias que formaro um conjunto

    denominado prova auditorial.

    As informaes contidas nas demonstraes contbeis de uma entidade podem

    ser resumidas em cinco grupos, de acordo com sua natureza, que segundo Basso (2005,

    p. 130), so:

    a) Afirmaes de existncias ou inexistncias: deve se buscar a prova da devida

    existncia ou no dos elementos declarados nas demonstraes contbeis para que se

    possa formar uma opinio quanto a real situao da empresa.

    b) Afirmaes de fatos passados: deve se comprovar ou no aes e

    acontecimentos que no se materializaram no patrimnio, mas que fizeram parte das

    transaes da empresa durante o perodo em exame.

    c) Afirmaes de condies quantitativas: o auditor deve aplicar procedimentos

    diversos para obter as provas necessrias formulao de seu parecer levando em

    considerao a natureza diversa de condies quantitativas dos elementos examinados.

    d) Afirmaes de condies qualitativas: o auditor deve se valer de variadas

    informaes para obter provas quanto a adequada valorizao de itens declarados, o que

    varia muito conforme a natureza, as condies fsicas, utilidades e mercado dos

    elementos.

    e) Afirmaes matemticas: o auditor deve verificar e comprovar a exatido de

    somas e clculos efetuados para garantia da fidelidade das demais afirmaes relevadas

    nas demonstraes contbeis para assim, no haver desvirtuamento de informaes

    sobre o patrimnio e/ou suas variaes declaradas.

    2.2.8.2 Tcnicas bsicas de auditoria

    As tcnicas bsicas de auditoria podem ser conceituadas como caminhos,

    mtodos, meios ou ferramentas utilizadas pelo auditor para obteno das provas

    auditoriais.

    Segundo Basso (2005), no se pode confundir a prova auditorial com tcnica de

    auditoria, pois a primeira se constitui nas informaes coletadas pelo auditor durante os

    exames, enquanto que as tcnicas bsicas so orientaes para a busca daquelas.

  • 38

    Segundo o mesmo autor, as dez tcnicas bsicas de auditoria so:

    a) Exame e contagem fsica: consiste no exame fsico do objeto

    b) Confirmao: consiste em obter declarao escrita de terceiros, de dentro ou

    fora da entidade sob exame, sobre fato que esteja capacitado a confirmar.

    c) Exame de documentos originais: consiste na anlise da documentao que deu

    origem a escriturao dos fatos na contabilidade da entidade auditada.

    d) Conferncia de clculos: trata-se de refazer os clculos e somatrios feitos

    pelo pessoal da entidade, a fim de comprovar a sua adequacidade e exatido.

    e) Acompanhamento retroativo dos procedimentos de escriturao: trata-se de

    refazer lanamentos de escriturao j contabilizados pela entidade, desde o exame dos

    documentos originais, passando pelos registros auxiliares, at o levantamento da

    situao de um novo balancete de verificao.

    f) Investigao minuciosa: consiste em examinar o objeto em profundidade,

    ponto a ponto e em toda sua dimenso.

    g) Inqurito: consiste na formulao de questes criteriosas para a obteno de

    informaes de pessoas ligadas a determinado fato.

    h) Exame de registros auxiliares: trata-se de conciliar os livros de escriturao

    auxiliar com os registros nos livros obrigatrios, na busca da comprovao da

    regularidade dos procedimentos realizados.

    i) Correlao de dados: trata-se de confrontar operaes e saldos de contas entre

    si.

    j) Observao: consiste em observar tudo o que acontece, principalmente entre

    pessoas, para testar o funcionamento do sistema de controle interno. Refere-se ainda, ao

    acompanhamento de processos ou procedimentos quando de sua execuo.

    2.2.9 Papis de trabalho da auditoria

    Os papis de trabalho so todas as evidncias obtidas pelo autor durante o seu

    trabalho, que do apoio para as concluses, comentrios, opinies e observaes do

    autor. Segundo S (1980), papis de trabalho so os papis utilizados para reproduzir

  • 39

    dados, fazer anotaes, analisar contas, demonstrar clculos, relatar situaes, espelhar

    levantamentos, em geral, executar a tarefa de auditoria.

    No existe um modelo padro para os papis de trabalho, eles devem ser

    escolhidos pelo auditor, de acordo com seu critrio pessoal. Existem vrios tipos de

    papis com os quais o auditor lida para a execuo de seus servios, que devem

    observar alguns requisitos, como possibilitar a execuo das tarefas com um mnimo de

    esforo; proporcionar a mxima clareza; propiciar o menor custo e servir de base

    permanente de consulta.

    Na elaborao dos papis de trabalho o auditor e sua equipe, devem considerar

    algumas regras, como praticidade, preciso, objetividade, clareza, lgica, e tambm

    algumas tcnicas, como a utilizao de lpis nos papis, cuidar o layout de papel de

    trabalho e utilizar apenas a parte da frente da folha.

    Os papis de trabalho devem ser organizados de forma a facilitar seu manuseio e

    devem ser divididos em folhas sintticas, subsidirias ou analticas, de maneira que

    contenham os seguintes documentos: capa da pasta, com a identificao do auditor, do

    auditado, da auditoria e perodo da realizao dos trabalhos; ndices dos papis; plano

    de auditoria; programa de auditoria por rea; controle de tempo dos trabalhos; notas do

    supervisor; papis de trabalho contendo evidncias por rea examinada;

    correspondncias emitidas; respostas recebidas; desenvolvimento das recomendaes; e

    relatrio de auditoria, devidamente referenciado com os papis de trabalho.

    Para evidenciar os exames realizados nos papis de trabalho, o auditor utiliza

    letras, que servem para destacar excees encontradas na aplicao dos procedimentos,

    e tiques explicativos, que so sinais particulares que evidenciam os exames fsicos ou a

    fonte de obteno das informaes.

    2.2.9.1 Finalidade dos papis de trabalho

    Segundo Franco & Marra (2000, p. 316), a principal finalidade dos papis de

    trabalho :

    [...] a de servir como base e sustentao da opinio do auditor. Eles constituem o testemunho do trabalho que o auditor efetuou, a forma como foi realizado esse trabalho e registram e

  • 40

    documentam as concluses a que o auditor chegou. Os papis de trabalho do auditor contm todas as informaes conseguidas no curso dos exames, muitas vezes de forma sucinta, mas sempre clara.

    Cada papel de trabalho deve ser elaborado tendo em vista o exame da conta que

    se est examinando, ou da rea em que est sendo processado. De acordo com Crepaldi

    (2002, p.260), as finalidades dos papis de trabalho so:

    1. Fornecer um registro escrito permanente do trabalho efetuado, incluindo: - descrio dos fatores referentes extenso do trabalho, considerados no planejamento; - evidncia da reviso e avaliao do sistema de controle interno; - extenso do exame realizado sobre os registros analticos e testes de auditoria; - natureza e grau de credibilidade das informaes obtidas. 2. Fornecer informaes importantes com relao ao planejamento contbil, financeiro e fiscal. 3. Ser apresentados, mediante solicitao, como evidncia que fundamente o relatrio emitido. 4. Fornecer aos encarregados a oportunidade de avaliar os atributos membros da equipe quanto a: - competncia em assuntos de auditoria; - senso de organizao; - habilidade em planejar e executar o trabalho.

    Os papis de trabalho utilizados nos ltimo exame podem servir de base para os

    novos. O conjunto dos papis que determina a concluso do auditor e descreve o

    processo da auditoria, exigindo bastante cuidado durante o perodo de execuo, pois

    qualquer descuido poder originar uma concluso falsa.

    2.2.9.2 Tipos dos papis de trabalho

    Um papel de trabalho qualquer registro que o auditor faz de seu trabalho ou do

    material que ele encontra. Constantemente h novos problemas, que fazem com que o

    auditor elabore novos papis de trabalho, ou amplie os j existentes. Uma das

    caractersticas do bom auditor a capacidade de adaptar formulrios de papel de

    trabalho, de acordo com as necessidades que o problema apresenta.

    Embora haja diferenas entre os papis de trabalho, existem certos tipos comuns

    que so usados em todos os trabalhos. De acordo com Crepaldi, alguns deles so:

  • 41

    - anlises de contas; - lanamentos de acertos; - conciliaes; - balancetes; - pontos para recomendaes; - programas de auditoria.

    A maioria dos papis de trabalho enquadra-se em algum desses tipos, embora a

    necessidade especfica de cada caso determine os tipos e quantidades exigidos em

    determinada situao.

    Os papis de trabalho bsicos de uma auditoria devem conter: demonstraes

    contbeis auditadas; balancete do razo; folha de ajuste; folha de anlise das contas do

    ativo; folhas de anlise das contas do passivo; folhas de anlise das contas de receitas e

    de despesas; folha de anlise das contas do patrimnio lquido. Entre os papis de

    trabalho, em um lugar de fcil localizao, devem ficar: cpia ou extrato do contrato

    celebrado com o cliente para a execuo da auditoria; memorando especificando as

    datas em que os trabalhos devero estar encerrados e os relatrios entregues; tipos de

    relatrios a elaborar, pessoas a quem devero ser encaminhadas e outras informaes

    geradas.

    2.2.9.3 Aspectos fundamentais dos papis de trabalho

    Para que os papis de trabalho estejam completos, h a necessidade de observar

    pontos importantes que devero estar demonstrados neles. Segundo Crepaldi (2002, p.

    261), o auditor deve levar em considerao quanto elaborao dos papis de trabalho:

    a) Conciso: os papis de trabalho devem ser concisos, de forma que todos entendam sem a necessidade de explicao da pessoa que os elaborou. b) Objetividade: os papis de trabalho devem ser objetivos, de forma que se entenda onde o auditor pretende chegar. c) Limpeza: os papis de trabalho devem estar limpos, de forma a no prejudicar o entendimento destes. d) Lgica: os papis de trabalho devem ser elaborados de forma lgica de raciocnio, na seqncia natural do objetivo a ser atingido. e) Completos: os papis de trabalho devem ser completos por si s.

  • 42

    Segundo o mesmo autor, os papis de trabalho no esto limitados a dados

    quantitativos, eles devem incluir explicaes que mostrem o que foi feito pelo auditor,

    suas razes para seguir certos procedimentos, sua opinio sobre a qualidade dos dados

    examinados, a adequao dos controles internos utilizados e a competncia das pessoas

    responsveis pelas operaes revisadas.

    2.2.10 Sistema de controles internos

    De acordo com Franco & Marra (2000, p. 261), so meios de controle interno:

    Todos os registros, livros, fichas, mapas, boletins, papis, formulrios, pedidos, notas, faturas, documentos, guias, impressos, ordens internas, regulamentos e demais instrumentos de organizao administrativa que formam o sistema de vigilncia, fiscalizao e verificao utilizado pelos administradores para exercer o controle sobre todos os fatos ocorridos na empresa e sobre todos os atos praticados por aqueles que exercem funes direta ou indiretamente relacionadas com a organizao, o patrimnio e o funcionamento da empresa.

    O controle interno representa em uma organizao os procedimentos, mtodos

    ou rotinas que iro proteger os ativos, produzir dados contbeis confiveis e ajudar a

    administrao a conduzir os negcios da empresa.

    No adianta a empresa implantar um timo sistema de controle interno, sem que

    algum verifique periodicamente se os funcionrios esto cumprindo o que foi

    determinado pelo sistema. Os objetivos principais dos controles internos so de fornecer

    contabilidade dados corretos e conferir a exatido da escriturao; e evitar alcances,

    desperdcios, erros e, se ocorridos, identific-los.

    Ao avaliar os controles internos, o auditor deve ter em mente esses objetivos

    bsicos, e usando seus conhecimentos, sua experincia, verificar at que ponto eles

    permitem atingi-los. Quanto melhores e mais eficientes os controles internos

    implantados pela empresa auditada, mais segurana adquire o auditor em relao aos

    exames que est procedendo. Essa eficincia fator de economia do tempo a ser

    utilizado pelo auditor no seu trabalho e, diante disso, tornar o custo da auditoria mais

    barato.

  • 43

    2.2.11 Planejamento e programa de auditoria

    Ao realizar uma auditoria, o auditor deve planejar seu trabalho, desenvolver um

    programa de auditoria, explicando os objetivos a serem seguidos e a previso de horas

    de trabalho, permitindo assim, a realizao de diversas tarefas individuais ou

    simultneas que, quando concludas, se enquadrem nas demonstraes contbeis.

    De acordo com as Normas de Auditoria Independente das Demonstraes

    Contbeis, o planejamento da auditoria a etapa do trabalho na qual o auditor

    independente, estabelece a estratgia geral dos trabalhos a executar na entidade a ser

    auditada, elaborando-o a partir da contratao dos servios, estabelecendo a natureza, a

    oportunidade e a extenso dos exames, fazendo com a que auditoria se torne eficaz.

    De acordo com Crepaldi (2002), as caractersticas do programa de auditoria

    variam de caso para caso, mas h alguns requisitos mnimos que o programa deve

    conter que so o objetivo do trabalho; aspectos fundamentais de controles internos;

    procedimentos de auditoria e o momento em que sero efetuados; e extenso dos

    trabalhos necessrios para a sua concluso.

    Segundo o mesmo autor, um programa de auditoria bem preparado, traz vrias

    vantagens, sendo as principais:

    - permite a fixao da importncia relativa de cada trabalho; - comenta o exame nas reas prioritrias; - possibilita a diviso racional do trabalho entre os elementos da equipe; - facilita a administrao do trabalho; - antecipa a descoberta de problemas; e - pode ser empregado, com adaptao, em mais de um trabalho.

    Segundo o mesmo autor, as desvantagens so menores e quase sempre esto

    ligadas m preparao do programa. Existe o risco de algum procedimento no seja

    aplicado somente porque foi omitido no programa. A maior parte das desvantagens

    pode ser eliminada, desde que o auditor tenha conhecimento no s do que e como

    fazer, mas principalmente do por que fazer.

    Os programas de auditoria devem ser mostrados ao pessoal da rea em exame,

    pois permitir a manipulao dos dados para cobrir eventuais erros e irregularidades.

  • 44

    No aconselhvel elaborar um programa nico de auditoria, o auditor deve estudar as

    condies da empresa e elaborar o programa adequado.

    2.2.12 Relatrios de auditoria

    De acordo com Basso (2005, p. 332), o relatrio de auditoria :

    [...] o produto do trabalho realizado e por ele que o auditor informa as pessoas sobre o trabalho que realizou, o alcance abrangido pelo trabalho, a forma como o fez e as concluses a que chegou, que ao final culminaro com sua opinio ou parecer sobre o objeto da auditoria, em geral, as demonstraes contbeis ou outras peas examinadas.

    Segundo Franco & Marra (2000), os relatrios emitidos pelos auditores

    independentes, variam em amplitude, forma e contedo, de acordo com a natureza do

    exame, do alcance dos procedimentos, dos fins a que se destinam e de acordo com as

    concluses que o auditor chegou ao exame dos registros das demonstraes contbeis.

    Seguindo a idia dos mesmos autores, podemos considerar a existncia de

    relatrios formais, elaborados de forma escrita e sujeitos a determinadas normas e

    relatrios informais, que geralmente no so elaborados de forma escrita, mas

    compreendem informaes verbais, transmitidas aos administradores da entidade

    auditada, ou a seus subordinados, e que envolvem assuntos ou erros no relevantes, que

    podem ser corrigidos sem que precisem constar de relatrios formais.

    2.2.13 tica profissional

    Um bom auditor sempre se comporta dentro de um cdigo de tica, pois somente

    assim conseguir os resultados que dele se esperam e que exige a administrao da

    empresa qual presta seu servio de auditoria.

    Segundo Crepaldi (2000, p. 65), a tica profissional:

    [...] de grande valia em todas as profisses, notadamente na de auditoria, que tem em suas mos grande responsabilidade, pois mediante seu servio possvel conhecer todas as

  • 45

    irregularidades, erros, falhas dentro do grupo de empresas, conhecendo o responsvel hierrquico e executores das rotinas, que originam estas informaes.

    De acordo com o mesmo autor, imprescindvel que o auditor adote padres de

    conduta prprios de sua funo. Tais padres constituem a tica do exerccio

    profissional. Como padres ticos do auditor interno-externo cumpre destacar:

    [...] - bom-senso no procedimento de reviso e sugesto; - autoconfiana; - sigilo profissional; - descrio profissional; - capacidade prtica; - sentido objetivo; - liberdade de pensamento e ao; - meticulosidade e correo; - perspiccia nos exames; - pertincia nas aes; - pesquisa permanente; - finura de trato e humanidade.

    A primeira exigncia do cdigo de tica diz respeito subordinao hierrquica

    dentro da empresa. Outra exigncia refere-se ao modo de trabalho. A terceira exigncia

    diz respeito ao envolvimento em poltica interna ou de qualquer nvel, trfico de

    influncia, que reduz sensivelmente o desempenho de rotinas e controles da empresa e

    setores envolvidos. A quarta exigncia a descrio, onde o auditor manter sempre

    sigilo absoluto do contedo dos documentos e informaes analisadas. A quinta

    exigncia trata diretamente da observncia dos regulamentos internos, normas,

    instrues, leis. A sexta exigncia refere-se ao comportamento pessoal, um auditor

    eficiente deve conhecer profundamente seu trabalho e sua importncia na empresa.

    sempre bom manter um bom relacionamento, tanto com o colegiado hierrquico, quanto

    junto aos setores auditados, sabendo sempre se impor diante de idias vazias, pois o

    papel do auditor est acima de qualquer suspeita, representando a hierarquia mxima no

    acompanhamento dos objetivos de controle da empresa.

  • 46

    2.3 AUDITORIA DE RECURSOS HUMANOS

    Hoje em dia uma empresa no pode mais deixar de lado as questes trabalhistas.

    Empregados satisfeitos resultam em benefcios diretos e indiretos. Com o passar dos

    anos, o nmero de processos trabalhistas vm aumentando gradativamente.

    O servio de auditoria de recursos humanos um trabalho de medio e

    preveno, que envolvem basicamente o estabelecimento de aes que visem solucionar

    problemas ou preveni-los, evitando demandas judiciais e infraes administrativas e at

    divergncias comportamentais dentro da organizao.

    O departamento de pessoal um dos setores mais importantes dentro de uma

    empresa, pois atua para a manuteno do desenvolvimento da empresa. O trabalho

    realizado nos procedimentos internos, face legislao trabalhista e previdenciria,

    desde a admisso do empregado at o seu desligamento. Contemplam os clculos da

    folha de pagamento, verificao de horrio e jornada de trabalho, frias, clculos e

    recolhimento do FGTS, INSS, do Seguro de Acidentes do Trabalho, do IRRF, reviso

    das rescises de contratos de trabalho, anlise do programa de cargos, salrios e

    benefcios. Envolve ainda a identificao e a correo de procedimentos vulnerveis,

    com direcionamento a mtodos seguros e bons resultados e minimiza o risco de

    autuaes por parte das autoridades fiscalizadoras do trabalho, da previdncia social e

    de reclamaes trabalhistas.

    Os objetivos de uma auditoria do departamento de pessoal envolvem questes

    complexas, e como a legislao trabalhista esta em constante atualizao, os

    profissionais da auditoria devem estar sempre a par destas atualizaes.

    2.3.1 Administrao de pessoal

    A administrao de pessoal surgiu em decorrncia do crescimento das

    organizaes e do aumento da complexidade das tarefas de gesto de pessoal. O setor de

    administrao de pessoal parte integrante da estrutura organizacional de praticamente

    todas as empresas. Ele executa algumas funes bsicas para o andamento das

    atividades de uma empresa, como a admisso de funcionrios, controle de presena,

    treinamento e orientao, compensao e desligamento.

  • 47

    O setor de administrao de pessoal tambm tem importante funo d