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Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica · adaptação curricular e condições de apresentar soluções relevantes à realidade da escola. A avaliação levará

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Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica – Turma 2016

Título: Escola inclusiva: adaptação curricular

Autor: Gislaine Cristina Alves da Silva

Disciplina/Área: Educação Especial

Escola de Implementação do Projeto e sua localização:

Escola Estadual Ângelo Trevisan – Ensino Fundamental.

Endereço: R. Ângelo Trevisan, 410 - Cascatinha, Curitiba - PR

Município da escola: Curitiba

Núcleo Regional de Educação: Curitiba

Professor Orientador: Paulo Ross

Instituição de Ensino Superior: Universidade Federal do Paraná - UFPR

Relação Interdisciplinar:

Todas as disciplinas que compõem a Matriz curricular do Ensino Fundamental dos anos Finais.

Resumo:

O Material Didático Pedagógico que ora se apresenta, constitui-se de um Caderno Pedagógico dividido em quatro unidades didáticas que se desenvolvem sobre a prática docente, a adaptações curriculares e o uso das tecnologias na perspectiva da educação especial. Este Caderno Pedagógico tem como Público-Alvo, professores das diversas disciplinas que compõem a matriz curricular e tem como objetivo a veiculação de informações sobre a educação de pessoas com necessidades educacionais especiais e com deficiência, e ainda os seus desdobramentos para a inclusão educacional desta população, com abordagem centrada no processo de ensino aprendizagem, contendo fundamentação teórica e sugestões de atividades a serem desenvolvidas pelos professores do alunado caracterizado como público alvo da Educação Especial. Pretende-se com este caderno que o professor participante, consiga ampliar os conhecimentos que tem sobre esta temática, para que possa flexibilizar o seu modo de ensinar, participando de atividades individuais e de atividades coletivas, ambas com o objetivo de retomar práticas usuais da educação especial no ensino para que sejam relidas e analisadas, segundo o que propõe as diretrizes do Atendimento Educacional Especializado (AEE) para os diferentes tipos de deficiência e necessidades educacionais especiais.

Palavras-chave:

Currículo; adaptação; flexibilização; educação especial; tecnologia assistiva;

Formato do Material Didático: Caderno Pedagógico

Público: Professores

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APRESENTAÇÃO

O Material Didático Pedagógico que ora se apresenta, constitui-se de um Caderno

Pedagógico, dividido em quatro unidades didáticas.

As unidades que compõem este material didático são:

1. Práticas educativas: adaptações curriculares;

2. Novas tecnologias: tecnologia assistiva;

3. Neurociências e a educação;

4. A escola inclusiva;

Partindo da linha de estudo: Práticas Pedagógicas na Educação Inclusiva, e

problematizando quais os desafios, na perspectiva da Educação Inclusiva, a

serem superados na prática pedagógica docente frente à adaptação curricular e

as novas tecnologias, para a qual se desenvolve o tema adaptações curriculares

e o uso das tecnologias na perspectiva da educação especial, este material tem

como Público-Alvo, professores (especializados ou não) da Rede Estadual de

Ensino básico, da Escola Estadual Ângelo Trevisan – Ensino Fundamental dos

Anos Finais, município de Curitiba. Será proposto a todos os professores das

diversas disciplinas que compõem a matriz curricular e que atuam no referido

estabelecimento. Os professores que concordarem com a proposta devem

participar do grupo de estudos que tem a previsão de 8 (oito) encontros

presenciais de 4 (quatro) horas cada um.

Este material objetiva a veiculação de informações sobre a educação de

pessoas com necessidades educacionais especiais e com deficiência, e ainda os

seus desdobramentos para a inclusão educacional desta população.

Tomando como ponto de partida, que a escola inclusiva deve propiciar um

ambiente favorável à aquisição de igualdade de oportunidade e participação de

todos os alunos independente de quaisquer dificuldades ou diferenças que elas

possam ter (BRASIL, 1994), e que em contraponto o cotidiano docente, no que se

refere à busca da melhor forma de fazer com que o aluno com deficiência ou

necessidades educacionais especiais acesse o currículo de forma significativa,

gera em muitos professores das diferentes áreas do conhecimento, a incerteza de

como desenvolver o trabalho e como realizar a adaptação curricular, mediante as

características específicas desse alunado.

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Então, diante da necessidade de se pensar um currículo para a escola

inclusiva, que se adeque à necessidade de cada aluno, bem como a necessidade

de mudança da prática pedagógica em face do aluno com necessidades

educacionais especiais surge a intenção de oferecer alguns fundamentos básicos

para os professores das diversas disciplinas que atuam no ensino fundamental

dos anos finais na Rede Estadual do Paraná para a implementação da educação

inclusiva aos professores, possibilitando aos mesmos rever suas práticas à luz

dos referenciais pedagógicos da inclusão, desconstruindo práticas excludentes,

historicamente construídas, por meio do conhecimento, pois transformações no

modo de pensar, consequentemente levará à transformações atitudinais.

Dessa forma, entende-se que promover, nos espaços escolares, discussões

para maior conhecimento a respeito da concepção de currículo, seu processo de

elaboração e desdobramentos irá subsidiar a análise das propostas pedagógicas

e a construção de projetos políticos pedagógicos que visem o desenvolvimento

humano, o conhecimento e a cultura. Refletir sobre inclusão de pessoas com

deficiência ou necessidades educacionais especiais na escola, a política que a

norteia e práticas pedagógicas, também são medidas que podem levar o

professor a avaliar o modo como concebe a deficiência e sua forma de agir diante

dela. De acordo com Carvalho (2005), O fracasso na aprendizagem dos alunos,

tem sido atribuído às suas deficiências. “[...] devemos remover barreiras para a

aprendizagem e para a participação de qualquer aluno, independentemente de

suas características orgânicas, psicossociais, culturais, étnicas ou econômicas”

(CARVALHO, 2005, p. 113).

Diante do fato de que os professores das diversas disciplinas do ensino

regular sentem dificuldades em adaptar o currículo de sua disciplina para os

alunos, é que se desenvolve este material didático-pedagógico, que propõe a

provocar o professor para que reveja suas práticas e apresente soluções para

problemas educacionais voltados a temática da adaptação curricular. Nossas

práticas caminham no sentido de trazer o contexto escolar dos professores para o

foco das discussões, introduzir conhecimentos que possam fundamentar os

professores às suas práticas e discuti-las coletivamente, desenvolver uma

aprendizagem participativa e colaborativa, entendendo esta como condição

necessária para que possam mudar as práticas.

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Desse modo, busca-se desenvolver um material didático pedagógico

destinado ao professor, a fim de ampliar os conhecimentos que tem sobre a

temática, possibilitando o acesso a informações sobre deficiência e necessidades

educacionais especiais, aspectos conceituais, históricos e legais da educação

especial, para auxiliar a sua prática pedagógica voltada para a diversidade, de

maneira que, utilize adequações curriculares para garantir o aprendizado de todos

os alunos.

Para isso, nós vamos começar apresentando a definição de adequações

curriculares, falar do amparo legal que a sustenta, da sua aplicabilidade na sala

de aula e na Escola, dos profissionais envolvidos e dos cuidados para a sua

elaboração.

Pretende-se com este caderno que você, professor, consiga ampliar os

conhecimentos que tem sobre esta temática, para que possa realmente flexibilizar

o seu modo de ensinar para atender as peculiaridades do seu aluno, em particular

o aluno com necessidades educacionais especiais.

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Material Didático

Este Caderno Pedagógico, composto por quatro Unidades Didáticas, com

abordagem centrada no processo de ensino aprendizagem, contendo

fundamentação teórica e sugestões de atividades a serem desenvolvidas pelos

professores do alunado caracterizado como público alvo da Educação Especial.

Assim, não importa qual seja a área de formação do professor, a inclusão exige

novos posicionamentos que implicam num esforço de atualização e

reestruturação das condições atuais, para que o ensino se modernize e para que

os professores se aperfeiçoem, adequando as ações pedagógicas à diversidade

dos alunos. Pode-se considerar, portanto, que o sucesso da inclusão escolar vai

depender, em grande medida, do trabalho pedagógico do professor da classe

comum, pois este deve ser qualificado para responder as necessidades

diferenciadas de seus alunos, para propor situações de ensino aprendizagem

satisfatória para todos.

Diante da dificuldade dos professores das diversas disciplinas que compõem a

matriz curricular do Ensino Fundamental dos Anos Finais sentem em adaptar o

currículo de sua disciplina para esses alunos é que se desenvolveu o presente

material didático-pedagógico, tendo este o objetivo de propor estratégias e

metodologias educacionais que possam favorecer ações e propor alternativas

para modificar o processo educativo de alunos com necessidades educacionais

especiais, através da discussão de estratégias que possam favorecer a

adaptação curricular e condições de apresentar soluções relevantes à realidade

da escola.

A avaliação levará em consideração os seguintes critérios: A participação e

desempenho do professor participante, aqui denominado professor-aluno, na

realização das atividades propostas e o alcance dos objetivos propostos no

projeto inicial e de cada atividade.

Quanto ao desempenho do professor-aluno na realização das atividades

propostas durante o percurso da implementação do Projeto de Intervenção

Pedagógica na escola, serão computadas a frequência e a participação do

professor em todas as atividades individuais e coletivas propostas. A frequência

será mensurada pela presença, Durante todo o processo de implementação do

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projeto de intervenção o professor-aluno será avaliado pela sua participação nas

discussões presenciais e na entrega das atividades por meio de questionário

aberto a ser entregue para o professor-aluno no primeiro encontro, alem de se

autoavaliar quanto aos seus avanços e dificuldades em relação aos temas que

serão apresentados. As diretrizes para a elaboração das respostas do

questionário que será proposto serão apresentadas no primeiro dia aos

participantes, no grupo de estudos, que será presencial. Ele será desenvolvido

em oito (8) encontros previstos, finalizando com a propositura, aos professores-

alunos, que respondam ao mesmo questionário aberto que foi apresentado no

primeiro dia.

Quanto ao alcance dos objetivos da implementação do projeto de intervenção

pedagógica, os próprios participantes fornecerão os dados referentes ao

desenvolvimento da proposta e ao desempenho dos professores-alunos, tendo

por base a auto-avaliação do professor-aluno e o seu desempenho na realização

das atividades propostas durante todo o processo.

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ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO Participarão deste estudo os professores das diversas disciplinas que compõem a

matriz curricular do ensino fundamental dos anos finais, que atuam a Escola

Estadual Ângelo Trevisan, da Rede Estadual de ensino do Estado do Paraná, que

tenham interesse pela pesquisa.

O Grupo de Estudos será proposto a todos os professores do Estabelecimento,

porém, sem obrigatoriedade de participação; por esse motivo não se tem previsão

de número de participantes. Este Caderno Pedagógico propõe a formação de um

grupo de estudos e tem previsão de 08 encontros presenciais de 04 horas cada

um.

Pretende-se com este caderno que o professor participante, consiga

ampliar os conhecimentos que tem sobre esta temática, para que possa

flexibilizar o seu modo de ensinar para atender as necessidades educacionais dos

seus alunos, para tanto, os professores-alunos participarão de atividades

individuais e de atividades coletivas, ambas com o objetivo de retomar práticas

usuais da educação especial no ensino para que sejam relidas e analisadas,

segundo o que propõe as diretrizes do Atendimento Educacional Especializado

(AEE) para os diferentes tipos de deficiência e necessidades educacionais

especiais.

Os materiais pedagógicos produzidos para esse grupo de estudos consistem em

textos de partes de livros e artigos científicos e o Projeto de Intervenção

Pedagógica do Professor PDE, impressos e em DVD, com a apresentação de 11

questões abertas (constante na descrição do 1º encontro da unidade 1) a serem

respondidas pelos professores – alunos, no primeiro encontro do Grupo de

Estudos. Estas questões serão recolhidas para levantamento de dados e serão

novamente apresentadas aos participantes no último encontro e novamente

recolhidas para análise comparativa dos dados obtidos no primeiro encontro, que

se propõe a pesquisa ação.

Visando uma melhor compreensão do tema proposto, o Caderno Pedagógico foi

sistematizado em quatro unidades didáticas, com temas diversificados, quais

sejam:

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Na Unidade 1 Práticas educativas: adaptações curriculares – propõe-se

estudar a conceitualização das adaptações curriculares, educação especial e

necessidades educacionais especiais. Estudo do Decreto nº 7611/2011 e Decreto

nº 5626/09, que dispõem sobre a educação especial, o atendimento educacional

especializado e sobre a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), respectivamente.

Conhecer sobre o Atendimento educacional especializado, o público alvo da educação

especial, analisar a concepção de currículo apoiado nas diferenças.

Na Unidade 2 - Novas tecnologias: tecnologia assistiva - estudar os conceitos

de tecnologia e tecnologia assistiva, sua importância e aplicabilidade na

educação.

Na Unidade 3 - Neurociências e a educação - analisar a importância da

neurociência na educação e o estudo de alguns transtornos, a conhecer: dislexia,

disortografia e discalculia. Descrever a Disgrafia, Dislalia e o Transtorno de Déficit

de Atenção e Hiperatividade/TDAH como um Transtorno do

Neurodesenvolvimento que provoca desatenção, desorganização e/ou

hiperatividade-impulsividade.

Na Unidade 4 – A escola inclusiva - analisar a concepção de escola inclusiva, a

identidade e as diferenças na escola.

Para a unidade 1

Para o 1º encontro – serão apresentados os textos Educação Especial e

Necessidades Educacionais (adaptado do livro Estratégias para a educação de

alunos com necessidades educacionais especiais/ coordenação geral:

SEESP/MEC ; organização: Maria Salete Fábio Aranha. Brasília : Ministério da

Educação, Secretaria de Educação Especial, 2003).

Para o 2º encontro, serão apresentados os Decretos nº 7611/2011 e 5626/09,

disponibilizado pelo Ministério da Educação. Serão apresentadas adaptações da

justificativa e fundamentação teórica do Projeto de Intervenção pedagógica – PDE

(anexo) que abordam o Atendimento Educacional Especializado e a Educação

especial: o público alvo.

Para o 3º encontro, serão apresentados três textos. O primeiro, Currículo, o

segundo, O currículo apoiado nas diferenças, ambos adaptados do Projeto de

Intervenção pedagógica – PDE e o terceiro texto sobre Conceito de adaptação

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curricular, (adaptado do livro A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão

Escolar : a escola comum inclusiva, de autoria de Edilene Aparecida Ropoli, Maria

Teresa Eglér Mantoan, Maria Terezinha da Consolação Teixeira dos Santos e

Rosângela Machado, disponibilizado pelo Ministério da Educação (MEC) e

(adaptado do livro Estratégias para a educação de alunos com necessidades

educacionais especiais/ coordenação geral: SEESP/MEC ; organização: Maria

Salete Fábio Aranha. Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação

Especial, 2003).

No 4º encontro será disponibilizado um texto sobre Adaptações Curriculares

Educacionais (adaptado do livro A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão

Escolar : a escola comum inclusiva, de autoria de Edilene Aparecida Ropoli, Maria

Teresa Eglér Mantoan, Maria Terezinha da Consolação Teixeira dos Santos e

Rosângela Machado, disponibilizado pelo Ministério da Educação (MEC)).

Para a unidade 2

No 1º encontro será apresentado o texto A tecnologia assistiva em ambiente

computacional e telemático para a autonomia de estudantes com deficiência de

autoria de Teófilo Galvão Filho e Luciana Lopes Damasceno.

Para a unidade 3

No 1º encontro serão apresentados os textos Neurociência, formação de

professores e práticas pedagógicas de autoria de Arnaldo Nogaro e A importância

da neurociência na educação de autoria de Vera Lucia de Siqueira Mietto.

No 2º encontro serão apresentados três textos. O primeiro, Transtornos

funcionais específicos - Ministério da educação e Secretaria Estadual da

Educação do Estado do Paraná; o segundo, Dificuldades de aprendizagem -

Transtornos funcionais específicos de autoria de Priscila de Sousa Barbosa e o

terceiro, O que são Transtornos de Aprendizagem? Causas, tipos e tratamento de

autoria de Maria Alice Fontes.

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Para a unidade 4

No 1º encontro, os textos Sobre Identidade e diferenças na escola; escola dos

diferentes ou escola das diferenças?; A escola comum na perspectiva inclusiva

(adaptado do livro, de autoria de Edilene Aparecida Ropoli, Maria Teresa Eglér

Mantoan, Maria Terezinha da Consolação Teixeira dos Santos e Rosângela

Machado, disponibilizado pelo Ministério da Educação (MEC)). Os textos

discutem novas práticas de ensino, com vistas a atender as especificidades dos

alunos que garantindo assim o direito à educação a todos, as autoras se

fundamentam em estudiosos como Tomaz Tadeu da Silva, Stainback entre

outros. E (adaptado do livro Estratégias para a educação de alunos com

necessidades educacionais especiais/ coordenação geral: SEESP/MEC ;

organização: Maria Salete Fábio Aranha. Brasília : Ministério da Educação,

Secretaria de Educação Especial, 2003).

O Grupo de Estudos será realizado em parceria com a Direção do

Estabelecimento de Ensino e Equipe Pedagógica que acompanharão diretamente

o desenvolvimento do grupo de Estudos que está em consonância com a

Coordenação do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) e garantira a

infraestrutura física e de pessoal, que envolve espaço físico, manutenção e

acesso à internet bem como oferecer condições ao professor-aluno da sua

participação no grupo. As salas disponibilizadas pela Direção e Equipe

Pedagógica para a realização do Grupo de Estudos, deverão ficar à disposição

durante 4h (quatro horas) diárias, sendo que essa carga horária será distribuída

em um período matinal e/ou um período vespertino. A disponibilidade dessa sala

será definida pela Direção e Equipe Pedagógica, conforme as demandas e as

necessidades dos professores-alunos. A proposta deste Grupo de Estudos é

trabalhar as questões que envolvem os diferentes tipos de Deficiências e

Necessidades Educacionais Especiais. Esses trabalhos serão desenvolvidos por

meio de atividades práticas que serão disponibilizadas nos encontros presenciais.

Cada atividade contém seus objetivos, descrição detalhada do trabalho a ser

desenvolvido e quais as leituras deverão ser realizadas, e outras informações que

forem relevantes para contribuir na sua elaboração.

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Este Grupo de Estudos terá a duração de 32h (trinta e duas horas) e será

desenvolvido no primeiro semestre do ano letivo de 2017, no período a ser

informado pela professora PDE. Ele engloba um conjunto de atividades

relacionadas à temática proposta; nessas atividades o professor-aluno terá a

oportunidade de interação com seus colegas e com o Professor PDE, o qual o

acompanhará durante todo o processo.

A aplicação no grupo de estudo contemplará as seguintes atividades:

.

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CADERNO PEDAGÓGICO

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Sumário

CADERNO PEDAGÓGICO

Introdução ....................................................................................... 1

Unidade 1 ......................................................... 3Error! Bookmark not defined.

Práticas Pedagógicas 4

Referências ....................................................... Error! Bookmark not defined.

1º Encontro Unidade 1 ......................................................................... 7

Educação Especial ......................................... 10Error! Bookmark not defined.

Necessidades Educacionais Especiais .................................................... 11

2º Encontro Unidade 1 ........................................................................ 20

Decreto nº 7611/2011 ................................................................... 21

Decreto nº 5.626/ 2005. ................................................................ 24

Atendimento Educacional Especializado - AEE .......... Error! Bookmark not defined.25

Educação Especial público alvo ........................................................... 28

3º Encontro Unidade 1 ........................................................................ 34

Currículo ................................................... Error! Bookmark not defined.36

O Currículo Apoiado nas Diferenças ..................... Error! Bookmark not defined.40

Conceito de adaptações curriculares ..................................................... 42

4º Encontro Unidade 1 ................................................................... 45

Adaptações curriculares .................................. Error! Bookmark not defined.46

Unidade 2 ....................................................... Error! Bookmark not defined.67

Tecnologia: tecnologia assitiva ........................... Error! Bookmark not defined.68

1º Encontro Unidade 2 ................................................................... 69

A tecnologia assistiva em ambiente computacional e telemático para a autonomia de

estudantes com deficiência ............................... Error! Bookmark not defined.70

Unidade 3 81

A neurociencias e a Educação ............................................................ 82

1º Encontro Unidade 3 84

Neurociência, formação de professores e práticas pedagógicas. 84Error! Bookmark not

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A importância da neurociência na educação .................. 92Error! Bookmark not defined.

2º Encontro Unidade 3 ................................... 98Error! Bookmark not defined.

Transtornos funcionais específicos ........................... 99Error! Bookmark not defined.

Dificuldades de aprendizagem Transtornos Funcionais Específicos . 100Error! Bookmark

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O que são Transtornos de Aprendizagem? Causas, tipos e tratamento ....... 102Error!

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Unidade 4 ...................................................... 111Error! Bookmark not defined.

A Escola Inclusiva ........................................ 112Error! Bookmark not defined.

1º Encontro Unidade 4 .................................. 113Error! Bookmark not defined.

Sobre identidade e diferenças na escola ............................................... 114

Escola dos diferentes ou escola das diferenças? ...... Error! Bookmark not defined.117

A escola comum na perspectiva inclusiva ............................................... 119

Mudanças na escola ...................................... Error! Bookmark not defined.121

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1

Introdução

Neste caderno serão abordados alguns temas como, práticas educativas,

tecnologias e tecnologia assistiva; neurociências e a educação, tudo na

perspectiva da educação inclusiva. Falar em inclusão a partir da

implementação da Educação Inclusiva, para muitos estudiosos do tema, se faz

necessário na realidade educacional, colocar como ponto central, as

adaptações curriculares. Compartilhando da mesma intenção, começaremos

apresentando o projeto de intervenção pedagógica do programa PDE, textos

abordando a educação especial, a definição de adaptações curriculares, falar

do amparo legal que a sustenta, da sua aplicabilidade na sala de aula e na

Escola, dos profissionais envolvidos e dos cuidados para a sua elaboração.

Pretende-se com este caderno que você, professor, possa ampliar seus

conhecimentos a cerca da temática, de forma a flexibilizar o seu modo de

ensinar para atender as peculiaridades dos seus alunos, visando não mais a

centralização na dificuldade.

Propõe-se estudar:

Na Unidade 1 – a conceitualização das adaptações curriculares, educação

especial e necessidades educacionais especiais. Descreveremos o amparo legal

que dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e sobre

a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), conhecer sobre o Atendimento educacional

especializado, o público alvo da educação especial, analisar a concepção de currículo

apoiado nas diferenças.

Na Unidade 2 - os conceitos de tecnologia e tecnologia assistiva, sua importância

e aplicabilidade na educação inclusiva.

Na Unidade 3 - a neurociências na educação, destacando seu conceito a

importância para o processo de ensino e aprendizagem e o estudo de alguns

transtornos, a conhecer: o Transtorno Específico da Aprendizagem com prejuízos

na leitura ou Dislexia, o Transtorno Específico da Aprendizagem com prejuízos na

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2

expressão escrita ou Disortografia. o Transtorno Específico na Aprendizagem com

prejuízos na Matemática ou Discalculia. Analisaremos o Transtorno do

Desenvolvimento da Coordenação ou Disgrafia, o Transtorno Específico da

Articulação da Fala ou Dislalia. Descreveremos o Transtorno de Déficit de

Atenção e Hiperatividade/TDAH como um Transtorno do Neurodesenvolvimento.

Na Unidade 4 – a concepção de escola inclusiva, de identidade e diferenças na

escola.

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Unidade 1

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Práticas educativas: adaptações

curriculares

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5

FINALIDADE

Promover a familiarização crítica do professor com o

conteúdo do Projeto de Intervenção Pedagógica, currículo,

práticas pedagógicas e as Novas Tecnologias na Educação

Inclusiva.

EXPECTATIVAS

DE APRENDIZAGEM

Que ao término desse Grupo de Estudos, o professor – aluno

possa:

1. Dissertar sobre os conceitos de currículo, adaptação

curricular, tecnologia e tecnologia assistiva, as

contribuições da neurociência no processo de ensino-

aprendizagem, educação especial e inclusão educacional e

percebê-los como necessários e possíveis para a

flexibilização da prática educacional.

CONTEÚDO

Práticas Pedagógicas

Currículo e Adaptações Curriculares;

Tecnologia e Tecnologia Assistiva

Educação Especial

Inclusão Educacional

Necessidades Educacionais Especiais

Neurociências no processo de ensino-aprendizagem.

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REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS

Estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais especiais / coordenação geral: SEESP/MEC; organização: Maria Salete Fábio Aranha. - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006.

Ropoli, Edilene Aparecida. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: a escola comum inclusiva / Edilene Aparecida Ropoli, [et.al.]. - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial; [Fortaleza]: Universidade Federal do Ceará, 2010. V. 1. (Coleção A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar)

FONTES, M. A. O que são Transtornos de Aprendizagem? Causas, tipos e tratamento. Plenamente, São Paulo, 2015. Disponivel em: <http://www.plenamente.com.br/artigo.php?FhIdArtigo=194#>. Acesso em: 02 nov. 2016.

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1º ENCONTRO

Unidade 1

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8

Apresentação do projeto: Projeto de intervenção pedagógica: currículo,

práticas pedagógicas e novas tecnologias na educação inclusiva.

Apresentação de conceitos fundamentais sobre: Educação especial

Necessidades educacionais especiais

TEMPO PREVISTO 4h

FINALIDADE DO ENCONTRO

Apresentar ao professor – aluno:

O Projeto de Intervenção Pedagógica, a proposta do grupo de estudos e seus objetivos.

Questionário com questões abertas e pertinentes ao tema para resposta imediata e para posterior levantamento de dados.

Textos sobre de Educação Especial, Necessidades Educacionais Especiais e Currículo Escolar, para reflexão e discussão.

EXPECTAVIVA DE APRENDIZAGEM

Ao final deste encontro, pretende-se que o professor- aluno seja capaz de discutir, criticamente, sobre os conceitos de Educação Especial, de necessidades educacionais especiais e de Currículo Escolar.

CONTEÚDO Política e organização

Projeto de Intervenção Pedagógica

Educação Especial

Necessidades Educacionais Especiais

MATERIAL

Projeto de Intervenção Pedagógica (anexo);

Textos Educação Especial e Necessidades Educacionais Especiais, adaptados do livro: Estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais especiais / coordenação geral: SEESP/MEC; organização: Maria Salete Fábio Aranha. - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2003.

Saberes e práticas da inclusão: recomendações para a construção de escolas inclusivas. [2. ed.] / coordenação geral SEESP/MEC. – Brasília: MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. 96 p. (Série : Saberes e práticas da inclusão).

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SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES

1. Estudo dirigido (75 mim.)

O professor PDE deverá solicitar aos professores - alunos que:

Acompanhem no projetor data show a apresentação do Projeto de Intervenção Pedagógica e as atividades propostas a serem desenvolvidas no decorrer dos oito encontros previstos;

Respondam as seguintes questões:

1. Para você professor, o que é currículo? 2. Professor, qual a sua concepção acerca de adaptação curricular? 3. Qual a sua concepção sobre deficiência? 4. Professor, qual a sua visão acerca dos alunos com necessidades

educacionais especiais nas classes regulares? 5. Como você vê o uso das tecnologias nas escolas de forma geral? 6. Você acha viável incluir as Tecnologias no processo de ensino

aprendizagem? 7. Professor, você sabe o que é Tecnologia Assistiva? 8. Como você, professor, está auxiliando seus alunos na formação da sua

identidade? Qual identidade ajuda a formar com suas aulas e atividades?

9. Professor, como você está contribuindo para a sensação de pertencimento dos seus alunos ao grupo?

10. Como você concebe o fato de ter que trabalhar com as diferenças? 11. As interações dos grupos nas salas de aula colaboram com as

identidades que estão construídas? Elas reforçam positivamente ou negativamente? Desafiam os alunos de maneira positiva ou desorganizam?

2. Intervalo (15 min.)

3. Estudo dirigido (6o mim.)

Como roteiro para a discussão propõe-se a leitura dos textos:

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Educação Especial

A Educação Especial tem sido atualmente definida no Brasil segundo uma

perspectiva mais ampla, que ultrapassa a simples concepção de atendimentos

especializados tal como vinha sendo a sua marca nos últimos tempos. Conforme

define a nova LDB, trata-se de uma modalidade de educação escolar, voltada

para a formação do individuo, com vistas ao exercício da cidadania. Como

elemento integrante e indistinto do sistema educacional, realiza-se

transversalmente, em todos os níveis de ensino, nas instituições escolares, cujo

projeto, organização e prática pedagógica devem respeitar a diversidade dos

alunos, a exigir diferenciações nos atos pedagógicos que contemplem as

necessidades educacionais de todos.

Os serviços educacionais especiais, embora diferenciados, não podem

desenvolver-se isoladamente, mas devem fazer parte de uma estratégia global de

educação e visar suas finalidades gerais. A análise de diversas pesquisas

brasileiras identifica tendências que evitam considerar a educação especial como

um subsistema a parte e reforçam o seu caráter interativo na educação geral. Sua

ação transversal permeia todos os níveis educação infantil, ensino fundamental,

ensino médio e educação superior, bem como as demais modalidades –

educação de jovens e adultos e educação profissional.

REFERÊNCIAS:

Estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais especiais / coordenação geral: SEESP/MEC; organização: Maria Salete Fábio Aranha. - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2003.

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Necessidades Educacionais

Especiais

São necessidades relacionadas aos alunos que apresentam elevada

capacidade ou dificuldades de aprendizagem. Esses alunos não são,

necessariamente, portadores de deficiências, mas são aqueles que passam a ser

especiais quando exigem respostas específicas adequadas. A noção de

necessidades educacionais especiais entrou em evidência a partir das discussões

do chamado “movimento pela inclusão” e dos reflexos provocados pela

Conferência Mundial sobre Educação Especial, realizada em Salamanca, na

Espanha, em 1994. Nesse evento, foi elaborado um documento mundialmente

significativo denominado “Declaração de Salamanca” e na qual foram levantados

aspectos inovadores para a reforma de políticas e sistemas educacionais.

De acordo com a declaração: “… durante os últimos 15 ou 20 anos, tem se

tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que

ser ampliado para incluir todas as crianças que não estejam conseguindo se

beneficiar com a escola, seja por que motivo for. […] Desta maneira, o conceito

de “necessidades educacionais especiais” passará a incluir, além das crianças

com deficiências, aquelas que estejam experimentando dificuldades temporárias

ou permanentes na escola, as que estejam repetindo continuamente os anos

escolares, as que sejam forçadas a trabalhar, as que vivem nas ruas, as que

moram distantes de quaisquer escolas, as que vivem em condições de extrema

pobreza ou que sejam desnutridas, as que sejam vítimas de guerra ou conflitos

armados, as que sofrem de abusos contínuos físicos, emocionais e sexuais, ou as

que simplesmente estão fora da escola, por qualquer motivo que seja.”.

A Declaração de Salamanca, portanto, estabeleceu uma nova concepção,

extremamente abrangente, de “necessidades educacionais especiais” que

provoca a aproximação dos dois tipos de ensino, o regular e o especial, na

medida em que esta nova definição implica que todos possuem ou podem

possuir, temporária ou permanentemente, “necessidades educacionais especiais”.

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Dessa forma, orienta para a existência de um sistema único, que seja capaz de

prover educação para todos os alunos, por mais especial que este possa ser ou

estar. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), elaborados com base na Lei

de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, orientam a respeito de

estratégias para a educação de alunos com necessidades especiais. Para isso,

estabeleceu um material didático-pedagógico intitulado “Adaptações Curriculares”

que insere-se na concepção da escola inclusiva defendida na Declaração de

Salamanca.

De acordo com o Ministério da Educação, A atenção à diversidade da

comunidade escolar baseia-se no pressuposto de que a realização de adaptações

curriculares pode atender a necessidades particulares de aprendizagem dos

alunos. Consideram que a atenção à diversidade deve se concretizar em medidas

que levam em conta não só as capacidades intelectuais e os conhecimentos dos

alunos, mas, também, seus interesses e motivações. A atenção à diversidade

está focalizada no direito de acesso à escola e visa à melhoria da qualidade de

ensino e aprendizagem para todos, irrestritamente, bem como as perspectivas de

desenvolvimento e socialização. A escola, nessa perspectiva, busca consolidar o

respeito às diferenças, conquanto não elogie a desigualdade. As diferenças vistas

não como obstáculos para o cumprimento da ação educativa, mas, podendo e

devendo ser fatores de enriquecimento. A diversidade existente na comunidade

escolar contempla uma ampla dimensão de características. Necessidades

educacionais podem ser identificadas em diversas situações representativas de

dificuldades de aprendizagem, como decorrência de condições individuais,

econômicas ou socioculturais dos alunos:

Crianças com condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais e

sensoriais diferenciadas;

Crianças com ou sem deficiência;

Crianças trabalhadoras ou que vivem nas ruas;

Crianças de populações distantes ou nômades;

Crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais;

Crianças de grupos desfavorecidos ou marginalizados.

A expressão necessidades educacionais especiais pode ser utilizada para

referir-se a crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua elevada

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capacidade ou de suas dificuldades para aprender. Está associada, portanto, a

dificuldades de aprendizagem, não necessariamente vinculada a deficiência(s). O

termo surgiu para evitar os efeitos negativos de expressões utilizadas no contexto

educacional - deficientes, excepcionais, subnormais, superdotados, infradotados,

incapacitados etc. - para referirem-se aos alunos com altas

habilidades/superdotação, deficiências cognitivas, físicas, psíquicas e sensoriais.

Tem o propósito de deslocar o foco do aluno e direciona-lo para as respostas

educacionais que eles requerem, evitando enfatizar os seus atributos ou

condições pessoais que podem interferir na sua aprendizagem e escolarização. É

uma forma de reconhecer que muitos alunos, sejam ou não portadores de

deficiências ou de superdotação, apresentam necessidades educacionais que

passam a ser especiais quando exigem respostas especificas adequada. O que

se pretende resgatar com essa expressão È o seu caráter de funcionalidade, ou

seja, o que qualquer aluno pode requerer do sistema educativo quando frequenta

a escola. Isso requer uma análise que busque verificar o que ocorre quando se

transforma as necessidades especiais de uma criança numa criança com

necessidades especiais. Com frequência, necessitar de atenção especial na

escola pode repercutir no risco de tornar-se um deficiente. Não se trata de mero

jogo de palavras ou de conceitos. Falar em necessidades educacionais especiais,

portanto, deixa de ser pensar nas dificuldades especificas dos alunos e passa a

significar o que a escola pode fazer para dar respostas às suas necessidades, de

um modo geral, bem como aos que apresentam necessidades especificas muito

diferentes dos demais. Considera os alunos, de um modo geral, como passiveis

de necessitar, mesmo que temporariamente, de atenção especifica e poder

requerer um tratamento diversificado dentro do mesmo currículo. Não se nega o

risco da discriminação, do preconceito e dos efeitos adversos que podem decorrer

dessa atenção especial. Em situação extrema, a diferença pode conduzir à

exclusão. Por culpa da diversidade ou de nossa dificuldade em lidar com ela?

Nesse contexto, a ajuda pedagógica e os serviços educacionais, mesmo os

especializados – quando necessários – não devem restringir ou prejudicar os

trabalhos que os alunos com necessidades especiais compartilham na sala de

aula com os demais colegas. Respeitar a atenção à diversidade e manter a ação

pedagógica “normal” parece ser um desafio presente na integração dos alunos

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com maiores ou menos acentuada dificuldades para aprender.

Embora as necessidades especiais na escola sejam amplas e

diversificadas, a atual Política Nacional de Educação Especial aponta para uma

definição de prioridades no que se refere ao atendimento especializado a ser

oferecido na escola para quem dele necessitar. Nessa perspectiva, define aluno com

necessidades educacionais especiais aquele que “... por apresentar necessidades

próprias e diferentes dos demais alunos no domínio das aprendizagens

curriculares correspondentes à sua idade, requer recursos pedagógicos e

metodologias educacionais específicas.” A classificação desses alunos, para efeito

de prioridade no atendimento educacional especializado (preferencialmente na

rede regular de ensino), consta da referida Política e dá ênfase alunos com:

● Deficiência intelectual, visual, auditiva, física e múltipla;

● Superdotação.

Objetivando a uniformização terminológica e conceitual, a Secretaria de Educação

Especial do Ministério da Educação e do Desporto propõe as seguintes características

referentes às necessidades especiais dos alunos, que serão descritas a seguir:

SUPERDOTAÇÃO

Notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes

aspectos isolados ou combinados:

Capacidade intelectual geral;

Aptidão acadêmica específica;

Pensamento criativo ou produtivo;

Capacidade de liderança;

Talento especial para artes;

capacidade psicomotora.

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PESSOA COM SURDEZ

Deve-se entender o uso do termo pessoa com surdez como uma forma de nos

reportamos a pessoas com uma deficiência auditiva, independente do grau da sua

perda sensorial.

Perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade de compreender a

fala por intermédio do ouvido. Manifesta-se c o m o :

surdez leve / moderada: perda auditiva de até 7o decibéis, que dificulta, mas

não impede o indivíduo de se expressar oralmente, bem como de perceber a

voz humana, com ou sem a utilização de um aparelho auditivo;

surdez severa / profunda: perda auditiva acima de 7o decibéis, que impede o

indivíduo de entender, com ou sem aparelho auditivo, a voz humana, bem

como de adquirir, naturalmente, o código da língua oral. Tal fato faz com que a

maioria dos surdos opte pela língua de sinais.

DEFICIÊNCIA FÍSICA

Variedade de condições não sensoriais que afetam o indivíduo em termos de

mobilidade, de coordenação motora geral ou da fala, como decorrência de lesões

neurológicas, neuromusculares e ortopédicas, ou, ainda, de malformações

congênitas ou adquiridas.

DEFICIÊNCIA INTECTUAL

Caracteriza-se por registrar um funcionamento intelectual geral

significativamente abaixo da média, oriundo do período de desenvolvimento,

concomitante com limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta

adaptativa ou da capacidade do indivíduo em responder adequadamente às

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demandas da sociedade, nos seguintes aspectos:

1. Comunicação;

2. Cuidados pessoais;

3. Habilidades sociais;

4. Desempenho na família e comunidade;

5. Independência na locomoção;

6. Saúde e segurança;

7. desempenho escolar; lazer e trabalho.

DEFICIÊNCIA VISUAL

É a redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor olho e após a

melhor correção ótica. Manifesta-se como:

Cegueira: perda da visão, em ambos os olhos, de menos de 0,1 no melhor

olho após correção, ou um campo visual não excedente a 20 graus, no maior

meridiano do melhor olho, mesmo com o uso de lentes de correção. Sob o

enfoque educacional, a cegueira representa a perda total ou o resíduo mínimo da

visão que leva o indivíduo a necessitar do método braille como meio de leitura e

escrita, além de outros recursos didáticos e equipamentos especiais para a sua

educação;

Baixa Visão: A definição de baixa visão (ambliopia, visão subnormal ou visão

residual) é complexa devido à variedade e à intensidade de comprometimentos

das funções visuais. Essas funções englobam desde a simples percepção de luz

até a redução da acuidade e do campo visual que interferem ou limitam a

execução de tarefas e o desempenho geral. Em muitos casos, observa-se o

nistagmo, movimento rápido e involuntário dos olhos, que causa uma redução da

acuidade visual e fadiga durante a leitura. Uma pessoa com baixa visão apresenta

grande oscilação de sua condição visual de acordo com o seu estado emocional,

as circunstâncias e a posição em que se encontra, dependendo das condições de

iluminação natural ou artificial.

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DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA

Há associação, no mesmo individuo, de duas ou mais deficiências primárias

(mental/visual/auditiva/física), com comprometimentos que acarretam atrasos no

desenvolvimento global e na capacidade adaptativa. As classificações costumam

ser adotadas para dar dinamicidade aos procedimentos e facilitar o trabalho

educacional, conquanto isso não atenue os efeitos negativos do seu uso. É

importante enfatizar, primeiramente, as necessidades de aprendizagem e as

respostas educacionais requeridas pelos alunos na interação dinâmica do

processo de ensino-aprendizagem. Identificar as necessidades educacionais de

um aluno como sendo especiais implica considerar que essas dificuldades são

maiores que as do restante de seus colegas, depois de todos os esforços

empreendidos no sentido de superá-las, por meio dos recursos e procedimentos

usuais adotados na escola. A concepção de especial está vinculada ao critério de

diferença significativa do que se oferece normalmente para a maioria dos alunos

da turma no cotidiano da escola. Confundir necessidades educacionais especiais

com fracasso escolar é, também, outro aspecto que merece a atenção dos

educadores. São inesgotáveis as discussões e a produção científica sobre o

fracasso escolar e suas múltiplas faces. Paradoxalmente, o conhecimento obtido

não tem levado a respostas eficientes para a sua solução enquanto fenômeno

internacional marcado por influências socioculturais, políticas e econômicas, além

de razões pedagógicas. Durante muitos anos, e ainda em nossos dias, há uma

tendência a atribuir o fracasso escolar do aluno, exclusivamente a ele. Desse

modo, a escola fica isenta da responsabilidade pela sua aprendizagem, ou não

aprendizagem, cabendo a profissionais diversos a identificação dos problemas

inerentes a serem encaminhados e solucionados fora da escola. O fracasso da

criança passa a ser explicado sob diversas denominações e causas, como

distúrbios, disfunções, problemas, dificuldades, carência, desnutrição, família

desestruturada, dentre outras, situadas mais próximo das patologias e de

causalidade social do que de situações escolares contextuais. Não se pode negar

os condicionantes orgânicos, socioculturais e psíquicos que estão associados a

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vários tipos de deficiências ou a influência que esses fatores podem exercer no

sucesso ou insucesso escolar do educando, mas não se pode advogar sua

hegemonia como determinantes na causalidade do fracasso escolar, ou como

modo de justificar uma ação escolar pouco eficaz.

Essa análise remonta à mesma prática com relação a certos procedimentos

oriundos do modelo clínico, ainda aplicados em educação especial, quando o aluno

é diagnosticado, rotulado, classificado e encaminhado para os atendimentos.

O esforço empreendido para mudar essa concepção de educação especial baseia-

se em pressupostos atualmente defendidos ao se focalizarem as dificuldades para

aprender ou a não aprendizagem na escola. Dentre eles:

1. O caráter de interatividade, que implica a relação do aluno como aprendente e da

escola como ensinante e estabelece uma associação entre o ato de ensinar e

o de aprender, tendo a considerar a mediação dos múltiplos fatores interligados

que interferem nessas dinâmicas e que apontam para a multicausalidade do

fracasso escolar;

2. O caráter de relatividade, que focaliza a possível transitoriedade das

dificuldades de aprendizagem, ao considerar as particularidades do aluno em

dado momento e as alterações nos elementos que compõem o contexto escolar

e social, que são dinâmicos e passíveis de mudança.

Outro aspecto a ser considerado é o papel desempenhado pelo professor da

sala de aula. Não se pode substituir a sua competência pela ação de apoio

exercida pelo professor especializado ou pelo trabalho das equipes

interdisciplinares quando se trata da educação dos alunos. Reconhecer a

possibilidade de recorrer eventualmente ao apoio de professores especializados e de

outros profissionais (psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta etc.), não significa

abdicar e transferir para eles a responsabilidade do professor regente como

condutor da ação docente.

Referências:

ADAPTADO DO LIVRO: Estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais especiais / coordenação geral: SEESP/MEC; organização: Maria Salete Fábio Aranha. - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2003

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MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete necessidades educacionais especiais. Dicionário Interativo da Educação Brasileira - Educabrasil. São Paulo: Midiamix, 2001. Disponível em: <http://www.educabrasil.com.br/necessidades-educacionais-especiais/>. Acesso em: 22 de out. 2016.

FECHAMENTO (90 min)

Após o término do tempo de estudo dirigido, o grupo deverá discutir

criticamente O professor PDE deverá dar suporte à discussão, introduzindo

questões que ampliem o foco de análise dos professores – alunos prestando

informações que sejam pertinentes à discussão e mediando a elaboração de

uma síntese final que represente posicionamento do grupo.

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2º ENCONTRO

Unidade 1

FINALIDADE DO ENCONTRO

Favorecer, ao professor, o conhecimento e a compreensão sobre o conteúdo:

Decreto nº 7611/2011;

Decreto nº 5626/2005;

Atendimento Educacional Especializado (AEE);

Necessidades Educacionais Especiais, o Público Alvo da Educação Especial;

EXPECTATIVA DE APRENDIZAGEM

É de proporcionar ao professor – aluno amparo legal e conhecimento a cerca da Política e Organização do atendimento Educacional Especializado e o público alvo da Educação Especial, a fim de que possa proceder adequadamente aos encaminhamentos de alunos com Necessidades Educacionais Especiais que se fizerem necessários.

CONTEÚDO

Legislação básica e legislação de apoio

A modalidade Educação Especial;

Atendimento Educacional Especializado (AEE);

Necessidades Educacionais Especiais, o Público Alvo da Educação Especial.

MATERIAL

Textos:

Adaptação da justificativa e fundamentação teórica do projeto de intervenção pedagógica (constante nos anexos);

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Decreto Nº 7.611, de 17 de novembro de 2011, que dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências.

Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, que Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000

SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES

1. Estudo dirigido (75 mim.)

O professor PDE deverá solicitar aos participantes que leiam os seguintes

textos:

Decreto nº 7611/2011

DECRETO Nº 7.611, DE 17 DE NOVEMBRO DE 2011.

Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, [...] DECRETA:

Art. 1o O dever do Estado com a educação das pessoas público-alvo da

educação especial será efetivado de acordo com as seguintes diretrizes:

∟... § 1o Para fins deste Decreto, considera-se público-alvo da educação especial as pessoas com deficiência, com transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades ou superdotação. § 2o No caso dos estudantes surdos e com deficiência auditiva serão observadas as diretrizes e princípios dispostos no Decreto no 5.626, de 22 de dezembro de 2005.

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Art. 2o A educação especial deve garantir os serviços de apoio especializado voltado a eliminar as barreiras que possam obstruir o processo de escolarização de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.

§ 1º Para fins deste Decreto, os serviços de que trata o caput serão denominados atendimento educacional especializado, compreendido como o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucional e continuamente, prestado das seguintes formas:

I - complementar à formação dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, como apoio permanente e limitado no tempo e na frequência dos estudantes às salas de recursos multifuncionais; ou

II - suplementar à formação de estudantes com altas habilidades ou superdotação.

especial, e ser realizado em articulação com as demais políticas públicas.

Art. 3o São objetivos do atendimento educacional especializado:

I - prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular e garantir serviços de apoio especializados de acordo com as necessidades individuais dos estudantes;

II - garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular;

III - fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e

IV - assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis, etapas e modalidades de ensino.

∟...

Art. 5o A União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino dos Estados, Municípios e Distrito Federal, e a instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com a finalidade de ampliar a oferta do atendimento educacional especializado aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular.

∟...

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§ 3o As salas de recursos multifuncionais são ambientes dotados de equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para a oferta do atendimento educacional especializado.

§ 4o A produção e a distribuição de recursos educacionais para a acessibilidade e aprendizagem incluem materiais didáticos e paradidáticos em Braille, áudio e Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, laptops com sintetizador de voz, softwares para comunicação alternativa e outras ajudas técnicas que possibilitam o acesso ao currículo.

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Decreto nº 5.626/ 2005.

DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005.

Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

CAPÍTULO I

∟...

Art. 2o Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras.

Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.

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Atendimento Educacional

Especializado - AEE

A vigente Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB nº

9.394/1996 (BRASIL, 1996), preconiza que a Educação Especial deve ser

oferecida “preferencialmente” na rede regular de ensino, e quando

necessário, deve haver apoio especializado (BRASIL, 1996) o que, de certa

forma, atribuiu à inclusão um caráter de indefinição. Embora, as leis seguintes

não determinassem a extinção da Educação Especial, elas direcionavam para

o seu término enquanto um sistema paralelo de ensino, conforme aponta os

documentos legais seguintes a LDB nº 9.394/1996, que determinam a

matricula de alunos com deficiência na rede regular de ensino. (BRASIL, 1996)

Dessa forma, mediante aos diversos movimentos sociais em defesa dos

direitos das Pessoas com Deficiência, a política nacional estabelece que a

educação dos alunos, público alvo da Educação Especial, quais sejam, pessoas

com deficiência, com altas habilidades/superdotação e com transtornos globais do

desenvolvimento (TGD), este último substituído recentemente pelo termo

transtorno do espectro autista (TEA1), se efetivará em um sistema educacional

inclusivo, em todos os níveis, etapas e modalidades. (BRASIL, 2009)

Nessa perspectiva, a Educação Especial é então concebida como

modalidade transversal a todos os níveis, etapas e modalidades de ensino,

responsável pela identificação, elaboração e organização dos serviços e recursos

pedagógicos e de acessibilidade, pela eliminação de barreiras, além de promover,

a participação e aprendizagem a esses alunos matriculados em classes comuns

do ensino regular.

É apresentada então ao País, a Política Nacional de Educação Especial

na Perspectiva da Educação Inclusiva, objetivando assegurar a inclusão escolar

1 O transtorno do espectro autista - TEA é um novo transtorno do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais, 5.ª edição - DSM-5 que engloba o transtorno autista (autismo), o transtorno de Asperger, o transtorno desintegrativo da infância, o transtorno de Rett e o transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação do DSM-IV. O DSM-5 é um manual diagnóstico e estatístico feito pela Associação Americana de Psiquiatria para definir como é feito o diagnóstico de transtornos mentais.

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de alunos com altas habilidades/superdotação, com deficiência2 e transtorno do

espectro autista – TEA3. (BRASIL, 2009)

Determina-se dessa forma que, a oferta de educação especial aconteça na

rede regular de ensino, que não haja exclusão do sistema educacional geral sob a

alegação de deficiência, que haverá a adoção de apoio individualizado, de forma

complementar aos estudantes com deficiência e suplementar aos estudantes com

altas habilidades/superdotação. (BRASIL, 2009)

Esse conjunto de serviços foi denominado Atendimento Educacional

Especializado - AEE, pelo Decreto nº 6571/084, (BRASIL, 2011) cuja função é de

identificar, elaborar e organizar recursos que asseguram condições de acesso ao

currículo por meio da promoção da acessibilidade aos materiais didáticos, aos

espaços e equipamentos, à tecnologia e tecnologia assistiva, quando necessário,

ou seja, ao conjunto das atividades escolares eliminando as barreiras para a

plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas.

Cabe também ao Atendimento Educacional Especializado (AEE) apoiar os

docentes das diversas disciplinas que têm em suas salas alunos, público alvo da

educação especial, estabelecendo articulação, a fim de orientar, disponibilizar os

serviços, os recursos pedagógicos e de acessibilidade, bem como estratégias que

promovem a participação dos alunos nas atividades escolares, com previsão no

Projeto Pedagógico da escola.

Assegurar condições de acesso ao currículo por meio da promoção da

acessibilidade aos materiais didáticos, aos espaços e equipamentos, à tecnologia

e tecnologia assistiva fazem parte das funções do AEE (BRASIL, 2011),

entretanto são práticas que a escola inclusiva e os professores precisam

incorporar. As tecnologias são recursos que devem ser utilizados no contexto

educacional de forma a favorecer a aprendizagem dos alunos de modo geral e,

em especial, dos alunos com deficiência ou altas habilidades/ superdotação. No

contexto educacional, a tecnologia ainda é facilmente confundida com a

2 Segundo Art. 2o da Lei nº 13.146/2015 – Lei Brasileira da Inclusão da Pessoa com Deficiência, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas 3 De acordo com o §2º, do art. 1º da Lei nº 12.764/2012, a pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência. 4 Revogado pelo Decreto nº 7611/2011de 17de novembro de 2011.

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tecnologia assistiva, pois muitos professores não fazem a distinção de ambas.

Entretanto, o conjunto de recursos compreendidos como tecnologia assistiva, com

previsão legal na legislação brasileira, é imprescindível para subsidiar

sobremaneira a aprendizagem. A tecnologia assistiva é a possibilidade de acesso

aos conteúdos curriculares, bem como a forma de atender as condições e

características do aluno que dela necessita.

O Atendimento Educacional Especializado (AEE) na rede Estadual de

Educação, no Estado Paraná (PARANÁ, 2003) é realizado na Sala de Recursos

Multifuncionais da própria escola que o aluno frequenta, de forma complementar

aos alunos com deficiência e suplementar aos alunos com altas

habilidades/superdotação ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso

e/ou em Instituições conveniadas com a Secretaria Estadual da Educação; ou

realizado no mesmo turno por Professor de Apoio Educacional Especializado, que

atua como agente de mediação do aprendizado e escolarização dos estudantes

com Transtorno do Espectro Autista; ou por Professor de Apoio à Comunicação

Alternativa que atua na mediação da comunicação entre o aluno com deficiência

física neuromotora, o grupo social e o processo de ensino e aprendizagem; em

classe hospitalar ou em ambiente domiciliar aos alunos público-alvo da educação

especial; por profissionais da educação, como tradutor e intérprete de Língua

Brasileira de Sinais - LIBRAS, guia-intérprete e outros que atuam no apoio às

atividades de alimentação, higiene e locomoção.

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EDUCAÇÃO ESPECIAL

PÚBLICO ALVO

Na última década do século XX, as mudanças políticas, sociais e

econômicas, no âmbito mundial, resultaram em uma nova visão de sociedade,

construída com base nos conceitos de cidadania, ética e igualdade. Os Governos

e a sociedade pactuaram a necessidade de erradicar os tradicionais processos de

exclusão social e educacional. Em 1990, ao assinar a Declaração Mundial de

Educação para Todos, ou Declaração de Jomtien, o Brasil assumiu o

compromisso de erradicar o analfabetismo e oferecer Educação Básica de

qualidade para todos. A referida Declaração é resultado da Conferência Mundial

de Educação para Todos5. Os participantes estabeleceram princípios, diretrizes e

normas que direcionaram reformas educacionais; reforçaram que a educação é

um direito de todos e que através dela, é viável a construção de um mundo com

maior tolerância. Este documento, apesar de não ter especificado a educação

especial, estabeleceu princípios, diretrizes e normas que direcionaram a reforma

da política educacional brasileira tornando-a consonante com as propostas

firmadas na Conferência de Jomtien. Torna-se necessário então a criação de

instrumentos para a ação educacional e documentos legais para apoiar a

construção de sistemas educacionais inclusivos, nas diferentes esferas públicas:

municipal, estadual e federal, a fim de cumprir com o compromisso firmado.

(BRASIL., 1990)

Dessa forma, o contexto da Educação Especial na década de 1990, passa

por transformações e mudanças na legislação e nos paradigmas, ambos

decorrentes de acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário e da

valorização da subjetividade do ser humano.

5 A Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada de 5 a 9 de março de 1990, organizada pela Organização Educacional Científica e Cultural das Nações Unidas (UNESCO), ocorreu em Jomtien, na Tailândia. Durante a conferência, foi estipulada a Declaração Mundial de Educação para Todos, com o intuito de impulsionar os esforços para oferecer a educação adequada para toda a população em seus diferentes níveis de ensino.

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No contexto do movimento político para o alcance das metas de educação

para todos, acontece a Conferência Mundial de Necessidades Educativas

Especiais6 em 1994, problematizando os aspectos da escola não acessível a

todos. Resultado documental oriundo desta Conferência, a Declaração De

Salamanca, cujo título original é Declaração De Salamanca: Sobre Princípios,

Política e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais, amplia o

conceito de necessidades educacionais especiais; a esse termo ela incorpora

todo e qualquer aluno, seja ele deficiente ou não. A inclusão de crianças, jovens e

adultos com necessidades educacionais especiais no sistema regular de ensino,

ou seja, na escola é o ponto central, sobre o qual a Declaração de Salamanca

discorre, qual seja:

O princípio que orienta esta Estrutura é o de que escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras. Aquelas deveriam incluir crianças deficientes e superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes a minorias lingüísticas, étnicas ou culturais, e crianças de outros grupos desavantajados ou marginalizados. (BRASIL, 1994).

Considerando que pessoas mudam e por meio da sua mudança

transformam seu meio, através desse dinamismo elas podem mudar a hegemonia

da exclusão com ações que promovam ambientes heterogêneos para a

aprendizagem de todos os alunos.

A Convenção da Guatemala7 (1999) dispõe sobre a prática da

discriminação e afirma que “toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em

deficiência”, é ato “discriminatório, e, portanto passível de punição” por lei.

Reafirma ainda que:

[...] as pessoas portadoras de deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas e que estes direitos, inclusive o direito de não ser submetidas a discriminação com base na deficiência, emanam da dignidade e da igualdade que são inerentes a todo ser humano. (BRASIL, 1999).

6 A Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais, realizada entre 7 e 10 de junho de 1994, organizada pela Organização Educacional Científica e Cultural das Nações Unidas (UNESCO),ocorreu na cidade espanhola de Salamanca, com o objetivo de fornecer diretrizes básicas para a formulação e reforma de políticas e sistemas educacionais de acordo com o movimento de inclusão social. 7 A Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as

Pessoas Portadoras de Deficiência realizada na Guatemala em 28 de maio de 1999, pela Organização dos Estados Americanos (OEA), que vem a ser uma organização internacional criada em 1948, que o Brasil é membro.

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Esta Convenção tem importante repercussão na educação, ganha forma de

Decreto exigindo uma reinterpretação da educação especial, o termo "deficiência"

segundo a Convenção “significa uma restrição física, mental ou sensorial, de

natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou

mais atividades.” (BRASIL, 1999).

A área da educação, os direitos humanos (2006) modificaram conceitos,

legislações e levou a reflexões sobre outra forma de estruturação das escolas.

Entretanto, a inclusão escolar, estimulada pela Declaração de Salamanca e tantos

outros Tratados Internacionais, bem como todo o arcabouço legal brasileiro

eliminam definitivamente a exclusão. Esta é processo que está sendo

desconstruído paralelamente ao processo de construção da inclusão, pois foi

constituído e materializado em vigorosas práticas sociais e educacionais.

A forma como a educação especial foi se constituindo e se transformando

ao longo do tempo fez com que as concepções de deficiência, também se

transformassem. A segregação das pessoas com deficiência dava lugar aos

valores da Integração Social e, posteriormente, a Inclusão Social. As mudanças

trouxeram uma nova forma de entender a deficiência, também sob a perspectiva

educacional.

Ao longo dos anos, a deficiência foi sendo vista de distintas maneiras aos

olhos da sociedade. Passou a ser considerada pelos direitos humanos com a

intenção de mantê-la dentro da sociedade, com atitudes de inclusão e normas de

acessibilidade. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência

desloca a ideia da limitação presente na pessoa para a sua interação com o

ambiente, definindo no seu artigo 1º que:

A deficiência é um conceito em evolução, que resulta da interação entre pessoas com deficiência e as barreiras relativas às atitudes e ao ambiente que impedem a sua plena e efetiva participação na sociedade em igualdade de oportunidades com as demais pessoas (BRASIL, 2007, p. 14).

A recente Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, Lei nº

13.146/2015, em seu artigo 2º define que:

Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (BRASIL, 2015)

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O atendimento exclusivo, individualizado de herança clínica, chamado

modelo médico passa a se configurar como trabalho colaborativo, com apoio

aos alunos fora do espaço escolar. Para Ross:

Esta concepção médico/clinica deu lugar a concepção social, ambiental, ecológica e interacionista, segundo a qual a deficiência não se situa apenas no sujeito, não é instável, mas nos fatores ambientais. Assim, a deficiência está relacionada à qualidade dos estímulos e oportunidades sociais existentes “O que sou não é expressão apenas do meu corpo físico; Eu me vejo nos olhos do outro e o outro se vê nos meus olhos; Eu sou parte das ajudas que recebo e ofereço; Eu sou o que observo e o que externalizo; Eu sou um instrumento que me somo a tantos outros instrumentos para propagar a vida, isto é, o que somos.” (ROSS, 2003, p. 77)

A Política de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva

(BRASIL, 2008) defende que a educação especial passe a integrar a proposta

pedagógica da escola regular, por meio do desenvolvimento do serviço de

Atendimento Educacional Especializado (AEE) e embora tenha amparo

constitucional por estar em consonância com os conceitos de política educacional

prioritária (BRASIL, 1988) ainda não é o suficiente para a concretização da

educação inclusiva. Somam-se a isso Os pressupostos da inclusão social, que

passam a ser amplamente difundidos por meio de dispositivos e leis como a já

citada Declaração de Salamanca (BRASIL, 1994), que preconizava as diretrizes

básicas para a formulação e reforma de políticas e sistemas educacionais, ao

lado da Convenção de Direitos da Criança de1988 e da também citada,

Declaração sobre Educação para Todos de 1990, na qual as discussões acerca

da Escola Inclusiva ganham realce.

Além disso, Uma nova reforma na educação brasileira foi implantada

em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 9394/96

(BRASIL, 1996), que propõe descentralização, competitividade, produtividade,

autonomia, flexibilização e qualidade de ensino. Procura-se implementar um

sistema nacional nos diferentes níveis de ensino, desde a intenção de capacitar

professores, às reformas os cursos de formação de docentes, bem como a

elaboração dos parâmetros e diretrizes curriculares para a escola. As reformas,

baseadas na Nova LDB trouxeram diversas mudanças às leis anteriores, entre

elas, a legitimação da Educação Especial como uma modalidade de ensino que

perpassa os níveis escolares em sua completude, definindo-a como elemento

integrante do sistema educacional.

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Do mesmo modo, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com

Deficiência, com o propósito de promover, proteger e assegurar os direitos

humanos e liberdades fundamentais de todas as pessoas com deficiência

(BRASIL, 2007) é incorporada à legislação brasileira no ano de 2008, ganhando

equivalência de emenda constitucional no ano de 2009 (BRASIL, 2009); o

Conselho Nacional de Educação - CNE e Câmara de Educação Básica do

Ministério da Educação e Cultura (MEC), através da Resolução CNE/CEB nº

4/2009 instituiu as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional

Especializado (AEE) na educação básica visando atender a todos os alunos que,

pela complexidade de suas necessidades educativas, requerem atendimento nas

modalidades específicas da Educação Especial e, também, apoiar os alunos

incluídos na escola comum e os docentes que a eles atendem (BRASIL, 2009).

Por conseguinte, a política nacional estabelece a Educação Especial como

modalidade transversal a todos os níveis, etapas e modalidades de ensino,

responsável pela identificação e acompanhamento dos alunos com deficiência e

altas habilidades/superdotação, matriculados em classes comuns do ensino

regular (BRASIL, 2008).

Dessa forma, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva

da Educação Inclusiva assegura a inclusão escolar de alunos com deficiência e

altas habilidades/superdotação, definindo estes alunos como seu público alvo.

Nos casos que implicam em transtornos funcionais específicos, a educação

especial atuará de forma articulada com o ensino comum, orientando para o

atendimento às necessidades educacionais desses alunos, ou seja, cabe

somente orientar. Dentre os transtornos funcionais específicos estão: dislexia,

disortografia, disgrafia, discalculia, transtorno de déficit de atenção e

hiperatividade, entre outros. Determina-se assim, que não haja exclusão do

sistema educacional geral sob a alegação de deficiência, e implanta o

Atendimento Educacional Especializado (AEE) como apoio individualizado, de

forma complementar aos estudantes com deficiência e suplementar aos

estudantes com altas habilidades/superdotação, propondo eliminar as barreiras,

com um conjunto de serviços, visando à plena participação dos alunos,

considerando suas necessidades específicas. (BRASIL, 2008)

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2. Intervalo (15 min.)

3. Estudo dirigido (90 min.)

Após a leitura, pretende-se que o grupo discuta os textos criticamente. O professor PDE deverá dar suporte à discussão, introduzindo questões que ampliem o foco de análise dos professores - alunos, estabelecendo relações lógicas entre os tópicos abordados, prestando informações que sejam pertinentes à discussão e mediando a elaboração de uma síntese final que represente posicionamento do grupo.

4. Fechamento (6o min.)

Como roteiro para discussão, sugere-se que sejam abordadas a seguinte questão para reflexão:

Professor, como você entende ser, atualmente, sua realidade de atuação profissional, e como entende que ela deva ser transformada, para corresponder às propostas da política nacional da inclusão?

Sugere-se que o grupo seja incentivado a elaborar uma síntese das ideias produzidas pelas discussões.

.

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3º ENCONTRO

Unidade 1

FINALIDADE DO ENCONTRO

Favorecer condições para que o professor reflita sobre as adaptações (organizativas, de objetivos, de conteúdo, de método e organização didática, de avaliação e de temporalidade) necessárias para atender as necessidades educacionais especiais presentes em seu grupo de alunos, bem como diferencie as que pode promover por conta própria (pequenos ajustes), daquelas que requerem decisões de níveis hierárquicos superiores - equipe técnica, administração escolar, administração superior - ajustes significativos.

EXPECTATIVA DE APRENDIZAGEM

Ao final deste encontro, o professor deve refletir criticamente sobre currículo e adaptação curricular e como promovê-la.

CONTEÚDO

Conceito de currículo escolar Adaptação curricular

MATERIAL

Projeto de Intervenção Pedagógica (anexo);

Textos Educação Especial e Necessidades Educacionais Especiais, adaptados do livro: Estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais especiais / coordenação geral: SEESP/MEC; organização: Maria Salete Fábio Aranha. - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2003.

Saberes e práticas da inclusão : recomendações para a construção de escolas inclusivas. [2. ed.] / coordenação geral SEESP/MEC. – Brasília: MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. 96 p. (Série : Saberes e práticas da inclusão).

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SEQUENCIA DE ATIVIDADES

1. Estudo dirigido (6o mim.)

O professor PDE orientará aos professores – alunos que leiam o texto para

discussão.

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Currículo

As definições de currículo trazidas nos diversos dicionários da língua

portuguesa muito se assemelham. No dicionário (MICHAELIS, 2016), currículo é

“conjunto de matérias incluídas em um curso de uma escola”, entretanto, tal

semelhança é própria dos dicionários. Atualmente o currículo é visto como uma

construção social, pois está vinculado ao processo histórico e às relações com o

conhecimento da sociedade em que ele se desenvolve.

O currículo, para Coll8 é construído a partir do Projeto Político Pedagógico, definido como:

[...] o projeto que preside as atividades educativas escolares, define suas intenções e proporciona guias de ação adequadas e úteis para os professores, que são diretamente responsáveis pela sua execução. Para isto, o currículo proporciona informações concretas sobre o que ensinar, quando ensinar, como ensinar e quando, como e o que avaliar. (COLL, 1996, p. 45).

Entretanto, para Silva (2010), definições não mostram de fato o que é

currículo, segundo ele,“uma definição nos revela o que uma determinada teoria

pensa que o currículo é.” (SILVA, 2010, p. 14). Para este autor, o currículo é lugar

onde as identidades são construídas, nele é que se debate a importância da

diversidade. Para ele currículo é:

[...] O currículo é lugar, espaço, território. O curriculo é relação de poder. O currículo é tragetória, viagem, percurso. O currículo é autobiografia, currículum vitae: no currículo se forja nossa identidade. O curriculo é texto, discurso, documento. O currículo é documento de identidade. (SILVA, 2010, p. 150).

Do ponto de vista de Perrenoud (1999), a ideia que se tem a cerca do

currículo, está, inicialmente associada a um conjunto de matérias que giram em

torno de disciplinas, e que, segundo ele, não se pensa em um currículo vivo e

aberto a ADAPTAÇÕES, ao contrário, confere-se ao currículo um caráter inerte,

dado o seu conceito tradicional. Para o autor, a postura de alguns professores

frente ao currículo, aponta para uma visão de que ele, sozinho garanta a

8 César Coll, pesquisador espanhol que baseou seus trabalhos nas teorias de Piaget, Vigotsky,

Ausebel e Bruner. No Brasil Coll foi consultor do MEC na elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental.

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aprendizagem. Perrenoud (1999) considera que, apesar das dificuldades, a

abordagem pedagógica com base nas competências, trará novos caminhos de

luta diante das desigualdades sociais, uma vez que os currículos, geralmente, são

montados com vistas a favorecer uma elite social em detrimento dos grupos

menos favorecidos economicamente. O currículo não deve descuidar da

especificidade das diferenças, a igualdade de tratamento na aula produz

desigualdades nas aprendizagens.

Na opinião de Coll (1996, p. 184) aparecerão “[...] ações pedagógicas

quando os recursos pedagógicos habituais não forem suficientes para atenderem

às Necessidades Educativas Especiais dos alunos”.

Alguns estudos realizados apontam a existência de níveis de currículo,

sendo eles: formal, real e oculto. O real é o currículo que acontece dentro da sala

decorrente dos planos de ensino.

Para Silva (2010), o currículo oculto é conhecimento ensinado na escola,

mas não consta em seus documentos. Assim pontua:

O currículo oculto é constituído por todos aqueles aspectos do ambiente escolar que, sem fazer parte do currículo oficial, explícito, contribuem, de forma implícita para aprendizagens sociais relevantes [...] o que se aprende no currículo oculto são fundamentalmente atitudes, comportamentos, valores e orientações [...]. (SILVA, 2010, p. 78).

De acordo com o MEC, a aprendizagem escolar está diretamente vinculada ao

currículo, organizado para orientar, dentre outros, os diversos níveis de ensino e

as ações docentes.

O conceito de currículo é difícil de estabelecer, em face dos diversos ângulos

envolvidos. É central para a escola e associa-se à própria identidade da instituição

escolar, à sua organização e funcionamento e ao papel que exerce – ou deveria

exercer – a partir das aspirações e expectativas da sociedade e da cultura em

que se insere. Contém as experiências, bem como a sua planificação no âmbito

da escola, colocada à disposição dos alunos visando a potencializar o seu

desenvolvimento integral, a sua aprendizagem e a capacidade de conviver de

forma produtiva e construtiva na sociedade.

Essas experiências representam, em sentido mais amplo, o que o currículo

exprime e buscam concretizar as intenções dos sistemas educacionais e o plano

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cultural que eles personalizam (no âmbito das instituições escolares) como

modelo ideal de escola defendido pela sociedade.

Nessa concepção, o currículo é construído a partir do projeto pedagógico da

escola e viabiliza a sua operacionalização, orientando as atividades educativas,

as formas de executá-las e definindo suas finalidades. Assim, pode ser xisto

como um guia sugerido sobre o que, quando e como ensinar; o que, como e

quando avaliar.

A concepção de currículo inclui, portanto, desde os aspectos básicos que envolvem

os fundamentos filosóficos e sociopolíticos da educação até os marcos teóricos e

referenciais técnicos e tecnológicos que a concretizam na sala de aula. Relaciona

princípios e operacionalização, teoria e prática, planejamento e ação

Essas noções de projeto pedagógico da escola e de concepção curricular estão

intimamente ligadas à educação para todos que se almeja conquistar. Em última

instância, viabilizam a sua concretização. O projeto pedagógico tem um caráter

político e cultural e reflete os interesses, as aspirações, as dúvidas e as

expectativas da comunidade escolar. Devem encontrar reflexo na cultura escolar e

na expressão dessa cultura, ou seja, no currículo.

A escola para todos requer uma dinamicidade curricular que permita ajustar o

fazer pedagógico às necessidades dos alunos.

Ver as necessidades especiais dos alunos atendidas no âmbito da escola regular

requer que os sistemas educacionais modifiquem, não apenas as suas atitudes

e expectativas em relação a esses alunos, mas, também, que se organizem

para constituir uma real escola para todos, que dê conta dessas especificidades.

O projeto pedagógico da escola, como ponto de referência para definir a prática

escolar, deve orientar a operacionalização do currículo, como um recurso para

promover o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos, considerando-se os

seguintes aspectos:

● a atitude favorável da escola para diversificar e flexibilizar o

processo de ensino-aprendizagem, de modo a atender às

diferenças individuais dos alunos;

● a identificação das necessidades educacionais especiais para

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justificar a priorização de recursos e meios favoráveis à sua

educação;

● a adoção de currículos abertos e propostas curriculares

diversificadas, em lugar de uma concepção uniforme e

homogeneizadora de currículo;

● a flexibilidade quanto à organização e ao funcionamento da escola,

para atender à demanda diversificada dos alunos;

● a possibilidade de incluir professores especializados, serviços de apoio

e outros, não convencionais, para favorecer o processo

educacional.

Essa concepção coloca em destaque a adequação curricular como um elemento

dinâmico da educação para todos e a sua viabilização para os alunos com

necessidades educacionais especiais: não se fixar no que de especial possa ter a

educação dos alunos, mas flexibilizar a prática educacional para atender a todos e

propiciar seu progresso em função de suas possibilidades e diferenças

individuais.

Pensar em adequação curricular significa considerar o cotidiano das escolas,

levando-se em conta as necessidades e capacidades dos seus alunos e os valores

que orientam a prática pedagógica. Para os alunos que apresentam necessidades

educacionais especiais essas questões têm um significado particularmente

importante.

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O Currículo Apoiado nas Diferenças

Diante da necessidade de reflexões a cerca da inclusão educacional bem

como a implementação de novas propostas inclusivas, que viessem a quebrar os

paradigmas em meio a valores tão excludentes da escola tradicional, surge

também a necessidade da concepção de um currículo que esteja apoiado nas

diferenças individuais, que contemple e valorize a diversidade e a

heterogeneidade do espaço escolar na prática pedagógica

Porém, para conceber um currículo apoiado nas diferenças, é preciso antes

conhecê-la, da mesma forma que para conceber a adaptação curricular é preciso

conhecer antes o indivíduo que fará uso dela, com um olhar voltado ao saberes

adquirido. No dizer de Ross (2004):

Se as impossibilidades forem maiores do que as possibilidades, eis que uma cortina de incapacidade me revestirá e todo meu ser será escondido, anulado. Então, eu serei um anormal, um deficiente, um ser inferior. Passarei a entender que não posso aprender.” Se o pensamento e a prática de professores se centrarem nos limites, nas dificuldades do sujeito que aprende, de nada adiantará estudar as teorias inatistas e ambientalistas. Tudo concorrerá para o imobilismo ou para a espontaneidade, para a permanência, para as visões estáticas. “Nada em mim se modifica, nenhuma função, nenhum comportamento novo, nenhuma habilidade pode ser adquirida.” Isto anuncia que tudo está no lugar ou tudo está fora do lugar, tudo é normal ou tudo é anormal. Internamente, as respostas teriam limites bem definidos, compatíveis às funções biológicas aparentes ou manifestas. (ROSS, 2004, p. 206)

Ao estudar a política educacional brasileira a cerca da Educação Especial,

necessariamente implica pensar movimentos sociais representados por sujeitos,

em seu tempo, em defesa das diferenças, e que a política pública, resposta

resultante desses movimentos deveriam refletir nas ações práticas da escola,

entretanto, esta concebeu a inclusão na teoria.

Nesse sentido, ao relacionar as condições sociais e históricas e a

educação das pessoas com deficiência, Bianchetti & Freire (2006, p. 43) pontuam

que “apesar do discurso ser de igualdade e liberdade, predomina na sociedade a

desigualdade de condições nas quais vivem as pessoas, o que gera fatores de

exclusão ao invés de inclusão.” Segundo os autores, para compreender o lugar

que ocupa a diferença e a necessidade de educação para os diferentes, é

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necessário inseri-los no processo de produção da existência humana.

(BIANCHETTI e FREIRE, 2006, p. 23).

Para Ross:

Aceitar as diferenças não significa revestir o trabalho de docilidade ou de irracionalidade, mas significa aprender com a riqueza dos encontros e das interações entre pessoas. Aceitar as diferenças não comporta a imposição unilateral da vontade nem da razão, mas significa a habilidade de pôr em movimento os talentos de cada um em favor do seu grupo, do trabalho do grupo, que é sinergético, em favor de cada um. (ROSS, 2004, p. 205)

Assim, cabe à escola contribuir com a inclusão de fato, com um currículo

que é de direito e que resulte em um ensino de qualidade a todos.

De acordo com Silva (2010), o papel essencial da escola é de planejar um

currículo que contemple os diferentes grupos sociais, uma vez que a identidade

de uma pessoa é construída a partir de seus princípios, vivências e

representação.

Sabe-se que o currículo é a base para o planejamento da prática

pedagógica, de forma que se faz necessário refletir sobre questões de natureza

teórica que norteiam a sua construção e as suas dimensões sociais, políticas,

econômicas e culturais. Diferentes correntes pedagógicas abordam a dinâmica e

as funções do currículo, assim cada teoria procura responder a determinadas

questões. Refletir sobre teorias e concepções significam também refletir sobre as

próprias práticas e a hora de modifica-las.

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Conceito de adaptações

curriculares

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, as adaptações curriculares são definidas como:

[...] possibilidades educacionais de atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos. Pressupõem que se realize a adaptação do currículo regular, quando necessário, para torná-lo apropriado às peculiaridades dos alunos com necessidades especiais. Não um novo currículo, mas um currículo dinâmico, alterável, passível de ampliação, para que atenda realmente a todos os educandos. Nessas circunstâncias, as adaptações curriculares implicam a planificação pedagógica e as ações docentes fundamentadas em critérios que definem o que o aluno deve aprender; como e quando aprender; que formas de organização do ensino são mais eficientes para o processo de aprendizagem; como e quando avaliar o aluno (p.33).

A terminologia adaptação, pode ser interpretada como flexibilização, uma

vez que pressupõe a existência de alterações e/ou modificações no processo

educacional, essencialmente no âmbito curricular. Para isso o currículo escolar

deve ser tomado como referência na identificação de possíveis alterações em

função de necessidades especiais dos alunos. Em síntese, a unidade escolar

deve adotar a mesma proposta curricular para todos os alunos, e, havendo

necessidade, realizar adaptações, alterações. Cabe a equipe técnico pedagógica,

incluindo o professor da sala comum, realizar o mapeamento das particularidades

educacionais da demanda educacional que necessita de ajustes no currículo e

propor o manejo das condições adequadas para que isso ocorra (BRASIL, 2008).

As manifestações de dificuldades de aprendizagem na escola apresentam-se

como um contínuo, desde situações leves e transitórias que podem se resolver

espontaneamente no curso do trabalho pedagógico até situações mais graves e

persistentes que requerem o uso de recursos especiais para a sua solução. Atender

a esse contínuo de dificuldades requer respostas educacionais adequadas

envolvendo graduais e progressivas adaptações do currículo.

As adaptações curriculares constituem, pois, possibilidades educacionais

de atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos. Pressupõem que se

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realize a adequação do currículo regular, quando necessário, para torná-lo

apropriado às peculiaridades dos alunos com necessidades especiais. Não um

novo currículo, mas um currículo dinâmico, alterável, passível de ampliação, para

que atenda realmente a todos os educandos. Nessas circunstâncias, as

adaptações curriculares implicam a planificação pedagógica e a ações docentes

fundamentadas em critérios que definem:

● o que o aluno deve aprender;

● como e quando aprender;

● que formas de organização do ensino são mais eficientes para o processo de

aprendizagem;

● como e quando avaliar o aluno.

Para que alunos com necessidades educacionais especiais possam participar

integralmente em um ambiente rico de oportunidades educacionais com

resultados favoráveis, alguns aspectos precisam ser considerados, destacando-

se entre eles:

● a preparação e a dedicação da equipe educacional e dos professores;

● o apoio adequado e recursos especializados, quando forem necessários;

● as adaptações curriculares e de acesso ao currículo.

Algumas características curriculares facilitam o atendimento às necessidades

educacionais especiais dos alunos, dentre elas:

● atinjam o mesmo grau de abstração ou de conhecimento, num tempo

determinado;

● desenvolvidas pelos demais colegas, embora não o façam com a mesma

intensidade, em necessariamente de igual modo ou com a mesma ação e grau

de abstração.

As adaptações curriculares apoiam-se nesses pressupostos para atender às

necessidades educacionais especiais dos alunos, objetivando estabelecer uma

relação harmônica entre essas necessidades e a programação curricular. Estão

focalizadas, portanto, na interação entre as necessidades do educando e as

respostas educacionais a serem propiciadas.

Devem ser destinadas aos que necessitam de serviços e/ou de situações especiais

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de educação, realizando-se, preferencialmente, em ambiente menos restritivo e

pelo menor período de tempo, de modo a favorecer a promoção do aluno a

formas cada vez mais comuns de ensino.

As necessidades especiais revelam que tipos de ajuda, diferentes dos usuais, são

requeridos, de modo a cumprir as finalidades da educação. As respostas a essas

necessidades devem estar previstas e respaldadas no projeto pedagógico da escola,

não por meio de um currículo novo, mas, da adequação progressiva do regular,

buscando garantir que os alunos com necessidades especiais participem de uma

programação tão normal quanto possível, mas considere as especificidades que

as suas necessidades possam requerer.

O currículo, nessa visão, é um instrumento útil, uma ferramenta que pode ser

alterada para beneficiar o desenvolvimento pessoal e social dos alunos,

resultando em alterações que podem ser de maior ou menor expressividade.

A maior parte das adaptações curriculares realizadas na escola é considerada

menos significativa, porque se constituem modificações menores no currículo

regular e são facilmente realizadas pelo professor no planejamento normal das

atividades docentes e constituem pequenos ajustes dentro do contexto normal de

sala de aula.

REFERÊNCIAS Saberes e práticas da inclusão: recomendações para a construção de escolas inclusivas. [2. ed.] / coordenação geral SEESP/MEC. – Brasília: MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. 96 p. (Série: Saberes e práticas da inclusão).

2. Intervalo (15 mim.)

3. Fechamento (2h)

Após a leitura, o professor PDE deverá solicitar ao grupo que

reflita e discuta sobre o seguinte questionamento:

Por que a flexibilização das práticas educacionais beneficia ao aluno com

deficiência e aos demais?

O professor PDE deve dar o suporte que se mostrar necessário, aos

professores – alunos, durante a execução dessa atividade, favorecendo,

assim, o entendimento sobre como desenvolver o processo de elaboração e

de planejamento das adaptações concluídas como necessárias.

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4º ENCONTRO

Unidade 1

FINALIDADE DO ENCONTRO

Favorecer condições para que o professor reflita sobre as adaptações curriculares (organizativas, de objetivos, de conteúdo, de método e organização didática, de avaliação e de temporalidade) necessárias para atender as necessidades educacionais especiais presentes em seu grupo de alunos, bem como diferencie as que pode promover - pequenos ajustes, daquelas que requerem decisões de níveis hierárquicos superiores - equipe técnica, administração escolar, administração superior - ajustes mais significativos.

EXPECTATIVA DE APRENDIZAGEM

Ao final deste encontro, o professor, conheça os níveis de adaptações curriculares e como devem ser entendidas e de que forma se realizam.

.

CONTEÚDO

1. Conceito de adaptação Curricular

MATERIAL

Saberes e práticas da inclusão : recomendações para a construção de escolas inclusivas. [2. ed.] / coordenação geral SEESP/MEC. – Brasília: MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. 96 p. (Série : Saberes e práticas da inclusão). Estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais especiais / coordenação geral: SEESP/MEC; organização: Maria Salete Fábio Aranha. - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2003.

SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES

1. Estudo dirigido (6o mim.).

Leitura dos textos:

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Adaptações curriculares

As adaptações organizativas:

Têm um caráter facilitador do processo de ensino-aprendizagem e dizem

respeito:

● ao tipo de agrupamento de alunos para a realização das atividades de ensino-

aprendizagem;

● à organização didática da aula – propõe conteúdos e objetivos de interesse

do aluno ou diversificados, para atender às suas necessidades especiais, bem

como disposição física de mobiliários, de materiais didáticos e de espaço

disponíveis para trabalhos diversos;

● à organização dos períodos definidos para o desenvolvimento das atividades

previstas – propõe previsão de tempo diversificada para desenvolver os

diferentes elementos do currículo na sala de aula.

As adaptações relativas aos objetivos e conteúdos

Dizem respeito:

à priorização de áreas ou unidades de conteúdos que garantam

funcionalidade e que sejam essenciais e instrumentais para as

aprendizagens posteriores. Ex: habilidades de leitura e escrita, cálculos

etc.;

à priorização de objetivos que enfatizam capacidades e habilidades básicas

de atenção, participação e adaptabilidade do aluno. Ex: desenvolvimento

de habilidades sociais, de trabalho em equipe, de persistência na tarefa

etc.;

à sequenciação pormenorizada de conteúdos que requeiram processos

gradativos de menor à maior complexidade das tarefas, atendendo à

sequencia de passos, à ordenação da aprendizagem etc.;

ao reforço da aprendizagem e à retomada de determinados conteúdos para

garantir o seu domínio e a sua consolidação;

à eliminação de conteúdos menos relevantes, secundários para dar

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enfoque mais intensivo e prolongado a conteúdos considerados básicos e

essenciais no currículo.

As adaptações avaliativas

Dizem respeito:

à seleção das técnicas e instrumentos utilizados para avaliar o aluno.

Propõem modificações sensíveis na forma de apresentação das técnicas e

dos instrumentos de avaliação, a sua linguagem, de um modo diferente dos

demais alunos de modo que atenda às peculiaridades dos que

apresentam necessidades especiais.

As adaptações nos procedimentos didáticos e nas atividades de ensino

aprendizagem

Dizem respeito:

● à alteração nos métodos definidos para o ensino dos conteúdos curriculares;

● à seleção de um método mais acessível para ao aluno;

● à introdução de atividades complementares que requeiram habilidades

diferentes ou a fixação e consolidação de conhecimentos já ministrados –

utilizadas para reforçar ou apoiar o aluno, oferecer oportunidades de prática

suplementar ou aprofundamento. São facilitadas pelos trabalhos

diversificados, que se realizam no mesmo segmento temporal;

● à introdução de atividades prévias que preparam o aluno para novas

aprendizagens;

● à introdução de atividades alternativas além das planejadas para a turma,

enquanto os demais colegas realizam outras atividades. É indicada nas

atividades mais complexas que exigem uma sequenciarão de tarefas;

● à alteração do nível de abstração de uma atividade oferecendo recursos de

apoio, sejam visuais, auditivos, gráficos, materiais manipulativos etc.;

● à alteração do nível de complexidade das atividades por meio de recursos do

tipo: eliminar partes de seus componentes (simplificar um problema

matemático, excluindo a necessidade de alguns cálculos, é um exemplo); ou

explicitar os passos que devem ser seguidos para orientar a solução da

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tarefa, ou seja, oferecer apoio, especificando passo a passo a sua realização;

● à alteração na seleção de materiais e adaptação de materiais – uso de

máquina braille para o aluno cego, calculadoras científicas para alunos com

altas habilidades/superdotados etc.

As adaptações na temporalidade Dizem respeito:

● à alteração no tempo previsto para a realização das atividades ou conteúdos;

● ao período para alcançar determinados objetivos.

Muitas vezes, há necessidade de adotar adaptações significativas do currículo

para atender às necessidades especiais dos alunos, quando estas forem mais

acentuadas e não se solucionarem com medidas curriculares menos

significativas. De um modo geral constituem estratégias necessárias quando os

alunos apresentam sérias dificuldades para aprender, como resultado, entre

outros fatores:

● da discrepância entre as suas necessidades e as demandas das atividades e

expectativas escolares;

● da crescente complexidade das atividades acadêmicas que vai se ampliando,

na medida do avanço na escolarização.

O que se almeja é a busca de soluções para as necessidades específicas do

aluno e, não, o fracasso na viabilização do processo de ensino-aprendizagem.

As demandas escolares precisam ser ajustadas, para favorecer a inclusão do

aluno. É importante observar que as adaptações focalizam as capacidades, o

potencial, a zona de desenvolvimento proximal (nos termos de Vygotsky) e

não se centralizam nas deficiências e limitações do aluno, como tradicionalmente

ocorria.

As adaptações relativas aos objetivos

Sugerem decisões que modificam significativamente o planejamento quanto

aos objetivos definidos, adotando uma ou mais das seguintes alternativas:

● eliminação de objetivos básicos – quando extrapolam as condições do aluno

para atingi-lo, temporária ou permanentemente;

● introdução de objetivos específicos alternativos – não previstos para os

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demais alunos, mas que podem ser incluídos em substituição a outros que

não podem ser alcançados, temporária ou permanentemente;

● introdução de objetivos específicos complementares – não previstos para os

demais alunos, mas acrescidos na programação pedagógica para

suplementar necessidades específicas.

As adaptações relativas aos conteúdos

Incidem sobre conteúdos básicos e essenciais do currículo e requerem uma

avaliação criteriosa para serem adotados. Dizem respeito:

● à introdução de novos conteúdos não revistos para os demais alunos, mas

essenciais para alguns, em particular;

● eliminação de conteúdos que, embora essenciais no currículo, sejam inviáveis

de aquisição por parte do aluno. Geralmente estão associados a objetivos

que também tiveram de ser eliminados.

As adaptações relativas à metodologia

São consideradas significativas quando implicam uma modificação expressiva no

planejamento e na atuação docente. Dizem respeito:

● à introdução de métodos muito específicos para atender às necessidades

particulares do aluno. De um modo geral, são orientados por professor

especializado;

● às alterações nos procedimentos didáticos usualmente adotados pelo

professor;

● à organização significativamente diferenciada da sala de aula para atender às

necessidades específicas do aluno.

As adaptações significativas na avaliação

Estão vinculadas às alterações nos objetivos e conteúdos que foram acrescidos

ou eliminados. Desse modo, influenciam os resultados que levam, ou não, à

promoção do aluno e evitam a “cobrança” de conteúdos e habilidades que

possam estar além de suas atuais possibilidades de aprendizagem e aquisição.

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As adaptações significativas na temporalidade

Referem-se ao ajuste temporal possível para que o aluno adquira

conhecimentos e habilidades que estão ao seu alcance, mas que dependem do

ritmo próprio ou do desenvolvimento de um repertório anterior que seja

indispensável para novas aprendizagens. Desse modo, requerem uma criteriosa

avaliação do aluno e do contexto escolar e familiar, porque podem resultar em um

prolongamento significativo do tempo de escolarização do aluno, ou seja, em sua

retenção. Não caracteriza reprovação, mas parcelamento e sequenciação de

objetivos e conteúdos.

Níveis de adaptações curriculares

As adaptações curriculares não devem ser entendidas como um processo

exclusivamente individual ou uma decisão que envolve apenas o professor e o

aluno. Realizam-se em três níveis:

● no âmbito do projeto pedagógico (currículo escolar);

● no currículo desenvolvido na sala de aula;

● no nível individual.

ADAPTAÇÕES NO NÍVEL DO PROJETO PEDAGÓGICO - CURRÍCULO

ESCOLAR

As adaptações nesse nível referem-se a medidas de ajuste do currículo em

geral, que nem sempre precisam resultar em adaptações individualizadas.

Essas ações visam a flexibilizar o currículo para que ele possa ser

desenvolvido na sala de aula e atender às necessidades especiais de alguns

alunos.

As adaptações curriculares no nível do projeto pedagógico devem focalizar,

principalmente, a organização escolar e os serviços de apoio. Elas devem

propiciar condições estruturais para que possam ocorrer no nível da sala de

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aula e no nível individual, caso seja necessária uma programação específica

para o aluno.

Essas medidas podem se concretizar nas seguintes situações :

a escola flexibiliza os critérios e os procedimentos pedagógicos levando

em conta a diversidade dos seus alunos;

o contexto escolar permite discussões e propicia medidas diferenciadas

metodológicas e de avaliação e promoção que contemplam as diferenças

individuais dos alunos;

a escola favorece e estimula a diversificação de técnicas, procedimentos e

estratégias de ensino, de modo que ajuste o processo de ensino e

aprendizagem às características, potencialidades e capacidades dos

alunos;

a comunidade escolar realiza avaliações do contexto que interferem no

processo pedagógico;

a escola assume a responsabilidade na identificação e avaliação

diagnóstica dos alunos que apresentam necessidades educacionais

especiais, com o apoio dos setores do sistema e outras articulações;

a escola elabora documentos informativos mais completos e elucidativos;

a escola define objetivos gerais levando em conta a diversidade dos

alunos;

o currículo escolar flexibiliza a priorização, a sequenciação e a eliminação

de objetivos específicos, para atender às diferenças individuais.

As decisões curriculares devem envolver a equipe da escola para

realizar a avaliação, a identificação das necessidades especiais e

providenciar o apoio correspondente para o professor e o aluno.

Devem reduzir ao mínimo, transferir as responsabilidades de atendimento

para profissionais fora do âmbito escolar ou exigir recursos externos à escola.

ADAPTAÇÕES RELATIVAS AO CURRÍCULO DA CLASSE

As medidas desse nível são realizadas pelo professor e destinam-se,

principalmente, à programação das atividades da sala de aula. Focalizam a

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organização e os procedimentos didático-pedagógicos e destacam o como fazer,

a organização temporal dos componentes e dos conteúdos curriculares e a

coordenação das atividades docentes, de modo que favoreça a efetiva

participação e integração do aluno, bem como a sua aprendizagem.

Os procedimentos de adequação curricular destinados à classe devem constar

na programação de aula do professor e podem ser exemplificados nos seguintes

exemplos ilustrativos:

● a relação professor/aluno considera as dificuldades de

comunicação do aluno, inclusive a necessidade que alguns

têm de utilizar sistemas alternativos (língua de sinais, sistema

braille, sistema bliss ou similares etc.);

● a relação entre colegas é marcada por atitudes positivas;

● os alunos são agrupados de modo que favoreça as relações sociais

e o processo de ensino e aprendizagem;

● o trabalho do professor da sala de aula e dos professores de apoio

ou outros profissionais envolvidos é realizado de forma

cooperativa, interativa e bem definida do ponto de vista de papéis,

competência e coordenação;

● a organização do espaço e dos aspectos físicos da sala de aula

considera a funcionalidade, a boa utilização e a otimização desses

recursos;

● a seleção, a adequação e a utilização dos recursos materiais,

equipamentos e mobiliários realizam-se de modo que favoreça a

aprendizagem de todos os alunos;

● a organização do tempo é feita considerando os serviços de apoio

ao aluno e o respeito ao ritmo próprio de aprendizagem e

desempenho de cada um;

● a avaliação é flexível de modo que considere a diversificação de

critérios, de instrumentos, procedimentos e leve em conta

diferentes situações de ensino e aprendizagem e condições

individuais dos alunos;

● as metodologias, as atividades e procedimentos de ensino são

organizados e realizados levando-se em conta o nível de

compreensão e a motivação dos alunos; os sistemas de

comunicação que utilizam, favorecendo a experiência, a

participação e o estímulo à expressão;

● o planejamento é organizado de modo que contenha atividades

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amplas com diferentes níveis de dificuldades e de realização;

● as atividades são realizadas de várias formas, com diferentes

tipos de execução, envolvendo situações individuais e grupais,

cooperativamente, favorecendo comportamentos de ajuda

mútua;

● os objetivos são acrescentados, eliminados ou adequados de

modo que atenda às peculiaridades individuais e grupais na sala

de aula.

As adaptações no nível da sala de aula visam a tornar possível a real participação

do aluno e a sua aprendizagem eficiente no ambiente da escola regular.

Consideram, inclusive, a organização do tempo de modo a incluir as atividades

destinadas ao atendimento especializado fora do horário normal de aula, muitas

vezes necessários e indispensáveis ao aluno.

ADAPTAÇÕES INDIVIDUALIZADAS DO CURRÍCULO As modalidades nesse nível, focalizam a atuação do professor na avaliação e no

atendimento do aluno. Compete-lhe o papel principal na definição do nível de

competência curricular do educando, bem como na identificação dos fatores que

interferem no seu processo de ensino-aprendizagem.

As adaptações têm o currículo regular como referência básica, adotam formas

progressivas de ajustá-lo, norteando a organização do trabalho consoante com as

necessidades do aluno (adequação processual).

Alguns aspectos devem ser previamente considerados para se identificar a

necessidade das adaptações curriculares, em qualquer nível:

● a real necessidade dessas adaptações; ● a avaliação do nível de competência curricular do aluno, tendo como

referência o currículo regular; ● o respeito ao seu caráter processual, de modo que permita alterações

constantes e graduais nas tomadas de decisão. É importante ressaltar que as adaptações curriculares, seja para atender alunos

nas classes comuns ou em classes especiais, não se aplicam exclusivamente à

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escola regular, devendo ser utilizadas também para os que estudam em escolas

especializadas.

Além da classificação, por níveis, essas medidas podem se distinguir em duas

categorias: adaptações de acesso ao currículo e nos elementos curriculares.

ADAPTAÇÕES DE ACESSO AO CURRÍCULO Correspondem ao conjunto de modificações nos elementos físicos e materiais do

ensino, bem como aos recursos pessoais do professor quanto ao seu preparo

para trabalhar com os alunos. São definidas como alterações ou recursos

espaciais, materiais ou de comunicação que venham a facilitar os alunos com

necessidades educacionais especiais a desenvolver o currículo escolar.

As seguintes medidas constituem adaptações de acesso ao currículo:

● criar condições físicas, ambientais e materiais para o aluno na sua unidade

escolar de atendimento;

● propiciar os melhores níveis de comunicação e interação com as pessoas

com as quais convive na comunidade escolar;

● favorecer a participação nas atividades escolares;

● propiciar o mobiliário específico necessário;

● fornecer ou atuar para a aquisição dos equipamentos e recursos materiais

específicos necessários;

● adaptar materiais de uso comum em sala de aula;

● adotar sistemas de comunicação alternativos para os alunos impedidos de

comunicação oral (no processo de ensino-aprendizagem e na avaliação).

sugestões que favorecem o acesso ao currículo:

● agrupar os alunos de uma maneira que facilite a realização de atividades

em grupo e incentive a comunicação e as relações interpessoais;

● propiciar ambientes com adequada luminosidade, sonoridade e

movimentação;

● encorajar, estimular e reforçar a comunicação, a participação, o sucesso, a

iniciativa e o desempenho do aluno;

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● adaptar materiais escritos de uso comum: destacar alguns aspectos que

necessitam serem apreendidos com cores, desenhos, traços; cobrir partes que

podem desviar a atenção do aluno; incluir desenhos, gráficos que ajudem na

compreensão; destacar imagens; modificar conteúdos de material escrito de

modo a torná-lo mais acessível à compreensão etc.;

● providenciar adaptação de instrumentos de avaliação e de ensino-

aprendizagem;

● favorecer o processo comunicativo entre aluno-professor, aluno-aluno,

● aluno-adultos;

● providenciar softwares educativos específicos;

● despertar a motivação, a atenção e o interesse do aluno;

● apoiar o uso dos materiais de ensino-aprendizagem de uso comum;

● atuar para eliminar sentimentos de inferioridade, menos valia e fracasso.

Sugestões de recursos de acesso ao currículo para alunos com necessidades

especiais, segundo necessidades específicas:

Para alunos com deficiência visual

● materiais desportivos adaptados: bola de guizo e outros;

● sistema alternativo de comunicação adaptado às possibilidades do aluno:

sistema braille, tipos escritos ampliados;

● textos escritos com outros elementos (ilustrações táteis) para melhorar a

compreensão;

● posicionamento do aluno na sala de aula de modo que favoreça sua

possibilidade de ouvir o professor;

● deslocamento do aluno na sala de aula para obter materiais ou

informações, facilitado pela disposição do mobiliário;

● explicações verbais sobre todo o material apresentado em aula, de maneira

visual;

● boa postura do aluno, evitando-se os maneirismos comumente exibidos

pelos que são cegos;

● adaptação de materiais escritos de uso comum: tamanho das letras, relexo,

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softwares educativos em tipo ampliado, textura modificada etc.;

● máquina braille, reglete, sorobã, bengala longa, livro falado etc.;

● organização espacial para facilitar a mobilidade e evitar acidentes:

colocação de extintores de incêndio em posição mais alta, pistas olfativas para

orientar na localização de ambientes, espaço entre as carteiras para facilitar o

deslocamento, corrimão nas escadas etc.;

● material didático e de avaliação em tipo ampliado para os alunos com baixa

visão e em braille e relevo para os cegos;

● braille para alunos e professores videntes que desejarem conhecer o

referido sistema;

● materiais de ensino-aprendizagem de uso comum: pranchas ou presilhas

para não deslizar o papel, lupas, computador com sintetizador de vozes e

periféricos adaptados etc.;

● recursos ópticos;

● apoio físico, verbal e instrucional para viabilizar a orientação e mobilidade,

visando à locomoção independente do aluno.

Para alunos com deficiência auditiva

● materiais e equipamentos específicos: prótese auditiva, treinadores de fala,

tablado, softwares educativos específicos etc.;

● textos escritos complementados com elementos que favoreçam a sua

compreensão: linguagem gestual, língua de sinais e outros;

● sistema alternativo de comunicação adaptado às possibilidades do aluno:

leitura orofacial, linguagem gestual e de sinais;

● salas-ambiente para treinamento auditivo, de fala, rítmico etc.;

● posicionamento do aluno na sala de tal modo que possa ver os

movimentos orofaciais do professor e dos colegas;

● material visual e outros de apoio, para favorecer a apreensão das

informações expostas verbalmente;

Para alunos com deficiência intelectual

ambientes de aula que favoreçam a aprendizagem, tais como: atelier, cantinhos,

oficinas etc.;

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● desenvolvimento de habilidades adaptativas: sociais, de comunicação,

cuidado pessoal e autonomia.

Para alunos com deficiência física

● Comunicação alternativa

● adaptação dos elementos materiais: materiais de apoio pedagógico

(tesoura, ponteiras, computadores que funcionam por contato, por pressão ou

outros tipos de adaptação etc.);

● deslocamento de alunos que usam cadeira de rodas ou outros

equipamentos, facilitado pela remoção de barreiras arquitetônicas;

● utilização de pranchas ou presilhas para não deslizar o papel, suporte para

lápis, presilha de braço, cobertura de teclado etc.;

● textos escritos complementados com elementos de outras linguagens e

sistemas de comunicação.

Para alunos com altas habilidades/superdotação

● evitar sentimentos de superioridade, rejeição dos demais colegas,

sentimentos de isolamento etc.;

● pesquisa, de persistência na tarefa e o engajamento em atividades

cooperativas;

● materiais, equipamentos e mobiliários que facilitem os trabalhos

educativos;

● ambientes favoráveis de aprendizagem como: ateliê, laboratórios,

bibliotecas etc.;

● materiais escritos de modo que estimule a criatividade: lâminas, pôsteres,

murais; inclusão de figuras, gráficos, imagens etc., e de elementos que despertam

novas possibilidades.

Para alunos com deficiências múltiplas

As adaptações de acesso para esses alunos devem considerar as deficiências

que se apresentam distintamente e a associação de mais de uma deficiência.

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As adaptações de acesso devem contemplar a funcionalidade e as condições

individuais do aluno:

● ambientes de aula que favoreça a aprendizagem, como: ateliê, cantinhos,

oficinas;

● acesso à atenção do professor;

● materiais de aula: mostrar os objetos, entregá-los, brincar com eles,

estimulando os alunos a utilizá-los;

● apoio para que o aluno perceba os objetos, demonstrem interesse e

tenham acesso a eles.

Para alunos com condutas típicas de síndromes e quadros clínicos

O comportamento desses alunos não se manifesta por igual nem parece ter o

mesmo significado e expressão nas diferentes etapas de suas vidas. Existem

importantes diferenças entre as síndromes e quadros clínicos que caracterizam as

condições individuais e apresentam efeitos mais ou menos limitantes. As

seguintes sugestões favorecem o acesso ao currículo:

● encorajar o estabelecimento de relações com o ambiente físico e social;

● oportunizar e exercitar o desenvolvimento de suas competências;

● estimular a atenção do aluno para as atividades escolares;

● utilizar instruções e sinais claros, simples e contingentes com as atividades

realizadas;

● oferecer modelos adequados e corretos de aprendizagem (evitar

alternativas do tipo “aprendizagem por ensaio e erro”);

● favorecer o bem-estar emocional.

REFERÊNCIAS

Saberes e práticas da inclusão : recomendações para a construção de escolas inclusivas. [2. ed.] / coordenação geral SEESP/MEC. – Brasília: MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. 96 p. (Série : Saberes e práticas da inclusão).

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2. Intervalo (15 min.)

3. Estudo dirigido (6o mim.)

Leitura dos textos:

ADAPTAÇÕES NOS ELEMENTOS CURRICULARES Focalizam as formas de ensinar e avaliar, bem como os conteúdos a serem

ministrados, considerando a temporalidade. São definidas como alterações

realizadas nos objetivos, conteúdos, critérios e procedimentos de avaliação,

atividades e metodologias para atender às diferenças individuais dos alunos.

Medidas adotadas para as adaptações nos elementos curriculares:

adaptações metodológicas e didáticas;

Realizam-se por meio de procedimentos técnicos e metodológicos, estratégias de

ensino e aprendizagem, procedimentos avaliativos e atividades programadas para

os alunos.

São exemplos de adaptações metodológicas e didáticas:

● situar o aluno nos grupos com os quais melhor possa trabalhar;

● adotar métodos e técnicas de ensino e aprendizagem específicas para o

aluno, na operacionalização dos conteúdos curriculares, sem prejuízo para as

atividades docentes;

● utilizar técnicas, procedimentos e instrumentos de avaliação distintos da

classe, quando necessário, sem alterar os objetivos da avaliação e seu conteúdo;

● propiciar apoio físico, visual, verbal e outros ao aluno impedido em suas

capacidades, temporária ou permanentemente, de modo que permita a realização

das atividades escolares e do processo avaliativo. O apoio pode ser oferecido

pelo professor regente, professor especializado ou pelos próprios colegas;

● introduzir atividades individuais complementares para o aluno alcançar os

objetivos comuns aos demais colegas. Essas atividades podem realizar-se na

própria sala de aula ou em atendimentos de apoio;

● introduzir atividades complementares específicas para o aluno,

individualmente ou em grupo;

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● eliminar atividades que não beneficiem o aluno ou lhe restrinja uma

participação ativa e real ou, ainda, que esteja impossibilitado de executar;

● suprimir objetivos e conteúdos curriculares que não possam ser alcançados

pelo aluno em razão de sua(s) deficiência(s); substituí-los por objetivos e

conteúdos acessíveis, significativos e básicos, para o aluno.

ADAPTAÇÕES DOS CONTEÚDOS CURRICULARES E NO PROCESSO

AVALIATIVO

Consistem em adaptações individuais dentro da programação regular,

considerando-se os objetivos, os conteúdos e os critérios de avaliação para

responder às necessidades de cada aluno.

São exemplos dessas estratégias:

● adequar os objetivos, conteúdos e critérios de avaliação, o que implica

modificar os objetivos, considerando as condições do aluno em relação aos

demais colegas da turma;

● priorizar determinados objetivos, conteúdos e critérios de avaliação, para

dar ênfase aos objetivos que contemplem as deficiências do aluno, suas condutas

típicas ou altas habilidades. Essa priorização não implica abandonar os objetivos

definidos para o seu grupo, mas acrescentar outros, concernentes com suas

necessidades educacionais especiais;

● mudar a temporalidade dos objetivos, conteúdos e critérios de avaliação,

isto é, considerar que o aluno com necessidades especiais pode alcançar os

objetivos comuns ao grupo, mesmo que possa requerer um período mais

longo de tempo. De igual modo, poderá necessitar de período variável para o

processo de ensino-aprendizagem e o desenvolvimento de suas habilidades;

● mudar a temporalidade das disciplinas do curso, série ou ciclo, ou seja,

cursar menos disciplinas durante o ano letivo e, desse modo, estender o período

de duração do curso, série ou ciclo que frequenta;

● introduzir conteúdos, objetivos e critérios de avaliação, o que implica

considerar a possibilidade de acréscimo desses elementos na ação educativa

caso necessário à educação do aluno com necessidades especiais. É o caso da

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ampliação dos componentes curriculares específicos destinados aos portadores

de deficiências e de condutas típicas, e dos programas de

aprofundamento/enriquecimento curricular propostos para os alunos com

superdotação. O acréscimo de objetivos, conteúdos e critérios de avaliação não

pressupõe a eliminação ou redução dos elementos constantes do currículo

regular desenvolvido pelo aluno;

● eliminar conteúdos, objetivos e critérios de avaliação, definidos para o

grupo de referência do aluno, em razão de suas deficiências ou limitações

pessoais. A supressão desses conteúdos e objetivos da programação

educacional regular não deve causar prejuízo para a sua escolarização e

promoção acadêmica. Deve considerar, rigorosamente, o significado dos

conteúdos, ou seja, se são básicos, fundamentais e pré-requisitos para

aprendizagens posteriores.

As medidas de adaptações curriculares devem considerar os seguintes aspectos,

dentre outros:

● ser precedida de uma criteriosa avaliação do aluno, considerando a sua

competência acadêmica;

● fundamentar-se na análise do contexto escolar e familiar, que favoreça a

identificação dos elementos adaptativos necessários que possibilitem as

alterações indicadas;

● contar com a participação da equipe docente e técnica da escola e com o

apoio de uma equipe psicopedagógica (integrada por psicólogo, fonoaudiólogo,

médico e outros) quando possível e necessário;

● promover o registro documental das medidas adaptativas adotadas, para

integrar o acervo documental do aluno;

● evitar que as programações individuais sejam definidas, organizadas e

realizadas com prejuízo para o aluno, ou seja, para o seu desempenho, promoção

escolar e socialização;

● adotar critérios para evitar adaptações curriculares muito significativas, que

impliquem supressões de conteúdos expressivos (quantitativa e qualitativamente),

bem como a eliminação de disciplinas ou de áreas curriculares completas.

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DIVERSIFICAÇÃO CURRICULAR

Alguns alunos com necessidades especiais revelam não conseguir atingir os

objetivos, conteúdos e componentes propostos no currículo regular ou alcançar os

níveis mais elementares de escolarização. Essa situação pode decorrer de

dificuldades orgânicas associadas a déficits permanentes e, muitas vezes,

degenerativos que comprometem o funcionamento cognitivo, psíquico e sensorial,

vindo a constituir deficiências múltiplas graves.

Nessas circunstâncias, verifica-se a necessidade de realizar adaptações

significativas no currículo para o atendimento dos alunos e indicar conteúdos

curriculares de caráter mais funcional e prático, levando em conta as suas

características individuais.

Comumente envolvem atividades relacionadas ao desenvolvimento de

habilidades básicas; à consciência de si; aos cuidados pessoais e de vida diária;

ao exercício da independência e ao relacionamento interpessoal, dentre outras

habilidades. Esses currículos são conhecidos como funcionais e ecológicos e sua

organização não leva em conta as aprendizagens acadêmicas que o aluno revelar

impossibilidade de alcançar, mesmo diante dos esforços persistentes

empreendidos pela escola.

Currículos adequados ou elaborados de modo tão distinto dos regulares implicam

adaptações significativas extremas, adotadas em situações de real impedimento

do aluno para integrar-se aos procedimentos e expectativas comuns de ensino,

em face de suas condições pessoais identificadas.

A elaboração e a execução de um programa dessa natureza devem contar com a

participação da família e ser acompanhadas de um criterioso e sistemático

processo de avaliação pedagógica e psicopedagógica do aluno, bem como da

eficiência dos procedimentos pedagógicos empregados na sua educação.

Sistemas de Apoio

As decisões sobre adaptações curriculares podem incluir as modalidades de

apoio que favorecem ou viabilizam a sua eficácia na educação dos alunos com

necessidades especiais.

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Pode-se definir apoio como recursos e estratégias que promovem o interesse e as

capacidades da pessoa, bem como oportunidades de acesso a bens e serviços,

informações e relações no ambiente em que vive. O apoio tende a favorecer a

autonomia, a produtividade, a integração e a funcionalidade no ambiente escolar

e comunitário.

São elementos de apoio, dentre outros:

● as pessoas: familiares, amigos, profissionais, colegas, monitores,

orientadores, professores (itinerantes, de sala de recursos, de apoio);

● os recursos físicos, materiais e ambientais;

● as atitudes, os valores, as crenças, os princípios;

● as deliberações e decisões políticas, legais, administrativas;

● os recursos técnicos e tecnológicos;

● os programas e serviços de atendimento genéricos e especializados.

As decisões sobre apoio devem considerar:

● as áreas prioritárias a serem apoiadas;

● a identificação dos tipos mais eficientes de apoio em função das áreas e

aspectos definidos;

● as situações em que o apoio deve ser prestado: dentro ou fora da sala de

aula, em grupo ou individualmente, prévia ou posteriormente às atividades de

ensino-aprendizagem regulares;

● as funções e tarefas dos diferentes profissionais envolvidos na prestação

do apoio, bem como os papéis de cada um nas situações de aprendizagem do

aluno.

Isso posto, os seguintes pressupostos devem ser considerados:

● há diversas modalidades de apoio, sendo algumas mais válidas e

adequadas para certos alunos e determinados contextos de ensino e

aprendizagem (dependem do tipo de necessidades especiais do aluno, das áreas

curriculares focalizadas, das metodologias adotadas, da organização do processo

de ensino- aprendizagem, das atitudes prevalecentes com relação ao aluno

etc.);

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64

● as decisões sobre modalidades de apoio devem ser compartilhadas pelas

pessoas envolvidas no processo de ensino-aprendizagem (consenso entre os

educadores e profissionais que atendem ao aluno, adoção de critérios comuns

para o trabalho pedagógico e ação conjunta);

● as modalidades de apoio devem estar circunscritas ao projeto pedagógico

da escola (atender aos critérios gerais adotados pela comunidade escolar,

definição das funções do apoio, número de alunos a serem contemplados,

tomadas de providências etc.);

● as modalidades de apoio devem estar associadas ao número e às

características dos alunos, ao local e ao momento onde será ministrado, bem

como à sua duração e frequência (individual ou grupal, grupos homogêneos ou

mistos, dentro ou fora da sala de aula, temporário ou permanente etc.).

Pode-se considerar, ainda, a intensidade do apoio a ser oferecido:

● intermitente: episódico, nem sempre necessário, transitório e de pouca

duração (exemplo: apoio em momentos de crise, em situações específicas de

aprendizagem);

● limitado: por tempo determinado e com fim definido (exemplo: reforço

pedagógico para algum conteúdo durante um semestre, desenvolvimento de um

programa de psicomotricidade etc.);

● extensivo: regular, em ambientes definidos, sem tempo limitado (exemplo:

atendimento na sala de recursos ou de apoio psicopedagógico, atendimento

itinerante);

● pervasivo: constante, com alta intensidade e longa duração (ou ao longo de

toda a vida), envolvendo equipes e muitos ambientes de atendimento. Indicado

para alunos com deficiências mais agravantes ou múltiplas deficiências.

AVALIAÇÃO E PROMOÇÃO

O processo avaliativo é de suma importância em todos os âmbitos do processo

educacional para nortear as decisões pedagógicas e retroalimentá-las, exercendo

um papel essencial nas adaptações curriculares.

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Quando relacionado ao aluno, em face de suas necessidades especiais, o

processo avaliativo deve focalizar:

● os aspectos do desenvolvimento (biológico, intelectual, motor, emocional,

social, comunicação e linguagem);

● o nível de competência curricular (capacidades do aluno em relação aos

conteúdos curriculares anteriores e a serem desenvolvidos);

● o estilo de aprendizagem (motivação, capacidade de atenção, interesses

acadêmicos, estratégias próprias de aprendizagem, tipos preferenciais de

agrupamentos que facilitam a aprendizagem e condições físico-ambientais mais

favoráveis para aprender).

Quando direcionado ao contexto educacional, o processo avaliativo deve

focalizar:

● o contexto da aula (metodologias, organização, procedimentos didáticos,

atuação do professor, relações interpessoais, individualização do ensino,

condições físico-ambientais, flexibilidade curricular etc.);

● o contexto escolar (projeto pedagógico, funcionamento da equipe docente

e técnica, currículo, clima organizacional, gestão etc.).

Quando direcionado ao contexto familiar, o processo avaliativo deve focalizar,

dentre outros aspectos:

● as atitudes e expectativas com relação ao aluno;

● a participação na escola;

● o apoio propiciado ao aluno e à sua família;

● as condições socioeconômicas;

● as possibilidades e pautas educacionais;

● a dinâmica familiar.

Quanto à promoção dos alunos que apresentam necessidades especiais, o

processo avaliativo deve seguir os critérios adotados para todos os demais ou

adotar adaptações, quando necessário.

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Alguns aspectos precisam ser considerados para orientar a promoção ou a

retenção do aluno na série, etapa, ciclo (ou outros níveis):

● a possibilidade de o aluno ter acesso às situações escolares regulares e

com menor necessidade de apoio especial;

● a valorização de sua permanência com os colegas e grupos que favoreçam

o seu desenvolvimento, comunicação, autonomia e aprendizagem;

● a competência curricular, no que se refere à possibilidade de atingir os

objetivos e atender aos critérios de avaliação previstos no currículo adaptado;

● o efeito emocional da promoção ou da retenção para o aluno e sua família.

A decisão sobre a promoção deve envolver o mesmo grupo responsável pela

elaboração das adaptações curriculares do aluno.

REFERÊNCIAS

Saberes e práticas da inclusão : recomendações para a construção de escolas inclusivas. [2. ed.] / coordenação geral SEESP/MEC. – Brasília: MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. 96 p. (Série : Saberes e práticas da inclusão).

4. Fechamento (2 h)

Propor reflexão e debate sobre a assertiva abaixo e que façam o registro dos apontamentos:

1. As medidas pontuadas nos textos focalizam a diversidade da população escolar e pressupõem que o tratamento diferenciado pode significar, para os alunos que necessitam igualdade de oportunidades educacionais.

2. A escola para todos requer uma dinamicidade curricular que permita

ajustar o fazer pedagógico às necessidades dos alunos.

3. As adequações curriculares constituem, pois, possibilidades educacionais de atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos. Pressupõem que se realize a adequação do currículo regular, quando necessário, para torná-lo apropriado às peculiaridades dos alunos com necessidades especiais. Não um novo currículo, mas um currículo dinâmico, alterável, passível de ampliação, para que atenda realmente a todos os educandos.

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Unidade 2

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Tecnologia:

Tecnologia assitiva

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1º ENCONTRO

Unidade 2

FINALIDADE DO ENCONTRO

Favorecer condições para que o professor reflita sobre o uso da tecnologia e da tecnologia assistiva e a necessidade sua aplicabilidade para atender as necessidades educacionais especiais presentes em seu grupo de alunos

EXPECTAVIVA DE APRENDIZAGEM

Ao final deste encontro, pretende-se que o professor- aluno seja capaz de discutir, criticamente, sobre os conceitos de tecnologia assistiva.

CONTEÚDO Tecnologia da Informação e comunicação e Tecnologia assistiva.

MATERIAL

Dados da publicação do artigo: GALVÃO FILHO, Teófilo Alves; DAMASCENO, Luciana Lopes. Programa InfoEsp: Premio Reina Sofia 2007 de Rehabilitación y de Integración. In: Boletín del Real Patronato Sobre Discapacidad, Ministerio de Educación, Política Social y Deporte, Madri, Espanha. n. 63, p. 14- 23, ISSN: 1696-0998, abril/2008.

SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES

1. Estudo dirigido (75 mim.)

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A tecnologia assistiva em ambiente

computacional e telemático para a

autonomia de estudantes com

deficiência

Teófilo Galvão Filho

Luciana Lopes Damasceno

Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e a Tecnologia Assistiva

Conforme destacou Vygostsky, é sumamente relevante para o desenvolvimento

humano o processo de apropriação, por parte do indivíduo, das experiências

presentes em sua cultura. O autor enfatiza a importância da ação, da linguagem e

dos processos interativos na construção das estruturas mentais superiores

(VYGOTSKY, 1987). O acesso aos recursos oferecidos pela sociedade, escola,

tecnologias, etc., influenciam determinantemente nos processos de aprendizagem

da pessoa.

Entretanto, as limitações do indivíduo com deficiência tendem a se tornarem

uma barreira para esse aprendizado. Desenvolver e disponibilizar recursos de

acessibilidade, a chamada Tecnologia Assistiva, seria uma maneira concreta de

neutralizar as barreiras causadas pela deficiência e possibilitar a inserção desse

indivíduo nos ambientes ricos para a aprendizagem, proporcionados por sua

cultura.

Outra dificuldade que as limitações de interação trazem consigo são os

preconceitos a que a pessoa com deficiência está sujeita. Desenvolver recursos

de Tecnologia Assistiva também pode significar combater esses preconceitos,

pois, no momento em que lhe são dadas as condições para interagir e aprender,

explicitando o seu pensamento, o indivíduo com deficiência mais facilmente será

percebido e tratado como um "diferente-igual"... Ou seja, "diferente" por sua

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condição de pessoa com deficiência, mas ao mesmo tempo "igual" por interagir,

relacionar-se e competir em seu meio com recursos mais poderosos,

proporcionados pelas adaptações de acessibilidade de que dispõe. É visto como

"igual", portanto, na medida em que suas "diferenças", cada vez mais, são

situadas e se assemelham com as diferenças intrínsecas existentes entre todos

os seres humanos. Esse indivíduo poderá, então, dar passos maiores em direção

a eliminação das discriminações, como consequência do respeito conquistado

com a convivência, aumentando sua auto-estima, porque passa a poder explicitar

melhor seu potencial e seus pensamentos.

É sabido que as novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) vêm

se tornando, de forma crescente, importantes instrumentos de nossa cultura, e o

acesso a elas, um meio concreto de inclusão e interação no mundo. A chamada

"cibercultura" (LÉVY, 1999) permeia cada vez mais as diferentes realidades da

sociedade contemporânea, influenciando e reconfigurando os processos de

aprendizagem e desenvolvimento.

Essa constatação é ainda mais evidente e verdadeira quando nos referimos a

pessoas com deficiência. Como bem sinalizou Mary Pat Radabaugh:

Para as pessoas sem deficiência, a tecnologia torna as coisas mais fáceis. Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis. (RADABAUGH, 1993)

Nesses casos, as TIC podem ser utilizadas ou como Tecnologia Assistiva, ou

por meio da Tecnologia Assistiva.

Segundo o conceito proposto pelo Comitê de Ajudas Técnicas, da

Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República:

Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social(GALVÃO FILHO et al., 2009, p. 26).

São considerados recursos de Tecnologia Assistiva, portanto, desde artefatos

simples, como uma colher adaptada, uma bengala ou um lápis com uma

empunhadura mais grossa para facilitar a preensão, até sofisticados sistemas

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computadorizados, utilizados com a finalidade de proporcionar uma maior

independência e autonomia à pessoa com deficiência (GALVÃO FILHO, 2009b).

Sobre esses "sistemas computadorizados", ou seja, as TIC utilizadas como

Tecnologia Assistiva, ou por meiode Tecnologia Assistiva, é que queremos tratar

aqui.

As diferentes maneiras de utilização das TIC como Tecnologia Assistiva têm

sido sistematizadas e classificadas das mais variadas formas, dependendo da

ênfase que quer dar cada pesquisador. Nós, aqui, optamos por apresentar uma

classificação que divide essa utilização em quatro áreas (SANTAROSA, 1997):

a) As TIC como sistemas auxiliares ou prótese para a comunicação: Talvez

esta seja a área onde as TIC tenham possibilitado avanços mais significativos.

Em muitos casos o uso dessas tecnologias tem se constituído na única maneira

pela qual diversas pessoas podem comunicar-se com o mundo exterior, podendo

explicitar seus desejos e pensamentos. Essas tecnologias têm possibilitado a

otimização na utilização de Sistemas Alternativos e Aumentativos de

Comunicação (SAAC), com a informatização dos métodos tradicionais de

comunicação alternativa, como os sistemas Bliss, PCS ou PIC, entre outros.

b) As TIC utilizadas para controle do ambiente: As TIC, como Tecnologia

Assistiva, também são utilizadas para controle do ambiente, possibilitando que a

pessoa com comprometimento motor possa comandar remotamente aparelhos

eletrodomésticos, acender e apagar luzes, abrir e fechar portas, enfim, ter um

maior controle e independência nas atividades da vida diária.

c) As TIC como recurso de acessibilidade na educação: As dificuldades de

muitas pessoas com necessidades educacionais especiais no seu processo de

aprendizado e desenvolvimento têm encontrado uma ajuda eficaz na utilização

das TIC como recurso de acessibilidade na educação. Diferentes pesquisas têm

demonstrado a importância dessas tecnologias no processo de construção dos

conhecimentos desses alunos.

d) As TIC como meio de inserção no mundo do trabalho profissional:

Pessoas com graves comprometimentos vêm podendo tornar-se cidadãs ativas e

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produtivas, em vários casos garantindo o seu sustento, por meio do uso das TIC.

Com certa frequência essas quatro áreas se relacionam entre si, podendo

determinada pessoa estar utilizando as TIC com finalidades presentes em duas

ou mais dessas áreas. É o caso, por exemplo, de uma pessoa com problemas de

comunicação e linguagem que utiliza o computador como prótese de

comunicação e, ao mesmo tempo, como caderno eletrônico ou em outras

atividades de ensino e aprendizagem (GALVÃO FILHO e DAMASCENO, 2006).

II- Utilizando a Tecnologia Assistiva em Ambiente Computacional e

Telemático

Nosso interesse específico aqui é apresentar um pouco mais detalhadamente

alguns recursos de Tecnologia Assistiva para o acesso ao computador e à

internet, utilizadas no trabalho educacional com alunos com necessidades

especiais. Ou seja, o acesso ao ambiente educativo computacional e telemático,

feito por meio de Tecnologia Assistiva.

Conforme tem sido detectado:

A importância que assumem essas tecnologias no âmbito da Educação Especial já vem sendo destacada como a parte da educação que mais está e estará sendo afetada pelos avanços e aplicações que vêm ocorrendo nessa área para atender necessidades específicas, face às limitações de pessoas no âmbito mental, físico-sensorial e motoras com repercussão nas dimensões sócio-afetivas. (SANTAROSA, 1997).

Em nosso trabalho educacional, portanto, utilizamos adaptações com a

finalidade de possibilitar a interação, no computador, de alunos com diferentes

graus de comprometimento motor e/ou de comunicação e linguagem, em

processos de ensino e aprendizagem.

Essas adaptações podem ser de diferentes ordens, como, por exemplo:

[...] adaptações especiais, como tela sensível ao toque, ou ao sopro,

detector de ruídos, mouse alavancado a parte do corpo que possui

movimento voluntário e varredura automática de itens em velocidade

ajustável, permitem seu uso por virtualmente todo portador de paralisia

cerebral qualquer que seja o grau de seu comprometimento motor.

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(Magalhães, Leila N. A. P. et al,

in http://www.c5.cl/ieinvestiga/actas/ribie98/111.html).

Nós classificamos os recursos de Tecnologia Assistiva que utilizamos para o

acesso ao computador em três grupos:

1- Adaptações físicas ou órteses.

São todos os aparelhos ou adaptações fixadas e utilizadas no corpo do aluno e

que facilitam a interação do mesmo com o computador.

2- Adaptações de hardware.

São todos os aparelhos ou adaptações presentes nos componentes físicos do

computador, nos periféricos, ou mesmo, quando os próprios periféricos, em suas

concepções e construção, são especiais e adaptados.

3- Softwares especiais de acessibilidade.

São os componentes lógicos das TIC quando construídos como Tecnologia

Assistiva. Ou seja, são os programas especiais de computador que possibilitam

ou facilitam a interação do aluno com deficiência com a máquina.

1- ADAPTAÇÕES FÍSICAS OU ÓRTESES:

Quando buscamos a postura correta para um aluno com deficiência física, em

sua cadeira adaptada ou de rodas, utilizando almofadas, ou faixas para

estabilização do tronco, ou velcro, etc., antes do trabalho no computador, já

estamos utilizando recursos ou adaptações físicas muitas vezes bem eficazes

para auxiliar no processo de aprendizagem dos alunos.

Alguns alunos com sequelas de paralisia cerebral têm o tônus muscular

flutuante (atetóide), fazendo com que o processo de digitação se torne lento e

penoso, pela amplitude do movimento dos membros superiores na digitação. Um

recurso que utilizamos é a pulseira de pesos que ajuda a reduzir a amplitude do

movimento causado pela flutuação no tônus, tornando mais rápida e eficiente a

digitação. Os pesos na pulseira podem ser acrescentados ou diminuídos, em

Page 90: Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica · adaptação curricular e condições de apresentar soluções relevantes à realidade da escola. A avaliação levará

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função do tamanho, idade e força do aluno. Determinado aluno nosso, por

exemplo, utiliza a capacidade total de pesos na pulseira devido a intensidade da

flutuação de seu tônus e também porque sua complexão física assim o permite.

Outra órtese que utilizamos é o estabilizador de punho e abdutor de

polegar com ponteira para digitação, para alunos, principalmente com paralisia

cerebral, que apresentam essas necessidades (estabilização de punho e abdução

de polegar).

Além dessas adaptações físicas e órteses que utilizamos, existem inúmeras

outras que também podem ser úteis, dependendo das necessidades específicas

de cada aluno, como os ponteiros de cabeça, ou hastes fixadas na boca ou

queixo, quando existe o controle da cabeça, entre outras.

2- ADAPTAÇÕES DE HARDWARE:

Um dos recursos mais simples e eficientes como adaptação de hardware é a

máscara de teclado (ou colméia). Trata-se de uma placa de plástico ou acrílico

com um furo correspondente a cada tecla do teclado, que é fixada sobre o

teclado, a uma pequena distância do mesmo, com a finalidade de evitar que o

aluno com dificuldades de coordenação motora pressione, involuntariamente,

mais de uma tecla ao mesmo tempo. Esse aluno deverá procurar o furo

correspondente à tecla que deseja pressionar.

Alunos com dificuldades de coordenação motora associada à deficiência

intelectual também podem utilizar a máscara de teclado junto com "tampões" de

papelão ou cartolina, que deixam à mostra somente as teclas que serão

necessárias para o trabalho, em função do software que será utilizado. Desta

forma, será diminuído o número de estímulos visuais (muitas teclas), que podem

tornar o trabalho muito difícil e confuso para alguns alunos, por causa das suas

dificuldades de abstração ou concentração. Vários tampões podem ser

construídos, disponibilizando diferentes conjuntos de teclas, dependendo do

software que será utilizado.

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Outras adaptações simples que podem ser utilizadas, dizem respeito ao

próprio posicionamento do hardware.

Por exemplo, um aluno que digita utilizando apenas uma mão, em certa etapa

de seu trabalho, e com determinado software que exigia que ele pressionasse

duas teclas simultaneamente, descobriu ele mesmo que, se colocasse o teclado

em seu colo na cadeira de rodas, poderia utilizar também a tecla com a outra

mão.outra mão para segurar uma tecla (tecla Ctrl), enquanto pressionava a

segunda

Já outro aluno começou a conseguir utilizar o mouse para pequenos

movimentos (utilização combinada com um simulador de teclado) com a finalidade

de escrever no computador, colocando o mouse posicionado em suas pernas,

sobre um livro ou uma pequena tábua.

Outra solução que utilizamos é reposicionar o teclado perto do chão para

digitação com os pés, recurso utilizado por uma aluna que não consegue digitar

com as mãos.

E assim, diversas variações podem ser feitas no posicionamento dos

periféricos para facilitar o trabalho do aluno, sempre, é claro, em função das

necessidades específicas de cada aluno.

3- SOFTWARES ESPECIAIS DE ACESSIBILIDADE:

Alguns dos recursos mais úteis e mais facilmente disponíveis, porém muitas

vezes ainda desconhecidos, são as "Opções de Acessibilidade" do Windows

(Iniciar - Configurações - Painel de Controle - Opções de Acessibilidade). Por

meio desses recursos, diversas modificações podem ser feitas nas configurações

do computador, adaptando-o a diferentes necessidades dos alunos. Por exemplo,

um aluno que, por dificuldades de coordenação motora, não consegue utilizar o

mouse mas pode digitar no teclado (o que ocorre com muita freqüência), tem a

solução de configurar o computador, através das Opções de Acessibilidade, para

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que a parte numérica à direita do teclado realize todos os mesmos comandos na

seta do mouse que podem ser realizados pelo próprio mouse.

Além do mouse, outras configurações podem ser feitas, como a das "Teclas de

Aderência", a opção de "Alto Contraste na Tela" para pessoas com baixa visão,

entre outras opções.

Outros exemplos de Software Especial de Acessibilidade são os simuladores

de teclado e de mouse. Todas as opções do teclado ou as opções de comando e

movimento do mouse podem ser exibidas na tela e selecionadas, ou de forma

direta, ou por meio de varredura que o programa realiza sobre todas as opções.

Para as necessidades de nossos alunos, encontramos na Internet o site do

técnico espanhol Jordi Lagares, no qual ele disponibiliza para download diversos

programas freeware por ele desenvolvidos. Trata-se de simuladores que podem

ser operados de forma bem simples, além de serem programas muito "leves"

(menos de 1 MB). Com o simulador de teclado e o simulador de mouse, um aluno

nosso com 38 anos, por exemplo, pode começar a utilizar o computador e

expressar melhor todo o seu potencial cognitivo, iniciando a aprender a ler e

escrever. Esse aluno, que é tetraplégico, só conseguia utilizar o computador por

meio desses simuladores, que lhe possibilitam transmitir todos os comandos ao

computador somente através de sopros em um microfone. Isso lhe permitiu

escrever pela primeira vez na vida, além de desenhar, jogar, construir seu site na

Internet e realizar diversas atividades que antes lhe eram impossíveis.

Atualmente, ele já consegue utilizar o mouse sobre as pernas, para pequenos

movimentos. Ou seja, com esses recursos de acessibilidade, horizontes novos se

abriram para ele, possibilitando que sua inteligência, antes aprisionada por um

corpo extremamente limitado, encontrasse novos canais de expressão e

desenvolvimento.

Outros recursos bem simples, porém bastante úteis, podem ser

desenvolvidos. Por exemplo, diferentes acionadores (switches) com frequência

são necessários para a utilização dos Softwares Especiais de Acessibilidade.

Para o acionamento de diferentes softwares, podem ser feitas adaptações nos

mouses comuns com a instalação de plugs laterais, disponibilizando, através

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desses plugs, uma extensão do terminal do clique no botão esquerdo do mouse.

Com frequência, um simples clique no botão esquerdo do mouse é suficiente para

que o aluno possa desenvolver qualquer atividade no computador, comandando a

varredura automática de um software, tal como escrever, desenhar, navegar na

internet, mandar e-mail, etc. Para que isso seja possível, também podem ser

desenvolvidos diferentes switches para serem conectados nesses plugs dos

mouses e, assim, efetuar o comando correspondente ao clique no botão esquerdo

com a parte do corpo que o aluno tiver melhor controle voluntário e sincrônico

(braços, pernas, pés, cabeça, etc.). Esses acionadores podem ser construídos até

mesmo com sucata de computador, aproveitando botões de liga/desliga dessas

máquinas, às vezes para serem presos nos próprios dedos do aluno ou para

acionamento com a cabeça. São soluções simples, de custo praticamente nulo,

porém de alta funcionalidade, e que se tornam, muitas vezes, a diferença para

alguns alunos entre poder ou não utilizar o computador.

Existem diversos sites na Internet que disponibilizam gratuitamente outros

simuladores e programas especiais de acessibilidade. Atualmente é possível

controlar a seta do mouse apenas com o movimento da cabeça, movimento este

captado por uma webcam comum (por exemplo, softwares HeadMouse, ou

HeadDev). Ou seja, uma pessoa tetraplégica, que mantenha o controle de

cabeça, pode realizar qualquer atividade no computador apenas movimentando a

cabeça, sem necessidade de nenhum equipamento especial e por meio de um

software gratuito que pode ser baixado pela internet (endereços nas referências,

no final).

Como softwares especiais para a comunicação, existem os que permitem que

se use as versões computadorizadas dos sistemas tradicionais de comunicação

alternativa, como o Bliss, o PCS ou o PIC.

Para pessoas com deficiência visual existem os softwares que "fazem o

computador falar":

Também os cegos já podem utilizar sistemas que fazem a leitura da tela e de

arquivos por meio de um alto-falante; teclados especiais que têm pinos metálicos

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que se levantam formando caracteres sensíveis ao tato e que "traduzem" as

informações que estão na tela ou que estão sendo digitadas e impressoras que

imprimem caracteres em Braille. (FREIRE, 2000)

Para os cegos existem programas como o DOSVOX, o Virtual Vision, Jaws,

NVDA, Orca e outros.

Além de todos estes recursos de acessibilidade que apresentamos, existem

outros tipos e dimensões de acessibilidade que também são pesquisados e

estudados por outros profissionais, como as pesquisas sobre Acessibilidade

Física, que estudam as barreiras arquitetônicas para as pessoas com deficiência

e as formas de evitá-las, e as instituições interessadas nessas pesquisas (por

exemplo, a Comissão Civil de Acessibilidade, aqui mesmo de Salvador). Outra

conceito novo é o conceito de Acessibilidade Virtual, que estuda as melhores

maneiras de tornar a Internet acessível a todas as pessoas.

É importante ressaltar que as decisões sobre os recursos de acessibilidade que

serão utilizados com os alunos, têm que partir de um estudo pormenorizado e

individual, com cada aluno. Deve começar com uma análise detalhada e escuta

aprofundada de suas necessidades, para, a partir daí, ir optando pelos recursos

que melhor respondam a essas necessidades (GALVÃO FILHO, 2009a). Em

alguns casos é necessária também a escuta de diferentes profissionais, como

terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas ou outros, antes da decisão sobre a

melhor adaptação. Todas as pesquisas, estudos e adaptações que fomos

construindo ou captando em nosso trabalho ao longo dos anos, partiram das

necessidades específicas dos nossos alunos.

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2. Intervalo (15 min.)

3. Estudo dirigido (75 mim.)

Como roteiro para a discussão e reflexão dos textos lidos, sugere-se que

sejam abordadas as seguintes questões norteadoras:

1. Professor, em sua opinião quais as vantagens e as desvantagens de utilizar as Tecnologias no processo pedagógico de ensino e aprendizagem?

2. Professor você acredita que com apoio de toda a escola as desvantagens pontuadas podem ser superadas? Ou elas ultrapassam as ações da escola?

3. Você consegue pontuar pelo menos um objetivo da Tecnologia Assistiva?

4. Tendo em vista o seu contexto referente ao uso das tecnologias na

escola, quais as dificuldades encontradas no âmbito da prática pedagógica? Por quê?

.

4. Fechamento (75 min.)

Atividades de aprendizagem – Propor que o professor – aluno responda as

questões abaixo como forma de fixação do conteúdo apresentado:

1. Discorra sobre qual a importância de compreender o conceito de

Tecnologia e Tecnologia Assistiva?

2. De acordo com suas leituras, você professor, acha viável incluir as

Tecnologias no processo de ensino aprendizagem?

Page 96: Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica · adaptação curricular e condições de apresentar soluções relevantes à realidade da escola. A avaliação levará

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Unidade 3

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A NEUROCIENCIAS E A

EDUCAÇÃO

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1º ENCONTRO

Unidade 3

FINALIDADE DO ENCONTRO

Apresentar ao professor – aluno reflexões que o levem a perceber como a neurociência contribui para o bom desempenho do trabalho do professor e como pode ser uma importante aliada para melhorar processos de ensino e aprendizagem.

EXPECTAVIVA DE APRENDIZAGEM

Ao final deste encontro, pretende-se que o professor- aluno seja capaz de discutir, criticamente, sobre os conceitos de neurociências e como ela pode auxiliar na prática pedagógica.

CONTEÚDO Neurociências;

MATERIAL

NOGARO, Arnaldo. NEUROCIÊNCIA, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS. 2012. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/neurociencia-formacao-de-professores-e-praticas-pedagogicas/90118/.

MIETTO, Vera Lucia de Siqueira. A IMPORTÂNCIA DA NEUROCIÊNCIA NA EDUCAÇÃO. Disponível em: http://www.programaativamente.com.br/artigos/diversos/4-a-importancia-da-neurociencia-na-aprendizagem/file.

SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES

1. Estudo dirigido (75 min.)

Leitura dos textos:

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Neurociência, formação de professores e práticas pedagógicas.

Arnaldo Nogaro9

RESUMO:

A formação de professores tem se mantido como tema de estudo e de reflexão, isto demonstra que se trata de uma permanente inquietação de diferentes segmentos: gestores, formadores, estudantes, dentre outros. Por que preocupar-se com a formação do professor? O professor formado adequadamente desenvolve a docência de maneira diferenciada, com qualidade e voltada para o estudante. O objetivo deste texto é demonstrar como a neurociência contribui para o bom desempenho do trabalho do professor e como pode ser uma importante aliada para melhorar processos de ensino e aprendizagem. Trata-se de uma abordagem teórica com base em autores contemporâneos que pesquisam o assunto. Ao longo do corpo do texto procura-se explicitar elementos que deem visibilidade às descobertas científicas da neurociência e como a interface com a área da educação pode auxiliar na prática pedagógica.

Palavras-chave: Aprendizagem. Neurociência. Formação de professores.

Sobre a problemática do texto

A pergunta “como funciona o cérebro?”, que há muitos anos o homem vem

se fazendo começa a ser respondida com o auxílio de novos equipamentos

científicos e da revolução biológica e hoje agrega conhecimentos que já se

constituem em suportes importantes para o desenvolvimento do trabalho do

professor[2]. Sabemos que tudo isso é bastante recente e novo, gerando

insegurança e relativa ausência de confiança na área, porém não se pode ignorar

9 Professor da URI –Campus de Erechim. Doutor em Educação – UFRGS. Integrante do Grupo de Pesquisa

Ética e Educação. [email protected]

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estes progressos e agir de maneira indiferente ao que está acontecendo no

cenário contemporâneo.

A neurociência cognitiva tem uma história recente, datando dos primeiros

anos da década de setenta do século passado o aparecimento do termo

“neurociência cognitiva”. Como se trata de uma área bastante nova, circula muitas

informações sobre ela. Como algumas são de pouca cientificidade provocam

desconfiança, por não possuírem fundamento verdadeiro acabam por se constituir

em mitos (neuromitos) e distorcer seu real entendimento e contribuição.

Nosso objetivo não é fazer uma dissecação de conceitos[3] da biologia,

neurologia, neurociência, etc., mas argumentar para mostrar que o seu

conhecimento, por parte dos educadores, pode auxiliar na interação com os

estudantes e no processo de ensino e aprendizagem. Alguns conceitos

abordados no texto, talvez, muitos educadores, pouco se perguntaram sobre eles,

especialmente sobre sua relação com o que fazem diariamente com seus alunos

nas salas de aula, o que não nos autoriza a responsabilizá-los pela pouca

importância dada a estes conhecimentos. O fato concreto é que os cursos de

formação de professores, em sua grande maioria, passa à margem desta

questão. Apesar disso pensamos que seja importante desenvolvermos esta

reflexão em torno deles para que os tragamos ao debate e assim

oportunizaremos, quem sabe, para muitos educadores, uma primeira conversa

sobre o assunto.

Algumas provocações

Algumas provocações iniciais dão a dimensão do desafio que o professor

tem para manter-se em sintonia com seu tempo: a inteligência é hereditária? Qual

o papel da memória na aprendizagem? Por que lembramos de algumas coisas e

esquecemos de outras? Qual dos sentidos interfere mais no aprendizado?

Podemos aprender muitas coisas ao mesmo tempo? Aprendemos todos do

mesmo jeito ou de jeitos diferentes? Por que alguns aprendem com facilidade o

que outros, mesmo com muito esforço, não conseguirão? Qual o preparo

(formação) do professor para responder, com segurança, a estes

questionamentos? Poderíamos nos estender e construir um texto somente de

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perguntas, mas lançamos mão de algumas para contextualizar o que vamos dizer

a respeito do conhecimento da neurociência e sua implicação no trabalho do

professor, na prática pedagógica.

Cotidianamente na sala de aula nos deparamos com situações de falta de

atenção, pouca assimilação, ausência de compreensão, dificuldades de

aprendizagem e nos angustiamos porque não sabemos como encontrar

alternativas para tais problemas. Acabamos por dividir nossa angústia no diálogo

com colegas de profissão ou lamentando e responsabilizando a criança e o

adolescente por ter “pouca vontade”, “não esforçar-se o suficiente”, “ser

desinteressado”, etc. Somos desconhecedores de qual solução apontar, pois,

nosso processo de formação não contemplou saberes maiores a este respeito.

Acabamos por nos conformar diante da barreira encontrada ou buscar alguma

“metodologia”, que, quem sabe, vá poder suprir esta lacuna. Mas o que podemos

perceber é que estas atitudes acabam contribuindo muito pouco. Como resolver

de maneira contundente tal dilema?

Recorrendo às Ciências Cognitivas, à Neurociência, pois elas serão a

solução definitiva? Em parte isto é verdadeiro. Elas podem contribuir ao nos

estender conhecimentos que permitem uma visão maior e mais profunda sobre a

mente humana, mas a transposição desses saberes para a prática pedagógica é

de nossa responsabilidade como educadores. De que maneira?

Instrumentalizando-nos dos conhecimentos que estas ciências (mais

especificamente a Neurociência) nos alcançam e associando-os a nossos

saberes pedagógicos para entender melhor como a cabeça “funciona”, como o

cérebro aprende.

Para Metring (2011, p. 13) os neurocientistas

[...] não estão preocupados em formular receitas, seja para a área educacional,

organizacional, médica ou qualquer outra. Estão sim preocupados em descobrir,

dia após dia, coisas maravilhosas sobre a organização neuronal do ser humano e

as disponibilizar para quem queira utilizar seus achados, mas o trabalho de

articulação (no nosso caso, os processos de ensino e aprendizagem) precisam

ocorrer a partir das necessidades dessas áreas e por profissionais dessas áreas.

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A proposição de fazer com que os profissionais da educação possam

estudar e conhecer os avanços da Neurociência para utilizá-los em suas práticas

não vai representar uma extraordinária revolução no processo pedagógico, mas

vai conscientizar o educador do quanto estes conhecimentos são úteis para quem

educa as gerações do século XXI.

Cosenza (2011, p. 142) alerta a respeito do uso destes conhecimentos

para que não caiamos em soluções simplistas. “Embora muitas vezes se observe

certa euforia em relação às contribuições das neurociências para a educação, é

importante esclarecer que elas não propõem uma nova pedagogia nem prometem

soluções definitivas para as dificuldades da aprendizagem.” Representam uma

reorientação de direção e um acréscimo para romper com os conceitos

conservadores historicamente cultivados sobre o aprender e ensinar. Significará

uma aproximação maior do educador com os estudantes, inclusive maior sintonia

entre gerações[4] que experimentaram e experimentam o mundo de maneiras

diferentes em contextos diferentes, com implicações de organização mental

específica em cada circunstância vivida por cada um.

Os conhecimentos da Neurociência

Não temos a pretensão e nem somos ingênuos para acreditar em soluções

mágicas e definitivas, no entanto os conhecimentos advindos na neurociência

cognitiva auxiliam na construção e na definição de propostas de intervenção

pedagógica mais eficazes, especialmente para pessoas que possuem doenças no

cérebro ou distúrbios de comportamento e aprendizagem. É um passo gigantesco

na direção da inclusão, não só por possibilitar atendimento específico e

especializado, como também melhorara qualidade de vida das pessoas. Não

somente quem apresenta alguma doença ou distúrbio pode se beneficiar ao ser

auxiliado por um professor que detenha tais conhecimentos, os estudantes

considerados “normais” também serão beneficiados pelas estratégias didáticas,

formas diferenciadas de abordar o conhecimento e visão de singularidade de um

mestre conhecedor do assunto. Com um maior conhecimento sobre como o

cérebro funciona e como as pessoas aprendem o professor vai ter mais clareza e

lucidez sobre a forma mais adequada para auxiliar os estudantes. Isto permite a

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ele desenvolver um [...] ensino bem sucedido provocando alteração na taxa de

conexão sináptica que afeta a função cerebral. Por certo, isto também depende

da natureza do currículo, da capacidade do professor, do método de ensino, do

contexto da sala de aula e da família e comunidade.”(BARTOSZECK, 2011, p. 3).

Cosenza (2011) corrobora com o autor citado ao afirmar que o saber como o

cérebro aprende não é suficiente para a realização da mágica do ensinar e do

aprender”, assim como os conhecimentos dos princípios biológicos básicos não é

suficiente para que o médico exerça uma boa medicina. Quando tratamos da

aprendizagem existem alguns princípios e padrões comuns que podem ser

adequados para todos (universais), mas existem também situações que são

específicas (individuais, resultantes da experiência vivida por cada um) e que,

portanto, o professor precisa conhecer para poder relativizar ou tratar de maneira

diferenciada.

A possibilidade que o cérebro humano tem de se recompor e revitalizar

(neuroplasticidade) abre outras oportunidades na educação: a criança e o

adolescente ainda não aprenderam, mas poderão aprender. Há sempre novas

portas e possibilidades se abrindo. Esta concepção dinâmica do cérebro

reposiciona a postura e o trabalho do professor porque nada é definitivo,

podendo-se chegar a resultados cada vez melhores a partir de ambientes,

“metodologias” e “didáticas” diferentes.

Para os profissionais do ensino, isso é de fundamental importância, pois a

existência do cérebro é um acontecimento maravilhoso, que tem por função

aprender a mudar o meio ou adaptar-se a ele em tempo curto, e, para tanto, só é

preciso que ocorra alguma aprendizagem. Não é fantástico? O aprendizado é

uma arma poderosa na luta pela sobrevivência e é uma característica inata do

cérebro. Então, porque algumas crianças não aprendem, se é uma característica

inata do cérebro aprender? Pensemos nisso (METRING, 2011, p. 56).

Assim como a natureza foi dotando o cérebro de maior tamanho e

potencialidades, conforme os ambientes humanos e sociais foram se

complexificando provocaram a expansão da rede neural (novas conexões) que

gerou novas aprendizagens, novos entendimentos numa cadeia em espiral

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irreversível. É assim que a mente humana foi se constituindo e não há como

entender como ela se organiza com uma visão tradicional de inteligência. O

educador precisa conhecer e reposicionar-se frente aos novos estudos e

descobertas a respeito da mente e da inteligência humana. Só assim ele vai

conseguir desenvolver seu trabalho na perspectiva de atender às individualidades

e atingir o maior número possível de educandos.

O professor e a prática pedagógica

Para entender o quanto é importante reorientarmos nosso entendimento

sobre a mente humana devemos olhar para a complexidade do mundo presente e

compararmos com o que tínhamos há cinquenta anos passados. Que tipo de

mente era necessária naquele período para interagir com o meio, enfrentar

problemas cotidiano, relacionar-se com as pessoas, adquirir informações para

sobreviver, e de qual precisamos hoje para realizar as mesmas atividades? É

possível situarmo-nos no mundo e viver hoje com os conceitos de quatro ou cinco

séculos passados, concebendo ainda a mente humana como única estrutura e

com uma visão tradicional da inteligência (“paleolítico digital”)? Cada momento

que passa aprendemos mais sobre a evolução humana e o funcionamento do

cérebro, fruto da revolução científica de diferentes área da biologia, da fisiologia,

neurologia ...

Muitas das descobertas científicas recentes sobre a mente humana chocam-

se com muitas as práticas pedagógicas tradicionais que vêm sendo desenvolvidas

há anos e que não levam em consideração como o cérebro evoluiu e como está

organizado nos seres humanos. Não há duas pessoas com o mesmo perfil, para

tanto se deve procurar conhecer o estilo de aprendizagem de cada sujeito para

criar modelos pedagógicos que permitam que cada um aprenda mais e melhor do

seu jeito. Não conseguiremos, de um momento para outro, romper com uma

longa tradição centrada em ensinar e avaliar de uma única maneira, de forma

padronizada. O que alimenta nossa esperança é que pela primeira vez em toda

história da humanidade temos conhecimentos que nos permitem entender e

demonstrar que isso é possível e produz resultados mais palpáveis e melhores na

aprendizagem. Não se trata de um conhecimento que sirva somente para

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compreendermos e estudarmos as crianças com perfis irregulares (como num

primeiro momento se pensou em função dos casos analisados e estudados), mas

para todas.

Com o avanço da Neurociência determinados procedimentos e

acontecimentos pedagógicos não mais serão vistos da forma: “eu acho que meu

aluno aprende melhor seu eu fizer desse jeito do que daquele”. Passa-se a ter

dados objetivos para afirmar que x funciona melhor que y no que se refere aos

métodos de ensino, portanto surge a demonstração de quais estratégias de

ensino podem ser usadas com melhores resultados.

Passa a ser possível ensinarmos o que é importante de ser aprendido de

maneiras diferentes, utilizando linguagens diferentes, a arte, o humor, a imagem,

o desenho, contando histórias para criarmos as condições para que mais sujeitos

consigam aprender. Quantos mais conseguirem aprender maiores serão as

possibilidades de converterem isso para outras linguagens e para o meio onde

vivem, reestruturando outras redes neurais (oportunizando novas sinapses[5]) e

quanto maior for a ativação de novas redes neurais maior será seu entendimento

sobre a vida e as coisas.

Como ignorar o que ocorreu com o cérebro humano quando nosso trabalho

envolve esta evolução e seus progressos, quando ele é afetado diretamente por

eles? Por exemplo: crianças que não aprendem, que apresentam dislexia[6], de

posse das imagens de seu cérebro torna-se possível tratá-las e também orientar

educadores sobre como agir para explorar o potencial intelectual não

comprometido do cérebro ou como obter resultados por meio da intervenção

adequada a partir do conhecimento das características desta criança ou

adolescente.

Outro exemplo e campo onde a neurociência pode auxiliar é o que diz

respeito às transformações provocadas pela revolução digital na mente humana

que tem impacto profundo na educação, pois as redes neurais formadas como

resultado do uso das novas tecnologias possibilitam mensagens instantâneas e

multitarefas, o que dificulta a atenção ao foco e ao que deve ser aprendido. O

digital passa a ser um “competidor” com as atividades de estudo da escola. Como

criar mecanismos para resgatar a atenção e concentração no que deve ser

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aprendido? É neste momento que deverá aparecer a criatividade e a arte do

professor.

O aprendizado contínuo durante uma vida inteira e com instrumentos cada

vez mais sofisticados diferencia as novas gerações de outras anteriores, das

quais, algumas nem sequer tinham educação institucionalizada. O cérebro

humano aprendeu rapidamente isso desenvolvendo a capacidade de adquirir

permanentemente novas informações que geram uma dinâmica interna de ciclo

contínuo de expansão e ativação de novas sinapses, deixando-o cada vez mais

ativo num processo de permanente retroalimentação, o que alguns estudiosos

denominam de neuroplasticidade do cérebro.

Ao conhecer o funcionamento do sistema nervoso, os profissionais da educação

podem desenvolver melhor seu trabalho, fundamentar e melhorar sua prática

diária, com reflexos no desempenho e na evolução dos alunos. Podem intervir de

maneira mais efetiva nos processos de ensinar e aprender, sabendo que esse

conhecimento precisa ser criticamente avaliado antes de ser aplicado de forma

eficiente no cotidiano escolar. Os conhecimentos agregados pelas neurociências

podem contribuir para um avanço na educação, em busca de melhor qualidade e

resultados mais eficientes para a qualidade de vida do indivíduo e da sociedade.

(COSENZA, 2011, p. 145).

Há muito por vir no que diz respeito ao conhecimento sobre o cérebro

humano, há muitos questionamentos em aberto ainda, quem sabe o que virá no

futuro poderá até desconstruir muitas das “verdades” de hoje, isto não nos

autoriza a ignorar sua importância para quem quer trabalhar como professor. Sem

este conhecimento nossa prática poderá se tornar ainda mais pobre e

enclausurada. Como as possibilidades da genética e da biologia ainda são

limitadas (apesar do uso de substâncias e medicamentos), quem sabe a

grande alternativa seja mudar as condições e o ambiente da aprendizagem.

Texto extraído de http://www.webartigos.com/artigos/neurociencia-

formacao-de-professores-e-praticas-pedagogicas/90118/

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2. INTERVALO (15 min.)

3. ESTUDO DIRIGIDO (75min.)

Leitura do texto:

A importância da neurociência na

educação

Vera Lucia de Siqueira Mietto

Os avanços e descobertas na área da neurociência ligada ao processo de

aprendizagem é sem dúvida uma revolução para o meio educacional. A

Neurociência da aprendizagem, em termos gerais, é o estudo de como o cérebro

aprende. É o entendimento de como as redes neurais são estabelecidas no

momento da aprendizagem, bem como de que maneira os estímulos chegam ao

cérebro, da forma como as memórias se consolidam e de como temos acesso a

essas informações armazenadas.

Quando falamos em educação e aprendizagem, estamos falando em

processos neurais, redes que se estabelecem neurônios que se ligam e fazem

novas sinapses. E o que entendemos por aprendizagem? Aprendizagem, nada

mais é do que esse maravilhoso e complexo processo pelo qual o cérebro reage

aos estímulos do ambiente, ativa essas sinapses (ligações entre os neurônios por

onde passam os estímulos), tornado-as mais “intensas”. A cada estímulo novo, a

cada repetição de um comportamento que queremos que seja consolidado temos

circuitos que processam as informações que deverão ser então consolidadas.

A neurociência nos vem descortinar o que antes desconhecíamos sobre

o momento da aprendizagem. O cérebro, esse órgão fantástico e misterioso,

é matricial nesse processo do aprender. Suas regiões, lobos, sulcos, reentrâncias

tem sua função e real importância num trabalho em conjunto, onde cada um

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precisa e interage com o outro. Mas qual o papel e função de cada região

cerebral? Aonde o aprender tem realmente a sua sede e necessita ser estimulada

adequadamente? Conhecer o papel do hipocampo na consolidação de nossas

memórias, a importância do sistema límbico, responsável pelas nossas emoções,

desvendar os mistérios que envolvem a região frontal, sede da cognição,

linguagem e escrita, poder entender os mecanismos atencionais e

comportamentais de nossas crianças com TDAH, as funções executivas e o

sistema de comando inibitório do lobo pré-frontal é hoje fundamental na

educação, assim como, compreender as vias e rotas que norteiam a leitura e

escrita (regidas inicialmente pela região visual mais específica (parietal), que

reconhece as formas visuais das letras e depois acessando outras áreas para

que a codificação e decodificação dos sons sejam efetivas. Como não penetrar

nos mistérios da região temporal relacionado a percepção e identificações dos

sons onde os reconhece por completo? (área temporal verbal que produz os sons

para que possamos fonar as letras). Não esquecendo a região occipital que tem

como uma de suas funções coordenar e reconhecer os objetos assim como o

reconhecimento da palavra escrita. Assim, cada órgão se conecta e se interliga

nesse trabalho onde cada estrutura com seus neurônios específicos e

especializados desempenham um papel importantíssimo nesse aprender.

Podemos compreender desta forma que o uso de estratégias adequadas

em um processo de ensino dinâmico e prazeroso provocará, consequentemente,

alterações na quantidade e qualidade destas conexões sinápticas, afetando

assim o funcionamento cerebral de forma positiva e permanente com resultados

extremamente satisfatórios.

Estudos na área neurocientífica, centrados no manejo do aluno em sala de

aula, vem nos esclarecer que a aprendizagem ocorre quando dois ou mais

sistemas funcionam de forma inter relacionada. Assim, podemos entender, por

exemplo, como é valioso aliar a música e os jogos em atividades escolares, pois

há a possibilidade de se trabalhar simultaneamente mais de um sistema: o

auditivo, o visual e até mesmo o sistema tátil (a música possibilitando

dramatizações).

Os games (adorados pelas crianças e adolescentes), ainda em discussão

no âmbito acadêmico, são fantásticos na sua forma de manter nossos alunos

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plugados e podem ser mais uma ferramenta facilitadora, pois possibilita estimular

o raciocínio lógico, a atenção, a concentração, os conceitos matemáticos e

através de cruzadinhas e caça-palavras interativos, desenvolver a ortografia de

forma desafiadora e prazerosa para os alunos. Vários sites na internet nos

disponibilizam esses jogos.

Desta forma, o grande desafio dos educadores é viabilizar uma aula

que ‘facilite’ esse disparo neural, as sinapses e o funcionamento desses sistemas,

sem que necessariamente o professor tenha que saber se a melhor forma de seu

aluno lidar com os objetos externos é: auditiva, visual ou tátil. Quando ciente

da modalidade de aprendizagem do seu aluno, (e isso não está longe de termos

na formação de nossos educadores) o professor saberá quais estratégias mais

adequadas utilizar e certamente fará uso desse grande e inigualável meio

facilitador no processo ensino – aprendizagem.

Outra grande descoberta das neurociências é que através de

atividades prazerosas e desafiadoras o “disparo” entre as células neurais

acontece mais facilmente: as sinapses se fortalecem e redes neurais se

estabelecem com mais facilidade.

Mas como desencadear isso em sala de aula? Como o professor pode

ajudar nesse “fortalecimento neural”? Todo ensino desafiador ministrado de forma

lúdica tem esse efeito: aulas dinâmicas, divertidas, ricas em conteúdo visual e

concreto, onde o aluno não é um mero observador, passivo e distante, mas sim,

participante, questionador e ativo nessa construção do seu próprio saber.

O conteúdo antes desestimulante e repetitivo para o aluno e professor

ganha uma nova roupagem: agora propicia novas descobertas, novos saberes, é

dinâmico e flexível, plugado em uma era informatizada aonde a cada momento

novas informações chegam ao mundo desse aluno. Professor e aluno interagem

ativamente, criam, viabilizam possibilidades e meios de fazer esse saber,

construindo juntos a aprendizagem.

Uma aula enriquecida com esses pré-requisitos é mágica, envolvente

e dinâmica. É saber fazer uso de uma estratégia assertiva onde

conhecimentos neurocientíficos e educação caminham lado a lado. Mas como

isso é possível? O que fazer em sala de aula? A seguir veremos algumas

sugestões que podem ser adotadas:

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(5) Estabeleça regras para que haja um convívio harmonioso de todos em sala

de aula, fazendo com que os alunos sejam responsáveis pela organização,

limpeza e utilização dos materiais. Opinando e criando as regras e normas

adotadas, eles se sentirão responsáveis pela sala de aula.

2- Faça uso de materiais diversificados que explorem todos os sentidos.

Visual: mural, cartazes coloridos, filmes, livros, filmes educativos; Tátil:

material concreto e objetos de sucata planejados. Há uma riqueza de sites na

internet que nos disponibilizam atividades muito ricas e prazerosas. A criatividade

aflora e a aula se torna muito divertida; Auditivo: música e bandinhas feitas com

material de sucata, sempre com o conteúdo inserida nelas. A criação de músicas

sobre conteúdos é uma forma divertida de aprender. Talentos apareceram em

sala de aula. E quem não gosta de cantar? A aula fica muito rica e prazerosa!

3- Reserve um lugar com almofadas e tapete, para momentos de descanso

e reflexão. O “cantinho da leitura” é fundamental na sala de aula na ausência

de uma biblioteca. Relaxar após o trabalho prazeroso significa dar tempo para

o cérebro escanear todo o conteúdo que vai ser assimilado, ativar o

hipocampo (região responsável pelas memórias) e consolidar o que se aprendeu.

4- Estabeleça rotinas onde possam realizar trabalhos individuais, em dupla e

em grupo. Rotinas estabelecidas reforçam comportamentos assertivos

e organização. Crianças com TDAH, que apresentam mal funcionamento

das funções executivas se beneficiam com rotinas e regras pré estabelecidas).

O trabalho em equipe é extremamente prazeroso, ativa as regiões

límbicas (responsáveis pelas emoções) e como sabemos que o aprender está

ligado à emoção, a consolidação do conteúdo se faz de maneira mais

efetiva. (hipocampo).

5- Trabalhar o mesmo conteúdo de várias formas possibilita aos

alunos oportunidades de vivenciarem a aprendizagem de acordo com

suas possibilidades neurais. Dê aos mais rápidos, atividades que reforcem ainda

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mais esse conteúdo, que os mantenham atentos e concentrados, para que

aqueles que necessitem de maior tempo para realizar as atividades não sejam

prejudicados com conversas e agitação dos mais rápidos.

6- A flexibilidde em sala de aula permite uma aprendizagem mais dinâmica e

melhor percebida por todos os alunos. O professor que ministra bem os conflitos

em sala de aula, que tem “jogo de cintura” e apresenta o conteúdo com prazer,

mantém seus alunos “plugados” na aula.

Desta forma, sabedores deste mecanismo neural que impulsiona a

aprendizagem, das estratégias facilitadoras que estimulam as sinapses e

consolidam o conhecimento, desta magia onde cada estrutura cerebral se interliga

para que todos os canais sejam ativados. Assim, como numa orquestra

afinadíssima, onde a melodia sai perfeita, estar de posse desses importantes

conhecimentos e descobertas será como reger esta orquestra, onde o maestro

saberá o quão precisamente estão afinados seus instrumentos e como poderá

tirar deles melodias harmoniosas e suaves!

A neurociência se constitui assim em atual e uma grande aliada do professor

para poder identificar o indivíduo como ser único, pensante, atuante, que aprende

de uma maneira toda sua; única e especial. Desvendando os mistérios que

envolvem o cérebro na hora da aprendizagem, a neurociência disponibiliza ao

educador moderno (neuroeducador), impressionantes e sólidos conhecimentos

sobre como se processam a linguagem, a memória, o esquecimento, o

desenvolvimento infantil, as nuances do desenvolvimento cerebral desta infância

e os processos que estão envolvidos na aprendizagem a ele proporcionada.

Tomarmos posse desses novos e fascinantes conhecimentos é imprescindível e

de fundamental importância para uma pedagogia moderna, ativa, contemporânea,

que se mostre atuante e voltada às exigências do aprendizado em nosso mundo

globalizado, veloz, complexo e cada vez mais exigente.

Conceitos como neurônios, sinapses, sistemas atencionais (que viabilizam

o gerenciamento da aprendizagem), mecanismos mnemônicos (fundamentais

para o entendimento da consolidação das memórias), neurônios espelho, que

possibilitam a espécie humana progressos na comunicação, compreensão e no

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aprendizado e plasticidade cerebral, ou seja, o conhecimento de que o cérebro

continua a desenvolver-se, a aprender e a mudar não mais estarão sendo

discutidos apenas por neurocientistas, como até então imaginávamos. Estarão

agora, na verdade, em sala de aula, no dia a dia do educador, pois uma nova

visão de aprendizagem está a se delinear. O fracasso e insucesso escolar têm

hoje um novo olhar, já que uma nova e fascinante gama de informações e

conhecimentos está á disposição do educador moderno.

Graças à neurociência da aprendizagem, os transtornos comportamentais

e da aprendizagem passaram a ser mais facilmente compreendidos pelos

educadores uma vez que proporciona mais subsídios para a elaboração de

estratégias mais adequadas a cada caso. Um professor qualificado e capacitado,

um método de ensino adequado e uma família facilitadora dessa aprendizagem

são fatores fundamentais para que todo esse conhecimento que a neurociências

nos viabiliza seja efetivo, interagindo com as características do cérebro de nosso

aluno. Esta nova base de conhecimentos habilita o educador a ampliar ainda mais

as suas atividades educacionais, abrindo uma nova estrada no campo do

aprendizado e da transmissão do saber.

Retirado do site: www.ceitec.com.br/artigos/pagina-tres.html

4 FECHAMENTO (75 min.)

Como roteiro para a discussão e a produção de sínteses sobre as discussões, sugere-se que sejam abordadas, pelo grupo, as seguintes questões:

1. No que a diversidade afeta a prática pedagógica do professor?

2. A neurociência contribui para o bom desempenho do trabalho do

professor?

3. Professor, em sua opinião a neurociência pode ser uma aliada para

melhorar processos de ensino e aprendizagem?

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2º Encontro

Unidade 3

FINALIDADE DO ENCONTRO

Mostra ao professor – aluno que os transtornos funcionais específicos, segundo o MEC não caracteriza público-alvo da Educação Especial, mas que, cabe à Educação Especial orientar o atendimento às necessidades educacionais especiais desses alunos, mas que o Estado do Paraná, oferta apoio especializado em Sala de Recursos Multifuncionais. Atualizar o professor quanto as novas terminologias adotadas, no que se refere aos transtornos funcionais específicos e dificuldades de aprendizagem. Fazer com que o professor conheça os transtornos de aprendizagem a fim de flexibilizar a sua prática docente e proceder aos encaminhamentos necessários em benefício do seu aluno.

EXPECTAVIVA DE APRENDIZAGEM

Ao final deste encontro, pretende-se que o professor- aluno seja capaz de discutir, criticamente, sobre as relações existentes entre a prática docente e a aprendizagem. Discutir sobre sua tarefa de ensinar a partir do referencial das peculiaridades do desenvolvimento e aprendizagem dos diferentes alunos.

CONTEÚDO Transtorno de Aprendizagem

MATERIAL

Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação inclusiva do Ministério da Educação (2010).

Instrução 16/11– SEED/SUED – PR

BARBOSA, Priscila de Sousa. Dificuldades de aprendizagem – São Luis: UemaNet, 2015.

FONTES, Maria Alice. O que são Transtornos de Aprendizagem? Causas, tipos e tratamento. Disponível em: http://www.plenamente.com.br/artigo/194/-que-sao-transtornos-aprendizagem-causas-tipos.php#.WB3vO9IrK1s

SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES

1 Estudo dirigido 75 min.

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Transtornos funcionais específicos

No documento Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da

Educação inclusiva do Ministério da Educação (MEC), os transtornos funcionais

Específicos referem-se a funcionalidade específica (intrínsecas) do sujeito, sem o

comprometimento intelectual do mesmo. Diz respeito a um grupo heterogêneo de

alterações manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e uso da

audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas, na atenção e

concentração (BRASIL, 2010).

Independentemente do posicionamento teórico para classificação dos alunos que

apresentam dificuldades específicas de aprendizagem no contexto educacional, a

Secretaria de Estado da Educação/Departamento de Educação Especial -

SEED/DEE tem como referência de nomenclatura a classificação adotada pelo

MEC. Os casos, que implicam em transtornos funcionais específicos, segundo o

MEC não caracterizam público-alvo da Educação Especial. Devendo a educação

especial atuar de forma articulada com o ensino comum, orientando para o

atendimento às necessidades educacionais especiais desses alunos. Porém, no

estado do Paraná, por entender que esse grupo de alunos necessita de um

complemento à escolarização da classe comum para o desenvolvimento de sua

aprendizagem, a SUED/DEE oferta este apoio especializado em Sala de

Recursos Multifuncionais, atendimento normatizado pela Instrução 16/11–

SEED/SUED – PR. Segundo a Instrução nº 016/2011 da SEED/SUED, a Sala de

Recursos Multifuncional – Tipo I, na Educação Básica deverá obrigatoriamente

estar contemplado no Projeto Político Pedagógico e no Regimento da Escola com

uma organização de materiais didáticos, recursos pedagógicos e equipamentos

tecnológicos que possibilitem a acessibilidade e estimulem a valorização, a

cooperação, a reciprocidade no processo de promoção do desenvolvimento

cognitivo, afetivo, motor e social.

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Dificuldades de aprendizagem

Transtornos Funcionais Específicos

Priscila de Sousa Barbosa

Estudos recentes mostram que as Dificuldades de Aprendizagem são

caracterizadas pela desordem ou disfunção no processo de aprender. Porém,

com o aprofundamento teórico sobre suas possíveis causas e na busca por sua

melhor definição muitas outras terminologias surgiram para tentar explicar o que

de fato são estes déficits no aprendizado. Assim, surgiram algumas

denominações utilizadas para tratar a situações destes alunos. Denominações

como: transtornos de aprendizagem; transtornos específicos de aprendizagem;

transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares;

transtornos funcionais específicos; problemas de aprendizagem; e distúrbios de

aprendizagem.

As dúvidas sobre o uso terminológico é comum, pois de acordo com as

professoras Makishima e Zamproni (2012) ao discutir sobre esta questão elencam

três formas principais de nomear as dificuldades de aprendizagem ou, como por

elas indicados, os transtornos funcionais específicos: concepção do DSM-

IV(1994); concepção do CID-10 (2008); e concepção do Ministério da Educação.

Porém, o DSM-IV (1994) sofreu recentemente reformulação, renomeando o termo

transtornos funcionais específicos para Transtorno Específico da Aprendizagem,

de acordo com o DSM-5 (2014). Importante ressaltar que a atual descrição do

Transtorno Específico da Aprendizagem como um Transtorno do

Neurodesenvolvimento segundo o DSM-5 (2014) vem dar destaque aos

transtornos que se originam no início do desenvolvimento infantil e se destacam

quando a criança entra na escola.

Os Transtornos do Neurodesenvolvimento são caracterizados por déficits no

desenvolvimento que geram prejuízos no funcionamento pessoal, social,

acadêmico ou profissional (DSM-5, 2014), os quais podem se apresentar de

forma associada entre eles ou com outros transtornos ou deficiências.

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Barbosa, Priscila de Sousa. Dificuldades de aprendizagem – São Luis: UemaNet, 2015

2 INTERVALO (15 min.)

3 Estudo dirigido (75 min.)

Leitura dos textos:

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O que são Transtornos de

Aprendizagem?

Causas, tipos e tratamento.

Maria Alice Fontes

A aprendizagem vem sendo estudada cientificamente desde o século passado,

embora tenha tomado maior espaço e relevância no meio acadêmico entre as

décadas de 1950 e 1970. Junto com os avanços obtidos com as pesquisas,

diversos conceitos foram apresentados como uma tentativa de melhor explicar a

aprendizagem e como se dá o seu processo. Apesar de existir diferentes

conceitos, todos eles concordam que a aprendizagem implica numa relação

bilateral, tanto da pessoa que ensina como da que aprende. Dessa forma, a

aprendizagem é melhor definida como um processo evolutivo e constante, que

envolve um conjunto de modificações no comportamento do indivíduo, tanto a

nível físico como biológico, e do ambiente no qual está inserido, onde todo esse

processo emergirá sob a forma de novos comportamentos.

Sendo a aprendizagem um processo constituído por diversos fatores, é

importante ressaltar que além do aspecto fisiológico referente ao aprender, como

os processos neurais ocorridos no sistema nervoso, as funções psicodinâmicas

do indivíduo necessitam apresentar um certo equilíbrio, sob a forma de controle e

integridade emocional para que ocorra a aprendizagem. Entretanto, "o

desenvolvimento harmonioso da aprendizagem representa um ideal, uma norma

utópica, mais do que uma realidade. Dessa forma, o normal e o patológico na

aprendizagem escolar, assim como no equilíbrio psicoafetivo, não podem ser

considerados como dois estados distintos um do outro, separados com rigor por

uma fronteira ou um grande fosso"(Ajuriaguerra e Marcelli in Möojen, 2001).

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Apesar disso, é importante estabelecer uma diferenciação entre o que é uma

dificuldade de aprendizagem e o que é um quadro de Transtorno de

Aprendizagem. Muitas crianças em fase escolar apresentam certas dificuldades

em realizar uma tarefa, que podem surgir por diversos motivos, como problemas

na proposta pedagógica, capacitação do professor, problemas familiares ou

déficits cognitivos, entre outros. A presença de uma dificuldade de aprendizagem

não implica necessariamente em um transtorno, que se traduz por um conjunto de

sinais sintomatológicos que provocam uma série de perturbações no aprender da

criança, interferindo no processo de aquisição e manutenção de informações de

uma forma acentuada. 1

O que são Transtornos de Aprendizagem?

Os Transtornos de Aprendizagem compreendem uma inabilidade específica,

como leitura, escrita ou matemática, em indivíduos que apresentam resultados

significativamente abaixo do esperado para o seu nível de desenvolvimento,

escolaridade e capacidade intelectual.

Em 1988, o National Joint Comittee on Learning Disabilities apresentou uma

conceituação muito bem aceita e aplicada sobre os problemas de aprendizagem:

"Dificuldade de aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo

heterogêneo de transtornos manifestados por dificuldades significativas na

aquisição e uso da escuta, da fala, da leitura, escrita, raciocínio ou habilidades

matemáticas. Estes transtornos são intrínsecos ao indivíduo, supondo-se que são

devido à disfunção do sistema nervoso central, e podem ocorrer ao longo do ciclo

vital. Podem existir junto com as dificuldades de aprendizagem, problemas nas

condutas de auto-regulação, percepção social e interação social, mas não

constituem por si próprias, uma dificuldade de aprendizado. Ainda que as

dificuldades de aprendizado possam ocorrer concomitantemente com outras

condições incapacitantes como, por exemplo, transtornos emocionais graves ou

com influências extrínsecas (tais como as diferenças culturais, instrução

inapropriada ou insuficiente), não são o resultado dessas condições ou

influências".

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Atualmente, a descrição dos Transtornos de Aprendizagem é encontrada em

manuais internacionais de diagnóstico, tanto no CID-10, elaborado pela

Organização Mundial de Saúde (1992), como no DSM-V, organizado pela

Associação Psiquiátrica Americana (2013). Ambos os manuais reconhecem a

falta de exatidão do termo "transtorno", justificando seu emprego para evitar

problemas ainda maiores, inerentes ao uso das expressões "doença" ou

"enfermidade".

No DSM-V

Quais são as causas?

De acordo com o DSM-V, o transtorno específico da aprendizagem é um

transtorno do neurodesenvolvimento com uma origem biológica que é a base das

anormalidades no nível cognitivo as quais são associadas com as manifestações

comportamentais. A origem biológica inclui uma interação de fatores genéticos,

epigenéticos e ambientais que influenciam a capacidade do cérebro para

perceber ou processar informações verbais ou não verbais com eficiência e

exatidão.

A real etiologia dos Transtornos de Aprendizagem ainda não foi esclarecida pelos

cientistas, embora existam algumas hipóteses sobre suas causas. Sabe-se que

sua etiologia é multifatorial, 6 porém ainda são necessárias pesquisas para

melhor identificar e elucidar essa questão. 4

O CID-10 esclarece que a etiologia dos Transtornos de Aprendizagem não é

conhecida, mas que há "uma suposição de primazia de fatores biológicos, os

quais interagem com fatores não-biológicos". Ambos os manuais informam que os

transtornos não podem ser consequência de:

• falta de oportunidade de aprender;

• descontinuidades educacionais resultantes de mudanças de escola;

• traumatismos ou doença cerebral adquirida;

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• comprometimento na inteligência global;

• comprometimentos visuais ou auditivos não corrigidos;

Atualmente, acredita-se na origem dos Transtornos de Aprendizagem a partir de

distúrbios na interligação de informações em várias regiões do cérebro, os quais

podem ter surgido durante o período de gestação.

O desenvolvimento cerebral do feto é um fator importante que contribui para o

processo de aquisição, conexão e atribuição de significado às informações, ou

seja, da aprendizagem. Dessa foram, qualquer fator que possa alterar o

desenvolvimento cerebral do feto facilita o surgimento de um quadro de

Transtorno de Aprendizagem, que possivelmente só será identificado quando a

criança necessitar expressar suas habilidades intelectuais na fase escolar.

Existem fatores sociais que também são determinantes na manutenção dos

problemas de aprendizagem, e entre eles o ambiente escolar e contexto familiar

são os principais componentes desses fatores. Quanto ao ambiente escolar, é

necessário verificar a motivação e a capacitação da equipe de educadores, a

qualidade da relação professor-aluno-família, a proposta pedagógica, e o grau de

exigência da escola, que, muitas vezes, está preocupada com a competitividade e

põe de lado a criatividade de seus alunos. Em relação ao ambiente familiar,

famílias com alto nível sociocultural podem negar a existência de dificuldades

escolares da criança. Há também casos em que a família apresenta um nível de

exigência muito alto, com a visão voltada para os resultados obtidos, podendo

desenvolver na criança um grau de ansiedade que não permite um processo de

aprendizagem adequado.

Quais são os tipos de Transtornos de Aprendizagem?

Tanto o CID-10, como o DSM-V apresentam basicamente três tipos de

transtornos específicos: o Transtorno com prejuízo na leitura, o Transtorno com

prejuízo na matemática, e o Transtorno com prejuízo na expressão escrita. A

caracterização geral destes transtornos não difere muito entre os dois manuais.

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1. Transtorno da Leitura

O Transtorno da Leitura, alternativamente conhecido como dislexia, é um

transtorno caracterizado por problemas no reconhecimento preciso ou fluente de

palavras, problemas de decodificação e dificuldade de ortografia. Dessa forma,

pode-se afirmar que se trata de um transtorno específico das habilidades de

leitura, que sob nenhuma hipótese está relacionado à idade mental, problemas de

acuidade visual ou baixo nível de escolaridade. 6

O DSM-V classifica como critérios diagnósticos para o Transtorno da Leitura:

• Leitura de palavras de forma imprecisa ou lenta e com esforço (p. ex., lê

palavras isoladas em voz alta, de forma incorreta ou lenta e hesitante,

frequentemente adivinha palavras, tem dificuldade de soletrá-las).

• Dificuldade para compreender o sentido do que é lido (p. ex., pode ler o texto

com precisão, mas não compreende a seqüência, as relações, as inferências ou

os sentidos mais profundos do que é lido).

2. Transtorno da Matemática

O Transtorno da Matemática, também conhecido como discalculia, não é

relacionado à ausência de habilidades matemáticas básicas, como contagem, e

sim, na forma com que a criança associa essas habilidades com o mundo que a

cerca. 1

A aquisição de conceitos matemáticos e outras atividades que exigem raciocínio

são afetadas neste transtorno, cuja baixa capacidade para manejar números e

conceitos matemáticos não é originada por uma lesão ou outra causa orgânica.7

Em geral, o Transtorno da Matemática é encontrado em combinação com o

Transtorno da Leitura ou Transtorno da Expressão Escrita.

O Transtorno da Matemática, segundo o DSM-V, é caracterizado por:

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• Dificuldades para dominar o senso numérico, fatos numéricos ou cálculo (p. ex.,

entende números, sua magnitude e relações de forma insatisfatória; conta com os

dedos para adicionar números de um dígito em vez de lembrar o fato aritmético,

como fazem os colegas; perde-se no meio de cálculos aritméticos e pode trocar

as operações).

• Dificuldades no raciocínio (p. ex., tem grave dificuldade em aplicar conceitos,

fatos ou operações matemáticas para solucionar problemas quantitativos).

3. Transtorno da Expressão Escrita

Um transtorno apenas de ortografia ou caligrafia, na ausência de outras

dificuldades da expressão escrita, em geral, não se presta a um diagnóstico de

Transtorno da Expressão Escrita. Neste transtorno geralmente existe uma

combinação de dificuldades na capacidade de compor textos escritos,

evidenciada por erros de gramática e pontuação dentro das frases, má

organização dos parágrafos, múltiplos erros ortográficos ou fraca caligrafia, na

ausência de outros prejuízos na expressão escrita.

Em comparação com outros Transtornos de Aprendizagem, sabe-se

relativamente menos acerca do Transtorno da Expressão Escrita e sobre o seu

tratamento, particularmente quando ocorre na ausência de Transtorno de Leitura.

Existem algumas evidências de que déficits de linguagem e percepto-motores

podem acompanhar este transtorno.

O Transtorno da Expressão Escrita, de acordo com os critérios diagnósticos do

DSM-V, são:

• Dificuldades para ortografar (ou escrever ortograficamente) (p. ex., pode

adicionar, omitir ou substituir vogais e consoantes).

• Dificuldades com a expressão escrita (p. ex., comete múltiplos erros de

gramática ou pontuação nas frases; emprega organização inadequada de

parágrafos; expressão escrita das ideias sem clareza).

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Os Transtornos da Comunicação, os Transtornos Motores e o Transtorno de

Déficit de Atenção/Hiperatividade são também objetos de estudo das dificuldades

de aprendizagem por estarem diretamente ligados ao uso das habilidades

acadêmicas funcionais e por provocarem problemas na autoestima e nas relações

sociais.

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um dos

transtornos neuropsiquiátricos mais conhecidos na infância que ocasiona sérias

dificuldades para o processo de aprendizagem. Isto se deve à baixa concentração

de dopamina e/ou noradrenalina em regiões sinápticas do lobo frontal, leva o

indivíduo a uma tríade sintomatológica de falta de atenção, hiperatividade e

impulsividade.

Atualmente, o DSM-V trouxe algumas mudanças em relação ao TDAH; agora é

possível estabelecer o diagnóstico deste transtorno concomitantemente com o

quadro de autismo, o que antes não era possível. Anteriormente também, era

necessário demonstrar que os sintomas estivessem presentes antes dos 7 anos

de idade, atualmente o limite de idade foi modificado para 12 anos.

O novo DSM-5 traz a opção de TDAH com Remissão Parcial, que deve ser

empregado naqueles casos onde houve diagnóstico pleno de TDAH

anteriormente (isto é, de acordo com todos os critérios), porém com um menor

numero de sintomas atuais. Além disto, ma última novidade do DSM-V é a

possibilidade de se classificar o TDAH em Leve, Moderado e Grave, de acordo

com o grau de comprometimento que os sintomas causam na vida do indivíduo.

Tratamento

A maioria das crianças necessita de intervenção psicopedagógica e/ou

fonoaudiológica e continua participando das aulas convencionais oferecidas pela

escola. Porém, existem casos em que o grau do transtorno exige que a criança

passe por programas educativos individuais e intensivos. Independentemente do

caso, é importante que a criança continue a assistir e a participar das atividades

escolares normais. Cabe ao profissional que acompanha a criança ou

adolescente realizar contatos com a escola a fim de estabelecer uma maior

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qualidade do processo de aprendizagem, através da inter-relação dos aspectos

exigidos pela escola e do que a criança é capaz de oferecer para suprir tais

necessidades.

Além de um melhor enquadramento da proposta educacional, outras variáveis

que implicam nos Transtornos de Aprendizagem deverão passar por um processo

terapêutico. Assim, é necessário que ao se fazer uma avaliação de um quadro de

Transtorno de Aprendizagem, o profissional esteja atento para identificar se

existem fatores psicológicos que contribuem para a manutenção do problema.

Caso esta variável esteja presente, o psicólogo é o profissional indicado para

tratar dos problemas emocionais vinculados ao tipo de Transtorno.

O tratamento farmacológico, associado ao atendimento psicopedagógico deve ser

dirigido por um psiquiatra ou neurologista, sendo indicado, por exemplo, em casos

nos quais as capacidades de atenção e concentração da criança encontram-se

debilitadas.

Maria Alice Fontes, texto retirado do site: http://www.plenamente.com.br/artigo.php?FhIdArtigo=194#.WBzKN9IrK1s

Referências Bibliográficas • CIASCA, S. M. (org.) Distúrbios de aprendizagem: proposta de avaliação interdisciplinar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003, 220p. • MÖOJEN, S. M. P. Caracterizando os Transtornos de Aprendizagem. In: BASSOLS, A. M. S. e col. Saúde mental na escola: uma abordagem multidisciplinar. Porto Alegre: Editora Mediação, 2003. • AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2014. • http://www.nimh.nih.gov/publicat/learndis.htm • http://www.nichcy.org/pubs/factshe/fs7xt.htm • SHINTANI, K.; ARMOND, L; ROLIM, V. Dificuldades escolares. http://www.infomed.hpg.ig.com.br/dificuldades_escolares.html • LAFFUE, Transtornos Del aprendizaje. Buenos Aires, 2002. • http://www.tdah.org.br/br/textos/textos/item/964-entenda-o-tdah-nos-crit%C3%A9rios-do-dsm-v.html. Acesso em 20/02/2015.

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110

• http://www.tdah.org.br/br/textos/textos/item/1065-tdah-e-o-processo-de-aprendizagem.html. Acesso em 20/02/2015.

4 FECHAMENTO (75 min.)

O professor PDE deverá auxiliar os participantes, em sua discussão geral, introduzindo questões que ampliem o foco de análise dos professores, provocando o estabelecimento de relações lógicas entre as noções aqui tratadas sobre a aprendizagem e a prática docente, focalizando a diversidade que constitui o alunado de uma sala de aula e a forma de procurar responder, pedagogicamente, às peculiaridades de cada aluno.

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UNIDADE 4

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A Escola Inclusiva

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1º Encontro Unidade 4

FINALIDADE DO ENCONTRO

Apresentar ao professor – aluno reflexões que o levem a perceber que Cada um tem necessidades educacionais específicas, às quais o professor tem que responder pedagogicamente, caso queira cumprir com seu papel primordial de garantir o acesso, a todos, ao conhecimento historicamente produzido pela humanidade, e ao seu uso na relação com a realidade social, na qual nos encontramos inseridos, e que nos cabe transformar.

EXPECTAVIVA DE APRENDIZAGEM

Ao final deste encontro, pretende-se que o professor- aluno seja capaz expressar um novo olhar sobre a deficiência e as necessidades educacionais especiais. Considerando o papel da escola na produção do fracasso escolar.

CONTEÚDO Inclusão educacional; Identidade; Diferenças;

MATERIAL

Ropoli, Edilene Aparecida. A Educação Especial na

Perspectiva da Inclusão Escolar: a escola comum

inclusiva / Edilene Aparecida Ropoli ... [et.al.]. - Brasília:

Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial;

[Fortaleza]: Universidade Federal do Ceará, 2010. V. 1.

Coleção A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão

Escolar.

SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES

1. Estudo dirigido (75 min.)

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Sobre identidade

E diferenças na escola

A inclusão rompe com os paradigmas que sustentam o conservadorismo das

escolas, contestando os sistemas educacionais em seus fundamentos. Ela

questiona a fixação de modelos ideais, a normalização de perfis específicos de

alunos e a seleção dos eleitos para frequentar as escolas, produzindo, com isso,

identidades e diferenças, inserção e/ou exclusão. O poder institucional que

preside a produção das identidades e das diferenças define como normais e

especiais não apenas os alunos, como também as suas escolas. Os alunos

das escolas comuns são normais e positivamente valorados. Os alunos das

escolas especiais são os negativamente concebidos e diferenciados. Os sistemas

educacionais constituídos a partir da oposição - alunos normais e alunos

especiais - sentem-se abalados com a proposta inclusiva de educação, pois não

só criaram espaços educacionais distintos para seus alunos, a partir de uma

identidade específica, como também esses espaços estão organizados

pedagogicamente para manter tal separação, definindo as atribuições de seus

professores, currículos, programas, avaliações e promoções dos que fazem parte

de cada um desses espaços. Os que têm o poder de dividir são os que

classificam, formam conjuntos, escolhem os atributos que definem os alunos e

demarcam os espaços, decidem quem fica e quem sai destes, quem é incluído ou

excluído dos agrupamentos escolares.

Ambientes escolares inclusivos são fundamentados em uma concepção de

identidade e diferenças, em que as relações entre ambas não se ordenam em

torno de oposições binárias (normal/especial, branco/negro, masculino/feminino,

pobre/rico). Neles não se elege uma identidade como norma privilegiada em

relação às demais. Em ambientes escolares excludentes, a identidade normal é

tida sempre como natural, generalizada e positiva em relação às demais, e sua

definição provém do processo pelo qual o poder se manifesta na escola, elegendo

uma identidade específica através da qual as outras identidades são avaliadas e

hierarquizadas. Esse poder que define a identidade normal, detido por

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professores e gestores mais próximos ou mais distantes das escolas, perde a sua

força diante dos princípios educacionais inclusivos, nos quais a identidade não é

entendida como natural, estável, permanente, acabada, homogênea,

generalizada, universal. Na perspectiva da inclusão escolar, as identidades são

transitórias, instáveis, inacabadas e, portanto, os alunos não são categorizáveis,

não podem ser reunidos e fixados em categorias, grupos, conjuntos, que se

definem por certas características arbitrariamente escolhidas. É incorreto,

portanto, atribuir a certos alunos identidades que os mantêm nos grupos de

excluídos, ou seja, nos grupos dos alunos especiais, com necessidades

educacionais especiais,

portadores de deficiências, com problemas de aprendizagem e outros tais. É

incabível fixar no outro uma identidade normal, que não só justifica a exclusão dos

demais, como igualmente determina alguns privilegiados.

A educação inclusiva questiona a artificialidade das identidades normais e

entende as diferenças como resultantes da multiplicidade, e não da diversidade,

como comumente se proclama. Trata-se de uma educação que garante o direito à

diferença e não à diversidade, pois assegurar o direito à diversidade é continuar

na mesma, ou seja, é seguir reafirmando o idêntico.

A diferença (vem) do múltiplo e não do diverso. Tal como ocorre na aritmética, o múltiplo é sempre um processo, uma operação, uma ação. A diversidade é estática, é um estado, é estéril. A multiplicidade é ativa, é fluxo, é produtiva. A multiplicidade é uma máquina de produzir diferenças - diferenças que são irredutíveis à identidade. A diversidade limita-se ao existente. A multiplicidade estende e multiplica, prolifera, dissemina. A diversidade é um dado - da natureza ou da cultura. A multiplicidade é um movimento. A diversidade reafirma o idêntico. A multiplicidade estimula a diferença que se recusa a se fundir com o idêntico (SILVA, 2000, p.100-101).

De fato, a diversidade na escola comporta a criação de grupos de idênticos,

formados por alunos que têm uma mesma característica, selecionada para reuni-

los e separá-los. Ao nos referirmos a uma escola inclusiva como aberta à

diversidade, ratificamos o que queremos extinguir com a inclusão escolar, ou seja,

eliminamos a possibilidade de agrupar alunos e de identificá-los por uma de suas

características (por exemplo, a deficiência), valorizando alguns em detrimento de

outros e mantendo escolas comuns e especiais. Atenção, pois ao denominarmos

as propostas, programas e iniciativas de toda ordem direcionadas à inclusão,

insistimos nesse aspecto, dado que somos nós mesmos quem atribuímos

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116

significado, pela escolha das palavras que utilizamos para expressá-lo. É por

meio da representação que a diferença e a identidade passam a existir e temos,

dessa forma, ao representar o poder de definir identidades, currículos e práticas

escolares.

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Escola dos diferentes

ou escola das diferenças?

A educação inclusiva concebe a escola como um espaço de todos, no qual os

alunos constroem o conhecimento segundo suas capacidades, expressam suas

idéias livremente, participam ativamente das tarefas de ensino e se desenvolvem

como cidadãos, nas suas diferenças.

Nas escolas inclusivas, ninguém se conforma a padrões que identificam os alunos

como especiais e normais, comuns. Todos se igualam pelas suas diferenças!

A inclusão escolar impõe uma escola em que todos os alunos estão inseridos sem

quaisquer condições pelas quais possam ser limitados em seu direito de participar

ativamente do processo escolar, segundo suas capacidades, e sem que nenhuma

delas possa ser motivo para uma diferenciação que os excluirá das suas turmas.

Como garantir o direito à diferença nas escolas que ainda entendem que as

diferenças estão apenas em alguns alunos, naqueles que são negativamente

compreendidos e diagnosticados como problemas, doentes, indesejáveis e a

maioria sem volta?

O questionamento constante dos processos de diferenciação entre escolas e

alunos, que decorre da oposição entre a identidade normal de alguns e especial

de outros, é uma das garantias permanentes do direito à diferença. Os alvos

desse questionamento devem recair diretamente sobre as práticas de ensino que

as escolas adotam e que servem para excluir. Os encaminhamentos dos alunos

às classes e escolas especiais, os currículos adaptados, o ensino diferenciado, a

terminalidade específica dos níveis de ensino e outras soluções precisam ser

indagados em suas razões de adoção, interrogados em seus benefícios,

discutidos em seus fins, e eliminados por completo e com urgência. São essas

medidas excludentes que criam a necessidade de existirem escolas para atender

aos alunos que se igualam por uma falsa normalidade - as escolas comuns - e

que instituem as escolas para os alunos que não cabem nesse grupo - as escolas

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118

especiais. Ambas são escolas dos diferentes, que não se alinham aos propósitos

de uma escola para todos.

Quando entendemos esses processos de diferenciação pela deficiência ou por

outras características que elegemos para excluir, percebemos as discrepâncias

que nos faziam defender as escolas dos diferentes como solução privilegiada

para atender às necessidades dos alunos. Acordamos, então, para o sentido

includente das escolas das diferenças. Essas escolas reúnem, em seus espaços

educacionais, os alunos tais quais eles são: únicos, singulares, mutantes,

compreendendo-os como pessoas que diferem umas das outras, que não

conseguimos conter em conjuntos definidos por um único atributo, o qual

elegemos para diferenciá-las.

Referências:

Ropoli, Edilene Aparecida. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: a escola

comum inclusiva / Edilene Aparecida Ropoli ... [et.al.]. - Brasília: Ministério da Educação,

Secretaria de Educação Especial; [Fortaleza]: Universidade Federal do Ceará, 2010. V. 1. Coleção

A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar.

2. INTERVALO 15 (min.)

3. Estudo dirigido (75 min.)

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A escola comum

Na perspectiva inclusiva

A escola das diferenças é a escola na perspectiva inclusiva, e sua pedagogia tem

como mote questionar, colocar em dúvida, contrapor-se, discutir e reconstruir as

práticas que, até então, têm mantido a exclusão por instituírem uma organização

dos processos de ensino e de aprendizagem incontestáveis, impostos e firmados

sobre a possibilidade de exclusão dos diferentes, à medida que estes são

direcionados para ambientes educacionais à parte. A escola comum se torna

inclusiva quando reconhece as diferenças dos alunos diante

do processo educativo e busca a participação e o progresso de todos, adotando

novas práticas pedagógicas. Não é fácil e imediata a adoção dessas novas

práticas, pois ela depende de mudanças que vão além da escola e da sala de

aula. Para que essa escola possa se concretizar, é patente a necessidade de

atualização e desenvolvimento de novos conceitos, assim como a redefinição e a

aplicação de alternativas e práticas pedagógicas e educacionais compatíveis com

a inclusão. Um ensino para todos os alunos há que se distinguir pela sua

qualidade. O desafio de fazê-lo acontecer nas salas de aulas é uma tarefa a ser

assumida por todos os que compõem um sistema educacional. Um ensino de

qualidade provém de iniciativas que envolvem professores, gestores,

especialistas, pais e alunos e outros profissionais que compõem uma rede

educacional em torno de uma proposta que é comum a todas as escolas e que,

ao mesmo tempo, é construída por cada uma delas, segundo as suas

peculiaridades. O Projeto Político Pedagógico é o instrumento por excelência para

melhor desenvolver o plano de trabalho eleito e definido por um coletivo escolar;

ele reflete a singularidade do grupo que o produziu, suas escolhas e

especificidades. Nas escolas inclusivas, a qualidade do ensino não se confunde

com o que é ministrado nas escolas-padrão, consideradas como as que melhor

conseguem expressar um ideal pedagógico inquestionável, medido e definido

objetivamente e que se apresentam como modelo a ser seguido e aplicado em

qualquer contexto escolar. As escolas-padrão cabem na mesma lógica que define

as escolas dos diferentes, em que as iniciativas para melhorar o ensino continuam

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elegendo algumas escolas e valorando-as positivamente, em detrimento de

outras. Cada escola é única e precisa ser, como os seus alunos, reconhecida e

valorizada nas suas diferenças.

Referências:

Ropoli, Edilene Aparecida. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: a escola

comum inclusiva / Edilene Aparecida Ropoli ... [et.al.]. - Brasília: Ministério da Educação,

Secretaria de Educação Especial; [Fortaleza]: Universidade Federal do Ceará, 2010. V. 1. Coleção

A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar

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Mudanças na escola

Para atender a todos e atender melhor, a escola atual tem de mudar, e a tarefa de

mudar a escola exige trabalho em muitas frentes. Cada escola, ao abraçar esse

trabalho, terá de encontrar soluções próprias para os seus problemas. As

mudanças necessárias não acontecem por acaso e nem por Decreto, mas fazem

parte da vontade política do coletivo da escola, explicitadas no seu Projeto

Político Pedagógico - PPP e vividas a partir de uma gestão escolar democrática.

É ingenuidade pensar que situações isoladas são suficientes para definir a

inclusão como opção de todos os membros da escola e configurar o perfil da

instituição. Não se desconsideram aqui os esforços de pessoas bem

intencionadas, mas é preciso ficar claro que os desafios das mudanças devem ser

assumidos e decididos pelo coletivo escolar.

A organização de uma sala de aula é atravessada por decisões da escola que

afetam os processos de ensino e de aprendizagem. Os horários e rotinas

escolares não dependem apenas de uma única sala de aula; o uso dos espaços

da escola para atividades a serem realizadas fora da classe precisa ser

combinado e sistematizado para o bom aproveitamento de todos; as horas de

estudo dos professores devem coincidir para que a formação continuada seja

uma aprendizagem colaborativa; a organização do Atendimento Educacional

Especializado - AEE não pode ser um mero apêndice na vida escolar ou da

competência do professor que nele atua.

Um conjunto de normas, regras, atividades, rituais, funções, diretrizes,

orientações curriculares e metodológicas, oriundo das diversas instâncias

burocrático-legais do sistema educacional, constitui o arcabouço pedagógico e

administrativo das escolas de uma rede de ensino. Trata-se do que está

INSTITUÍDO e do que Libâneo e outros autores (2003) analisaram

pormenorizadamente.

Nesse INSTITUÍDO, estão os parâmetros e diretrizes curriculares, as leis, os

documentos das políticas, os regimentos e demais normas do sistema. Em

contrapartida, existe um espaço e um tempo a serem construídos por todas as

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pessoas que fazem parte de uma instituição escolar, porque a escola não é uma

estrutura pronta e acabada a ser perpetuada e reproduzida de geração em

geração. Trata-se do INSTITUINTE. A escola cria, nas possibilidades abertas pelo

INSTITUINTE, um espaço de realização pessoal e profissional que confere à

equipe escolar a possibilidade de definir o seu horário escolar, organizar projetos,

módulos de estudo e outros, conforme decisão colegiada.

Assim, confere autonomia a toda equipe escolar, acreditando no poder criativo e

inovador dos que fazem e pensam a educação.

Referências:

Ropoli, Edilene Aparecida. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: a escola comum inclusiva / Edilene Aparecida Ropoli ... [et.al.]. - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial; [Fortaleza]: Universidade Federal do Ceará, 2010. V. 1. Coleção A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar

4. FECHAMENTO (75 min.)

Apresentar o mesmo questionário do 1º encontro do grupo de estudos e recolher para análise comparativa entre as respostas de ambos. QUESTIONÁRIO

1. Para você professor, o que é currículo?

2. Professor, qual a sua concepção acerca de adaptação curricular?

3. Qual a sua concepção sobre deficiência?

4. Professor, qual a sua visão acerca dos alunos com necessidades

educacionais especiais nas classes regulares?

5. Como você vê o uso das tecnologias nas escolas de forma geral?

6. Você acha viável incluir as Tecnologias no processo de ensino

aprendizagem?

7. Professor, você sabe o que é Tecnologia Assistiva?

8. Como você, professor, está auxiliando seus alunos na formação da

sua identidade? Qual identidade ajuda a formar com suas aulas e

atividades?

9. Professor, como você está contribuindo para a sensação de

pertencimento dos seus alunos ao grupo?

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10. Como você concebe o fato de ter que trabalhar com as diferenças?

11. As interações dos grupos nas salas de aula colaboram com as

identidades que estão construídas? Elas reforçam positivamente ou

negativamente? Desafiam os alunos de maneira positiva ou

desorganizam?