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Vol. XXIII • N° 419 • Montreal, 19 de setembro de 2019 8042 boul. St-Michel Satellite - Écran géant - Événements sportifs Ouvert de 6 AM à 10 PM 37 37 376-2652 Na Lagoa... Cabouco Land 2019 • Leia artigo na página 13 Urbano Bettencourt: A minha poesia está diferente, seguramente • Entrevista de Osvaldo Cabral, pág. 15 Na Guarda... ...O silêncio das grades • Texto da autoria de Adelaide Vilela, pág. 14 Cont. na pág 2 EDITORIAL PONTO DE VISTA Por Carlos DE JESUS É com grande prazer, direi mesmo, com bastante entusiasmo, que regresso ao contacto com os leitores do LusoPresse. Posso também acrescentar que regresso numa ótima ocasião, com dois atos eleito- rais muito significativos para os nossos leitores – as eleições Legislativas em Portu- gal e as eleições federais no Canadá. Das eleições que terão lugar em Portu- gal, no próximo dia 6 de outubro, já temos dado notícia nestas páginas, resta-me acon- selhar os nossos leitores que receberam o seu voto pelo correio de não se esquecerem de fazer a sua escolha entre os 20 partidos listados e de o devolverem no invólucro resposta que veio junto. ELEIÇÕES FEDERAIS NOÉMIA DE LIMA É CANDIDATA Por Norberto AGUIAR N oémia de Lima, natural da Ribeira das Taínhas, concelho de Vila Franca do Campo, no Canadá há 58 anos, é candidata às eleições federais do dia 21 de outubro, pelas cores do Novo Partido Democrático, do chefe Jagmeet Singh. Depois de várias tentativas a nível local – concorreu em 2009 e em 2013 às eleições mu- nicipais em Laval, cidade onde vive – e provin- cial – em 2007 –, agora Noémia de Lima avança Cont. na pág 14 Foto David Boulineau/LusoPresse.

EDITORIAL Vol. XXIII • N° 419 • Montreal, 19 de setembro ......de nada, pois assim se fazem todas as histórias” João Pedro Porto, Fruta do Chão João de Melo, açoriano da

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Vol. XXIII • N° 419 • Montreal, 19 de setembro de 2019

8042 boul. St-MichelSatellite - Écran géant - Événements sportifs

Ouvert de 6 AM à 10 PM

3737376-2652

Na Lagoa...Cabouco Land 2019• Leia artigo na página 13

Urbano Bettencourt:A minha poesia está diferente,seguramente• Entrevista de Osvaldo Cabral, pág. 15

Na Guarda......O silêncio das grades• Texto da autoria de Adelaide Vilela, pág. 14

Cont. na pág 2

EDITORIAL

PONTO DE VISTA• Por Carlos DE JESUS

É com grande prazer, direi mesmo,com bastante entusiasmo, que regresso aocontacto com os leitores do LusoPresse.Posso também acrescentar que regressonuma ótima ocasião, com dois atos eleito-rais muito significativos para os nossosleitores – as eleições Legislativas em Portu-gal e as eleições federais no Canadá.

Das eleições que terão lugar em Portu-gal, no próximo dia 6 de outubro, já temosdado notícia nestas páginas, resta-me acon-selhar os nossos leitores que receberam oseu voto pelo correio de não se esqueceremde fazer a sua escolha entre os 20 partidoslistados e de o devolverem no invólucroresposta que veio junto.

ELEIÇÕES FEDERAIS

NOÉMIA DE LIMA É CANDIDATA

• Por Norberto AGUIAR

Noémia de Lima, natural da Ribeira dasTaínhas, concelho de Vila Franca do Campo,no Canadá há 58 anos, é candidata às eleiçõesfederais do dia 21 de outubro, pelas cores doNovo Partido Democrático, do chefe JagmeetSingh.

Depois de várias tentativas a nível local –concorreu em 2009 e em 2013 às eleições mu-nicipais em Laval, cidade onde vive – e provin-cial – em 2007 –, agora Noémia de Lima avança

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Página 219 de setembro de 2019 LLLLL u su su su su s oooooPPPPPr e s s er e s s er e s s er e s s er e s s e

FRUTA DO CHÃO – Fruta del Suelo• Por Lélia PEREIRA NUNES

Aqui dir-se-á tudo, mas francamente, sem se ter a certezade nada, pois assim se fazem todas as histórias”

João Pedro Porto, Fruta do ChãoJoão de Melo, açoriano da Ilha de São Mi-

guel e, na minha opinião, um dos maiores escri-to-res da literatura ibérica contemporânea,quando do lançamento do livro de contos“Navios da Noite” (Dom Quixote, 2016) con-fessou : “ É frequente em mim a tentação literá-ria do conto – tanto na vertente criativa comonas leituras”. Uma tentação que identifico pre-sente também em João Pedro Porto, autor de“Fruta do Chão” (Letras Lavadas, 2018), umaantologia de contos, em versão bilingue, tradu-zido para o espanhol por Blanca Martin-Cale-ro. Cabe destacar que o conto de abertura e quedá nome a esta antologia foi premiado com ainclusão na primeira antologia do Centro deEstudos Mário Cláudio de Venade, Portugal,“O País Invisível” (2016).

Não seria esta tentação, este gosto estéticoprofundo visível no seu discurso, no tema deeleição, uma herança de outro contista açoria-no, enorme na sua arte literária – Fernando Li-ma, seu avô? O mesmo Fernando Lima quefez parte da geração de quarenta e fundou oCírculo Literário Antero de Quental, nos Aço-res (CLAQ), com a pretensão de promover arevolução dos costumes literários, acabar como conservadorismo de Ponta Delgada e a difu-são do movimento modernista na Ilha. Talcomo o neto, no vigor da juventude, ansiavapor mudanças e pela liberdade criativa numasociedade insular refratária aos ventos das mu-danças culturais que sopravam de toda parte.

É o que retrata a narrativa aprimorada ecorajosa do João Pedro Porto, uma das jovensvozes literárias dos Açores. Um trabalho deresistência, de afinco, de cuidado com o detalheaté o ponto final. Uma exigência de um estetano burilar da palavra como uma pedra de toque.O autor, João Pedro, aventura-se na geografiadas palavras, criando-as e dinamizando-as co-mo o Disco de Newton na composição da luzbranca. O resultado é uma escrita cênica, ele-gante, rica no uso de uma imensa quantidadede vocábulos, sem qualquer esnobismo. Ape-nas o de ser, aos 35 anos, um artífice da palavra.Não é por acaso que o escritor Vitor HugoMãe quando do lançamento do romance “ABrecha (Quetzal, 2016) escreveu: “Sabemosque lemos um moço de 30 anos, mas reverbe-ram séculos nas suas construções, admiravel-mente eruditas na junção do que é literário edo que poderia ser recolhido nas praças maismaduras. Um invasor absoluto, um denuncia-dor. João Pedro Porto é cénico, performativo,esdrúxulo, temperamental, mas sem arrogância.Apenas luxuoso, desse luxo de poder fazer.” Já não preciso dizer mais nada!

Fruta Do Chão é o título desta coletâneade oito contos selecionados entre os muitopublicados em revistas e suplementos literárioscomo a Editora Seixo Publishers, o númeroinaugural da Revista Literária Grotta ou o Su-plemento Artes & Letras do Jornal Terra Nos-tra e do Açoriano Oriental.

Mas é também o título do conto vestibu-lando desta preciosa coletânea que surpreende-nos pela rica linguagem e o uso de metáforascerteiras como o de um bisturi a chegar lenta-

mente ao âmago: “somos todos frutas dochão”.

O conto Fruta do Chão uma narrativabelíssima a falar dos sonhos de dois jovensClarissa de Foradolhos (Minho) e Antelmoda Fajã Foradolhos da Ilha de São Jorge (Aço-res). Uma história como de tantos jovens nes-te mundo de Deus que sonham em sair do seumundinho que os sufocam e correr para o abra-ço da cidade grande “a capital absconsa emlonjuras e tão perto na imaginação.” (p.10). Anoviça dissidente, Clarissa e Antelmo, o semi-narista. Dois protagonistas diferentes no per-curso de vida, iguais nos sonhos, nos desejos,na ânsia da fuga. Não existe taramela na imagi-nação. Ela voa liberta. A narrativa segue numritmo andante enquanto correm paralelas asduas histórias de vida. Dois passaportes parao mundo, para a capital Lisboa. Para Clarissa éa Sra Monforte, a Carmo – “O tempo só corree anda pelas cidades, sabes?” (p.19), já Antelmo“escolhera a ascese do Seminário como quemescolhe corda de maroma para descer deum varandim.”(p.12). Era o instrumento certopara levá-lo à capital. A Ilha, os sons, o verdea bruma, o cerco do mar e o bilhete para o A-raújo. “Antelmo acordara para essa realidadecomo se rebotasse novo homem.” (p.23). Nodesfecho do conto o Arco da Rua Augusta é opalco aberto para as duas personagens: Clarissae Antelmo passam um pelo outro... E se, o lei-tor desavisado imaginou que neste momento,sob o Arco da Rua Augusta, os dois se encon-traram e uniram sonhos... Equivocou-se. Seriaóbvio demais. E, João Pedro não facilita-nosa vida:

“ Clarissa olha à sua vesga. Antelmotambém. E se, por

momentos um errasse na direção, tomariaos olhos,

marinhos ou de mogno, do outro. Não sevêem.

E o Tempo corre”(p.29).

O conto “A morte do velho Facas” tempor cenário a Lisboa antiga, da Rua do Cura eo Chafariz das Janelas Verdes. A Morte apaixo-na-se pelo velho pianista Facas-Lazar e sente-se insegura de sua missão. No tabuleiro de xa-drez o jogo da vida e da morte. “A Morte jánão era a mesma. E o velho teria sido sempre

ele próprio” (p.32). Na rica narrativa o caminhardo homem e o entendimento da sujeição da morteestabelecida tal qual os pulsos sonoros do metrô-nomo na marcação do andamento musical. Toda-via, sem usar um método rígido e sim deixar a es-tória seguir livre, improvisando compassos. Afi-nal, na “coda da estória”: “Não haverá, de longadanem louvor, melhor estória contada sobre oamor, que a de um velho pela Morte”. (p.56).

Ao cabo e sem mais delongas, limito-me acitar brevemente os outros contos incluídos nes-ta deliciosa antologia “Fruta do Chão” de JoãoPedro Porto. São eles: “O Homem da Massarda”– o personagem Massarda da sua inicial negaçãode nunca comer chocolates a encontrar metafísicano chocolate ou sentir prazer hedônico no rasgaro papel prateado do chocolate; “Traz contigo osBarcos” – Eugénio Mansarda, o protagonista –resolve dar a comer um barco à alma e parte comoum arroubo da juventude. “ Escolheu o barco esaciou a alma” (p.76); “ Indesatável” – Vitorinoe Natália, desencontram-se entre narcolepsia einsônia, resultando numa tragicomédia de doisatos, esclarece o autor, e bem merece a encenaçãoe o aplauso; “O Clube dos Solitários” – a singularestória do Clube de duração mais efêmera de quese tem notícia. Fundado pelo viúvo Erman Fita.Inaugurado e desfeito no mesmo momento pelosimples fato de que seus sócios ao se encontraremnão eram mais “solitários”; “O Homem que ven-deu o Mundo ao cimo das escadas” e “A Cerimô-nia” – a encerrar esta breve antologia está umconto curtíssimo, não mais que treze linhas, ondeJoão Pedro com maestria coloca o leitor frente aum imbróglio envolvendo o médico fisiatra M.Vautour ao ter que receber um prêmio no mesmodia em que é condenado.

São estes os contos que compõem o uni-verso ficcional imaginado de João Pedro Portoem “Frutas do Chão”. Se o seu quarto romance“A Brecha” foi considerado uma obra difícil, oscontos também não são nada fáceis. Um conjuntode oito contos densos a oferecer inúmeras pistasde reflexão na urdidura da trama, da história, doconteúdo. Construções admiráveis concebidastanto pela imensa capacidade de fabulação quantopela incrível habilidade de cinzelar a linguagem.

Uma produção literária intensa, rica e impe-tuosa espelhada na publicação de livros, de artigosem jornas, revistas e suplementos literários. Sãotambém suas as letras do álbum “Terra do Corpo”(2016) e “Sol de Verão” (2018), da Banda Medei-ros/Lucas, numa confluência entre a literatura e amúsica na criação do jovem João Pedro Porto,um nome referencial da nova geração de escritoresnatos no arquipélago dos Açores. São Ilhas deFênix, sem nunca ficarem pelas cinzas, comobem vaticina João Pedro. Concordo, ipsis litteris,sem pestanejar!

Julho de 2019.

Pela minha parte vou hoje falar nas elei-ções federais do dia 21 de outubro.

Pode dizer-se que por agora a procissãoainda vai no adro. Já houve um debate televisi-vo entre os líderes dos partidos, no qual o pri-meiro-ministro demissionário, Justin Trudeau,brilhou pela sua ausência.

Claro que este gesto da sua parte foi bas-tante criticado, mas, é evidente que Justin Tru-deau resolveu, bem ou mal, ficar longe do fogocruzado e reservar as suas munições para maistarde, quando já estivermos à boca das urnas.Entretanto, daqui até lá, muita água vai correrdebaixo das pontes, muitos ataques vão surgirde todos os lados, muitas acusações vão serlançadas à direita e à esquerda, criando assimainda mais confusão na cabeça dos eleitores,motivando muitos a não votarem.

Há também quem não vote por razõespolíticas, recusando-se a plebiscitar um siste-ma que não corresponde ao seu ideal de socie-dade. Esses votam com os pés!

Todavia, a maioria das abstenções é o resul-tado duma despolitização da sociedade que sevai acentuando com a quebra de influência dosmeios tradicionais como a imprensa, a rádio ea televisão.

Hoje, muitas pessoas “informam-se” nasredes sociais - Facebook, Instagram, Twitter,Youtube e quejandos - onde pululam os fake-news.

A este estado de coisas vem juntar-se a es-tratégia da política negativa dos partidos, géne-ro Coca-Cola contra a Pepsi, quando no fundosão todos parecidos!

Há, não obstante, diferenças sensíveis en-tre os partidos. Há mesmo um que milita con-tra os imigrantes. É o caso do Partido Populardo Canadá, do senhor Maxime Bernier, antigomembro do Partido Conservador, que apostouem fazer a sua campanha eleitoral à custa domedo da imigração e da negação das alteraçõesclimáticas.

Este é um novo partido que se alimentana mesma fonte em que se inspiram todos ospartidos da extrema direita, nacionalista, reacio-nária que apareceram no Ocidente. O partidodos supremacistas brancos, anti imigrantes, an-ti ecologia, anti progresso social. Partidos mui-tas vezes instrumentalizados pela Rússia deVladimir Putin, o qual vê neles os ingénuos ú-teis que só servem para minarem e corrompe-rem os sistemas democráticos. Não esqueça-mos que tanto a eleição de Donald Trump, co-mo a vitória do referendo do Brexit, ou o au-mento da popularidade dos partidos da extremadireita na Europa, todos eles têm tirado muitoproveito das fake-news espalhadas pela mãoarmada da guerra cibernética do exército russopara não falar dos milhões de rublos de finan-ciamento oculto.

Nesta campanha, como em quase todasas eleições por esse mundo fora, convém nãoesquecer que algures, lá em Moscovo, há milha-res de soldados treinados numa guerra virtualapostada em desacreditar os sistemas democrá-ticos parlamentares como os que temos noOcidente. Devemos pois ter muito cuidadocom as “fake news” que eles põem a circularem nome de falsos “amigos” virtuais. Toda acautela é pouca.

Votar não é um gesto banal. Há gente quemorre em nome desse princípio fundamentalda democracia.

Não nos comportemos como coveirosdos nossos princípios.

Dia 21 de outubro não faltemos à chamada das urnas.

EDITORIAL...Cont. da pág 1

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Barro Vermelho. Ilha Branca,Um colorido livro de João C. Bendito

• Por Onésimo TEOTÓNIO ALMEIDA

João Bendito surpreendeu-me há poucos anos com um pre-cioso livro sobre o pai e o seu famoso local de negócio, A Loja doTi’ Bailhão, que eu havia conhecido nos meus tempos de Angra.O aparecimento agora deste livro sobre a Graciosa já não me apanhadesprevenido porque, a partir da publicação do seu primeiro, passeia ler todas as crónicas que dele fui encontrando na imprensa dadiáspora. Já sabia, portanto, da sua costela graciosense e das fortesligações afetivas à ilha onde passou bocados da infância e adoles-cência. O que surpreende neste segundo livro é o facto de serem tãonumerosas e vívidas as memórias que dos seus dias na ilha Brancao autor guarda. Verdade seja dita que também já não me espanta asegurança e destreza da sua escrita, elemento importante para asse-gurar a atenção do leitor ao longo das páginas. É que não só das es-tórias e memórias vive um livro desta natureza; importa saber contá-las. Esse ofício João Bendito conhece bem.

Uma avó graciosense explica a ligação do autor à ilha e às tem-poradas ali passadas. O livro procura o rigor histórico e vem profu-samente ilustrado como se de um álbum de família se tratasse. Ashistórias experimentadas ao vivo e as ouvidas aos mais velhos ro-lam ao longo das páginas narradas em pormenor com garra e afeto.São muitas e variadas e vão desde uma sobre uma orquestra de es-cravos negros trazidos por um natural da terra emigrado no Brasil,até ao caso de um pequeno avião polaco em viagem entre a Françae os Estados Unidos que tentou aterrar na ilha, episódio dramáticopresenciado por locais que intervêm de um modo trágico que nãorevelarei aqui.

Contudo, a maioria das histórias é pessoal. São experiênciasvividas pelo autor apanhado pelo choque cultural, a princípio provo-cando um pé atrás, mas depois causando total adesão (muito curio-sos esses “choques culturais” entre duas ilhas tão próximas e tradi-cionalmente com tão intenso inter-relacionamento).

Confesso uma antiga afeição por essa graciosa ilha. Não terá aespetacular beleza natural de S. Jorge, Flores ou Pico, mas é cheia deadoráveis recantos, de uma arquitetura notável e de uma textura so-cial muito singular no conjunto açoriano (ainda recentemente osuplemento Fugas, do jornal Público, dedicava-lhe uma entusiásticareportagem assinada por Sandra Silva Costa com o sugestivo título“Muito prazer, dona Graciosa – e até ao meu regresso”, Público,24-8-2019). Por isso interrogo-me se o meu prazer na leitura destaspáginas terá algo a ver com esta antiga afinidade. Espero, todavia,que não. Quero apostar que os leitores que decidirem lançar-se naleitura delas embarcarão numa viagem virtual em papel e não mesurpreende que mais dia menos dia queiram experimentar a ilha aovivo. E hoje isso é tão fácil porque as comunicações nada têm a vercom o tempo em que João Bendito atravessava o mar num barquitode pequena cabotagem.

Ignoro se o autor terá mais relações de parentesco noutrasilhas. Fico a desejar que as tenha, porque isso seria sinal de que sevai seguir pelo menos mais um livro nesta série de esplêndidas me-mórias narradas por alguém que as viveu, as tem bem vivas, desfrutao prazer de contá-las e sabe como levar a apreciá-las quem não asviveu e a elas apenas tem acesso através da sua escrita.

L P

CICLISMO NAS RUAS DO QUEBEQUE

RUI COSTA FALHA POR UM TRIZ...• Por Norberto AGUIAR (texto) e David BOULINEAU (fotos)

O 10°. Grande Prémio de Ciclismo doQuebeque – são duas provas, em Quebeque eMontreal – teve lugar no fim de semana pas-sado. Foram vencedores Michael Matthews(Quebeque) e Greg van Avermaet (Montreal).

Foram duas provas extremamente compe-titivas, onde os vencedores só foram encontra-dos ao sprint, o que é sempre espetacular de sever.

E nesses sprints de Quebeque e Montreal,o nosso campeão Rui Costa esteve envolvido,

só não chegando à vi-tória certamente porse ter colocado malnos últimos 100 me-tros da prova montre-alense. Não fora essepormenor, impor-tantíssimo, é certo, eo nosso compatriotateria podido levar otroféu de primeiroclassificado.

Não venceu RuiCosta, nem venceuDiego Ulissi, seu colí-der na equipa UAEEmirates. Contudo,Diego Ulissi, como játinha acontecido doisdias antes na prova dacidade de Quebeque,esteve uns furos àfrente do português,voltando a marcaruma melhor presença,com a conquista dosegundo lugar, quebem vistas as coisas,podia até ter sidomesmo o primeiro, aoterminar os 219,6 qui-lómetros na roda dobelga Greg Avermaet,espetacular vencedor,isto por que a 100 me-

tros da linha de chegada ele encontrava-se nacauda do pelotão que disputava a vitória...

Em Quebeque, Rui Costa acabou a provaem 41.° lugar, a 21 segundos do australianoMichael Matthews, da equipa SunWeb, enquan-to Diego Ulissi terminava em 4.° lugar, com omesmo tempo do vencedor. Já em Montreal,embora Rui Costa tenha melhorado a sua pres-tação obtendo o 7.° lugar, o italiano ainda foimais além, ao concluir o percurso em segundolugar com o mesmo tempo do belga Avermaet(CCC Team Reno).

Apesar de ter ficado, nas duas provas, atrásdo seu companheiro de equipa, Rui Costa con-seguiu realizar um Grande Prémio de forma es-petacular, só à altura dos grandes corredoresmundiais. E com um poucochinho de sorte, aprova de Montreal talvez não lhe tivesse escapa-do; prova montrealense que ele já venceu, em2011, e onde quase todos os anos tem sempreobtido bons resultados.

Mais dois portugueses marcaram presençano Quebeque.

Rui Oliveira, que também faz parte da equi-pa do Rui Costa, foi o segundo português dopelotão de mais de 150 corredores. Oliveira éum jovem ciclista promissor, como nos disseAndrea Appiani, dirigente da UAE Emirats.Mais nos disse Appiani, que na equipa tambémestá Ivan Oliveira, irmão gémeo do Rui masque não veio a Montreal por estar lesionado.

No momento das apresentações, a equipa UAE Team Emirates, com os dois ciclistas portugueses, Rui Costa e RuiOliveira, assinalados. Foto de David Boulineau/LusoPresse.

Nas duas competições, Rui Oliveira este-ve muito bem em Quebeque, onde entrou na46.ª posição mas a apennas 37 segundos dovencedor – 16 segundos atrás de Rui Costa!Porém, em Montreal, as coisas ficaram maisdifíceis e o lugar final quedou-se pela 79.ª posi-ção, a mais de cinco minutos do homem dafrente.

O terceiro lusitano foi José Gonçalves, acorrer pela equipa Team Katusha Alpecin. Naprova citadina de Quebeque, o português que-dou-se pela 128.ª posição, a última de todo opelotão, isto depois dos 20 e tal desistentes,com mais de 11 minutos do triunfador MichaelMatthews.

Em Montreal, José Gonçalves ainda fezpior: desistiu...

Uma palavra de simpatia para MichaelWoods, da equipa EF Education First, que foisimplesmente o melhor canadiano, com o 17.°e 8.° lugares em Quebeque e Montreal, respeti-vamente.

Vítor CarvalhoADVOGADOEscritórioTelef. e Fax. 244403805

2480, Alqueidão da Serra - PORTO DE MÓSLeiria - Estremadura (Portugal)

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Dra. Carla Grilo, d.d.s.

Escritório1095, rue Legendre est, Montréal (Québec)Tél.: (514) 385-Dent - Fax: (514) 385-4020

Clínica Dentária Christophe-Colomb

Dentista

FICHE TÉCHNIQUE

LusoPresseLe journal de la Lusophonie

SIÈGE SOCIAL6475, rue Salois - AuteuilLaval, H7H 1G7 - Québec, CanadaTéls.: (450) 628-0125 (450) 622-0134 (514) 835-7199Courriel: [email protected] Web: www.lusopresse.com

Editor: Norberto AGUIARAdministradora: Anália NARCISOContabilidade: Petra AGUIARPrimeiros Diretores:• Pedro Felizardo NEVES• José Vieira ARRUDA• Norberto AGUIAR

Diretor: Carlos de JesusCf. de Redação: Norberto AguiarAdjunto/Redação: Jules NadeauConceção e Infografia: N. Aguiar

Escrevem nesta edição:• Norberto Aguiar• Adelaide Vilela• Daniel Bastos• Osvaldo Cabral• Lélia Pereira Nunes• José Soares• Carlos de Jesus• Onésimo Teotónio Almeida• Duarte M. Miranda• Mário Moura• Raúl Mesquita• Celestino Andrade

Revisora de textos: Vitória FariaSocieté canadienne des postes-Envois depublica-tions canadiennes-Numéro deconvention 1058924Dépôt légal Bibliothèque Nationale du Québec etBibliothèque Nationale du Canada.Port de retour garanti.

Produtor Executivo:• Norberto AGUIARContatos: 514.835-7199

450.628-0125Programação:• Segunda-feira: 21h00• Sábado: 11h00(Ver informações: páginas 5 e 16)

BRINCAR COM AS FAMÍLIAS AÇORIANAS• Por Osvaldo CABRAL

Quando umgovernante falha, de-ve ter a humildade depedir desculpa.

Quando um go-vernante se compro-mete com uma popu-lação inteira e nãoconsegue cumprir,não deveria prometerde novo a mesma medida como se fosse a pri-meira vez.

Este tem sido um pouco o padrão da go-vernação destes últimos anos nos Açores, coma agravante de que, à medida que se aproximammais umas penosas eleições regionais, voltar-mos a ouvir promessas ao desbarato há muitoanunciadas e a verter bafio.

A área da Saúde, por mexer com todosnós, tem sido uma vítima da desorganizadagovernação regional.

No dia 21 de janeiro de 2014, o então Se-cretário Regional da Saúde (do primeiro gover-no de Vasco Cordeiro), Luís Cabral, anunciouo seguinte, a propósito de médicos de famíliapara todos: ”Com os 14 internos que temosem formação, apenas seria possível em 2018ter uma cobertura assistencial completa. Aquilocom que nós contamos, e por isso a definiçãoda data de 2016, é a possibilidade de captarmosalguns internos em formação noutras ilhas ouno continente, ou contratar médicos já especia-listas”.

Chegados a 2016 não houve médicos defamília para todos.

A 21 de novembro de 2016, outro Secre-tário Regional da Saúde, Rui Luís, anunciou,mais uma vez, sobre o mesmo assunto: ”Seránecessário garantir a cobertura total da popula-ção por médico especialista em Medicina Gerale Familiar, situação que prevemos atingir em2018".

Estamos em 2019. Nem médicos de família para todos, nem

um pedido de desculpa por não terem cum-prido.

Na passada semana, em pleno parlamento,mais uma Secretária da Saúde a aviar mais umapromessa: “será em 2020”!

A gente ouve estas coisas e o que vem àmente de cada família é que estão a brincarconnosco.

Já não bastavam as longas listas de esperapara cirurgias, escondidas agora nas gavetasbolorentas da Secretaria da Saúde, as passas doAlgarve que cada doente sofre, por estas ilhasfora, à espera de um médico especialista, ou oreembolso atempado das deslocações atribula-das dos doentes, temos também o corropiode Secretários da Saúde a ver quem acerta pri-meiro numa promessa de várias legislaturas.

Uma espécie de totoloto da Saúde...

DOENÇA CONTAGIANTE – Es-ta história de prometer e não cumprir, comotodos sabemos, é uma doença contagiante napolítica.

Podia contar aqui montanhas de exem-plos. É só abrir os jornais da época.

(Estamos todos em pulgas à espera doque irá dizer Vasco Cordeiro quando descobrir

que as contas da SATA não batem com oque ele prometeu no parlamento regional).Adiante.

Por agora vai mais esta: a 12 de setem-bro de 2017 o então azarado Ministro daDefesa, Azeredo Lopes, na euforia de umavisita ao seu homólogo americano, no Pen-tágono, tratou de anunciar a criação de umCentro de Segurança Atlântica na Base dasLajes, um “projeto ambicioso” inserido em“novas ideias para valorizar aquele que é,de facto, um enorme ativo para a segurançaatlântica”.

Era “um novo capítulo” para a Basedas Lajes e para os Açores, recheado decoisas boas e inovadoras.

Exatamente dois anos depois, um go-verno que não consegue instalar um radarmeteorológico nestas ilhas, como é que po-deria instalar um Centro de Segurança detodo o Atlântico?

Tudo isso com a cobertura do nossoGoverno Regional e de Vasco Cordeiro,que veio logo secundar o ministro, todocontente: “Acho que é uma proposta lógicae perfeitamente concretizável. Vem no sen-tido da valorização da ilha Terceira e da valo-rização da importância estratégica dos A-çores”.

Tantos foguetes e ninguém para, doisanos depois, apanhar as canas, tal e qual oanúncio da famigerada nova cadeia de PontaDelgada, a tal da bagacina escorregadia, comeste Governo Regional a “acompanhar deperto o trabalho que está a ser feito” e enal-tecendo o facto de o Governo da Repúblicaestar “a cumprir” com aquilo que constado Plano de Revitalização Económica daIlha Terceira.

No próximo ano continuará arevitalização... eleitoral.

FICAR COM OS LOUROS –Como vemos, há governantes que gostamde prometer o que depois não cumprem.

Mas há também os que gostam de cha-mar a si os feitos dos outros.

Foi o que aconteceu, na semana passa-da, com a jovem Secretária dos Transportes,certamente arredada da complicada e refi-nada história da liberalização aérea para osAçores, “imposta” por um Secretário deEstado em Lisboa e “aceite” – a muitocusto –, pelo nosso governo, que tinhaapresentado uma proposta minimalista ebafienta no mundo da aviação.

O texto que propuseram então, aocontrário do que diz a agora Secretária dosTransportes, “fechava” ainda mais o merca-do, pois desvirtuava o princípio que estavasubjacente à liberalização, de que os toquesmínimos em cada rota, e em cada períodoIATA, teriam que ser cumpridos pelo con-junto das operadoras, e não por todas elas,como está vertido no capítulo dos mínimospara cada rota.

O que enviaram, então, era muito similarao que se tem para as OSP das cargas marítimas,o que redundou num oligopólio muito prote-gido, contra o qual alguns se bateram, mas quemmanda são “os donos disto tudo”.

Um governo que não consegue geriruma companhia de aviação, como é que teriaengenho para inovar com a liberalização? L P

MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA,A CASA COMUM DA LUSOFONIA

• Por Daniel BASTOS

O Museu da Língua Portuguesa, inau-gurado em 2006 na megametrópole brasileirade São Paulo, a maior cidade lusófona do mun-do, assume-se desde a primeira década do séc.XXI, como a casa comum da vasta comuni-dade formada por todos os povos e naçõesque compartilham a cultura e a língua de Ca-mões.

Desde a sua origem, o único Museu deLíngua Portuguesa do mundo tem como mis-são e objetivos valorizar a diversidade da línguaportuguesa, celebrá-la como elemento funda-mental e fundador da cultura, e aproximá-lados falantes do idioma em todo o mundo.

Um idioma que é atualmente dos mais fa-lados à escala planetária, abrangendo a línguaoficial de Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde,Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Prín-cipe, Timor-Leste, e que desde 2010 foi sancio-nado como a terceira língua oficial da GuinéEquatorial. Como destacam os organizadoresda obra “A Língua Portuguesa no Mundo -Passado, Presente e Futuro”, a língua de Camõesocupa hodiernamente um dos lugares cimeirosna lista dos idiomas que ostentam uma dimen-são mundial, assim como um incomensurávelpotencial de expansão.

As singulares características linguístico-culturais e a diversidade dos públicos-alvo doMuseu de Língua Portuguesa, que praticamentenuma década recebeu cerca de quatro milhõesvisitantes, sofreram um duro revés no ocasodo ano de 2015, quando um incêndio de gran-des proporções atingiu o edifício do espaçomuseológico situado no complexo da Estaçãoda Luz.

No entanto, a enorme onda de solidarieda-de que se gerou a nível mundial, e em particularlusófona, tem permitido desde a fatídica dataencetar um processo sustentado de reconstru-ção, que está a procurar contribuir decisiva-mente para o alargamento do estudo, preserva-ção, valorização e divulgação da cultura e línguaportuguesa.

Estimando a reabertura do Museu de Lín-gua Portuguesa no próximo ano, os respon-sáveis da sua reconstrução, de acordo comrecentes declarações públicas, asseguram queo espaço museológico será modernizado comvárias novidades tec-nológicas e interati-vas, mantendo simul-taneamente a sala deexposições tempo-rárias, e a icónica Pra-ça da Língua e o Au-ditório.

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Telefone e fax: (514) 849-9966Alain Côté O.D.

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Feliz Natala todos!

O vosso programa de televisão em português!

LE JOURNAL DE LA LUSOPHONIE

Éditeur et rédacteur en chef : Norberto AguiarDirecteur : Carlos de Jesus

HORA SEGUNDA-FEIRA TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA QUINTA-FEIRA SEXTA-FEIRA SÁBADO DOMINGO5:00 BossBen MAG TV Yoga Passion Apputamento con Nick & Silvana Yoga Passion Vivere bene AVA TV5:30 Yoga Passion Il Est Écrit Femme et Pouvoir Saluti Da MCT6:00 Hay Horizon Doc #1 Voix Succes Escu TV Madagascar TV Yoga Passion Hay Horizon6:30 Lusaq TV Yoga Passion Il Est Écrit Table de Maria7:00 MAG TV Table de Maria Voix Succes AVA TV Hay Horizon Zornica7:30 Il Est Écrit Good Taste Vivere bene Il Est Écrit Voix Succes8:00 Yoga Passion Madagascar TV Yoga Passion Table de Maria MAG TV Il Est Écrit Pinoy Pa Rin8:30 Voix Succes Il Est Écrit Arts & Lettres Yoga Passion Echo Femme et Pouvoir Il Est Écrit9:00 Escu TV AVA TV Ça va causer BossBen Voix Succes Madagascar TV BossBen9:30 Echo Fatto in casa a MTL MAG TV10:00 Femme et Pouvoir Yoga Passion Escu TV Padelle & Grembiuli Padelle & Grembiuli Voix Succes Escu TV10:30 Arts & Lettres Zornica Hey Latino TV Madagascar TV Yoga Passion Zornica Yoga Passion11:00 Personalité Femme et Pouvoir Tele-Ritmo V Hey Latino TV MCT Lusaq TV MAG TV11:30 Ça va causer Pinoy Pa Rin Tele-Ritmo V Escu TV Madagascar TV12:00 Lusaq TV BossBen Table de Maria BossBen Zornica12:30 Table de Maria MAG TV Pinoy Pa Rin Arts & Lettres13:00 Good Taste Ça va causer Madagascar TV MCT Arts & Lettres AVA TV Personalité13:30 Pinoy Pa Rin Hay Horizon Lusaq TV Personalité Table de Maria14:00 Madagascar TV Table de Maria Femme et Pouvoir Arts & Lettres MCT14:30 Infomercial Infomercial Infomercial Infomercial Infomercial Infomercial Infomercial15:00 Tele-Ritmo V Escu TV AVA TV Echo Hey Latino TV Ça va causer Tele-Ritmo V15:30 Hey Latino TV Arts & Lettres Tele-Ritmo V16:00 AVA TV Tele-Ritmo V Femme et Pouvoir Personalité Femme et Pouvoir Hay Horizon16:30 Voix Succes Zornica Lusaq TV Echo17:00 Hay Horizon Echo MCT Yoga Passion Good Taste Ça va causer17:30 Personalité Pinoy Pa Rin Table de Maria Voix Succes Table de Maria18:00 BossBen AVA TV Lusaq TV Hay Horizon BossBen Pinoy Pa Rin AVA TV18:30 MCT19:00 OMNI NEWS( ITA) OMNI NEWS( ITA) OMNI NEWS( ITA) OMNI NEWS( ITA) OMNI NEWS( ITA) OMNI NEWS( ITA) OMNI NEWS( ITA)19:30 Capri Capri Capri Capri Capri Apputamento con Nick & Silvana Fatto in casa a MTL20:00 Apputamento con Nick & Silvana Saluti Da Padelle & Grembiuli Vivere bene Fatto in casa a MTL Saluti Da Padelle & Grembiuli20:30 Zornica Arts & Lettres Personalité Yoga Passion Pinoy Pa Rin Hey Latino TV Table de Maria21:00 Lusaq TV Hay Horizon Femme et Pouvoir Ça va causer AVA TV Tele-Ritmo V Echo21:30 Escu TV MCT22:00 OMNI NEWS (MAN) OMNI NEWS (MAN) OMNI NEWS (MAN) OMNI NEWS (MAN) OMNI NEWS (MAN) OMNI NEWS (MAN) OMNI NEWS (MAN)22:30 OMNI NEWS (CAN) OMNI NEWS (CAN) OMNI NEWS (CAN) OMNI NEWS (CAN) OMNI NEWS (CAN) OMNI NEWS (CAN) OMNI NEWS (CAN)23:00 OMNI NEWS (PUN) OMNI NEWS (PUN) OMNI NEWS (PUN) OMNI NEWS (PUN) OMNI NEWS (PUN) OMNI NEWS (PUN) OMNI NEWS (PUN)23:30 Arts & Lettres Madagascar TV Echo AVA TV Arts & Lettres Apputamento con Nick & Silvana Vivere bene0:00 BossBen Escu TV BossBen Personalité Madagascar TV Lusaq TV0:30 Zornica Hay Horizon Tele-Ritmo V MAG TV1:00 Hay Horizon Lusaq TV Hey Latino TV Table de Maria Hay Horizon1:30 Tele-Ritmo V Echo Lusaq TV Personalité2:00 AVA TV Table de Maria Ça va causer Good Taste Ça va causer2:30 Personalité Pinoy Pa Rin Pinoy Pa Rin Yoga Passion3:00 Yoga Passion Good Taste MCT Femme et Pouvoir BossBen MCT AVA TV3:30 Hey Latino TV Madagascar TV Table de Maria Zornica Echo4:00 Tele-Ritmo V Ça va causer Zornica Madagascar TV AVA TV Escu TV Zornica4:30 Yoga Passion MAG TV Femme et Pouvoir Personalité

PROGRAMA SEMANAL

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5825, Henri-Bourassa514-321-6262

GRILLADES PORTUGAISES

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CAIXA DESJARDINS PORTUGUESA...ENTRE PASSADO E PRESENTE, HÁ FIGURAS E FACTOS

A instituição financeira comunitária, Caixa Desjardins Portuguesa, ultrapassou noprincípio deste ano os 50 anos de existência. Durante esse meio século, quer por boas e ou dife-rentes razões, a Caixa andou nas bocas do povo; povo que a ela aderiu e graças a quem ela deveo granjeamento de louvores por parte de instâncias financeiras diversas. Mas como foi possívela Caixa atingir essa posição de relevo que hoje ocupa no xadrês das Finanças quebequenses?

O LusoPresse convidou dois dos homens que mais trabalharam para fazer singrar o pro-jeto Caixa de Economia dos Portugueses de Montreal, agora conhecida por Caixa DesjardinsPortuguesa. Propôs-lhes que fizessem um balanço das suas experiências naquela importanteinstituição comunitária durante os seus respetivos consulados. Um foi diretor geral no decorrerde décadas. O outro foi dirigente e Presidente do Conselho de Administração. Referimo-nos, es-tá bem de ver, a Celestino Andrade e Raúl Mesquita.

O resultado da nossa proposta vem a seguir, por intermédio do depoimento dos dois antigosdirigentes.

(N. Aguiar)

Raúl Mesquita – Celestino, como éque tudo isto começou? Você chegou dos A-çores...

Celestino Andrade – Estávamos em1971. Vim de São Miguel com licença militarprovisória para casar. Concedida em 19 de agos-to para o casamento marcado para 11 de setem-bro.

Raúl Mesquita – Bom. E depois? Pararegressar ou ficar?

Celestino Andrade – A minha inten-ção era regressar à Repartição de Finanças, naRibeira Grande, onde era funcionário, isto apósas férias tiradas para o casamento. Nunca penseiestabelecer-me aqui. Mas o homem põe e Deusdispõe e, nessa época a Caixa estava instaladana Rua Pine e Boul. S.Laurent, recanto minús-culo e sem condições. Acontece que a gerenteem exercício adoeceu e não havia mais nenhumempregado que a substituísse. Por vezes, al-guns administradores substituíam a empregadaem horários não estabelecidos e sem conheci-mentos da vida bancária. Recordo, aqui, umhomem que dentro das suas possibilidadesmuito ajudou a Caixa: o senhor DiamantinoCancela. Acabei por me tornar Director-geralda instituição. Fiquei lá cerca de 29 anos.

Nessa altura, estávamos ainda nos anos70, o presidente da Caixa era o senhor Leonar-do Cabral que tendo conhecimento da minhavinda de Portugal me procurou, e me perguntouse estaria interessado em fazer umas horas naCaixa, uma vez que eu era funcionário nas Fi-nanças em São Miguel, onde se faziam movi-mentos bancários, em colaboração com a Cai-xa Geral de Depósitos. Não trabalhava numbanco, mas tinha conhecimento do meio fi-nanceiro. Não respondi logo. Ainda hesitei.Mas, depois, acabei por aceitar.

Raúl Mesquita – Disse que não esta-vam estabelecidos horários. Como conseguiu,então, corresponder à oferta?

Celestino Andrade – O horário daCaixa era de duas horas por dia. Tinha horacerta para abrir mas não para fechar porque,enquanto houvesse clientes eram atendidos e,mesmo depois do horário sempre abri a portapara os servir. Todas essas horas, para alémdo horário, não eram remuneradas.

Raúl Mesquita – Como eram feitosos depósitos?

Celestino Andrade – Tínhamos pe-quenos depósitos diários que não podiam ficarnas instalações da Caixa, visto não termos co-fre e, para além disso, o local não dava confian-ça. Por isso, eu metia o dinheiro na minha

pasta e leváva-o para casa. No dia seguinte, iadepositá-lo no Banco Nacional, na esquinadas Ruas Roy e St-Denis.

Raúl Mesquita – Como foi feito odesenvolvimento da Caixa nesse período emque a população não confiava na organização?

Celestino Andrade – Atendendo aque tinha trabalhado nas Finanças, conheciamuita gente de São Miguel que naquele tempofrequentava a Igreja Portuguesa, que funciona-va num edifício da Rua Clarck. Ao sair da missa,era o momento propício para falar com o pes-soal conhecido àcerca da Caixa e dos serviçosque podíamos oferecer à nossa comunidade; aCaixa foi crescendo em empréstimos, mas nosdepósitos tínhamos um grande problema. Éque os depósitos dos portugueses eram feitosespecialmente nos Banco d’Épargne e BancoNacional. Outro problema a acrescentar a tudoisto é que havia um relatório na Federação dasCaixas de Economia que preconizava comomelhor solução o encerramento da Caixa, pornão haver desenvolvimento, porque faltava ca-pital e porque os estados financeiros eram nega-tivos. A Caixa já operava há dois anos...

Raúl Mesquita – Todavia, tudo issomudou sobretudo devido à mudança das insta-lações para o Boul. St-Laurent. Como é quetudo se passou?

Celestino Andrade – O Conselho deAdministração decidiu, em boa hora, mudaras suas instalações para o 3956, Boulevard St-Laurent, próximo da Rua Duluth. A partir des-se momento notou-se um movimento superi-or ao que tínhamos quando estávamos instala-dos na Rua Pine.

Raúl Mesquita – Com a mudança delocal contrataram mais pessoal?

Celestino Andrade – Não. Continueia ser o único empregado e tinha um grandeproblema na reserva em cofre (que entretantotinha sido comprado em segunda mão) paratrocar os cheques dos membros. Por vezes ti-nha de fechar a Caixa por alguns momentospara ir pedir dinheiro, principalmente nas lojasArca, Pombalense da Rachel, Mercearia Ben-feito, etc...

Raúl Mesquita – E os empréstimoscomo eram feitos?

Celestino Andrade – Bom. Quantoaos empréstimos (nunca faltaram pedidos), opior é que não havia dinheiro para os conceder.Deste modo, quando o dinheiro pedido erapara comprar móveis, eu pedia aos comercian-tes que nos enviavam os clientes, para fazeremdepósitos nas suas contas para que pudesse

emprestar aos seus clientes; o mesmo aconte-cia nos pedidos de empréstimos para dar entra-da na compra de casa. Neste caso, contactavaos agentes imobiliários para que pudessem de-positar o capital suficiente na concessão dessesempréstimos. Tive sempre a máxima colabora-ção dessas pessoas, a quem a Caixa muito deve.

Raúl Mesquita – Já vimos um poucoas dificuldades para manter e desenvolver a or-ganização. Falámos das ajudas recebidas porparte do comércio português. Diga-me agoraque outros meios usaram para angariar maismembros e mais dinheiro?

Celestino Andrade – Durante essetempo, e nos anos seguintes, foram feitas váriascampanhas de angariação de depósitos em quese fazia publicidade gratuita. Preparava-se umafolha de cartolina anunciando os nossos jurosde depósitos a prazo e colavam-se esses carta-zes no balcão das lojas portuguesas. Tambémse fazia a distribuição de panfletos à saída dasmissas da Missão Santa Cruz.

E, ainda, aos domingos, a FilarmónicaPortuguesa de Montreal ensaiava na Associa-ção Portuguesa do Canadá. Nessa época, en-contrava-me lá com o o senhor João da Mota,vice-presidente da Caixa, aproveitando para as-sistir ao ensaio e, ao mesmo tempo, abrindocontas aos músicos que aceitavam sem receios.

Os jornais portugueses e a Radio-Centre-Ville sempre contribuíram na divulgação dosserviços da Caixa gratuitamente. O grande pro-blema que eu também enfrentava todos os dias,era a obrigação de fazer os depósitos diáriosno Banco Nacional, na Rua Roy e St-Denis.Como publicidade usavamos também um for-mato de “napperons” – pequenos toalhetes –com publicidade da Caixa e colocados nas me-sas dos restaurantes portugueses. A colabora-ção dos proprietários era total.

De notar que nunca tive férias durantecinco anos, nem fui pago pelas férias a que ti-nha direito, porque a Caixa não tinha grandesreservas para esse fim. Esse foi um tempo demuito voluntariado. Sabia as horas que entravamas nunca podia dizer às horas que sairia. Ha-via sempre alguém a visitar ou para atender fo-ra do horário. O mesmo acontecia com osmembros dos Conselhos de Administração,de Crédito e Fiscal, que durante muitos anos,caso fizessem reuniões a horas avançadas, cadaqual pagava a sua refeição.

Raúl Mesquita – O tempo foi passan-do, as condições foram melhorando. Aproxi-mou-se a construção do edifício atual. Contecomo foi.

Celestino Andrade – Com o aumentode membros e de depósitos, tivemos de recorrerà contratação de mais pessoal para podermosdar vazão ao volume de serviços e de depósitosrecebidos. Começava assim uma nova era. A-gora tudo era mais profissional. Isso deu muitaconfiança aos membros, que passaram a recor-rer à Caixa de forma exponencial...

Encorajados pelos apoios da Comunida-de, os dirigentes do CA aproveitaram a ocasiãopara adquirirem um terreno disponível, maisacima do local onde se encontravam as nossasinstalações, isto no intuito de construir a novasede (Já a possuímos há quase 40 anos).

Iniciaram-se as diligências para obter um

plano arquitetural que correspondesse às nos-sas aspirações. No final, havia dois projetosbastante interessantes. Um, mais decorativo,de grande beleza, tinha sido apresentado pelosenhor Paulino, que não foi escolhido apenaspelo facto de estar mais destinado à beleza dosítio, que não pode ser considerado, devido aofacto de necessitarmos de dar serviços aosmembros.

Optou-se, então, pelo desenho do senhorCavaleiro, desenhador industrial em arquitectu-ra e começou-se a construção logo que se arran-jaram as devidas autorizações camarárias. Nãofoi fácil a construção. Vários escolhos surgi-ram, como pedir intervenções que tinham deconjugar economia e funcionalidade. Ainda ho-je, de quando em quando, são necessárias pe-quenas reparações e modificações, para seacompanhar a evolução da época. No entanto,é um edifício que nos orgulha e que impressio-nou bem as gentes do Movimento Desjardins.Um que apreciou bastante o nosso edifício foio Monsieur Gilles Lafleur – na época Presidenteda Federação das Caixas de Economia. Massobre isso voltaremos mais tarde, no âmbitodo contexto que materializou o encontro e avisita. De notar que nesse tempo tínhamosuma grande concorrência com outros bancos.Eles rodeavam-nos e disputavam-nos a mesmaclientela. Estavam neste caso o Banco de Mon-treal (BMO) defronte da Caixa; o TD, na Ra-chel e St-Laurent; o Laurentien, no St-Laurente Mont-Royal, e o Banco Royal, que se encon-trava na Mont-Royal e St-Laurent. Isto numraio de mais ou menos 200 metros. Todas estasfiliais bancárias foram fechando portas gradual-mmente num determinado e pequeno período,o que ajudou a contribuir para o desenvolvi-mento da Caixa, que passou a ser a única insti-tuição financeira naquela zona do bairro.

Já com novo espaço, a Caixa corria comvento nas velas. Não fora um... escolho nãodesejado nem tampouco previsível.

Vítima do seu desenvolvimento, a Caixateve nestes princípios dos anos oitenta, umpercalço, causado por maus empréstimos. Nes-se período negro da economia, os juros parahipotecas estavam a 20% e para empréstimospessoais a 24%, com perdas de empregos, etc.Comparando com os juros em vigor atualmen-te, que andam pelos 2,74% para as hipotecas,por um prazo de cinco anos, todos esses acon-

Celestino Andrade e Raúl Mesquita em amena conversa.

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tecimentos refletiram-se nos anos 80 para quehouvesse falta de cumprimento de obrigaçõespor parte de membos da Caixa. Assim, o queaconteceu – para não entrarmos em pormeno-res que nada resolvem – foi que um membroaté então de confiança, e de crédito, fez de fiadorem diversos empréstimos que, segundo os sig-natários, revertiam a seu favor. Como este jánão podia caucionar mais empréstimos devidoà sua insolvência, todos os empréstimos con-cedidos pelo seu intermédio caíram na falênciae causaram um prejuízo muito importante nasfinanças da instituição. Graças à direção presidi-da pelo credenciado contabilista encartado, Jo-sé Manuel Cabral, estabeleceu-se um projetode recuperação e de austeridade que foi muitopositivo. Inclusivamente, regressaram ao nos-so convívio vários membros que nos haviamdeixado por falta de confiança. Mas essa confi-ança restabeleceu-se logo depois. Os anos quese seguiram, o Raúl conhece-os bem, porquefoi na altura em que você entrou para a admi-nistração. Penso que deve ter sido por voltados anos 1982/83. Terá sido?

Raúl Mesquita – Foi em 1983.Celestino Andrade – Você colaborou

bastante nas várias campanhas que se fizeram,preparando panfletos para elevação da Caixa,nos encontros com membros, com textos naimprensa e tantos outros meios que então seutilizaram. Como as campanhas na Rádio-Centre-Ville, por exemplo. Até que, chegadoao final do mandato, José Manuel Cabral, porrazões profissionais, não se recandaditou. A-gora, invertendo as situações, o Raúl que conteo que se passou a seguir.

Raúl Mesquita – Creio ter sido em1987 que iniciámos esse período. Assim, naAssembleia-geral desse ano, foi eleito o Arlin-do Vieira, que na primeira reunião do Conselhode Administração foi escolhido para Presidentee eu fiquei como vice-presidente. Recordemosem conjunto tudo quanto foi feito depois.Mas, para já, voltemos um pouco atrás paracitar um caso que teve repercussões no ano se-guinte. Ainda no mandato de José Manuel Ca-bral pensou-se abrir um balcão-sucursal emLaval. Feitas as primeiras diligências junto dadireção da Federação para apoio da ideia, vi-sitámos a Missão em Laval. Falou-se com oresponsável da mesma acompanhados por Jo-sé Manuel Cabral, Eduardo Dias e você. Vimos

e analisámos o local, que nos parecia apropri-ado. Então tomamos medidas e com o projetobem identificado apresentámo-lo à Federação.Algum tempo depois, duas funcionárias da Fé-dé (Marketing) foram à reunião do Conselhode Administração dar o seu parecer que, apesardos resultados negativos para o primeiro anode operações – o que era normal – era esclarece-dor e, mesmo, encorajante. A ideia ficou nocongelador. Tempos mais tarde, já durante omandato de Arlindo Vieira, voltámos à carga.O Presidente tinha o tempo muito escasso.Os dossiês do seu escritório ocupavam-lhemuito tempo e que supostamente seria livre, eo Arlindo tinha dificuldade em seguir o desen-volvimento das ideias, ações e horários do Exe-cutivo. Por isso, tempos mais tarde, apresentoua sua demissão como membro do CA ficandoeu, a partir daí, como Presidente interino. Nes-sa mesma noite visitaram-nos as duas funcio-nárias da Fédé, que nos levaram – talvez em re-visão – o novo parecer sobre o desejado balcãoem Laval. Ora, aqui, não entendi a história. Assenhoras apresentaram-nos uma imagem apo-calíptica. Na sua opinião, corríamos para umfracasso enorme, assustador, sobre uma tem-pestade de insucessos. Catástrofe. Não percebi!Eram exactamente as mesmas condições queserviram de molde aos primeiros cálculos deviabilidade. Apenas tinha, por assim dizer, pas-sado um ano entre as duas propostas (iguais).O que é que transformou uma forte possibili-dade, num fracasso apreendido? Não! Qualquercoisa não estava bem! Por isso, demonstrandoàs senhorinhas que não dava para entender oque agora nos contavam, indiquei-lhes respei-tosamente a porta por onde tinham entradopara sairem...

Celestino Andrade – Foi o princípioduma nova era...

Raúl Mesquita – Sim. Impunha-se eera altura de se fazerem coisas. Tornei-me mem-bro de várias comissões destinadas a dar solu-ção a casos pendentes que interessavam à Caixae aos seus membros. Uma delas foi a comprade câmaras de vigilância em rede. Também atelevisão para distração do público na linha deespera, seguida de ligeira maquinaria para ajudado pessoal no melhoramento do serviço aopúblico... Mantivemos a apresentação das Bol-sas de Estudo, que tinham sido iniciadas nomandato de Arlindo Vieira, que nesse tempotinha tido a presença de M. Claude Ryan, minis-tro da Educação, vários deputados federais eprovinciais, de Michel Palácio, presidente daComissão Escolar e outros dignitários de rele-vo. Trouxemos também a Montreal, pela pri-meira vez, e até hoje, um grupo de Fados deCoimbra, composto por elementos do ClubeCultural da TAP, todos eles antigos estudantes,de capas negras, sendo um o médico das tripu-lações da nossa companhia aérea. Foi um ver-dadeiro espetáculo. Seguiram-se outros proje-tos como o do arranjo do estacionamento,sempre cheio com carros das redondezas, fa-zendo os nossos membros andarem à procurade lugar na rua com todos os problemas daíinerentes. Aproveitando um programa federal,que nos pagava 40%, demos contrato a umbeneficiário do BS para controlador do esta-cionamento. Tive ainda encontros com o Dr.Gregório Zoltnik para esclarecimento sobreos lugares a que tinham direito os médicos dasua clínica, informamos a vizinhança avisandoque o recreio tinha acabado e que a partir dadata indicada ninguém devia estacionar o seucarro no nosso estacionamento. Ou pagariacaro. Depois disto, tínhamos sempre lugares

disponíveis durante o dia.Celestino Andrade – Fale-nos do pri-

meiro arranjo interior que fizemos.Raúl Mesquita – Notava-se há tem-

pos que o espaço destinado aos membros setinha tornado pequeno para as necessidades,enquanto que o espaço interior, ocupado pelopessoal, era bastante largo. Daí o ter-se pensa-do em modificações. Propuz isso mesmo aoConselho de Administração, que apoiou a ideiae passamos à fase seguinte. Recuar o balcão,fazer o módulo comercial, arranjo do piso, li-nhas telefónicas, etc. Passámos ao orçamento.Fazendo uma história curta, direi que em virtudede um orçamento recebido, pedi um outro, cujopreço era inferior em três mil dólares. Ora, fa-ce a isso, procurei um terceiro que foi aindamais barato. Quer dizer que de 10 200$ do iní-cio, passou-se para 4 800$... Que foi aceite eexecutado.

Entretanto, depois de termos instalado osistema vídeo de segurança fomos roubadosduas vezes num curto espaço de tempo. Emreunião que convoquei com dirigentes da Fédé,da ADT, Seguros, Polícia e outros intervenien-tes diretos, aceitámos a sugestão do tenenteda SPVM, por motivos de segurança, e decidi-mos mudar a porta de entrada para onde se en-contra agora. O outro problema resolvido foio das imagens-vídeo, substituído, por seremmuito pequenas e que nada deixavam ver.

Celestino Andrade – Que se passoua seguir?

Raúl Mesquita – Pouco tempo antesdas obras tivemos contacto com dois adminis-tradores do Crédito Predial Português, que vi-eram a Monteal na esperança de estabelecerintercâmbios financeiros e que contactaramdiretamente a Caixa Central. E à nossa revelia,trataram dos encontros e reuniões. Por razõesque me abstenho de mencionar, fiz saber à Fé-dé, por carta enviada a todos os diretores, quenão aceitava qualquer intromissão deles quan-do se tratasse de assuntos da responsabilidadedo Conselho de Administração da Caixa Portu-guesa, como aquele tipo de intercâmbios. Amissiva causou burburinho. E quiseram atenuaros ânimos. Gilles Lafleur convidou-nos entãopara um almoço de explicações. Antes, porém,passou na Caixa, que não conhecia, e disse“ser um bom sítio para um guiché.”... Ora, ti-ve de dizer-lhe que já tínhamos enunciado issovárias vezes, mas sem resultado. “Deixa, disseele, quando lá chegar a baixo, tratarei disso.”Um mês depois tínhamos um guiché automá-tico que desde o início deu resultados muitopositivos, calando a boca a alguns contestatá-rios.

Mas tivemos de fazer alterações aos pla-nos iniciais para podermos corresponder à suainstalação. E fizemos um vídeo sobre a Caixaque enviámos à ministra Monique Vézina, dogoverno federal, e ao deputado provincial, Jac-ques Chagnon, em relação ao caso que se segue.

Celestino Andrade – Fala-nos do ca-so do Manoir...

Raúl Mesquita – Esse teria merecidouma coroa de glória... Talvez por isso tenha si-do arrasado! Como se lembra, depois de se tertratado da identificação frontal do edifício daCaixa, com nome, relógio e termómetro, pro-puz ao CA a construção do Manoir Português,edifício de 42 apartamentos, a construir sobreo estacionamento, passando este a dois pisos“enterrados”, aprovados no projeto que osarquitetos, em colaboração com o Governo,tinham elaborado. Tratava-se de um edifíciodestinado à habitação de membros idosos da

comunidade com fracos recursos financeiros.Estes pagariam apenas 25% da pensão e o res-tante estimado, era pago pelo Governo doQuebeque. Na reunião efetuada para a aprova-ção do projeto pela Assembleia, somente com-pareceram oito ou 10 pessoas e as outras quese deslocaram apenas foram para destruir, atu-ando de forma a lançar o projeto para as calen-das gregas.

Celestino Andrade – Ficaram por aíos projetos?

Raúl Mesquita – Seria longo contaraqui todas as peripécias que se passaram. Masvou recordar uma que teria gosto em vê-laavançar: a proposta de criar uma Fundação paraajudar novos e idosos que a ela recorressem.Poderiam utilizar-se certos montantes que osmembros deviam pagar em impostos, autori-zados pelo Governo. Outra, foi o acordo verbaldo CA em construir dois pisos sobre a Caixapara a criação da Casa de Portugal, com a partici-pação dos clubes e associações que assim en-tendessem, segundo normas de funcionamen-to a confirmar. Que fui explicar em algumasreuniões de direcções dessas instituições comu-nitárias. Tivemos ainda larga actividade – paranão dizer total – no arranjo do Parque de Por-tugal, tendo efetuado todas as diligências comos responsáveis da Divisão de Parcs de Villede Montréal, a partir do esboço que fiz e leveia Michel Prescott, à Câmara. Formamos umaequipa de que regularmente faziam parte você,eu, o Eduardo Dias e o Jorge Seara. Não esque-cer Cipriano Tavares, que na medida do possí-vel sempre colaborou connosco. E o Parqueestá lá. Muito elogiado. Até venceu o 1º. Prémiodos Arquitetos Paisagistas de Montreal, em1991.

Celestino Andrade – Isto é apenasum resumo...

Raúl Mesquita – Sim. Não falei dosencontros de Natal com o pessoal, dos pré-mios atribuídos, por sorteio, àqueles que – porpropostas suas – mais se evidenciaram emcertas campanhas, etc.

Celestino Andrade – E depois?Raúl Mesquita – Depois, na Assem-

bleia-geral que se seguiu, eu concorria às elei-ções. Passei no ato eleitoral. Mas, desiludidocom a maneira como o novo Executivo estavaa (des)orientar o projeto do Manoir (que fez aprimeira responsável no gabinete de arquite-tura vir dizer que eles apenas se encarregariamda construção do prédio deixando à Caixa aconstrução da garagem...) apresentei a minhademissão por total desacordo e incompreensãodas mesquinhices alevancadas. Enfim, muitose poderia ainda dizer sobre esse dossiê...

Mas mudam-se os anos e mudam-se asgentes! Passou-se tempo e o Executivo de en-tão deliberou festejar o 25º aniversário da Caixana Place des Arts, com a presença de vários ar-tistas de renome vindos de Portugal e que teveum grande êxito junto da população. Notemosque esta festa apenas salientou a instituição fi-nanceira e não qualquer elemento do seu execu-tivo em particular. Fiquemos por aqui. E foina condição de membro não ativo, mas atento,que tive conhecimento do que se ia passandopela Caixa. Como no caso Cofo. Deixo-lhe aexplicação por ter sido você pessoa central noassunto.

Celestino Andrade – A Cofo – Casade Câmbios – onde trabalhavam vários portu-gueses abriu falência, tendo prejudicado a Caixanuma elevada quantia, que acabou por ser re-posta pela Assurance Desjardins. É tudo quan-

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PALAVRAS E IDEIAS

MULHER SANTA… SANTAS MULHERES!• Por Duarte M. MIRANDA

– “Se houver uma mulher [reincarnando] o Dalai Lama, ela deve ser mais atraente”,ipse dixit o atual Dalai Lama, “brincando” durante uma entrevista em junho de 2019.

– “Certamente [que] a próxima líder [a próxima Dalai Lama] poderia ser umamulher, mas que teria que ter uma boa aparência ou “não seria de muito uso”, ipse dixit,ainda, o mesmo atual Dalai Lama, sem dúvida “brincando” também, durante uma ou-tra entrevista em 2015.

As referências acima foram tiradas da edição de 2 de julho de 2019 do G1 – O POR-TAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO: “Dalai Lama pede desculpas por comentário sobre asmulheres”, uma matéria, inicialmente, divulgada pela agência de notícias France Presse. Es-tamos, portanto, na atualidade.

O bom Dalai Lama é uma das minhas principais figuras de referência do pensamento,e uma das minhas maiores fontes de inspiração interior. A sua vasta sabedoria ajuda-me, re-gularmente, a encontrar respostas que sozinho não conseguiria, e, frequentemente, a tam-bém entregar-me à paz interior que me permite, se não de aceitar agressões intelectuais esentimentais que eu sei não merecer, pelo menos de as “ignorar”. Digo isto como um pre-lúdio ao meu comentário que vem a seguir, para que o mesmo não seja tirado do devidocontexto, e para que não me atirem nenhuma pedra, devido a qualquer semelhança de con-tradição.

Portanto… Naqueles seus dois gracejos (coincidentes) sobre a forma como a Mulherse encaixaria “nas ideias complexas e esotéricas sobre a reencarnação que estão no coraçãoda tradição budista tibetana”, o bom Dalai Lama deu-nos a prova de que, mesmo o [mais]santo dos homens neste mundo, “esotérico” ou “real”, é capaz de lapsos, se não intelectuais,pelo menos da palavra e da língua descontroladas, e que até parecem surreais. Afinal, ele re-feria-se também à mulher que o pariu, sua mãe, de quem eu duvido que, na sua “santidade”,ele jamais rebaixasse em relação a si próprio…

Aqueles gracejos do bom Dalai Lama devem, a meu ver, ser vistas apenas como bufo-narias (desajeitadas). Talvez mesmo que causadas pela sua “ancianidade”. Não esqueçamosque o sábio e santo senhor monge já vai numa idade avançada. É também verdade que elesempre foi dado a utilizar o humor, a gracejar, nas suas intervenções públicas e entrevistas,chegando até a menosprezar-se a si próprio. Só os mais sábios e humildes o sabem fazer deforma “divinal”. É sem dúvida, ainda, uma forma de cativar a atenção dos seus interlocutorese “discípulos”, para assim melhor passar a sua mensagem sobre o assunto do momento.Isso dito, na minha opinião, os lapsos ou gracejos do bom Dalai Lama, que eu trouxe paraaqui, não deixam de ser, também, a prova de que o cinismo, o preconceito, o menosprezo,o abuso de pensamento, a distração intelectual, etc., que a gente masculina espalha e bisbi-lhota sobre a mulher, quiçá ou, melhor ainda, com certeza, não escapam ao mais santo queseja dos homens deste mundo “esotérico” ou “real”. Por mau hábito ou apenas por lapsomomentâneo. Muito que temos que fazer, nós, machos, para devolver-lhes, a essas mulheres,– nossas mães, nossas esposas e companheiras, nossas filhas e todas as outras – a dignidade,o respeito e o lugar de igualdade, [mas quão frequentemente mais elevado do que o nossopróprio!]

Os avanços da mulher, ao longo das últimas recentes décadas, para ocupar um lugar deparidade com os homens, são incontestáveis. Mas, tal estafetas determinadas e incansáveis,revezando-se uma à outra, tiveram de aprender a derrubar ou a contornar as barreiras que oshomens lhes vêm erguendo no caminho. Muitas barreiras, e isso, ainda hoje, mesmo nassociedades ditas mais avançadas! Mas, todos esses avanços e progressos alcançados pelaMulher na busca do seu pleno espaço dentro da sociedade, admitamos, estão ainda bem a-quém daquilo que seria de justiça e de direito. Que um (“santo” e sábio) homem como oDalai Lama tropece da forma que ele o fez na sua tentativa, em jeito de fanfarrice, para ex-cluir a mulher da “divindade” mesmo que, para muitos, apenas esotérica, é a prova de quemesmo aqueles de entre nós, homens de boa vontade e donos de lucidez, ainda temos mui-to que fazer para cumprir o nosso dever e compromisso perante a gente feminina.

Se uma Mulher não se reincarnar em Dalai Lama será, quiçá, porque ela estará ocupadaa cuidar e a preparar os filhos, caso venham eles a ser chamados para a dita santidade. Feliz-mente foi ela, a Mulher, que se deixou tentar e seduzir, e mordeu a maçã, para depois deixar-nos brincar de santos, nós os homens…

Vamos lá a tomar juízo, companheiros, antes que nos apareça por perto a Papisa Joa-na, ressuscitada, de chicote em mão, empurrando-nos para baixo do leito quente, e buscandoserviço para a sua vara…

(Para “Diário dos Açores”, Ponta Delgada; “LusoPresse”, Montreal)

A VOZ DO MORRO – “un voyage au coeur de la samba”A VOZ DO MORRO, novo espetáculo do Coro Cénico Brasileiro, conta a história do

samba e sua trajetória desde o primeiro samba gravado. A narrativa do espetáculo é feita de formacronológica, iniciada pela história do samba “Pelo Telefone”, até chegar aos dias atuais.

Grandes nomes deste géne-ro musical serão lembrados du-rante o espetáculo: Noel Rosa,Cartola, Donga, Sinhô, João daBaiana, Ary Barroso, AdoniranBarbosa, Paulinho da Viola, Do-na Ivone Lara e muitos outros.

“A voz do morro” é umagrande conversa, irreverente, lúdicae didática, onde o samba e o morrosão os assuntos principais. Atravésde aproximada-mente 50 canções,o espetáculo levará ao público umafaceta do samba pouco divulgadafora do Brasil.

O Coro Cénico Brasileiro éum grupo artístico que celebra adiversidade da cultura e da músicabrasileira em Montreal. Atravésde shows e espetáculos, o grupoapresenta ao público aspetosimportantes da cultura e da músi-ca popular brasileira pouco di-fundidos fora do Brasil.

Sob direção artística de TaiaGoedert e direção musical de Au-ro Moura, o Coro Cénico Brasi-leiro começou suas atividades em2015, e já produziu e apresentou4 espetáculos: “Homenagem aosamba” (2015), “Saudade, meuremédio é cantar” (2016),“TXAI” (2017) e “TEMPOREI” (2018).

O Coro Cénico Brasileiro também já seapresentou em importantes eventos e festivaisem Montreal e região, tais como: Festival Nuitsd’Áfrique, Festival Portugal Internacional,Connexion Brésilienne (Jardins Gamelin), Syli

d’Or de la Musique du Monde, entre outros.Apresentação: Dia 28 de setembroHora: 17h e 20hLocal : Collège Maisonneuve – Salle SylvainLelièvre – 2701 rue Nicolet, Montreal L P

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CAIXA...Cont. da pág 7

to se pode dizer.Raúl Mesquita – Esse assunto ficou

arrumado. Mais alguma coisa a acrescentar?Celestino Andrade – Talvez salientar

o desenvolvimento que a Caixa tem tido graçasaos esforços dos membros, que em depósitose créditos, muito têm contribuído para os bonsresultados obtidos. A eles se deve a grandeprojeção que a Caixa Portuguesa tem tido nes-tes últimos anos.

Raúl Mesquita – Chegámos ao fimdesta conversa a dois, em resposta ao convitedo Norberto Aguiar, chefe de redação destejornal.

Os assuntos aqui relatados são da nossainteira responsabilidade e referem-se à nossaparticipação, em larga escala, na vida da queagora se chama Caixa Desjardins Portuguesa.

Consideramos ainda que isto é apenasuma pequena síntese do que muito há para di-zer sobre os 50 anos desta instituição financei-ra que muito tem servido no apoio à Comu-nidade Portuguesa da região de Montreal.

São 50 anos de esforço e dedicação decentenas de voluntários, a começar pelos seuscabouqueiros, para tudo acabar numa festa emque se presta homenagem a uma única pessoa,isto por mais competente que seja.

Há que pedir, em nossa opinião e de mui-tas outras pessoas, responsabilidades a quempor isso falhou...

ELEIÇÃO ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

VOTO POR CORRESPONDÊNCIA

O Consulado – Geral de Portugal emMontreal informa que para a Eleição para aAssembleia da República, marcada para o dia 6de outubro de 2019, a Secretaria Geral doMinistério da Administração Interna –Administração Eleitoral enviou pela via postala todos os eleitores residentes no estrangeiroque não optaram pelo voto presencial, oboletim de voto e instruções relativas aoprocedimento de voto por correspondência.

Para melhor esclarecimento foi editadoum vídeo relativo ao procedimento de votopor correspondência, que pode ser visualizadono sítio https://www.youtube.com/watch?v=UtL4mWKvTmY L P

Cine Teatro...Acolheu o I colóquio «A História da Lagoa»

A Associação Jovem Lagoense – AJLrealizou, hoje, o I Colóquio “A História daLagoa”, no Cine Teatro Lagoense FranciscoD’Amaral Almeida, na cidade de Lagoa, umainiciativa que contou com o apoio da CâmaraMunicipal de Lagoa. Na ocasião, a representan-te da edilidade salientou que, espera que a mes-ma “capte a atenção dos mais jovens para queos mesmos possam continuar a contar a histó-ria da Lagoa, pelos livros, pelos núcleos muse-ológicos, pelo património arquitetónico, peloscostumes e tradições e pelas mais variadíssimasformas de arte”.

O programa da primeira edição deste co-lóquio, organizado pela AJL, contou com a

participação da presidente da entidade organi-zadora, Jacinta Carreiro, e um leque variado deoradores de diversas áreas, que falaram de temasrelacionados com a história do concelho deLagoa.

Igor França, coordenador da área da culturada Câmara Municipal de Lagoa, foi o primeiro

orador, tratando do tema «O Futuro Museu deLagoa – Açores», onde descreveu cada NúcleoMuseológico que a Lagoa tem neste momento,e se debruçou sobre os projetos futuros quevirão enriquecer, ainda mais, a memória e iden-tidade cultural do concelho.

Roberto Medeiros foi o preletor seguinteneste colóquio, debruçando-se sobre a históriada vila de Água de Pau. O antigo vereador, re-velou vários pormenores dos antepassados ehistórias de Água de Pau, abordando a origemdo seu nome, bem como a importância da vilano abastecimento de água, não só do conce-

lho, mas também de Ponta Delgada.Da parte da manhã, proferiu ainda a sua

comunicação a professora Palmira Bettencourt,sobre a história da Cerâmica Leite e da sua im-portância para a cultura da Lagoa.

Da parte da tarde, o painel de oradores foi com-posto por Norberto Silveira, diretor do jornal «Diá-rio da Lagoa», que apresentou uma palestra sobre«A Imprensa Lagoense antiga». Para terminar, tevea palavra Joana Simas, Mestre em Património e Mu-seologia e coordenadora científica da Coleção Visi-tável da Matriz da Lagoa, que apresentou o tema «Opatrimónio imóvel religioso da Lagoa». L P

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ARCANO MÍSTICO DE MADRE MARGARIDA• Por Mário MOURA*

Sabem qual foi o primeiro Tesouro Regional dos Açores? Quem o fez? E porque o fez?A sua criadora.

Saberia logo que era com ela que queri-am falar se ouvisse alguém chamar por MadreMargarida. Os pais haviam-lhe dado no batis-mo o nome de Margarida, mas ao entrar parao mosteiro, já então Margarida Isabel, acrescen-tou Apocalipse ao nome e ficou sendo MadreMargarida Isabel do Apocalipse. Pelo lado ma-terno, pertencia às famílias mais notáveis daVila, sendo mesmo aparentada às mais impor-tantes da Ilha: aos Arruda Botelho de Sampaio.

Se fosse viva, teria feito 240 anos em 23de fevereiro. Morreu, porém, há 161 anos feitosno dia 6 de maio passado. Viveu na RibeiraGrande: nasceu na Conceição (paróquia deNossa Senhora da Conceição) e faleceu na Ma-triz (paróquia da Matriz de Nossa Senhora daEstrela). Foi freira clarissa no mosteiro do San-to Nome de Jesus da ao tempo vila durantetrinta e dois anos. Lá entrou e de lá saiu nãotanto por vocação mas mais por obediência:como boa filha, obedecendo aos pais em 1800,como boa súbdita de sua majestade liberal,obedecendo à rainha, em 1832. Sempre obe-diente, mas já somente à sua consciência, fielaos votos que proferira, assumiu-se como frei-ra até morrer. Senhora de si quanto ao resto,

aos 53 anos, mulher de coragem, refez a sua vi-da de alto a baixo e viveu de modo independen-te os últimos 27 anos de vida.

Não se conhece outra Madre Margaridaque não seja a dos documentos, e a que noschega, chega-nos algo fragmentada, difusa atécontraditória. Com muita cautela, poder-se-iatraçar um retrato provisório: bonita, culta, obe-diente, corajosa, sensível, inteligente, decidida,influente, cortês e diligente. Mas doente: chegoua sair, em vão, do mosteiro à procura de curaou alívio para os males que a afligiam.

Sustentava-se do que herdara e do que fazia:recebia uma renda vitalícia em trigo, que herdarapor morte da mãe, e vendia panos bordados eflores artificiais.

Que é o Arcano Místico?Sem se mostrar cem por cento satisfeita

com o nome que deu à obra, Margarida chegaa admitir outros nomes. Na ausência de expli-cação para o significado do nome, especula-se que possa remeter para segredo divino re-velado através da sua criadora. Seja isso ou ou-tra coisa, é uma História da Salvação na perspe-tiva cristã católica do século XIX de finais deTrento. Além disso, usa uma linguagem sim-bólica.

O Arcano Místico, disse-o no testamentoe codicilo, trata dos ‘(…) mistérios mais im-portantes do velho e novo testamento (...)’.Mistérios que ‘(...) compreende [m] as três Leisque o Senhor Deus deu ao Mundo (...)’. Quala finalidade? Para os crentes entenderem me-lhor ‘ (...) o dever, a que estamos obrigados, ea escolha que devemos fazer da Lei da graçaque por graça nos foi dada (…).’

O que hoje vemos, é um móvel envidra-çado, tendendo para a forma quadrangular,com cerca de dois metros, contendo em trêsprateleiras noventa e dois quadros. Ao todoterá ‘aproximadamente 3 972 figuras (...)’ (Bra-sil 2009: 7).

Para além da invulgar monumentalidadeda obra, em larguíssima medida, a sua originali-dade, reside na composição do material da ma-ioria das suas figuras. Exceto quatro ou cincodo Portal de Belém (74-1(1) (Moura 1999:232), em barro, o resto constituído à base defarinhas (não se sabe exatamente quais: arroz,trigo), goma-arábica, vidro moído (Ribeiro1988: s.n.). À exceção de um pigmento comorigem na ilha, os pigmentos usados na pintu-ra das estruturas e das figuras são de fora dailha. As estruturas dos quadros são em vidro,madeira e casca de árvores. Usados em profu-são, a compor pormenores, vemos: conchas,

musgos, pedacinhos de árvores, entre outros.A estrutura dos quadros, pode agrupar-se

em três modelos: o dos teatrinhos, o das casasde boneca e o dos elementos naturais (montes,campos e cursos de água). A iconografia inspi-ra-se em pelo menos três fontes: a Bíblia canó-nica (católica), os evangelhos apócrifos (aceitespela hierarquia. Exemplo: vida de Maria e de Je-sus antes dos 30 anos), e aquilo que Margaridavia e ouvia (gravuras, acontecimentos religiosose civis). Além dos temas que teve de escolherpara fazer uma História da Salvação, alguns dos92 quadros terão resultado da opção pessoal daautora. Parte até provirá da projeção da sua vi-da na obra (uma freira com um coração numabandeja ou uma cena de família desfeita como adela).

Onde se situará o Arcano Místico em ter-mos artísticos? Na produção de arte religiosaconventual. Ideologicamente, terá a ver com oque era admissível à hierarquia da Igreja Católica,Apostólica e Romana da época.

A Casa da Freira do ArcanoO nome diz do nome que a tradição local

fixou e diz do que se pretende alcançar no mu-seu. Testemunha da vida e da obra de MadreMargarida e local de instalação do museu. Comoo fazer? Integrando objetos (altar/Arcano/tes-tamento) e transformar uma realidade (o espaçosignificante da casa e seu contexto espacial etemporal externo) no museu. Tratando aindatestemunhos fora do contexto institucionaldo museu. Só para dar dois exemplos, as termasdas Caldeiras, que Margarida frequentou, ou oque resta da memória física do espaço do Mos-teiro onde esteve professa durante 32 anos.

* Historiador, professor universitário.L P

NA VENEZUELAANÍBAL MORGADO, O CONSTRUTOR DA CIDADE DE GUAYANA

• Por Daniel BASTOS

Numa época em que chegam diaria-mente a Portugal notícias sobre a grave crisepolítica, económica e social em que mergulhoua Venezuela, nação onde vivem cerca de meiomilhão de compatriotas que não são imunesaos efeitos da turbulência que atravessa estepaís da América do Sul, sobressaiu recente-mente nos meios públicos de comunicação

nacionais, um exemplo de esperança e resiliên-cia de um dos mais considerados representan-tes da comunidade luso-venezuelana.

Mormente, o do empresário Aníbal Mor-gado, um aveirense que emigrou para a Venezu-ela há mais de seis décadas, e que é um dosprincipais responsáveis pela construção da ci-dade de Guayana, a metrópole mais povoadado Estado de Bolívar e do Município de Ca-roní, com uma população de mais de um mi-lhão de habitantes.

Um dos mais importantes centros indus-

triais, económicos e financeirosda Venezuela, a cidade encerra aparticularidade de ter sido cons-truída de raiz nos anos 60 pararesponder à necessidade do po-

der central de criar uma metrópole no sul dopaís, com apoio do Instituto de Tecnologiado Massachussetts (MIT).

Ao longo do último meio século, o esfor-ço de planificação, construção e desenvolvi-mento de Guayana, onde se encontram as prin-cipais barragens elétricas da Venezuela e asprocessadoras de ferro, alumínio, aço, bauxitee outros minerais, deve muito ao empreende-dorismo de Aníbal Morgado, que através doConsórcio Empresarial Morgado (CEM), eri-giu 80% do que é a metrópole em estradas,

edificações, obras industriais e barragens.Abordando o seu percurso de vida, marcado pela

chegada à Venezuela em 1957, com 16 anos, territórioonde o irmão, Manuel Morgado, já vivia há dois anos.O empresário afirmou aos meios públicos de comunica-ção nacionais, que embora a Venezuela fosse “um paísde muita esperança e neste momento essa esperançaestá bastante truncada”, está confiante que “depois depassar esta tempestade, o país ressurgirá porque a Gua-yana sempre tem sido uma zona de muita riqueza” eque por isso não pensa “ir embora”, acreditando queem Guayana “há futuro”.

O exemplo de constância e resiliência perfilhadopor Aníbal Morgado pode e deve constituir um renova-do sinal de esperança no futuro da numerosa comuni-dade portuguesa, que tem enfrentado vários dilemas emomentos de incerteza na Venezuela. L P

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Peixe do meu quintal

A Nuvem• Por José SOARES

Os sistemas políticos, tal como se apre-sentam e atuam, estão em completo desuso ea gravidade dos vários acontecimentos globais,atiram-nos cada vez mais para o lixo do desen-canto da Humanidade.

Os mais variados desastres que varremgrandes áreas do património mundial, obrigamtodos os responsáveis de todos os níveis dopoder político a repensar e inovar formas decuidarmos da nossa casa comum – a Terra.

As democracias vacilam, ao esbarraremnos mais diversos interesses materiais que ali-mentam a máquina viciosa no seu todo. O di-lema persiste: O que fazer e, principalmente,como fazer?

As fronteiras políticas e geográficas sãousadas como moeda de troca na forma de ma-nobrar os povos. Os nacionalismos arreiga-dos, as ambições sem controlo, as ditaduras ediscursos que obrigam os povos a se curvaremperante o insólito; as campanhas em nome dademocracia, palavra vã que serve de trampolimpara o autoritarismo déspota, que pulula cadavez mais nas ribaltas internacionais. A tudo emuito mais assistimos impávidos.

Os sistemas camuflam-se sob a capa dedemocracias, que verificamos estarem adulte-radas e falseadas mas todos se calam porquevotam… Pensando assim exprimir a sua pró-pria vontade, esquecendo que em boa parteforam mentalmente manipulados por campa-

nhas eleitorais ultrassofisticadas, onde são gas-tas fortunas fabulosas e rios de saliva nos maisdiversos formatos, em nome, diz-se, da tal de-mocracia.

Executam-se encontros internacionais,com pompa e circunstância, no final dos quaisse escolhe quem tem melhor aparência para lerum comunicado diante da comunicação socialmundial a qual, incautamente, participa em to-da a encenação montada.

A nossa perspetiva está errada. Temos quefocar toda a atenção na nossa única e insubsti-tuível moradia: O Planeta Terra.

Ninguém, isoladamente, tem o direito de,em nome de qualquer soberania, desbaratar umativo de extrema importância para toda a so-brevivência de vida no planeta.

Muitas formas de vida já existiram e desa-pareceram do planeta Terra. Essa bola vagueiapelo espaço há milhares de milhões de anos e,ironicamente, continuará depois de nós desa-parecermos.

Sendo, como dizem os especialistas, aselva ama-zónica um pulmão essencial para amanutenção da Vida no planeta, produzindo25% dos mais importantes ingredientes danossa existência, entre eles o oxigénio que res-piramos, não pode um qualquer bolsonaro im-pedir que outros povos queiram zelar pela sel-va, numa comunidade mundial de interessesbásicos e elementares: A defesa de toda a exis-tência de vida humana e restante animal.

Tem de passar a ser um crime tão hedion-do como todos os holocaustos até agora acon-tecidos.

É sobretudo nesta importante franja queos políticos têm de se debruçar.

Qualquer atentado ao Planeta, é um atentadoà Humanidade e a toda a forma de Vida na Terra.

Dos Portugueses fora da Europa...Candidatura da Aliança ao círculo Fora da Europa acusa governo de dificultar o voto

O candidato do círculo eleitoral Forada Europa do Partido Aliança, Tiago SousaDias, acusou esta tarde os partidos representa-dos na Assembleia da República de dificulta-rem “intencionalmente” o exercício do direitode voto dos portugueses residentes fora dePortugal, gesto este que tem a complacênciado governo.

Na tarde de hoje, numa reunião com apoi-antes da candidatura do partido, o advogado,cabeça de lista do Aliança às eleições de 6 deoutubro, afirmou que os partidos “recusamimplementar o método de voto online, para aemigração ter pouca representatividade na As-sembleia da República porque quanto maisportugueses votarem mais deputados tem ocírculo fora da Europa e isso significa quequem perde deputados são os círculos de Lis-boa e do Porto. Eles [os partidos representa-dos na AR] sabem que falharam aos portugue-ses e agora, em vez de assumirem os erros eaceitarem as consequências, dificultam inten-cionalmente o avanço para o voto online paramanterem os lugares dos círculos eleitorais deLisboa e do Porto”.

Sousa Dias questionou ainda quantos dosdeputados trocarão ainda cartas com as suasinstituições bancárias, relembrando que o Es-tado é ágil a facilitar comunicação de dadossensíveis como faz com a Autoridade Tributá-

ria, mas cauteloso a fornecer ferramentas paraos Portugueses poderem exercer a sua cidadania.O candidato a deputado afirmou ser “inaceitávelsermos um país na vanguarda da tecnologiapara cobrar impostos e taxas às pessoas e em-presas, mas sermos um país ditatorialmenteburocrático para lhes garantir os mais elemen-tares direitos como é o de votar”.

Na longa intervenção sobre o tema o can-didato encontrou ainda espaço para acusar ogoverno de irresponsabilidade por gastar mui-tas dezenas de milhões de euros no envio decartas com os boletins de voto, que “com umasituação como a que se vive no Brasil com agreve dos correios, não será mais do que dinhei-ro desperdiçado e será roubada a oportunidadeaos portugueses de votar”. Questionado porum companheiro de partido sobre a respon-sabilidade do que está a acontecer no Brasil, ocandidato afirmou que “antes de apurar respon-sabilidades é preciso garantir um direito básicoa todos os portugueses por esse mundo fora”“depois de resolvido o problema das pessoas épreciso responsabilizar o governo pelo desper-dício de verbas públicas em cartas, um métododo século passado” a sessão ficou concluída como rosto do Aliança ao círculo Fora da Europa aironizar “com um governo que desperdiça tantodinheiro do erário público, é normal que sejamais importante cobrar impostos do que garantirdireitos fundamentais às pessoas”, afirmou.

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Page 13: EDITORIAL Vol. XXIII • N° 419 • Montreal, 19 de setembro ......de nada, pois assim se fazem todas as histórias” João Pedro Porto, Fruta do Chão João de Melo, açoriano da

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NA LAGOA...

CABOUCO LAND É EVENTO REFERÊNCIA

CABOUCO,Lagoa – A freguesiado Cabouco, no con-celho de Lagoa, rece-beu entre os dias 30de agosto e 1 de se-tembro, a terceira edi-ção do evento “Ca-bouco Land 2019”,numa organização daJunta de Freguesia,com o apoio da Câ-mara Municipal de La-goa. De acordo como presidente da Juntade Freguesia do Ca-bouco, Adriano Cos-

Cristina Calisto, presidente da Câmara, visita a exposição, ladeada pelo presidenteda Junta de Freguesia do Cabouco, Adriano Costa.

ta, o evento teve casa cheia durante os trêsdias.

A presidente da Câmara Municipal de La-goa, Cristina Calisto, marcou presença na aber-tura do evento, frisando que, “o Cabouco Land2019 começa a ser um evento referência da fre-guesia, que tem atraído muitos interessados,pela sua valorização à atividade pecuária e agrí-cola, característica daquela freguesia e desempe-nhada por muitos caboucoenses. Por outrolado, é um evento que valorizou o trabalho deempresas, com a divulgação dos seus serviçose produtos, trazendo mais pessoas à freguesia,contribuindo desta forma para a promoção damesma naquilo que ela tem de melhor.”

A edição deste ano do Cabouco Land ini-ciou-se, na sexta-feira, com a abertura da expo-sição comercial e da exposição da Raça HolsteinFrísia, iniciativas pioneiras neste evento. Aabertura das exposições foi abrilhantada pelaFanfarra 798 do Agrupamento de Escuteirosdo Cabouco, da Orquestra de Percussão “Rit-mos” e do Grupo de Gaiteiros “Os TamboGaita”. Durante a noite, na Praça Dona Amélia,decorreu uma prova de carne açoriana, animadacom cantigas ao desafio e pela atuação do Duo“Sempr’Abrir”.

Na noite de 31 de agosto, decorreu o con-curso da Raça Holstein Frísia, que contou coma participação de 20 animais de 10 produtores,

todos residentes na freguesia. Na Praça DonaAmélia, houve a distribuição do tradicionalporco no espeto, decorrendo a atuação do artis-ta “Nuno Martins e as suas bailarinas”. A noiteterminou com a atuação da artista nacional Mi-caela.

No último dia do evento, dia 1 de setem-bro, teve lugar uma prova de pesca desportivapela manhã, no Porto dos Carneiros da cidadede Lagoa. Esta prova é uma parceria com oClube de Pesca Desportiva da Lagoa e, à seme-lhança de anos anteriores, o fruto da prova foidistribuído pelas famílias carenciadas da fre-guesia.

A parte da tarde, intitulada “O mundo dasCrianças”, foi dedicada aos mais pequenos compula-pulas e touro mecânico. Contou, este ano,com uma novidade, uma vez que um lavradorda freguesia disponibilizou uma das suas vacaspara demonstrar às crianças “como tirar o leite”,sendo posteriormente distribuído pelos pre-sentes, juntamente com massa sovada. Nessedia, realizou-se a entrega dos prémios do con-curso da Raça Holstein Frísia. Os primeiro esegundo prémios foram ambos entregues aoprodutor Vítor Teves. A animação musical es-teve a cargo da banda “Os Imperadores”.

Adriano Costa, presidente da Junta de Fre-guesia do Cabouco fez um balanço bastantepositivo da edição deste ano do Cabouco Land,descrevendo o certame como “um dos eventosque marca a freguesia do Cabouco. O povoidentifica-se bastante. Tivemos casa cheia du-rante os três dias e pode dizer-se que foi um su-cesso. Por isso, será com certeza um evento arepetir no próximo ano”.

L P

No Teatro RibeiragrandenseORQUESTRA LIGEIRA COMEMORA 12.° ANIVERSÁRIO

No próximo dia 21 de setembro, noTeatro Ribeiragrandense, pelas 21h30 e comentrada gratuita, a OLRG irá apresentar umgrande espetáculo para comemorar os seus 12anos de existência.

Irá contar com vários convidados musicais,mas também de grupos de teatro, circo e dança.No total, será uma produção de 1h30 que contarácom 46 músicos e artistas de dife-rentes áreas.

A Orquestra Ligeira, ainda sem nome ofi-cial, fez a sua primeira aparição em novembrode 2007, aquando das Festas de Santa Cecília –Rabo de Peixe –, em novembro de 2007.

No ano seguinte, estreava-se no palco doTeatro Ribeiragrandense já com o seu nomeoficial – Orquestra Ligeira da Ribeira Grande.

Nos anos seguintes daria vários concer-tos, destacando-se os concertos no ColiseuMicaelense, Angra do Heroísmo e Praia da Vi-tória, entre muitos outros.

Atualmente a Orquestra é composta por22 músicos e faz parte da Associação Musicale Recreativa da Ribeira Grande.

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Caros leitores:Venham comigo, vamos até à Guarda, ci-

dade que conta tantas histórias e nela se encer-ram memórias pré-históricas que gostaríamosde descobrir noutras profícuas viagens. Depoisde deixarmos a Covilhã entramos na Guarda.A bela e grandiosa Guarda é a cidade mais altade Portugal e, foi fundada por Dom Sancho I.

Estas duas princesas partilham espíritosda mesma montanha e, com energia e bono-mia, acumulam e respiram o ar mais puro dePortugal. Fui do Canadá até à cidade dos cincoF. Dizem que é Farta, Forte, Fiel, Friae Formosa. Quero ainda descobrir a quinta daSantinha situada entre Pero Soares e Mizarela,propriedade dos estimados amigos que lá deixeie me fazem tantas saudades, a Agostinha e oseu amado Diogo. Um dia virei contar ao me-us leitores a história de Diogo Santos, Guar-dense e paraquedista, foi dado como mortono Sul de Angola, mas apesar do avião ter caí-do num lago de crocodilos, o Diogo saiu ileso,e hoje dá graças a Deus ao lado da esposa, dosfilhos e do netinho.

Custa-me a acreditar que atravessei um doslugares mais belos de Portugal, seguindo porestradas nacionais e urbanas, serras e monta-nhas; rochas, flores e muito perfume, vindodos pinheiros giestais e rosmaninhos. À medi-da que a altitude da Serra da Estrela se ia escon-dendo, orgulhosamente no seu planalto, maiso rio Mondego se avistava e, sem pressa algu-ma, serpenteava pelas encostas ensolaradas,com um brilho intenso, na esperança de que aluz penetrasse no meu olhar – um tanto ouquanto pintalgado pela saudade. Rapidamente,e com certa magia, os cheiros e as cores docampo fizeram-me imaginar que voltaria àquelecaminho com um punhado de sonhos. E, de-pois… é só versejar, ouvir o chilrear dos passa-rinhos e escrever histórias, respirando – compaixão – os ares puros do Baixo Mondego. Eentão, como as coisas é para fazer acontecer,justamente, ainda não tinha ocorrido a primeiravisita às reclusas do Estabelecimento Prisional

da Guarda, em Cavadoude, já rompia a ideia,coração acima, com intenção de lá voltar.

À minha espera estava Glória Caetano,sem dúvida consegui a melhor e mais presti-giada anfitriã. Por esta ordem de ideias só tenhoque agradecer ao Sr. João Pina por me ter dadoa possibilidade de conhecer tão ilustre Sra.

Considero oportuno revelar que, ao vo-lante do automóvel que me conduzia (sem rece-ber uma fatia de versos ou pagamento) ia estaguardense especial, Glória Caetano, consultorana área da qualidade – ISO 9001:2015 e gestorade eventos empresariais. Foi Glória Caetanoque registou a minha passagem pela Guardaconcretizando um conjunto de atividades sig-nificativas, cujos critérios mereceram muitosaplausos. Tudo correu como esperávamos.

Connosco – com responsabilidade e en-trega – seguia também Alexandre Gonçalves,cronista nalguns jornais, técnico superior naDivisão de Educação da Câmara Municipal daGuarda, e titular de alguns cargos políticos,no Concelho do Sabugal e na ComunidadeIntermunicipal das Beiras e Serra da Estrela.Foi graças a Glória Caetano e a AlexandreGonçalves que apresentei, enfim, os meus li-vros tanto na Biblioteca Eduardo Lourenço,como na prisão do Baixo Mondego.

Alexandre Gonçalves referiu várias vezeso título dos livros proporcionando-me alegria,animação e muita emoção: “A Adelaide Vilelareúne uma série de caraterísticas que muitoaprecio”. A apresentação levada a cabo porAlexandre Gonçalves, sinceramente deu-meoportunidade de perceber que, aparentemente,o reconhecimento que nos é devido, por tantoque fazemos, cai muitas vezes nas teias do si-lêncio. Claro, na arte da escrita raramente seganha a sorte graúda.

Ora, sinto-me muito rica, interiormente,por ter visitado um Estabelecimento prisionaldedicado a mulheres.

É verdade, quem nos recebeu foi o Sr. Di-retor, da Prisão da Guarda, Luís Vaz Couto,que se fez acompanhar pela Assistencial IsabelMendes Carvalho. No encontro, connosco e

com as reclusas, estiveram ainda dois dos do-centes que cruzam saberes e interesses sociais,indispensáveis à formação daquelas mulheres,com o objetivo de que um dia elas saibam viverem sociedade, sem cometerem erros e danosgraves, à existência delas ou na vida de outrem.

O Diretor desta prisão, reconhecida porColégio do Mondego, tem feito a diferença aodar um tratamento digno a todas quantas alivivem encarceradas. Sem querer partilhar a famaque vai granjeando, este homem bom e de gran-de profissionalismo, faz da Prisão do BaixoMondego um pequeno colégio, ao sabor doseu talento que ao longo dos tempos ganhousentido. Assim sendo vai executando projetosdos quais surgem ideias para formar as mulhe-res que ali cumpram pena. Algumas delas vãoperseguindo os estudos colegiais, outras apren-dem a arte cabeleireira, outras fazem costuraou croché. Também têm atividades práticas nanatureza, na quinta do Estabelecimento Pri-sional do Baixo Mondego há trabalhoshortícolas para todas e o lugar é sonhador!

O encontro com as reclusas foi para mimvisita de ouro entre grades! Assim que comeceia vislumbrar aquele local, onde o silêncio im-pera e a liberdade se mede a palmo, disse: Sr.Diretor, eu desejo “portar-me mal” só parapassar umas férias neste cantinho tão belo.

Importa ainda dizer que neste Estabele-cimento Prisional, e a partir deste verão, as re-clusas casadas ou aquelas que tenham compa-nheiros de vida, passarão a ter um quarto de-corado e bem ornamentado, assim virão a teralguns momentos de intimidade com os res-petivos cônjuges.

Agora já posso deixar escrito, em toda aliberdade: a vida é feita de belezas quando é or-nada de coisas simples, e basta um pequenogesto para nos tornarmos muito mais felizes.Ainda não acredito na sorte que tive ao poder

deixar abraços, com mil carinhos, às reclusasdo Colégio do Baixo Mondego.

Não basta falar de amor, é necessário par-tilhá-lo.

E assim acredito que as aquelas mulheresem breve conseguirão ser inseridas numa socie-dade normal que as acolherá para que possamviver e ser felizes em liberdade.

Nota! Na próxima edição levaremos atéaos nossos leitores imagens da belíssima cidadetransmontana, Lamego. E falaremos aindada visita às ruínas romanas. Onde será? Voltepara ler e fique bem! L P

a nível federal. Ela apresenta-se pela circunscri-ção de Laval-les-Iles, na grande ilha que é a ci-dade de Laval, a terceira aglomeração urbanado Quebeque.

Noémia de Lima, que veio com a mãe aindanovinha para o Canadá, onde já se encontravao pai, fez carreira, primeiro como secretária deuma clínica dentária, depois como ajudante dedentista, passando mais tarde para o domínioda administração de dois Dunkin Donats, dosquais era proprietária juntamente com o mari-do. Antes, porém, a vilafranquense ainda dirigiuuma agência de viagens durante 10 anos.

Neste momento, Noémia de Lima, maisdisponível para abraçar este novo projeto polí-tico, um sonho que persegue desde 2009 quan-do concorreu pela primeira vez às eleições mu-nicipais de Laval pelo novato partido PSC,pensa que esta pode ser a sua grande oportuni-dade, já que desta vez concorre por um verda-deiro partido, o NPD, agrupamento políticocom ambições de formar governo...

«Concorri em 2009 pelo PSC. Era um par-tido novo e sem grande organização. Assimfoi que não elegeu ninguém. Mas já tinha con-corrido às eleições provinciais, em 2007, comoindependente... Uma verdadeira aventura, queme serviu de experiência. Agora concorro peloNPD, que é uma força política nacional e quenas últimas eleições, em 2015, teve um bomdesempenho».

Noémia de Lima aparece nas listas doNPD porque é uma mulher de ação, muito im-plicada na comunidade. E como o círculo elei-toral Laval-les-Iles integra a Freguesia de Cho-medey, a que mais lusofalantes tem de todas asfreguesias da cidade, nada melhor que escolherum dos seus elementos de maneira a conquistarum grande número de votantes, que possamfazer a diferença no dia de contar os boletins.

Concorrem pelo círculo eleitoral Laval-les-Iles, Fayçal El Koury (Partido Liberal), TomPentefoundas (Partido Conservador), NaceraBedad (Bloco Quebequense) e Sari Madi (Par-tido Os Verdes).

Fayçal El Koury foi o deputado da legisla-tura que agora finda.

NOÉMIA...Cont. da pág 1

L P

Noémia de Lima, candidata do NPD, Laval-les-Iles.

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Foto cortesia Impacto de Montreal.URBANO BETTENCOURT LANÇA NOVO LIVRO

“A MINHA POESIA ESTÁ DIFERENTE, SEGURAMENTE”• Entrevista de Osvaldo CABRAL, especial LusoPresse

Urbano Bettencourt, poeta e escritorcom várias obras publicadas, nascido no Pico,licenciado em Filologia Românica, colaboradorde vários jornais, revistas e televisão, vai lançara 27 de setembro, em Ponta Delgada, “ComNavalhas e Navios”, mais um rasto, como elediz nesta entrevista, de uma longa caminhadana escrita.

Osvaldo Cabral (Diretor do jornal Di-ário dos Açores) – “Com Navalhas e Navios”,a publicar no final deste mês, o Urbano Betten-court cumpre cinco décadas de escrita. A novaobra é o retrato desta longa caminhada?

Urbano Bettencourt – Comecei a es-crever e a publicar nos jornais, alguns anosantes de chegar ao primeiro livro em 1972, quejá não incluiu todos os meus poemas da altura.E neste novo livro procedo a mais uma seleçãoe deixo apenas aquilo que eu pretendo venha aficar como o rasto dessa caminhada, emboraem processo inacabado: além dos poemas ba-nidos do conjunto, deixei de fora os textos emprosa poética e algumas narrativas curtas queintegravam os livros originais; vou reuni-losem livro próprio e então aí estaremos maispróximos do que foi a minha escrita poéticaao longo deste tempo.

OC – Porquê este título? Leva-nosaonde?

UB – O título recupera e adapta a expres-são colhida no poema «Pastagem com homensdentro», que pode passar como glosa, um pou-co bruta e cruel, ao mais célebre poema de Pe-dro da Silveira; leva-nos por isso à Califórnia,mesmo que nalguns casos esta se manifesteapenas como objeto de desejos anavalhados,mas, numa perspetiva mais pacífica tambémpode trazer-nos de lá aquelas «navalhinhas»que vinham na bagagem dos regressados parapresentear amigos mais próximos. No contex-to mais vasto do livro, é possível que as nava-lhas tenham passado já à categoria de «armasbrancas», indissociáveis, portanto, da violênciaque em diversos momentos o livro acusa poe-ticamente.

OC – ”De raiz de mágoa” a “Que paisa-gem apagarás” vai uma grande distância ape-nas na duração ou também no estilo?

UB – O tempo faz-nos crescer e divergir,a nossa compreensão do mundo altera-se, arelação que mantemos com a linguagem torna-se mais aprofundada, mais exigente e tambémpermeável ao contacto com a escrita do mundo– e essas coisas refletem-se no modo comoem cada momento olhamos para a nossa pró-pria escrita e para aquilo que pretendemos comela. Razões mais do que suficientes para excluirpoemas iniciais, em relação aos quais me sintodesconfortável, incomodado mesmo com oseu excessivo voluntarismo, embora isso nãome impeça de reconhecer que há um certo pon-to de vista crítico e irónico que vem desde oinício e que alguns temas se prolongam notempo sob discursos diferenciados entre si.

OC – A poesia hoje está diferente? UB – A minha está, seguramente. E, no

geral, está diversa, como o comprova a recenteantologia «A Garganta Inflamada», que reúnepoemas de 33 autores de língua portuguesa

editados pela Companhia das Ilhas entre maiode 2012 e maio de 2019. Aspetos já referidosna resposta anterior, bem como a função atri-buída por cada um à poesia e ao seu lugar nasociedade e no espaço público justificam essadiversidade.

OC – Temos que publicar mais antologiasde autores açorianos?

UB – Podemos pensar em termos indivi-duais e em termos coletivos. No primeiro caso,importa referir o que tem acontecido quanto àobra de autores já falecidos e que vão sendo re-cuperados lentamente. No ano passado saiuna Companhia das Ilhas a «Poesia Reunida»,de José Martins Garcia, no âmbito da reediçãoda obra completa deste autor picoense. Hácerca de quatro ou cinco anos, a SREC promo-veu a edição da Obra Completa de EmanuelFélix; já este ano a Imprensa Nacional publi-cou «Alexandrina, como era», todos os poemas

de J. H. Santos Barros, o grande poeta da mi-nha geração que andou demasiado tempo arre-dado dos leitores. A Companhia das Ilhas emparceria com a Imprensa Nacional está a reedi-tar a obra de Vitorino Nemésio. E o IAC acabade apresentar «Fui ao mar buscar laranjas», quereúne a poesia completa de Pedro da Silveira,uma iniciativa de grande alcance em virtude daqualidade literária do autor. Em termos coleti-vos, e no âmbito dos Colóquios da Lusofonia,a Calendário das Letras editou a antologia 9ilhas 9 escritoras – organizada por HelenaChrystello e Rosário Girão, responsáveis tam-bém pela Antologia Bilingue de Autores Aço-rianos e ainda pela Antologia de Autores Aço-rianos Contemporâneos (dois volumes de po-esia e prosa). Tudo isto já representa um contri-buto importante para a divulgação e conheci-mento do cânone literário açoriano, mas hánomes que precisam de ser de novo trazidosao contacto do público, como o do poeta J.H.Borges Martins, para referir apenas um nomede momento. Em termos de modelo antológi-co, parecem-me uma boa solução os Cadernosde Santiago, projeto desenvolvido na Madeirapor um grupo de professores e escritores: cadaautor antologiado tem espaço para uma se-quência poética representativa e coesa, seguidade uma leitura crítica feita por um convidado,o que significa um avanço a vários níveis emrelação ao modelo habitual, com ganhos lite-rários e de leitura. “Uma cidade ama-se. Ouodeia-se. E compreendê-la?” (“Algumas dasCidades”, 1995).

OC – Um homem do Pico, da Ponta daIlha, é universal? Compreende a Cidade ondevive ou a nostalgia dos lugares inspira?

UB – Creio que a vida me tornou imuneao complexo do universalismo e ao, ainda maisdoentio, complexo do cosmopolitismo. Ape-sar do espaço e do isolamento, a Ponta da Ilhaficava a um palmo de S. Jorge e a um poucomais da Terceira, avistável em dias de luz crua.E tirando bem o rumo a leste podia ainda che-gar-se a S. Miguel, donde viera o meu bisavôRebelo e a que eu acabaria por aportar duas ve-zes, a segunda tornada definitiva. No Calhaupassavam barcos e gentes, vozes diferenciadascomo outros tantos sinais da diversidade domundo, chegavam os jornais da comunidadeaçoriana na Califórnia prolongando o espaçoinsular para lá do horizonte e estabelecendouma espécie de proximidade e de convívio vir-tual. E de um lado e de outro do território ha-via ainda os universos especiais da Calheta ede Santo Amaro, entre a baleação e a constru-ção naval, pretexto de viagens, em suma. Tudoisso atravessa a minha poesia como sombrados lugares e se articula com a sombra de ou-tros lugares mais extensos e abertos, mais vio-lentos também, por vezes; é a matéria residualque em parte a alimenta. Mas em termos pura-mente empíricos sou um homem de cidades,em cujas dinâmicas (paradoxais, por vezes) meformei, e sem grandes nostalgias de um campoque já não existe senão como memória desfi-gurada de nós próprios.

OC – Como vai ser apresentado e divul-gado “Com Navalhas e Navios”?

UB – Para já, com uma sessão na LivrariaSolmar, a 27 de setembro ao fim da tarde. Alémdas intervenções protocolares, o meu amigo epoeta Fernando Martinho Guimarães apresen-tará a sua leitura, interpretação, do livro, e osmeus amigos José Carlos Jorge e Maria Fátimade Sousa lerão alguns poemas, à semelhançado que já fizeram, em contexto mais alargado,na apresentação de África frente e verso. Oresto será um processo em desenvolvimento.

Urbano Bettencourt.

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