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Introdução ao AT - H 6.
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Antigo Testamento II Histricos e Poticos 153
O LIVRO DE ESTER
TTULO
O ttulo deste livro o de seu personagem principal, uma mulher judia chamada
Ester. O nome estr aparentemente deriva da palavra persa para estrela, stara. Alguns tentam identificar o nome Ester com o da deusa babilnia Istar, e o nome de seu tio com o
deus babilnio Mardoqueu. Ester tinha nome hebraico, Hassa, que significa murta.
DATA E AUTORIA
O livro de Ester tem sido, h sculos, o centro de um debate com judeus e no-
judeus, cristos e no-cristos que argumentam sobre seu valor e canonicidade.
O livro annimo, e a tradio judia o atribui aos membros da Grande Sinagoga
(Talmude, Baba Bathra 15a.). Flvio Josefo defendeu que a autoria de Mardoqueu, talvez
fundamentado em Ester 9.20, Mardoqueu escreveu estas coisas.
Outros candidatos a autor seriam Esdras e Neemias, cujas vidas e ministrios se
seguem aos eventos do livro de Ester cerca de vinte a trinta anos. Embora essa teoria seja
possvel, especialmente no caso de Esdras, no h qualquer semelhana lingstica ou
estilstica entre Ester e as outras duas obras que justifique a mesma autoria.
O que se pode descobrir a respeito do autor vem do prprio livro. A ateno que ele
devota Festa de Purim e preservao dos judeus em todo o imprio persa indica que ele
era judeu. A ausncia de menes a Jerusalm e a Jud sugere que se tratava de um judeu da
disperso, provavelmente morador da Prsia, o que tambm fica evidente em seu
conhecimento detalhado de costumes persas, de prticas da corte aquemnida, bem como de
seu acesso aos arquivos reais ( provvel que ele tenha usado as Crnicas dos Reis Persas
como uma de suas fontes, cf. Et 2.23; 6.1; e 10.2).
A data da composio tambm incerta. Ester 10.1,2 sugere que Xerxes j havia
morrido quando o livro foi composto, oferecendo assim o terminus ad quem (a data limite
posterior) de 465 a.C. A prtica da Septuaginta de traduzir aawr - Assuero por Artaxerxes apontaria para um terminus a quo (a data limite posterior) de 359 a.C. (neste
caso, Artaxerxes II), mas o contexto histrico do captulo 1 sugere Xerxes como a melhor
opo.
A crtica radical tem tentado associar Ester e sua nfase na Festa de Purim com a luta
dos judeus pela independncia e pela autonomia religiosa no tempo dos Macabeus (sculo 2
a.C.). Referncias ao dia de Mardoqueu em 2 Macabeus 15.36 e a falta de meno a essa
data em 1 Macabeus, levaram Pfeiffer a propor a data de 125 a.C. para o livro de Ester
(Robert H. Pfeiffer, Introduction to the Old Testament, p. 742).
No entanto, as diferenas entre as duas situaes histricas so bastante grandes para
permitir tal identificao. Enquanto a luta no sculo 2 a.C. tenha sido principalmente
religiosa, em Ester ela visa a sobrevivncia nacional e individual. Enquanto Macabeus
expressa um forte sentimento anti-gentlico, Ester mal toca no assunto de auto-preservao
nacional. Por fim, a ausncia do nome de Deus ou de qualquer meno lei oferece um
contraste chocante com a literatura macabeana.
O fato de, em Ester, no haver qualquer trao de influncia grega sugere que o livro
foi escrito antes do incio do perodo helenstico, ou seja, antes de 331 a.C., que seria um
terminus ad quem conservador. A composio teria ocorrido, portanto, entre 450 e 350 a.C.
Antigo Testamento II Histricos e Poticos 154
HISTORICIDADE
A atitude judia em relao ao livro de Ester foi basicamente favorvel, produzindo,
at mesmo, declaraes ardorosas de que na era messinica somente a Tor e o livro de
Ester sobreviveriam e seriam lidos (Talmude de Jerusalm, Megillot 70d). No entanto,
algumas dvidas persistiam em relao ao livro devido a sua natureza aparentemente
secular. Essas dvidas viriam a ser debatidas extra-oficialmente no snodo de Jamnia.
Mesmo no sculo 2, (R. K. Harrison, Introduction to the Old Testament, p. 1090) o rabi
Samuel, prestigiado mestre judeu, considerou o livro apcrifo.
Eruditos radicais declararam o livro fictcio, (Pfeiffer, Introduction to the Old
Testament, p. 737) ao passo que crticos mais moderados sugerem que o livro contm
elementos histricos combinados com uma lenda nacionalista sobre a Festa de Purim (6 H.
H. Rowley, The Growth of the Old Testament, p. 155; B. S. Childs, Introduction to the Old
Testament as Literature, p. 601-602).
A objeo mais freqente contra a historicidade do livro sua suposta compresso de
dois perodos histricos (o babilnio e o persa), em 2.5,6, em uma simples gerao. Isto,
todavia, mal chega a constituir uma objeo porque o hebraico claramente apia a idia de
que foi o ancestral de Mardoqueu que foi levado cativo para Babilnia por Nabucodonozor.
Uma objeo mais sria surge na pessoa de Amestris, esposa de Xerxes, confirmada
por documentos histricos. Seu carter desptico e vingativo foi sentido at no reinado de
Artaxerxes, quando exigiu a execuo de alguns refns egpcios e precipitou a revolta de
Megabizus.
Se Xerxes tinha uma rainha to poderosa, o que dizer de Vasti e de Ester? O carter
de Xerxes, conforme apresentado por Herdoto, sugere que o monarca persa era bem capaz
de pr de lado qualquer uma de suas muitas esposas e concubinas, e que quando de seu
retorno Prsia, depois da humilhante derrota diante dos gregos, ele se consolou com as
mulheres de seu harm (Herdoto, Histria, IX.108). Amestris pode ter sido relegada ao
harm por algum tempo, talvez poca do banimento de Vasti, e da elevao de Ester
condio de favorita real.
Uma ltima considerao o grande nmero de pessoas supostamente mortas pelos
judeus em todo o imprio (75 mil) e em Sus (quinhentas). A alegada evidncia para esse
questionamento vem da Septuaginta, que reduz o nmero para quinze mil. No entanto,
devido intensidade da oposio, ferocidade com que os judeus tm defendido sua
existncia nacional ao longo da histria e enorme extenso territorial do imprio persa, os
nmeros no so excessivos.
Um argumento adicional nesse debate que os judeus poderiam ter sido
excessivamente zelosos em sua contra-ofensiva, buscando apagar de sob o cu o nome de
Amaleque, uma vez que seu inimigo mortal, Ham, pertencia quela nao (presumindo sua
descendncia de Agague, o rei Amaleque, mencionado em 1 Samuel 15). Isso, no entanto,
parece ser negado por descobertas que indicam a existncia de uma provncia chamada
Agague, no imprio persa (Gleason Archer, Merece Confiana o Antigo Testamento, p.
477).
Harrison, por sua vez, sugere que o anti-semitismo esteve em voga no sculo 5 a.C.,
conforme atestado pela profanao de um templo judeu em Yeb, no Egito (Harrison,
Introduction to the Old Testament, p. 1091-1092). Isso confirmaria a existncia de clima
favorvel a uma grande confrontao entre os judeus e seus inimigos, com grande nmero
de vtimas.
Antigo Testamento II Histricos e Poticos 155
A TEOLOGIA DE ESTER
Como escrever teologia sobre um livro que sequer menciona o nome de Deus? Pode
parecer tarefa ingrata ou, at mesmo, impossvel, mas basta ler o livro com ateno para
perceber que embora o nome de Yahweh esteja ausente, Sua atuao evidente nas
entrelinhas do livro de Ester.
A PESSOA E O CARTER DE DEUS
Yahweh soberano
Esta, sem dvida, a faceta que mais se percebe em Ester. Naturalmente, no h
declaraes explcitas a respeito, mas os olhos da f podem perceber no cuidado
providencial que os personagens principais do livro Ester e Mardoqueu so alvo. A ascenso improvvel de Ester ao favor real (cap. 2), a ocasional percepo de um
plano assassino por Mardoqueu (cap. 2), o intervalo prolongado entre a concepo do plano
e sua execuo (cap. 3), a boa vontade real para Ester em uma hora crtica (cap. 5) e uma
combinao inesperada de insnia real e de oportuna leitura de crnicas do reino (cap. 6),
testemunham que havia a mo invisvel a mover a luva da Histria em favor de Seu povo.
Declaraes abertas ainda que indiretas confirmam o ponto de vista mencionado. Uma vem do judeu Mardoqueu, que afirma que o livramento certamente chegaria para os
judeus de outra parte, caso Ester recusasse agir como intermediria (4.13). A outra vem de
uma pag Zers esposa de Ham. Ela reconhece que seria impossvel ao marido triunfar sobre Mardoqueu, por ele ser judeu (6.13). Isso testemunha um sentimento generalizado de
que havia Algum protegendo sobrenatural e soberanamente aquele povo.
Yahweh fiel
A inverso da sorte, motivo comum no livro de Ester, aponta para o cumprimento de
promessas abramicas de tratamento punitivo ou recompensador para indivduos e/ou
naes em vista do tratamento que deram para a descendncia de Abrao.
Apesar de sua meterica ascenso no microcosmo da corte persa e de seu sonho
ambicioso de se beneficiar s custas do genocdio dos judeus, Ham cai vitimado no
apenas por sua ganncia e dio, mas porque ele, sem saber, assume a postura de inimigo da
promessa divina, qual Yahweh sempre fiel.
De outro lado, Mardoqueu, que epitomiza a lealdade pactual, recusando-se a se
prostrar diante de um simples mortal, tem sua lealdade ao Senhor celestial e ao senhor
terreno recompensada com grande honra e fama, perpetuadas no livro e na Festa de Purim.
de se notar que embora o decreto para extermnio dos judeus visasse todo o imprio, a
nfase recai sobre os moradores de Sus, judeus que no haviam se comprometido com o
retorno a Jerusalm e com a reconstruo da comunidade judia ps-exlica. Yahweh, mesmo
diante da indiferena de grande parte de Seu povo, se manteve fiel preservao de Israel,
Seu povo pactual.
Antigo Testamento II Histricos e Poticos 156
OS ATOS DE DEUS
Yahweh age para proteger Sua aliana dos inimigos
Quando as foras do mal, canalizadas pela ambio e dio de um indivduo e seu cl,
ameaam a existncia de Israel, Yahweh intervm. Ainda que a natureza de tal interveno
fique muito a dever grandiosidade do xodo ou da conquista, revela a consistncia da
fidelidade de Deus ao povo que canalizaria as bnos s demais naes.
Yahweh age para valorizar Sua aliana entre os judeus
O retrato que se tem do povo judeu no comeo da ao de Ham a de um grupo
amedrontado e acuado por seus inimigos numericamente inferiores. evidente a associao com as maldies da aliana em Levtico 26 e Deuteronmio 28, em que um
pequeno nmero de inimigos poria um grande nmero de israelitas em fuga.
Depois da interveno de Yahweh, no entanto, o quadro outro. H uma percepo
de que o povo se une em torno daqueles que o livraram humanamente falando, Mardoqueu e
Ester. Unir-se em torno deles, no entanto, reconhecer a providente mo de Deus em favor
de Seu povo pactual, e valorizar Israel como povo separado, distinto (como o prprio Ham
dissera; cf. 3.8).
PROPSITO E DESENVOLVIMENTO
Comentrios e introdues so quase unnimes em identificar o propsito de Ester
como o de fornecer a base histrica para a Festa de Purim (cf. 3.7 e 9.24-26), que a crtica
radical no tem conseguido comprovar que se origina de vrias festas pags, como a
farvardigan persa, ou festa dos mortos, ou ainda festivais babilnios como Akitu e Sakaia.
Apesar desse elemento certamente estar presente no livro, a alegao de que este o
nico, ou mesmo o principal propsito do livro, roubaria de Ester seu papel no
desenvolvimento da revelao divina.
O fato de um livro em que o nome de Deus nunca mencionado, onde a Tor no
tem espao e os elementos tradicionais da piedade judia esto virtualmente ausentes (afora
duas referncias ao jejum em conexo com a narrativa de Mardoqueu), ter recebido lugar no
cnon sagrado realmente admirvel, a no ser que tais omisses sejam um dispositivo
literrio proposital. Essas omisses teriam sido usadas para enaltecer a manifestao
extraordinria da graa soberana para com uma nao que demonstrara, quando muito,
indiferena restaurao prometida por Deus.
Ester demonstra como o Deus da aliana abramica trabalha por meio das
circunstncias e detalhes aparentemente acidentais para cumprir Sua antiga promessa de
proteo, recompensa, e castigo, dependendo de como o indivduo ou a nao tratasse Israel
(Gn 12.1-3). Para este escritor, no entanto, o principal propsito do livro demonstrar como
Deus provou ser fiel, mesmo quando Israel, quase em sua totalidade, se manteve alheio a
Sua interveno na Histria. A Festa de Purim um meio de Israel relembrar tal fidelidade e
regozijar-se por sua manifestao histrica nos dias de Mardoqueu.
Esse tema da soberana interveno de Deus em guardar Sua lealdade pactual aparece
logo no incio do livro. Xerxes reunira um enorme nmero de oficiais, provavelmente em
preparao ao que viria a ser uma campanha militar desastrosa contra a Grcia (1.1-9).
Xerxes, embriagado com vinho, exige que Vasti, sua favorita na poca, seja trazida diante
Antigo Testamento II Histricos e Poticos 157
de seus oficiais para exibir sua beleza. A recusa de Vasti , talvez motivada pelo aspecto
nebuloso de sua apario, provocou a fria de Xerxes (1.10-12) e a recomendao de seus
conselheiros de que Vasti fosse removida de seu lugar de honra no harm para no encorajar
um movimento feminista por todo o imprio (1.13-20).
O captulo 2 contm a idia do livro na qual apresenta Ester, uma obscura judia,
sendo trazida ao harm real como uma entre muitas recrutas, conforme a recomendao dos
conselheiros (2.1-10). Este detalhe est de acordo com a narrativa de Herdoto a respeito
das atividades de Xerxes aps seu humilhante retorno da Grcia. No palcio real, Ester
conquista a admirao e simpatia de todos que a encontram, mas especialmente do homem-
chave, o eunuco Hegai, responsvel pelo prolongado tratamento de beleza ao qual toda nova
esposa do rei era submetida (2.10-14). Ester, mantendo sua nacionalidade em segredo
(2.10), conquistou a alcova real e o rei ficou to satisfeito que ela foi escolhida como
substituta de Vasti (2.15-18). Essa parte da narrativa tambm combina com a de Herdoto,
que afirma ter Xerxes curado seu orgulho ferido com as mulheres de seu harm.
Como provvel resultado do colossal fracasso de Xerxes na Grcia, outro dos
famosos golpes palacianos se desenvolveu. Casualmente, os planos para o assassinato do rei
vazaram e chegaram aos ouvidos leais e atentos de Mardoqueu. Este, que tinha a conexo
certa com o rei, passou a informao e seu feito foi registrado nas Crnicas persas (2.19-23).
Ham, o agagita, na disfarada providncia de Deus, premiado com um cargo poltico
importante no imprio (3.1). O autor cuidadosamente constri um contraste entre o mrito
no premiado de Mardoqueu e o prmio imerecido de Ham. Uma rixa entre Ham e
Mardoqueu que, como judeu tpico, no se curvava diante de homem, se desenvolveu a
ponto de provocar a tentativa de genocdio (3.2-7).
O orgulho pessoal de Ham o levou a oferecer uma alta soma a Xerxes pelo
privilgio de eliminar o que ele apresentou como uma chaga no imprio. Xerxes,
necessitado de dinheiro aps a desastrosa campanha da Grcia, aceitou a proposta sem
pestanejar, revelando assim a insensvel atitude persa diante da vida humana (3.8-11).
O autor deixa claro que esse decreto, levado a todas as 127 provncias, men, era uma monstruosidade, que nem mesmo os persas pagos conseguiam entender (3.12-15).
Para os judeus isso foi como um toque fnebre, j que o imprio persa ocupava virtualmente
todo o Oriente Mdio e toda a sia Menor, incluindo ainda o Egito, Sudo, e parte da ndia.
Escapar, seria virtualmente impossvel!
O captulo 4 contm as nicas indicaes veladas da piedade judia tradicional quando
os israelitas de todo o imprio se lamentam e jejuam por causa do decreto fatal. O autor
focaliza as aes de Mardoqueu, sendo ele o elemento chave na resoluo do conflito da
narrativa (4.1-3). Ester, protegida pelo isolamento palaciano, precisa ser informada, e
Mardoqueu prov no apenas os fatos, mas tambm um desafio, para que ela use sua
posio influente a fim de assegurar a misericrdia real para seu povo (4.4-8). A relutncia
de Ester oferece a Mardoqueu a oportunidade de expressar sua convico de que outras
foras alm dos reis da Prsia controlam o destino de Israel, e que Ester deveria tirar
proveito dos privilgios que sua elevao circunstancial posio de rainha lhe traziam (4.9-14). A reao de Ester poderia sugerir fatalismo (E se eu perecer, pereci [4.16]) se ela
no tivesse se comprometido, e a suas servas, a jejuar, o que implicitamente indica orao
(4.15-17).
A narrativa completa gira em torno do primeiro pargrafo do captulo 5. Ester,
violando o protocolo da corte, aparece diante do rei sem ser convocada; essa quebra de
protocolo poderia ter lhe custado a vida, mas outra vez a soberania de Deus prevalece e sua
petio reconhecida (5.1-3). Enquanto o plano de Ester para interceder pelos judeus
Antigo Testamento II Histricos e Poticos 158
inclua banquetes para o rei e Ham (5.4-8), Deus usaria tais planos para concretizar os
Seus. Ester, ao adiar sua petio, esperava receber favor do rei. O adiamento teve duas
conseqncias: Ham aprofundou sua determinao de destruir Mardoqueu, que ainda se
recusava a se curvar diante dele (5.9-14), e instigado pela esposa construiu uma forca para
esse fim. Xerxes, por outro lado, no dormiu noite, outra circunstncia providencial que
lhe permitiu saber da lealdade de Mardoqueu, apesar de no ter lhe dado o apropriado
reconhecimento por ter salvo sua vida. O resultado final dessa investigao noturna foi a
elevao de Mardoqueu (6.1-9) e a humilhao pblica de Ham diante do judeu (6.10-14).
O ritmo da narrativa se acelera enquanto o narrador descreve o segundo banquete, no qual
Ester denuncia o genocdio planejado por Ham (7.1-6), e Xerxes confunde o pedido de
clemncia de Ham com uma tentativa de molestar sexualmente a rainha, uma impresso
que sela a sorte de Ham (7.7,8). Harbona, o eunuco, faz uma terceira acusao contra
Ham, a de tentar matar o mais recentemente honrado amigo do rei, Mardoqueu (7.9a). O
cruel Ham atingido pela prpria trama, quando empalado (tipo de execuo persa) na
forca preparada por ele para Mardoqueu (7.9b). Esse tema literrio de reverso da sorte
como que um resumo do livro.
O restante do livro trata da reverso dos efeitos do edito genocida que ainda vigorava
devido natureza da lei persa. O rei deixa o assunto na mo de Mardoqueu (8.1-8), e ele
redige um contra-edito autorizando os judeus a se armar e defender suas vidas e
propriedades contra seus inimigos (8.9-17). A data seria a mesma, o 13 dia do ms de adar,
a mesma data que o sorteio (purim) havia apontado para o genocdio planejado por Ham.
O captulo 9 contm a descrio da resistncia judia e o triunfo sobre os inimigos
(9.1-17). significante o fato que, apesar de autorizado pelo edito, o saque no aconteceu,
fato que pode ser um contraste intencional entre Ester e a narrativa de 1 Samuel 15, quando
Saul poupa o que deveria ser herem dedicado destruio cerimonial como oferta ao
Senhor. A defesa judia, em Sus, estendeu-se por mais um dia para garantir que outro
ataque no se seguiria (9.11-17). O restante do captulo contm a instituio da Festa de
Purim como uma recordao do livramento dramtico de outro genocdio antijudeu e
instrues para sua celebrao (9.18-32).
O livro termina com um relato da grandeza de Xerxes e Mardoqueu (10.1-3). Esse
pode ter sido o desejo do autor, indicar que os reis da Prsia foram agentes da providncia
divina para proteo e restaurao de Seu povo, com os judeus fiis que Ele levantaria para
feitos especficos (10.1-3).
ESBOO
I. O Palco armado (1.1-22)
a. O esplendor persa (1.1-9)
b. O rei desafiado (1.10-12)
c. O rei vingado (1.13-22)
II. Ester escolhida como rainha (2.1-18)
a. Pesares no so permitidos (2.1-4)
b. Ester apresentada (2.5-11)
c. Ester torna-se rainha (2.12-18)
III. Uma cosmoviso descoberta (2.19-23)
IV. Ham vinga-se dos judeus (3.1-15)
a. A promoo de Ham (3.1-6)
b. O lanamento de sortes (3.7-11)
Antigo Testamento II Histricos e Poticos 159
c. O edito publicado (3.12-15)
V. Ester concorda em interceder (4.1-17)
a. A exploso apaixonada de Mordecai (4.1-3)
b. Ester assume a liderana (4.4-17)
VI. Ester encontra favor (5.1-14)
a. A petio de Ester (5.1-8)
b. A vexao de Ham (5.9-14)
VII. Ham inadvertidamente promove Mordecai (6.1-13)
a. O livro de cabeceira do rei (6.1-3)
b. A humilhao de Ham (6.4-13)
VIII. A segunda festa da rainha Ester (6.147-10) IX. Assuero vira a mesa (8.1-17)
a. So preenchidos os lugares vagos (8.1-2)
b. Inverso do edito (8.3-14)
c. A popularidade dos judeus (8.15-17)
X. Providencia-se para que os judeus triunfem (9.1-19)
XI. Autorizao para a festa (9.20-32)
XII. A vida normal restaurada (10.1-3)