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    O TURISMO RURAL NO SEMIRIDO DO NORDESTE BRASILEIRO

    Luzia Neide Coriolano1

    Humberto Marinho de Almeida2

    Este texto faz consideraes sobre turismo, em especial, sobre o segmentorural/urbano, particularmente na Regio Nordeste do Brasil, plo emergente do turismona Amrica Latina. Analisa a relao do espao urbano com o rural identificandodificuldades de delimitao pelo avano da urbanizao capitalista no campo. Verificacontradies e conflitos do turismo rural, em regio dominada pela semiaridez do climae pela pobreza ou abandono do espao rural, mas, possuidora de zona litorneaprdiga para prtica do turismo.

    O Nordeste brasileiro exibe o litoral como vitrine de promoo do turismo Sol& Praia, opo acolhida pelo trade turstico e incentivada pelas polticasgovernamentais que concentram, nas ltimas dcadas, aes urbansticas na faixacosteira. A qualificao urbana cria espaos de acomodao da atividade tursticasuprindo gradativamente as cidades costeiras de infraestrutura urbana, enquantopersiste, no espao rural, carncia de estrutura e suporte para a permanncia nocampo e prtica turstica tais como vias de acesso, saneamento, servios pblicos,dentre outros. De forma desigual, mas combinada, a produo de espaos pelo turismoapropria-se de novos territrios, pari passuao abandono ou reserva de outros para

    futura incorporao. H tendncia urbanizao e tecnicidade seletiva dos espaosno neutros, mas polticos.

    O espao rural passa por grandes alomorfias, principalmente nas relaessociais de produo e de trabalho, decorrentes do processo de avano do capitalismono campo, efetivando a modernizao conservadora do rural. As atividadesagropecurias enfrentam problemas com a desagregao das formas tradicionais dearticulao da produo e desvalorizao gradativa em relao s demais atividades,pois o modelo de desenvolvimento urbano-industrial desprestigia o campo, forando abusca de novas fontes de renda e dinamizaes econmicas aos territrios rurais. Onovo rural incorpora a prestao de servios s tradicionais prticas agrcolas fazendo

    emergir o turismo rural e o agroturismo, que oferecem como atrativo, segundoZimmermann, (1996) a atividade produtiva rural, o prprio acesso, hospedagem

    1 Prof Dra em Geografia, Coordenadora do Programa de Ps-Graduao em Geografia e do Laboratriode Estudos do Turismo e Territrio - NETTUR da Universidade Estadual do Cear (UECE). Email:[email protected]

    2 Prof do Curso de Geografia da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos FAFIDAM. Mestre emgeografia pela Universidade de So Paulo. Aluno de Doutorado da Universidade Federal Fluminense UFF. Email:[email protected]

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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    diferenciada, paisagem do campo, gastronomia, cultura, clima, lazer, informaes ecompras diferenciadas.

    Agricultores e familiares aos poucos ampliam as atividades, deixam de serapenas produtores de matria-prima e passam a desenvolver atividades no-agrcolas,

    para garantir permanncias no campo, e no ser forado a migrar para a cidadegrande, como ocorreu com muitos no Nordeste brasileiro. Essas mudanas naproduo rural abrem espao para promoo de atividades urbanas e de servios,como o turismo, atividade recente no meio rural brasileiro, e que insurge tambm emagrupamentos de agricultura familiar e em assentamentos do Movimento dos SemTerras - MST.

    No incio da dcada de 1990, projetos de assistncia tcnica e extenso ruralincluem turismo como atividade moderna na fora de trabalho de agricultores docampo. A partir da, unidades agrcolas familiares tm implantado propostas de turismorural, ofertando atividades ligadas a lazer, esporte, cultura e gastronomia.

    H algumas imprecises referentes s concepes, manifestaes edefinies do turismo rural. O amadorismo e a falta de rigor no uso dos conceitos tmcontribudo para diversidade de conceituaes vinculada ao turismo rural.Denominaes como: turismo rural, turismo no espao rural, agroturismo, ecoturismo,turismo de interior, alternativo, endgeno, verde, campestre, agroecoturismo,ecoagroturismo dentre outras, mostram a variedade de prticas socioeconmicas.Diferentes entendimentos tendem a criar situaes confusas que podem desvalorizar aatividade e gerar frustrao a quem oferece, trabalha e consome o turismo rural. Aseparao terica da prtica ocorre no turismo de modo geral, e se denomina turismo

    atividades que no o so. Se tudo turismo acaba por no ser nada.O turismo tem significado possibilidade de ampliar comandos e nexos da

    cidade sobre o espao rural e de converter o campo em mais um dos espaos de lazer,integrando-o de certa forma na economia urbana. Imagina-se que estas atividadespossam ser respostas para a pergunta de Lefebvre (2001, p. 13): que fazer enfim dasilhas de ruralidade? Em diversos ritmos o capital se apropria e transforma espaos,mas, em periferias como o espao rural, aonde a dominao das mentes e suatransformao em meros consumidores menor, ainda h espao para imaginaescriativas e assim o turismo rural foge as regras do turismo convencional. Ele umturismo de baixo para cima, que se vincula aos interesses locais, enquadra-se ao

    chamado turismo de comunidades ou comunitrio, entendido como contraproposta oucomo poltica alternativa ao turismo globalizado. Para alguns o turismo alternativoreproduz o modelo e seria apenas uma nova expresso do consumo, para outros soresistncias ao consumo exacerbado e ajuda a minar o modelo hegemnico, industrial,concentrador. Residentes de reas rurais, aonde o turismo convencional no chegou,organizam-se em movimentos de resistncias ao turismo elitista, buscando formas paraproduo de um turismo que possa oferecer oportunidades de trabalho em bairros,periferias e comunidades rurais pautado em economias solidrias.

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    O Ministrio do Turismo do Brasil - Mtur publicou, em 2004, marcoconceitual de Turismo Rural com diretrizes e estratgias com vistas ao desenvolvimentoda atividade no Pas, para que haja maior entendimento do segmento e sobre produtoscomercializados. As diretrizes para o desenvolvimento do turismo rural elaboradas em

    parceria com o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar -PRONAF, de forma participativa e democrtica, diz que turismo rural um conjunto deatividades desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produo agropecuria,agregando valor a produtos e servios, resgatando e promovendo o patrimnio culturale natural de comunidades A oferta turstica no meio rural tem como referncia aruralidade realizada em propriedades rurais de grande, mdio ou pequeno porte, e emunidades agrcolas consideradas tipicamente familiares.

    Nordeste Brasileiro: lcus do turismo

    A regio nordestina tem passado por vigoroso crescimento com expanso de

    setores econmicos, com destaque para o tercirio, em especial, o turismo. Emboramelhorados sensivelmente os indicadores socioeconmicos, nas ltimas cinco dcadas,ainda est distante do aceitvel, se considerados os parmetros internacionais dedesenvolvimento humano. Sua vulnerabilidade por questes climticas de semiaridez,ou pela prevalente desigualdade socioeconmica marcante, ainda se deparamndices sociais abaixo do estimado para quase todas as macrorregies do Brasil.Apesar disso, h diferentes graus de dinamismo, nveis de renda, relaes de trabalhoe ndices de qualidade de vida que o tornam bastante heterogneo.

    Nove estados: Cear, Piau, Alagoas, Sergipe, Bahia, Rio Grande do Norte,

    Paraba, Pernambuco e o Territrio de Fernando de Noronha formam o Nordeste,abrangendo rea de aproximadamente 1,56 milhes de Km ou 18,5% do territriobrasileiro, com cerca de quatro mil Km de praias tropicais. Detm cerca de 28% dapopulao brasileira, concentrada majoritariamente nas cidades costeiras, com oitoncleos metropolitanos com mais de um milho de habitantes. Comporta, ainda, faixasemirida que integra parte de Minas Gerais e Esprito Santo (regio sudeste),Polgono das Secas que representa 959.697,6 Km, aproximadamente 88% do territrionordestino e 11% do nacional (IBGE, 2001). Acumula secularmente elevada dvidasocial, fruto de questo regional e de precrias condies sociais acumuladas ao longo

    de sua formao socioespacial, elementos causadores do acirramento dasdesigualdades. A Regio fora a principal base de povoamento nos primeiros sculos decolonizao portuguesa, entendida como expresso da territorialidade absoluta degrupo em que prevaleciam caractersticas de identidade, exclusividade e limites,devidas a sua presena, sem mediao (Santos, 1997:196).

    O sistema agroexportador de relaes de produo escravagista constitui baseda economia, pouco endgena, com boa parte de lucros auferidos pela monoculturaaucareira. A escravido e a escassez de investimentos corroboram o atraso da

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    formao do mercado interno autosustentado, capaz de engendrar o crescimentoeconmico da Regio. Contribuiu, ainda, para o quadro desvirtuoso, indisponibilidade equalidade dos recursos naturais, expressos principalmente pelas reservas hdricas seriamente limitadas em perodos de estiagem prolongada compartilhadas com

    atividades no ajustadas ao convvio com o semirido, impossibilitando o processo dedesenvolvimento ambientalmente sustentado, embora incipiente o pensamento nessemomento (Magalhes, 1983).

    Com a interveno de instituies de fomento, nos anos de 1960, a regioexperimenta alteraes do quadro produtivo e infraestrutural. Nesse sentido, ainterveno do Estado desenvolvimentista tem papel preponderante na reproduo econcentrao do capital, transformando-se em principal garantidor do processo deintegrao de economias perifricas regionais (Oliveira, 1977: 115). Oliveira (1977), aoanalisar a ao da Superintendncia de Desenvolvimento do Nordeste SUDENE -,

    centra consideraes em torno do processo de acumulao capitalista, entendendo aindustrializao nordestina como movimento do capital, hierarquicamente subordinadoao capital internacional. Para o autor, o planejamento regional da SUDENE alinha-se aoprocesso de escala mais ampla, no podendo superar as contradies bsicas dosistema de produo capitalista. Trata-se de investida do sistema capitalista brasileiroque esboa tendncia homogeneizao monopolstica do espao econmico.Malgrado crticas da reduo conceitual da regio e da transferncia de excedentes,Oliveira traz perspectiva terica de anlise regional que relaciona valorizao do capitalcom mobilidade espacial e dimenso poltica da questo regional (Lencioni, 1999:172).

    Embora os investimentos de infraestrutura nordestina sejam insuficientes, a mdioe longo prazo, para reduo sistemtica de desigualdade regional, sugerem efeito positivopara a regio obras de logstica porturia (Suape/PE, Pcem/CE), ferroviria(Transnordestina), alm do projeto de transposio de bacias hidrogrficas (So Francisco)e da refinaria em Pernambuco, Cear e Maranho criam novas oportunidades deinvestimento privado, concedendo maior vigor estrutura produtiva nordestina. Juntem-se-lhes os projetos estaduais, em parceria a organismos multilaterais de crdito (BID, BIRD),tipo Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste - PRODETUR, que garanteminvestimentos na estrutura urbana ligada ao turismo. Programa de Desenvolvimento doTurismo do Nordeste criado pela SUDENE e pela EMBRATUR, Portaria Conjunta n 1,de 29 de novembro de 1991, aloca-se nos estados nordestinos e regio norte doestado de Minas Gerais com o objetivo de aumentar o turismo receptivo; sobretudo apermanncia de turista no Nordeste; induzir investimentos na infraestrutura turstica;gerar emprego e renda com a explorao da atividade turstica. Componenteimportante, na onda de investimentos ps-Sudene so grupos empresarias regionaisconsolidados, bem como, grupos de investidores estrangeiros, notadamente europeus(portugueses e espanhis) em especial com negcios tursticos que procuram

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    oportunidades para aumentar a rentabilidade dos negcios, na esteira dos benefciosfiscais e financeiros oferecidos pelos estados. Por certo, isso leva a acreditar napotencialidade e viabilidade da economia nordestina e no seu desempenho em relao aosinvestimentos.

    O Turismo como possibilidade

    Polticas federais, como o Programa Brasil em Ao, implanta na RegioNordeste um portflio de empreendimentos estruturantes, capaz de alavancarinvestimentos privados e o desenvolvimento de macrorregies em que se inseremprojetos de energia, transportes, agropecuria, biotecnologia, telecomunicaes,saneamento, educao, habitao, sade, emprego e turismo, que servem de atrativoao setor privado e de possibilidades de parceria pblico-privadas, conforme interesse domercado. O Programa Brasil de Todos altera a poltica sem, contudo, abandonar a idia

    de parceria pblico-privada, reduzindo a escala de atuao dos projetos, direcionando-os a novos espaos sub-regionais, sem a preocupao anterior em interligar espaoscomo o Programa - Eixos Nacionais de Integrao e Desenvolvimento ENID (IPECE,2006).

    Na lgica governamental, o Nordeste imenso potencial de investimentos egerao de emprego e renda pelo turismo. A atividade turstica j despontava comimenso potencial desde 1995 quando o PRODETUR-NE se efetiva com projetosalocados na regio articulados pela lgica geoeconmica e modelo empresarial degerenciamento governamental , com vistas a atrair investimentos privados, o que

    aconteceu com relativo sucesso. As diretrizes federais para o Nordeste adotaramestratgias que proporcionaram maior racionalidade aos investimentos para aumentode produo, ganho de produtividade e ampliao de oportunidades de negcios,renda, emprego e ocupao para os nordestinos (BRASIL. M D I C. Eixos Nacionais deIntegrao e Desenvolvimento do Nordeste, 2000).

    No que se refere implantao de infraestruturas fsicas, o Nordeste deu saltosde qualidade, constatados, sobretudo, pelos nordestinos que voltam vez por outrarealizando turismo de raiz e ficam embevecidos frente s mudanas infraestruturais deterritrios, que chocam com o fraco desempenho social, em particular, nas reas de

    educao e sade, que, desprestigiadas, no tiveram o mesmo crescimento emudanas. O discurso governamental em vrias esferas est em sintonia, emlinguagem empresarial, com a justificativa de ampliao de investimentos e aes peloretorno, com ocupao, emprego e renda. Todavia os resultados so diminutos e odesemprego ameaa a vida de parcela significativa de trabalhadores nordestinos. Omodelo industrial, em que se insere o turismo, apesar de alento ao mercado de trabalhocom novos postos, tem mdia salarial baixa e, sozinho, no satisfaz a carnciaestrutural do mercado da regio. Ainda assim, alternativas surgem como estratgia de

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    sobrevivncia ou como forma de empreendedorismo, isto , enquanto polticas pblicasou de direito no atendem, polticas alternativas ou polticas de fato emergem, ouseja, muitas pessoas ou grupos tentam criar, inovar e resolver problemas econmicos aseu modo, por suas iniciativas, contando com nada ou quase nada dos poderes

    pblicos.

    O Programa de Desenvolvimento do Turismo oferece condies de ocupaoturstica, no Nordeste, preparando infraestrutura, fazendo marketing e atraindoempresas, especialmente rede hoteleira, em destaque, resorts. A lgica da poltica deturismo de ajustamento economia global, contida em teorias econmicasdesenvolvimentistas: Teoria dos Estgios de Crescimento Econmico, EstruturalistasInternacionais, dos Sistemas Mundiais, dos Pases Centrais e Perifricos, do ProcessoSimultneo, Causao Circular ou Circulo Vicioso da Pobreza (Coriolano, 2003) para asquais o crescimento econmico leva inevitavelmente ao desenvolvimento social,

    decorrncia do processo de implementao de tecnologias e de modernizao, emboranegado pelas teorias crticas. Pelas teorias crticas de desenvolvimento: daDependncia Econmica, do Imperialismo Econmico, Industrializao Tardia, do FalsoParadigma, do Modo de Produo e do Desenvolvimento Desigual e Combinado(Coriolano, 2003) o projeto capitalista de modernizao de espaos, voltado para aselites, no pode ser confundido com desenvolvimento nem beneficiar o povo ecomunidades pobres. Assim, a lgica de que o crescimento econmiconecessariamente produz emprego e renda para todos e eleva as condies sociais nose sustenta, e se faz relativa, afinal somente indivduos e grupos se beneficiam domodelo de desenvolvimento excludente.

    Para alinhar o Nordeste ao movimento do mercado turstico global, o GovernoFederal e governadores nordestinos idealizaram um programa turstico para a zonacosteira, capaz de desenvolver a Regio. O Programa coaduna-se Poltica Nacionalde Turismo e tem por base a anlise da situao do turismo no mundo e no Brasil,mostra que o papel do Governo Federal coordenar e induzir a atividade. Reconhece ogoverno que h concentrao de infraestrutura nas regies Sul e Sudeste e,necessidade de diversific-la ou aloc-la em outras, especialmente no Nordeste e noNorte. Com isso, o Macroprograma de Regionalizao do Turismo constitui referencialda base territorial do Plano Nacional de Turismo, ordenando a oferta turstica no Pas.

    Apesar de imenso potencial turstico, o Nordeste apresenta entraves aodesenvolvimento pela fragilidade de infraestrutura de apoio, deficincia deequipamentos e servios, falta de recursos humanos capacitados e inadequadacomercializao do produto turstico. A proposta de desenvolvimento da regioNordeste, com base em projeto calcado em servios e comrcio turismo sem astransformaes estruturais dos demais setores produtivos leva a questionar as reaispossibilidades. H de se reconhecer, contudo, que a proposta de modernizao pela

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    agricultura e implantao de agropolos insere-se, para o Governo, na linha de reflexo,embora, em viso crtica, no seja o caminho do desenvolvimento, pois continuafaltando alimento no campo, e prosseguem migraes de famlias sertanejas, mesmocom exportao de alimentos. Nesse sentido, Benevides (1998, p. 21) esclarece que a

    indstria o setor de possibilidades econmicas, pois

    h um significativo consenso de que o desenvolvimento se desencadeia pelastransformaes estruturais que se operam na agricultura e principalmente naindustria, sendo este o setor-chave para impulsionar a diversificao por todosistema econmico. O comrcio e os servios tm sua estruturao edinamismo induzidos pelo que se passa na indstria, ou seja, seucomportamento e caractersticas esto fortemente influenciados pela dinmicaindustrial.

    Falta base slida proposta de desenvolvimento do Nordeste, considerandoainda a dbil base industrial em destaque, indstrias externas, muitas com transferncia

    de lucros para fora. Empresas no Nordeste so do sul, do sudeste e internacionais,concentram lucros remetidos s matrizes.

    O turismo, para os estados, atividade industrial, praticamente, concentra-se nolitoral e reas restritas, no atingindo todo o Territrio nordestino, sendo necessriaspolticas que contribuam mais amplamente para o desenvolvimento. O turismo s podeser entendido como coadjuvante do desenvolvimento econmico e no vetor-chave.Sua importncia, contudo, no se reduz, pois, apesar de no poder produzirdesenvolvimento estrutural, sua importncia reside no fato de ensejar empregos diretose indiretos, embora em parte seja temporariamente, ainda assim oferece oportunidades

    periferia e polticas alternativas. Na atividade industrial, mais difcil a penetrao demdios e pequenos empreendedores, j o turismo absorve infinidade de servios; ouseja, atividade, concorrem empresas de pequeno e mdio porte e dos mais variadosservios, pela criatividade dos habitantes, a exemplo da venda de souvenires.

    O Banco do Nordeste, rgo executor e coordenador de programas voltados indstria e servios, na Regio Nordeste, o responsvel pelo repasse definanciamentos aos programas de turismo, nos estados, cada qual com seusexecutores. A proposta turstica envolve os estados que competem entre si e enfrentamconcorrentes do mercado global, internamente e em relao ao Rio de Janeiro, So

    Paulo e Santa Catarina, estados que mais recebem fluxos de visitantes internacionais.A proposta nordestina concorrer com destinos da Amrica, com turismo de sol epraia, por exemplo, Cuba, Mxico (Cancun), Repblica Dominicana e ilhas do mar doCaribe.

    A regionalizao do turismo tem vrios sentidos: descentralizao de aes,revalorizao de lugares e territrios, emergncia do local com participao dosresidentes e ainda no sentido das parcerias de sujeitos sociais e entre regies,

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    municpios e comunidades atravs de roteiros tursticos. Busca, ainda, a integrao dedestinos tursticos, criando roteiros que compartilhem oferta e infraestrutura de suportede estados circunvizinhos. A primeira iniciativa foi o Plano de DesenvolvimentoSustentvel da Regio Turstica do Meio-Norte (PDSRT) envolvendo 77 municpios (22

    do Cear, 22 do Maranho e 33 do Piau), em rea de 66.000 Km, habitada por 1,86milhes de pessoas. Trata-se de plano de desenvolvimento regional em basessustentveis, envolvendo o rural e o urbano, com patrocnio do Grupo de TrabalhoInterministerial (GTI) institudo por Decreto da Presidncia da Repblica de 2008,integrado por 26 Ministrios e rgos federais; Secretarias de Estado do Cear,Maranho e Piau e pela Agncia para o Desenvolvimento Regional Sustentvel(ADRS), sob a coordenao do Ministrio da Integrao Nacional e do Ministrio doTurismo.

    As aes reforam a comercializao do turismo de Sol & Praia que engloba

    cruzeiros martimos, com possibilidades de turismo cultural e religioso, em reas ruraise turismo de natureza e aventura. Os principais destinos constituem os portes deentrada para a regio, e as capitais e cidades litorneas (Natal, Salvador, Recife,Fortaleza, Porto Seguro, etc.) apresentam melhor estrutura de hospedagem.

    A regio nordestina apresenta-se, segundo o Ministrio do Turismo (2010),como a promissora ampliao de investimentos no perodo de 2011-2014, quandoreceber vultosos investimentos governamentais visando ao mundial de futebol de2014. O Brasil espera receber cerca de 500 mil turistas estrangeiros e movimentar oturismo interno, produzindo impacto direto na atividade. Segundo pesquisas da

    Confederao Brasileira de Futebol (CBF) e da Fundao Getulio Vargas (FGV), osinvestimentos em infraestrutura e servios previstos para Copa do Mundo de 2014ultrapassam R$ 30 bilhes. Isso justifica a implantao da maioria dos resorts noNordeste do pas, assim como o incremento da especulao imobiliria no litoral e anecessidade de abrigar turistas em espaos mais protegidos e distantes dascontradies sociais.

    Como o turismo de Sol & Praia o segmento para as massas e os litorais,reas de grande demanda, torna-se difcil o controle de qualidade, e os impactos daocupao urbana e turstica suscitam a emergncia de movimentos socioambientais

    que tm contribudo para denunciar os abusos e questionar a sustentabilidade. Emvrios lugares, tem havido problemas de uso indevido de litorais, alm dos associados explorao sexual, drogas e especulao imobiliria. Os pases tropicais pobres, demodo geral, iniciaram a explorao da atividade turstica com turismo litorneo,balnerio, de sol e praia para atender, em especial, demandas de pases ricos, assimcomo do capital proveniente de corporaes internacionais, oferecendo condiesfavorveis instalao de redes hoteleiras e resorts de bandeiras internacionais eparques aquticos.

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Dnn/Dnn11822.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Dnn/Dnn11822.htm
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    O Nordeste espao de contradies responde positivamente estmulos que omovem para melhor desempenho socioeconmico. Com a valorizao do litoral eimplantao de projetos financiados pelas agncias multilaterais de crdito, cidadesforam reorientadas para a prtica do lazer e do turismo. Desde ento a populao

    litornea disputa palmo a palmo, espao construdo e urbanizado para o turismo, comreas residenciais e para atividades econmicas, recreativas e esportivas. Tudo isso,entretanto, passa por intenso processo de luta, mediante relaes de poder pararedefinio de reas e territrios.

    A cada dia, grupos alternativos comeam a se organizar para a venda de novosprodutos tursticos, de novos roteiros, nichos deixados pelo capital global e, dessaforma, participam de mercado promissor. Em alguns municpios, comunidade epequenas empresas encontram caminhos de incluso em roteiros tursticos eaproveitam artes, gastronomias, folclores, atrativos naturais e culturais, transformando o

    potencial em produto ou oferta turstica. Assim, o turismo chega s comunidades ruraise s periferias. Os excludos do turismo do topo, ou dos resorts, dos hotis 5 estrelasinventam o turismo social, o turismo dos trabalhadores, adaptado s condieseconmicas dos pequenos rendimentos, tentam incluir-se pelo circuito inferior doconsumo, com produtos alternativos, pequenas pousadas e hospedagens residenciais,quando emerge o turismo rural e comunitrio.

    A contradio contribui para que, em alguns estados do Pas, especialmente noNordeste e no Norte, surjam experincias que fogem do modelo de turismo globalizado,que privilegiam pequenos empreendimentos, comunidades e que tm como finalidade o

    desenvolvimento local, a valorizao das pessoas, das microeconomias, das culturaslocais, de empreendimentos que possam fazer do turismo estratgia de combate pobreza, uma forma de incluso na produo e no mercado. Para isso, o turismo rural,empreendimentos comunitrios tm viso prpria de turismo voltado aos seusinteresses, a nova perspectiva de desenvolvimento voltado escala humana e scondies locais. Descobrem novos indicadores do desenvolvimento, como ingresso decapital em pequenos municpios, mais trabalho e emprego, incluso de excludos,participao democrtica, benefcios da economia local, alocao de infraestruturaturstica e de apoio ao turismo, sobretudo, para o residente. Assim, a constatao deque o Nordeste, uma das regies mais populosas e ricas do Brasil, se estagnou durantesculos, e que o poder poltico ficou nas mos da aristocracia rural e conservadora queignorou o atraso econmico e os problemas sociais, procura-se recuperar o atraso,adotando estratgicas e iniciativas governamentais, incluindo subsdios aos investimentosprivados.

    Apesar da reduzida tentativa do governo federal de promover o desenvolvimentoregional, as polticas macroeconmicas so importantes. Precisam ser complementadascom as polticas de desenvolvimento, pela iniciativa privada, ONGs e, sobretudo pelo poder

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    local e comunidades. O turismo oferece oportunidades para empreendimentos na esferalocal em comunidades urbanas e no meio rural. Assim, criou-se, no Nordeste, novaimagem regional de dimenso nacional e global. Fala-se agora de um Novo Nordesteresultado do processo de significativas mudanas socioeconmicas. O turismo poder vir a

    ser uma das sadas para a economia nordestina, desde que se invista no maior potencialda regio: a populao, e que se proteja, conserve e se recupere seu patrimnio natural ecultural.

    O Rural e o urbano no semirido

    A segmentao do turismo, em espao e mercado globalizado, indicador dadiversidade de destinos tursticos e da capacidade de prestao de servios a perfis depblicos com capacidade de dinamizar territrios e economias, levando satisfao aosturistas. A segmentao da oferta atenta para as caracterizaes de lugares, assim,

    tem-se o turismo rural, urbano, litorneo, de montanhas, e em especial departicularidades de grupos de turistas, em torno de interesses comuns. Turismo deterceira idade, de negcios, de grupos religiosos, de pessoas que viajam sozinhas, degays, lsbicas e simpatizantes, com deficincias, grupos de trabalhadores, alunos,dentre outros mostram a diversidade dos envolvidos. Considera-se na segmentaomotivos de viagens, nveis de renda, caractersticas demogrficas e mbito geogrficoda viagem, entre outros aspectos.

    A reestruturao produtiva das ltimas dcadas impe novas polticas e aesbaseadas em organizaes de empresas, em redes de estratgias de desconcentrao,atingindo maior nmero de lugares na expanso do capital, e nesse processo, rea em

    foco - o Nordeste brasileiro - intensamente contemplada pela prioridade de servios,em especial, com crescentes demandas. Novas feies do urbano e rural exigemrenovao da base conceitual e reinterpretao dos lugares. Matos (2006) apresentapremissas que chamam ateno para o papel de grandes empresas, em redes, noprocesso de acumulao, com subordinao do Estado, desregulao, difuso detecnologias, informaes, comunicaes, finanas e produo de smbolos, comreformas urbanas marcadas pelas policentralidades e fragmentaes. No rural ocorremmudanas na estrutura agrria e formas de produzir, com surgimento de agropolosvinculados ao mercado internacional, em convvio com pequenos produtores comagricultura de subsistncia.

    Assim, o espao rural nordestino, associado ao vazio, descaso, carncias deservios e capitais, secas e baixa produtividade, tambm passa por reestruturaesexplicadas por Graziano (1998) como novo rural brasileiro com processo deurbanizao, implementao de infraestrutura de transportes e comunicao, bemcomo com aquisio de servios urbanos bsicos, como energia eltrica, sade,educao, acrescenta-se, de lazer. A transformao e interconexo do urbano com orural exigem que se repensem os espaos, sobretudo a extino da dicotomia

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    rural/urbano. O espao rural amplia o leque de atividades, para alm da produoagropecuria, com destaque do lazer em reas rurais, venda da paisagem rural com aproduo simblica do rural a ser consumido, com a criao das Reservas Privadas doPatrimnio Nacional-RPPN, programao de atividades de turismo rural e ecoturismo.

    Vale registrar que, na Regio Nordeste, as mudanas de campo foram nfimas e noreduziram as contradies entre o rural e o urbano. O campo continua pobre e poucoprodutivo, com enclaves produtivos.

    O turismo rural evidencia significativa participao de atividades no-agrcolas,e, em contrapartida, faz complexa a compreenso do fenmeno turstico, bem como aprpria relao campo/cidade. O entendimento do turismo rural implica pensar ouniverso associado das escalas temporais e espaciais, e a produo segmentada daatividade. A segmentao do turismo rural nada mais do que diviso, pela realidadeconcreta, de nveis identificados, que resultam em fraes analticas de atividade. Noentanto, para as investigaes crticas do turismo, os segmentos so componentes deum mesmo conjunto contraditrio, solidrio e imbricado, parte especifica da anlise daatividade turstica.

    Nessa perspectiva, compreende-se o turismo rural como segmento dinmico eemergente que oferece possibilidades s economias rurais por diversificar produtos eservios no campo. No obstante o objetivo deste trabalho associa-se produo deprocedimentos metodolgicos de anlise do turismo rural. O esquema desenvolvidoest longe de ser nica via metodolgica de conhecimento cientfico do turismo rural,trata-se, na verdade, de pequena contribuio no campo operacional, em que secolocam ao pesquisador diferentes dificuldades e reflexes de desenvolvimento da

    pesquisa para compreenso da realidade emprica a luz da reflexo crtica.No entanto, no campo dos pases subdesenvolvidos no houve mudanas

    intensas, simultaneamente ao que ocorria com as cidades, pelo contrrio, continuou aestagnao por dcadas, at, tardiamente, inserir-se na mundializao do capital, vistoque, at mesmo a urbanizao e crescimento das cidades demoraram dcadas, atsculos, para acontecer, com relao aos mesmos processos em andamento nospases centrais. Neste sentido, diz Scarlato (2000, p. 395) que o crescimento dascidades e a industrializao ocorreram paralelamente transformao do campo,equivalendo falar que no chamado Primeiro Mundo houve integrao entre campo ecidade. Assim, a urbanizao processa-se diferenciadamente nos pases,

    acompanhando ritmos de evoluo relacionados ao sufrgio rpido, espontneo ouforado do sistema capitalista. As sociedades passam assim pelo processo deurbanizao profcuo para se adaptarem ou integrarem ao modelo de produodominante.

    A paisagem rural abriga objetos e aes urbanas, porquanto decantadas peloprisma dos sujeitos do campo que constroem a histria do mundo rural no cotidiano,tendo como fonte primria a terra, e como energia a relao intersubjetiva homem-terra.As famlias e as tcnicas rurais no desaparecem por completo, devido resistncia

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    dos homens que trabalham com ela ou por serem guardadas como uma espcie dememria (como nas fazendas modernizadas). Trata-se de mudanas e no de fortesrupturas que convergem para o extermnio do campo.

    Assim, a relao campo/cidade se estreita, condicionada pela modernizao

    circundante e ampliada pelo imprio da acumulao do capital que se serve cada vezmais de cincia, de servios originariamente urbanos e de informaes. No entanto, ocampo no se definha, apenas no existe pureza imanente possvel que se perpetue;oscilaes e transformaes so irremediveis no mundo acelerado. A cidade tambmse transforma. Ao passo que a urbanizao das grandes cidades, pouco a pouco, seaproxima do clmax metropolitano, ou at mesmo gera megalpoles com poder dedeciso e concentrao de cincia, tcnica e informao, o campo parte importantedo processo, pois a complexidade tcnica, no seio da cidade, nos centros universitrios,foi transportada, combinada desigualmente ao espao rural; ao mesmo tempo em quedependia do espao rural: produo de alimentos, inclusive da gerao do proletariadode reserva, a populao imigrante. A essa relao Milton Santos (2002) chamou deacontecer complementar, fruto da necessidade de ampliao das ligaes e trocasentre as foras espaciais produtivas: campo e cidade. A respeito das oposies entrecampo e cidade, pode-se admitir com Lefebvre (2001, p. 69) que

    a oposio urbanidade-ruralidade se acentua no lugar de desaparecer,enquanto a oposio cidade-campo se atenua. H um deslocamento daoposio e do conflito. Quanto ao mais, em escala mundial, o conflito cidade-campo est longe de ser resolvido, todos sabem disso. Se verdade que asuperao e a contradio cidade-campo (que envolve a oposio de dois

    termos sem se reduzir a ela) fazem parte da diviso do trabalho social, preciso admitir que esta diviso no est nem superada nem dominada. Longedisso.

    Portanto, no limite, a superao da contradio campo-cidade est longe deacontecer. Est a tambm a possibilidade de emancipao humana, pois quebrar oeixo de sustento do sistema capitalista significa edificar nova sociedade e novo espao,onde a solidariedade e a cooperao fundem todas as escalas da coexistncia materiale imaterial. Se no h uma superao completa e insuflada na relao campo-cidade,ao menos tem-se convergncia relativa, mltipla e instigante das funes, aes e

    objetos de ambas as esferas, ora de forma spera, ora dialgica. Assim, cidade ecampo unem-se dialeticamente. O turismo rural complicador da combinao cidade-campo ou pode ajudar a produzir nova sociedade como acreditam os autores?

    Por um esquema metodolgico para estudo do turismo rural

    Teorias e conceitos so mediaes na compreenso do processo de produoespacial para e pelo turismo. Consultas aos tericos, seleo de conceitos so parte da

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    metodologia dos que estudam e buscam compreender o turismo como fenmeno,planejar e gestar projetos tursticos, tendo por base territrios e pessoas de lugares. Ascategorias de anlise do suportes pesquisa de campo e guardam relao direta coma realidade emprica.

    medida que se abandona a metodologia positivista e se aplica conhecimentona busca da totalidade, mais se compreende a metodologia crtica e as categorias queexplicam o espao rural e urbano transformado em espao turstico. Passa-se acompreender simultaneamente as dinmicas da natureza e a da sociedade e suasmltiplas relaes. Quando se fica apenas na dinmica da natureza, tem-secompreenso mecanicista e deixa-se de compreender a totalidade do espao.Igualmente, quando se estuda a dinmica da sociedade esquecendo-se a da natureza,tambm se perde parte do todo estudado. A tendncia de dicotomizar a anlise,

    justificada pelo positivismo, negada pela anlise crtica, cuja compreenso do todo

    feita pelas partes, mas em relao ao todo, no basta estudar uma das partes, mas asua relao com a totalidade. O positivismo destaca a descrio dos fatos, reala amemorizao, considera a cincia neutra, prioriza o emprico negando o terico,mantm-se no nvel da forma ou aparncia, adota postura autoritria e dogmtica,descontextualiza o objeto estudado, fala de problemas antrpicos considerando o saberconhecimento objetivo. A metodologia crtica analisa fatos tursticos contextualizando-os, desacredita na neutralidade cientfica, considera o saber objetivo e subjetivo,analisa com base na teoria, ou a luz dos conceitos, explica o turismo na relaosociedade natureza, busca a essncia, no admite o fato isolado, por isso estuda oprocesso. A partir desta concepo pode-se admitir a evoluo e a transformaosocial, pois os cidados conscientes de sua realidade podero lutar por ela. Essaabordagem metodolgica exige profissionais engajados e comprometidos com asmudanas sociais, conscientes e capazes de entender os conflitos e as contradies darealidade rural e urbana. Cientistas que lutam por uma sociedade mais justa, tomam opensamento e a anlise instrumentos de emancipao do ser humano, indo alm doquestionamento puramente acadmico s transformaes sociais pela prxis.

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