Santé, éthique et développement durable : défis pour un ... · reflexões de Josué de Castro em torno da metáfora homem-caranguejo. 9/8/2013 1 Santé, éthique et développement

Santé, éthique et développement durable : défis pour un monde en crise 21-22 mai 2013

Recife, Brésil Colloque organisé par le Centre de Recherche Aggeu Magalhães FIOCRUZ/PE, CPqAM

et le Comité Consultatif de Déontologie et d’Ethique de l’IRD (CCDE) 21 mai 2013 : 4ère Table ronde : Saude, ambiente e desenvolvimento sustentavel no mundo / Santé, environnement et développement durable dans le monde Djalma Agripino de Melo Filho, médico epidemiologista, diretor de pesquisa, CNPQ, « Saúde e satisfação de necessidades » Biographie : Djalma Agripino de Melo Filho, diretor de pesquisa, CNPQ, médico epidemiologista, mestre em saúde comunitária, docente pesquisador do Núcleo de Saúde Pública e Desenvolvimento Social - UFPE Carlos A. Nobre, chercheur en climatologie, secrétaire général pour la politique de recherche et de développement du ministère des Sciences, Technologie et Innovation, Brasilia Résumé : Serão discutidas as relações entre saúde e satisfação de necessidades por meio do recorte proposto pela filósofa Agnes Heller entre necessidades existenciais e necessidades propriamente humanas e das reflexões de Josué de Castro em torno da metáfora homem-caranguejo.

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Santé, éthique et développement durable : défis pour un monde en crise21‐22 mai 2013, Recife, BrésilColloque organisé par le Centre de Recherche Aggeu MagalhãesFIOCRUZ/PE, CPqAM et le Comité Consultatif de Déontologie et d’Ethique de l’IRD (CCDE)

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SAÚDE E SATISFAÇÃO DE NECESSIDADESDjalma Agripino de Melo Filho – NUSP-UFPE

ULISSES E O CANTO DAS SEREIAS (CANTO XII DA ODISSEIA DE HOMERO)

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NATUREZA CULTURA

NORMA SANITÁRIA

“A soleira para a humanidade é cruzada no momento em que as normas substituem os

instintos.” (AGNES HELLER)

FAUSTO, Goethe (1749 – 1832)

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PARTICULARIDADEVida cotidiana

UNIVERSALIDADE / GENERICIDADE

“O i di íd é h l ã

INDIVÍDUOSer social

“O indivíduo é um homem que se encontra em relação consciente com a genericidade e que ordena sua vida cotidiana com base também nesta relação consciente – evidentemente

no seio das condições e possibilidades dadas” (AGNES HELLER)

O QUE É NECESSIDADE?

“Desejo consciente, aspiração, intenção dirigida em todo momento para um certo objeto e que motiva a ação como

Agnes Heller (Budapeste, 1929 ‐ )

tal. O objeto em questão é um produto social, independente do fato de que se trate de mercadoria, de um modo de vida ou de ‘outro homem” (AGNES HELLER)

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Foco

Necessidades

Existenciais

Foco

Conservação da vida

Propriamente humanas

Foco

Para além da conservação da vida

Necessidades Existenciais

Alimentação

Necessidades propriamente humanas

Trabalho criativo

Água

Habitação

Saneamento

Vestimenta

Sexo

Atividade (trabalho)

Contato social

Tempo livre

Educação

Atividade cultural

Atividade moral

Prática política

Prática científica

Reflexão filosóficaContato social

Descanso necessário à reprodução da força de trabalho

Etc.

Reflexão filosófica

Criação artística

Meditação

Amizade

Amor

Etc

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Necessidades Existenciais

Saúde como conservação da vida;

Necessidades propriamente humanas

Saúde como uma imagem‐objetivo: Terra l d í di i “ id dvida;

Saúde como a ausência de doença;

Saúde como vigor para o trabalho;

sem males dos índios guaranis, “A Cidade do Sol” de Campanela, “A Utopia” de Morus

Saúde como celebração, brinde à vida, saudação

Saúde como qualidade de vida /

Saúde como meio /condição para se alcançar um fim;

Saúde como um estado

Saúde como qualidade de vida / promoção da saúde

Saúde como um fim

Saúde como uma atitude diante da vida, da doença, da morte e da própria saúde

A EMERGÊNCIA DA

METÁFORA

HOMEM‐CARANGUEJOJosué de Castro

(Recife, 1908 – Paris, 1973)

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“... assim vai o Recife crescendo com uma grande população marginal que vegeta nos seus mangues empopulação marginal que vegeta nos seus mangues em habitações miseráveis do tipo mocambo. (...) Além dos que emigravam da zona do açúcar, por motivos vários, deve‐se acrescentar os que desciam expulsos pelas secas do outro Nordeste, o do sertão semiárido...”(Josué de Castro)

(Acervo Centro Josué de Castro)

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“Cedo me dei conta deste estranho mimetismo: os homens se assemelhando, em tudo, aos caranguejos, arrastando‐se, agachando‐se como caranguejos para poderem sobreviver. Parados com os caranguejos na beira d’água ou caminhando para trás como caminham ostrás como caminham os caranguejos.” (Josué de Castro)

“Seres anfíbios – habitantes da terra e da água, meio homens e meio bichos.” (Josué de Castro)

O CICLO DO CARANGUEJO

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“ Esta é que foi a minha Sorbonne: a lama dos mangues do Recife, fervilhando de caranguejos e povoada de seres humanos feitos de carne de caranguejo....” (Josué de Castro)

“Se a terra foi feita para o homem como tudo para bem servi‐lo, o mangue foi feito essencialmente para o caranguejo. Tudo aí é, ou está para ser caranguejo, inclusive a lama e o homem que vive nela.” (Josué de Castro)

“Os habitantes dos mangues, depois de terem um dia saltado para dentro da vida, p ,nesta lama pegajosa dos mangues, dificilmente conseguiriam sair do ciclo do caranguejo, a não ser saltando para a morte e, assim, se afundando para sempre dentro da lama.” (Josué de Castro)(Acervo Centro Josué de Castro)

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“A impressão que eu tinha era que os habitantes dos mangues ‐ homens e caranguejos nascidos à beira do rio ‐à medida que iam crescendo, iam cada vez se atolando mais na lama.”(Josué de Castro)

(Acervo Centro Josué de Castro)

“E, assim ficavam todos eles, afogados no mangue, agarrados pelas ventosas com as quais os mangues insaciáveis lhes sugavam todo o suco da sua carne e da sua alma de escravos. Com uma força estranha, os mangues iam, assim, se apoderando da vida de toda aquele gente, numa posse lenta, tenaz, definitiva.”(Josué de Castro)

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SingularidadeParticularidade(Vida Cotidiana)( )

Âmbito de satisfação das “necessidades existenciais”

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Âmbito de satisfação das “necessidades existenciais” = conservação da vida: alimentação, sexo, habitação, saneamento, descanso, contato social, atividade (trabalho), saúde como ausência de doença, como vigor para o trabalho, como condição para se alcançar algo etc.

“O ruído vai crescendo, crescendo, treme com o ar, com os mocambos,

j dcom os caranguejos de olhinhos em pé, assustados, depois vai diminuindo, até se extinguir inteiramente. E um silêncio opressivoum silêncio opressivo volta a abafar a cidade deserta dos mocambos.” (Josué de Castro)

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“João Paulo sentiu uma confusão na cabeça e um formigamento no corpo. Disparou na carreira. Corria em ziguezague, como correm os caranguejos, procurando descobrir de onde vinha mesmo o barulho da tempestade.” (Josué de Castro)

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“O objetivo é engendrar um "circuito energético", capaz de

t b ib õ dconectar as boas vibrações dos mangues com a rede mundial decirculação de conceitos pop. Imagem símbolo, uma antena parabólica enfiada na lama.”Fred Zero Quatro, in Manifesto “Caranguejos com cérebro”

“É só uma cabeça equilibrada em cima do corpo

Procurando antenar boas vibraçõesProcurando antenar boas vibrações

Preocupando antenar boa diversão

Sou, sou, sou Mangueboy.”

Chico Science, Da lama ao caos, 1994

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Âmbito de satisfação das “necessidades propriamentehumanas” estão voltadas para a genericidade: trabalho criativo,tempo livre, reflexão filosófica, meditação, prática política, práticacientífica, criação artística, educação, amor, amizade, saúdecomo fim, como atitude, como imagem-objetivo, como brinde,como saudação.

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Singularidade Particularidade(Vida Cotidiana)

Universalidade /

Genericidade

Universalidade /

Genericidade

Singularidade

Particularidade(Vida Cotidiana)

Genericidade

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A luta para diminuir cada vez mais o abismo entre o homem‐particular (âmbito da vida cotidiana) e o homem‐genérico (âmbito do universal) pode ter como símbolo um caranguejo que agarra com sua patola uma das estrelas de sua própria constelação, num movimento de saída do caos para o cosmos, da particularidade para a universalidade, pois separticularidade para a universalidade, pois se os olhos são as “janelas da alma”, as estrelassão as “janelas do mundo”.

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