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MODIGLIANI
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© Confidential Concepts, worldwide, USA© Sirrocco, Londres (edição portuguesa)
ISBN: 971-78042-574-0
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Amedeo
Modigliani
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Amedeo Modigliani nasceu em Livorno (Itália) em 1884 e faleceu com a idade
de 35 anos em Paris. De mãe francesa e pai italiano, foi educado na fé judaica
e cresceu assim em contacto com três culturas. Modigliani era um homem
charmoso e apaixonado que teve várias ligações amorosas ao longo da vida. Três
fontes alimentaram o incomparável poder visionário do artista: sem negar a sua
herança italiana e clássica, ele compreendia igualmente a sensibilidade e o estilo
francês, particularmente o ambiente artístico denso que reinava em Paris no final do
século XIX. Além disso, ele destacava-se por uma lucidez intelectual influenciado pela
tradição judaica.
Contrariamente a outros vanguardistas, Modigliani pintava essencialmente retratos
com formas alongadas. Atribuiu um carácter estranho e acrescentou um toque
melancólico que lhe era próprio. Os seus Nus são de uma beleza sublime e marcados
por um erotismo exótico. Em 1906, Modigliani estabeleceu-se em Paris, centro da
inovação artística e do comércio internacional da arte.
Aí frequentou regularmente os cafés e as galerias de Montparnasse, lugares de
encontro dos mais diversos grupos artísticos. Muito cedo, tornou-se amigo de Maurice
Utrillo (1883-1955), pintor néo-impressionista e alcoólico, e do pintor alemão Ludwig
Meidner (1844-1966) que o qualificava de “o último verdadeiro boémio” (Doris
Krystof).
Sua mãe enviou-lhe todo o dinheiro de que ela podia dispor, no entanto ele foi
obrigado frequentemente a mudar de domicílio. Por vezes, teve mesmo de abandonar as
suas obras logo que, incapaz de pagar a sua renda, deixava precipitadamente os lugares.
Eis a descrição de uma das casas de Modigliani por parte de Fernande Olivier (1881-
1973), a primeira amiga de Pablo Picasso em Paris, no seu livro Lembranças íntimas –
Escritos por Picasso:
«Um estrado sobre quatro pés numa canto da divisão. Uma pequena fornalha
oxidada com uma bacia de terra cozida nela pousada; ao lado, sobre uma mesa em
madeira branca, uma toalha e um pedaço de sabão. No outro canto, uma caixa estreita
e miserável, borrada de pintura preta, usada como sofá. Uma cadeira de verga,
cavaletes, telas de todas as dimensões, tubos de cores espalhados pelo chão, pincéis,
recipientes para a essência de terebintina, um pote contendo ácido nítrico (para as
gravuras) e sem cortinados.»
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1. Auto-retrato, 1919.
Pintura a óleo,
100 x 65 cm.
Museu de Arte
Contemporânea da
Universidade de São
Paulo, Brasil.
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2. Paisagem no Midi,
1919.
Pintura a óleo,
60 x 45 cm.
Colecção particular.
3. Árvore e casa, 1919.
Pintura a óleo,
57 x 45 cm.
Colecção particular.
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Modigliani era uma das personagens eminentes do Bateau-Lavoir, esta famosa casa
onde numerosos artistas, como Picasso, tinham os seus ateliers. É provavelmente ao
escritor e boémio Max Jacob (1876-1944), um amigo de Modigliani e de Picasso, que
o Bateau-Lavoir deve o seu nome. Nesta época, Picasso pintou As Meninas de Avignon,
esta representação radical de um grupo de prostitutas que marcou o início do cubismo.
No Bateau-Lavoir, os outros artistas trabalharam também para o desenvolvimento do
cubismo, como os pintores Georges Braque (1882-1963), Jean Metzinger (1883-1956),
Marie Laurencin (1885-1956), Louis Marcoussis (1883-1941) e os escultores Juan Gris
(18873), Jacques Lipchitz (1891-1973) e Henri Laurens (1885-1954).
Nesse tempo, as cores vivas e o estilo livre do fauvismo usufruíam de uma grande
popularidade. Modigliani conheceu os Fauves do Bateau-Lavoir, nomeadamente André
Deram (1880-1954), Maurice de Vlaminck (1876-1958) e o escultor expressionista
Manolo (Manuel Martinez Hugué; 1876-1945) assim como Chaim Soutine (1893-
1943), Moïse Kisling (1891-1953) e Marc Chagall (1887-1985). Nos seus retratos,
Modigliani representou um grande número desses artistas. Além de Max Jacob, outros
escritores eram também atraídos por esta comunidade, como Guillaume Apollinaire
(1880-1918), poeta e crítico de arte (e amante de Marie Laurencin), o surrealista Alfred
Jarry (1873-1907), Jean Cocteau (1889-1963), escritor, filósofo e fotógrafo, cuja
relação com Modigliani era ambígua e André Salmon (1881-1969) que escreveu mais
tarde um romance adaptado para o palco sobre a vida, muito pouco convencional, de
Modigliani (La Vie passionnée de Modigliani, Edições Seghers, Paris). A escritora
americana e coleccionadora de obras de arte, Gertrude Stein (1874-1946), bem como
o seu irmão Léo também se encontravam entre os habituais de Bateau-Lavoir.
Apelidado “Modi” pelos seus amigos, certamente um jogo de palavras baseado na
expressão peintre maudit (pintor amaldiçoado), ele estava convencido que as
necessidades e os desejos do artista eram diferentes daqueles dos homens vulgares. Daí
a sua convicção de que a sua vida fosse julgada de modo diferente; teoria que o levou
a leitura de autores como Friedrich Nietzsche (1844-1900), Charles Baudelaire (1821-
l867) e Gabriele d‘Annunzio (1863-1938). Modigliani teve inúmeras ligações amorosas;
bebeu bastante e consumiu drogas. De tempos a tempos, ele retornava a Itália a fim de
ver a sua família e descansar. Na sua infância, Modigliani sofreu de pleurisia e tifóide,
doenças dos quais nunca ficou completamente curado. A constante falta de dinheiro e
a sua vida instável e libertina agravaram o seu estado de saúde já por si preocupante.
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4. Nu, por volta de 1908.
Pintura a óleo,
61 x 38 cm.
Perls Gallery,
Nova Iorque.
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