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Saúde Global Aula 2
16 de março de 2018
RACISMO COMO DETERMINANTE
SOCIAL DA SAÚDE
“Si ce livrepouvait changer un seul haïsseur, mon frère en la mort, je n'auraispas écrit en vain”
1972
•Aniversário de 10 anos em Marselha, 1905
STF Habeas Corpus nº 82.424
(2004) - Caso Ellwanger• O Plenário do Tribunal, partindo da premissa de que não há subdivisões biológicas na
espécie humana, entendeu que a divisão dos seres humanos em raças resulta de um processo de conteúdo meramente político-social. Desse processo, origina-se o racismo que, por sua vez, gera a discriminação e o preconceito segregacionista.
• Para a construção da definição jurídico-constitucional do termo “racismo”, o Tribunal concluiu que é necessário, por meio da interpretação teleológica e sistêmica da Constituição, conjugar fatores e circunstâncias históricas, políticas e sociais que regeram a sua formação e aplicação. Apenas desta maneira é possível obter o real sentido e alcance da norma, que deve compatibilizar os conceitos etimológicos, etnológicos, sociológicos, antropológicos e biológicos.
• O crime de racismo é evidenciado pela simples utilização desses estigmas, o que atenta contra os princípios nos quais se erige e se organiza a sociedade humana, baseada na respeitabilidade e dignidade do ser humano e de sua pacífica convivência no meio social.
• Reconheceu-se, portanto, que a edição e publicação de obras escritas veiculando idéiasanti-semitas, que buscam resgatar e dar credibilidade à concepção racial definida pelo regime nazista, negadoras e subversoras de fatos históricos incontroversos como o holocausto, consubstanciadas na pretensa inferioridade e desqualificação do povo judeu, equivalem à incitação ao discrímen com acentuado conteúdo racista, reforçadas pelas conseqüências históricas dos atos em que se baseiam.
http://www.seppir.gov.br/central-de-conteudos/publicacoes/pub-
acoes-afirmativas/racismo-como-determinante-social-de-saude-
1
Publicação da Secretaria
de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial –
Seppir/PR, Brasília, 2011
http://www.seppir.gov.br/central-de-conteudos/publicacoes/pub-acoes-
afirmativas/racismo-como-determinante-social-de-saude-1
http://www.seppir.gov.br/central-de-conteudos/publicacoes/pub-acoes-afirmativas/racismo-como-
determinante-social-de-saude-1
http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v25n3/1984-0470-sausoc-25-03-00535.pdf
15/5/2017• Cientistas da Universidade de Northwestern trabalharam com indicadores
da saúde e o histórico de deslocamento de 2 mil afroamericanos por 25 anos. Ao longo do tempo, moradores de dez regiões metropolitanas nosEstados Unidos se espalharam para 170 áreas urbanas. As informaçõesutilizadas fazem parte de uma grande base de dados pública, a "Coronary Artery Risk Development in Young Adults”.
• "Este estudo fornece evidências mais fortes e diretas de que a segregaçãoimpacta a pressão arterial e causa danos à saúde dos afroamericanos", apontou o líder do estudo, Kiarri Kershaw, em nota. "Acredito que istoesteja relacionado ao estresse de viver nestas localidades”
• O estresse, para os autores do estudo, está relacionado sobretudo a umamaior exposição à violência e ao menor acesso à educação.
• "Em áreas menos violentas, com melhor acesso a recursos, você fica maisseguro em relação a sua família e ao futuro de suas crianças em boas escolas", completou Kershaw. "Você vê oportunidades para a mobilidadeeconômica de seus filhos. E há também um acesso melhor a mercados, serviços de saúde e um distrito comercial vital”.
https://oglobo.globo.com/sociedade/saude/negros-que-vivem-em-bairros-segregados-dos-eua-tendem-ter-pressao-alta-21341423#ixzz4iC7MaxDG
Epidemiologia
• A epidemiologia é uma disciplina básica da saúde públicavoltada para a compreensão do processo saúde-doença no âmbito de populações, aspecto que a diferencia da clínica, que tem por objetivo o estudo desse mesmo processo, masem termos individuais
• Como ciência, a epidemiologia fundamenta-se no raciocíniocausal; já como disciplina da saúde pública, preocupa-se com o desenvolvimento de estratégias para as ações voltadaspara a proteção e promoção da saúde da comunidade
• "Epidemiologia é o estudo da freqüência, da distribuição e dos determinantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em específicas populações e a aplicação dessesestudos no controle dos problemas de saúde" (J. Last, 1995)
Epidemiologia social
• Pesquisa sobre gradações/gradientes sociais (desigualdades na hierarquia social e econômica)
• e sobre a influência de fatores sociais sobre privações, especialmente sanitárias
• Oposta à epidemiologia dita biomédica ou clássica, centrada em buscar causas de doenças em fatores individuais, especialmente biológicos e comportamentais, e a exposição dos indivíduos a riscos
Epidemiologia social: questões
politicamente sensíveis
• Causalidade social das doenças evitáveis
e da mortalidade
• Repartição desigual de ambas
Determinantes sociais de saúde
BUSS e PELLEGRINI (2007)• Principal desafio dos estudos sobre as
relações entre determinantes sociais e saúdeconsiste em estabelecer uma hierarquia de determinações
• entre os fatores mais gerais de naturezasocial, econômica, política
• e as mediações através das quais essesfatores incidem sobre a situação de saúde de grupos e pessoas,
• já que a relação de determinação não é umasimples relação direta de causa-efeito
http://www.uff.br/coletiva1/DETERMINANTES_SOCAIS_E_SAU
DE.pdf
BUSS e PELLEGRINI (2007)
• Não há uma correlação constante entre osmacroindicadores de riqueza de uma sociedade, como o PIB, com os indicadores de saúde
• volume de riqueza gerado por uma sociedade é um elemento fundamental para viabilizar melhorescondições de vida e de saúde, mas existem paísescom um PIB total ou PIB per capita muito superior a outros que, no entanto, possuem indicadores de saúde muito mais satisfatórios
• É preciso identificar onde e como intervir com o objetivo de reduzir as iniquidades de saúde, e ospontos mais sensíveis onde tais intervenções podemprovocar maior impacto
http://www.uff.br/coletiva1/DETERMINANTES_SOCAIS_E_SAU
DE.pdf
ATORES DA SAÚDE GLOBAL
CUETO (2015)
2 perspectivas
ênfase no uso de tecnologias modernas para controle de doenças, nos chamados à
caridade dos doadores privados e no argumento de que programas eficientes de saúde pública são
fatores essenciais ao crescimento econômico
promove reformas sociais com oobjetivo de reduzir desigualdades, comoas existentes entre diferentes países edentro dos países, e faz uma crítica à
origem dessas injustiças sociais
Neoliberalismo em saúde
• Principal texto é do Banco Mundial (1993), Investir em Saúde
• Programas sanitários são contribuição econômica, eis que as perdas econômicas causadas por doenças são dramáticas
• Melhor gasto em saúde por meio do gerencialismo, combate à duplicação de atividades e desperdício de recursos
• Incentivo a intervenções custo-efetivas e abandono de programas abrangentes nos sistemas de saúde
• Aumento das doações para programas internacionais de saúde
Banco Mundial: força dominante
em saúde
• A partir dos anos 1990
• Capacidade de mobilizar grande somas que ultrapassavam o orçamento da OMS
• Julio Frenk (funcionário da OMS, Ministro da Saúde do México, Diretor da Escola de Saúde Pública de Harvard e funcionário da Fundação Gates): redefinição das autoridades sanitárias como entidades normativas e regulamentadoras, não executoras (1997)
• Reformas tornam benefícios privados
maiores do que os públicos – promoção
das parcerias público-privadas
• redução do aparato burocrático
• prevenção e vigilância não são prioridades
FILANTROCAPITALISMO
http://epocanegocios.globo.com/Revista/Epocanegocios/0,,EDG84555-8374-20,00-EM+BUSCA+DO+CAPITALISMO+CRIATIVO.html
Capitalismo criativo
http://www.rets.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/revistas/rets21_pt_0.pdf
1863
Comitê Internacional da Cruz Vermelha
1902
Escritório Sanitário Panamericano, futura OPAS
Combate eficaz à febre amarela
1909
Escritório Internacional de Higiene Pública
Regular as quarentenas (peste e cólera)
1946
Organização Mundial da Saúde
Fundação Rockefeller - 1913
• Comissão de saúde internacional -> Diretoria de saúde internacional
• 4 décadas de intensa atuação em SI: escritórios em Paris, Nova Delhi, Cali e México, focando a partir de 1951 na educação médica
• 25 escolas de saúde pública na América do Norte, Europa e América do Sul
• 2.500 bolsas
• Modelo verticalizado de ação na saúde internacional
• Grandes campanhas de caráter científico
• Treinamento médico transnacional
• Geração de apoio político e popular para a saúde pública
• Cortejou políticos e funcionários públicos em todo mundo, e conectou elites locais a redes médicas internacionais
Estreita relação com imperialismo
norteamericano
• Serviu a estabilizar colônias e nações
emergentes
• Transferência e internalização de valores
científicos, burocráticos e culturais
• Estimulo ao crescimento de mercados de
consumo
• Preparo de vastas regiões para os
investimentos estrangeiros
Ventura e Rached, ABRI, 2016