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A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA: A TRAJETÓRIA DO MUSEU REGIONAL CASA DOS OTTONI EM SERRO, MINAS GERAIS. Luiz Fernando Reis Mestre em Arquitetura UFRJ - PROARQ Professor UFViçosa Doutorando UFRJ – PROARQ Elizabete Rodrigues de Campos Martins Professora Associada UFRJ / FAU / PROARQ Abstract This paper analyzes the history of the Regional Museum "House of Ottoni”, located in the city of Serro, Minas Gerais, which is part of the Brazilian Institute of Museums – IBRAM. This trajectory was related with actions aimed at creating IPHAN and deployment of the museum and the discourse of the institution in its two main phases: the first concerning the administration of Rodrigo Mello Franco de Andrade, which is characterized the efforts to preserve and transfer the domain of the House to the National Artist Heritage, and the second, when the administration of Aloisio Magalhães, when prevailed the discourse and actions for the integration of heritage to the social context where it was inserted. Palavras-chave: Museus; Casas Históricas; Patrimônio Cultural. Introdução O presente trabalho analisa a trajetória do Museu Regional “Casa dos Ottoni”, localizado na cidade do Serro, Minas Gerais, que integra o Sistema Brasileiro de Museus do Instituto Brasileiro de Museus - IBRAM, Nessa trajetória, foram relacionadas as ações IPHAN destinadas à criação e implantação do museu e o discurso da instituição em suas duas principais fases: a primeira, relativa à administração de Rodrigo Mello Franco de Andrade, em que é caracterizada a luta pela preservação e transferência de domínio da Casa para o Patrimônio Artístico Nacional e a segunda, na administração de Aloísio Magalhães, quando

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A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA: A TRAJETÓRIA DO MUSEU REGIONAL

CASA DOS OTTONI EM SERRO, MINAS GERAIS.

Luiz Fernando Reis

Mestre em Arquitetura UFRJ - PROARQ

Professor UFViçosa

Doutorando UFRJ – PROARQ

Elizabete Rodrigues de Campos Martins

Professora Associada UFRJ / FAU / PROARQ

Abstract

This paper analyzes the history of the Regional Museum "House of Ottoni”,

located in the city of Serro, Minas Gerais, which is part of the Brazilian Institute of

Museums – IBRAM. This trajectory was related with actions aimed at creating

IPHAN and deployment of the museum and the discourse of the institution in its

two main phases: the first concerning the administration of Rodrigo Mello Franco

de Andrade, which is characterized the efforts to preserve and transfer the domain

of the House to the National Artist Heritage, and the second, when the

administration of Aloisio Magalhães, when prevailed the discourse and actions for

the integration of heritage to the social context where it was inserted.

Palavras-chave:

Museus; Casas Históricas; Patrimônio Cultural.

Introdução

O presente trabalho analisa a trajetória do Museu Regional “Casa dos Ottoni”,

localizado na cidade do Serro, Minas Gerais, que integra o Sistema Brasileiro de

Museus do Instituto Brasileiro de Museus - IBRAM, Nessa trajetória, foram

relacionadas as ações IPHAN destinadas à criação e implantação do museu e o

discurso da instituição em suas duas principais fases: a primeira, relativa à

administração de Rodrigo Mello Franco de Andrade, em que é caracterizada a

luta pela preservação e transferência de domínio da Casa para o Patrimônio

Artístico Nacional e a segunda, na administração de Aloísio Magalhães, quando

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predominava o discurso e as ações voltadas para a integração do patrimônio ao

contexto social em que ele estava inserido.

A pesquisa foi realizada tendo por base a documentação disponível no Arquivo

Central do IPHAN, no Rio de Janeiro e na 13ª Superintendência Regional de Belo

Horizonte, em matérias constantes do Boletins SPHAN/Fundação Nacional Pró-

Memória, periódico publicados no período de 1979 a 1989, além de depoimentos

obtidos junto aos funcionários do Museu Regional Casa dos Ottoni, em agosto de

2010.

A Casa dos Ottoni: o edifício e sua trajetória

A Casa dos Ottoni é construção do século XVIII. O relatório elaborado pelo

IEPHA, após restauração do edifício, realizada em 1980, fornece uma descrição

do edifício:

Em sua construção foi utilizado o sistema da estrutura

autônoma de madeira com vedações em adobe e pau-a-

pique, de pedra. É uma casa assobradada com aprazível

varanda lateral guarnecida por balaustrada de réguas

simples ao modo de inúmeras residências rurais

construídas em Minas.

A cobertura em quatro águas e telhas de barro em capa e

canal é arrematada pelo largo beiral de cachorrada,

solução típica deste tipo de edificação.

Nota-se o caráter simplificado predominante no tratamento

arquitetônico geral, compondo-se as fachadas somente

com o fundo branco dos painéis interrompido e delimitado

pelo colorido das esquadrias, esteios e madres. As

envasaduras com suas vergas retas são guarnecidas e

vedadas em madeira, com acabamento simples em calha

nas folhas cegas das portas e janelas e guilhotina de vidro

nessas últimas. Internamente observa-se a obediência à

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tipologia construtiva, com pisos em tabuado largo, os

forros, em parte de esteira, parte em saia-e-camisa e as

alvenarias rebocadas e caiadas de branco.1

Figura 1 - Casa dos Ottoni após a restauração de 1944. Fonte: Arquivo Central do IPHAN, Rio de Janeiro.

Atualmente, a edificação apresenta-se bem preservada, com manutenção

constante, contando com um quadro permanente de funcionários para a

condução das atividades a ela inerentes.

Deste objeto arquitetônico se tem noticia de que em 22 de novembro de 1918, foi

transferida sua propriedade para o Patronato Agrícola da Casa dos Ottoni pela

Casa de Caridade Santa Tereza, da cidade do Serro, detentora da escritura

desde 1911, e que em 1931 o patronato seria fechado.

São poucos os registros históricos sobre o edifício após o fechamento do

Patronato. Sabe-se que em 1938 o imóvel foi arrendado a um particular, através

de contrato com prazo indeterminado, conforme se pode depreender de ofício do

chefe do Serviço Regional de Domínio da União, datado de 24 de maio de 1940 e

telegrama do funcionário do SPHAN no Serro e zelador do imóvel da Casa dos

Ottoni enviado ao SPHAN em 17 de junho de 19442.

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Em 1940, houve interesse de compra da Casa dos Ottoni por particulares. Em

ofício datado de 9 de março daquele ano, a Diretoria de Domínio da União

solicitou a Rodrigo Melo Franco de Andrade que se manifestasse a respeito. Em

resposta, o diretor do SPHAN argumentava não ser favorável à venda do imóvel,

argumentando que “será sempre desejável para a Nação conservar no seu

patrimônio os bens que, como a Casa dos Ottoni, se distinguem pela significação

histórica.” (Correspondência, 18/03/1940).

Em maio do mesmo ano o diretor do SPHAN enviaria ofício ao Chefe da Diretoria

Regional do Serviço de Patrimônio da União, comunicando que o SPHAN estava

procedendo a estudos para a instalação de museu no imóvel denominado Casa

dos Ottoni.

Em 3 de abril de 1944, o presidente Getúlio Vargas expediu ordem ao Ministério

da Fazenda para providenciar a venda, através de concorrência pública, da Casa

dos Ottoni [...] “visto não produzirem eles rendimentos e não mais serem

necessários aos serviços públicos” Diário Oficial da União, (1944), intenção

consolidada com o Decreto-Lei 6.418, publicado em 13 de abril de 19443.

Em 5 de maio de 1944, Rodrigo M. F. de Andrade enviou correspondência ao

Ministro Gustavo Capanema onde solicitava que este pleiteasse junto ao

Presidente da República desconsiderar o despacho em que ordenava a venda da

Casa dos Ottoni. A solicitação de Rodrigo foi atendida pelo Ministro e o presidente

Getúlio Vargas sustou o processo de venda do imóvel. A Casa dos Ottoni

passaria então aos cuidados do SPHAN, garantindo assim a sua salvaguarda e a

posterior instalação do Museu.

Ainda em 1944, face ao seu péssimo estado de conservação, foram feitos

estudos para a execução de trabalhos de restauração da edificação, os quais

incluíram a recomposição da varanda, no andar térreo, ao que parece havia sido

fechada.

Cumpre observar quão era notório o cuidado adotado pelo SPHAN no momento

de proceder aos serviços nas edificações tombadas. O exemplo dos trabalhos de

manutenção, restauração e reconstrução procedidos na Casa dos Ottoni em

1944, exemplifica bem tais critérios, posto que antes da execução das obras

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procedeu-se a uma investigação quanto ao aspecto da edificação, no que

concerne aos seus elementos originais e aqueles adicionados posteriormente4.

Figura 2 - Casa dos Ottoni, após a restauração de 1944. Fonte: Arquivo Central do IPHAN, Rio de Janeiro

Os museus e as casas históricas: a criação do Museu Casa dos Ottoni

A criação do Museu do Serro ocorreu em no final da década de 19405,

procedimento adotado pelo SPHAN desde a sua criação que era o de estabelecer

pequenos museus em cidades históricas mineiras utilizando imóveis tombados

pelo Serviço. Esse procedimento era justificado em dois argumentos: o primeiro

resultante do comércio de obras de arte, que já provocava um grande prejuízo ao

acervo das cidades históricas. Comércio facilitado pelo desconhecimento, por

parte das comunidades, do valor que os exemplares da arte sacra e outros

objetos da arte móvel atingiam nos mercados das grandes cidades dentro e fora

do Brasil. O segundo, relacionado à preservação de edificações de valor histórico

e estético, que interessavam particularmente ao SPHAN. Neste particular a Casa

dos Ottoni se enquadrava, posto que representava o patrimônio de uma família

cujos representantes haviam se tornado grandes expoentes da política mineira e

nacional, mormente no Segundo Império, na luta pela proclamação da república.

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Segundo Rodrigo Mello Franco de Andrade,

[sic] Fora do Rio de Janeiro, entretanto, havia razões que

induziam o poder público federal a empreender a

organização de museus. A primeira se originava de

incremento e da extensão crescentes que o comércio de

antiguidades assumia no país, despojando

progressivamente de seu patrimônio as áreas mais ricas de

obras de arte antiga e de artesanato tradicional. Isso

tornava de conveniência manifesta um esforço para serem

retidos, nas áreas prejudicadas, os espécimes mais

expressivos que restassem do acervo regional, por meio de

sua compra para o patrimônio da União, uma vez que os

estados e municípios afetados não podiam ou não se

interessavam em competir com os mercadores em defesa

daqueles bens culturais. Coincidia com tal conveniência

uma outra, de importância quase equivalente: a de se

utilizarem obras de arquitetura antiga, restauradas às

expensas do poder público federal e incorporadas ao

domínio da União, para fins compatíveis com o interesse

histórico ou plástico de semelhantes edificações.6 .

Entretanto, da data de sua criação, até o início da década de 1990, quando foi

oficialmente aberto ao público, não havia um funcionamento com registros de

visitas.

[sic] A equipe contratada pela antiga PróMemória, deu início

as suas atividades na casa a partir de 1991. Mas antes do

Museu ser aberto em 1991, década de 60 e 70 o Museu já

era aberto pelo Sr. José Olimpio de Moura, para receber

estudantes, mas não existia formalidade quanto aos

registros dos visitantes. (informações doadas pelos

funcionários da antiga pró-Memória).7

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O tombamento da Casa dos Ottoni ocorreu em 28 de abril de 1950, quando o

edifício foi inscrito no Livro de Tombo Histórico do SPHAN, sob o número 270, à

folha 46.

No inicio do ano de 1980, face ao péssimo estado de conservação em que se

encontrava, a Casa dos Ottoni foi incluída no Programa de Obras Urgentes e

passou por uma intervenção, cujas obras foram executadas pelo. Instituto

Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA, no período

19 de abril e 10 de junho de 1980, a partir de convênio entre

próMemória/SEPLAN e MS/FRM/IEPHA-MG.

A restauração foi realizada, segundo o relatório do IEPHA atendendo aos

problemas apontados pelo laudo técnico, que incluíram intervenções nas peças

de madeira da cobertura, troca dos forros feitos em esteira, intervenções em

parte do esqueleto estrutural, revestimentos e acabamentos internos e externos e

instalação elétrica, além de tratamento das peças de madeira contra ataque de

insetos xilófagos.

O Museu Integrado do Serro e a participação da comunidade: tentativa e negação.

O Programa Nacional de Museus - PNM, criado em setembro de 1982, com o

objetivo de “Prestar assistência à totalidade do universo museológico brasileiro” 8,

foi abrigado, por aproximadamente uma década dentro da estrutura da Fundação

Nacional próMemória, finalizando as suas atividades a partir da extinção da

Fundação Nacional próMemória, no início da década de 1990.

Durante o a sua existência, o Programa elaborou e desenvolveu diversos projetos

visando à revitalização dos museus brasileiros, dentre eles foi elaborado o que

denominou de Museu Integrado do Serro.

Segundo “Projeto do PNM para a Cidade do Serro”, documento datado de 1983, o

objetivo geral da proposta do museu integrado era de:

Criar no Serro um complexo museológico, experiência

pioneira no Brasil, totalmente apoiado na comunidade, a

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qual atendendo às Diretrizes para a Operacionalização da

Política Cultural” preconizada pelo MEC, cuidará do

atendimento da vertente patrimonial e da dinâmica da

vertente de produção cultural. 9

A proposta se apoiava na importância histórica da cidade, no seu acervo

arquitetônico e urbanístico preservado, segundo o documento, em decorrência do

seu isolamento a partir do século XIX, e em suas tradições religiosas.

Além do potencial material representado pelos elementos acima listados, era

também apontada como justificativa a receptividade da comunidade serrana às

iniciativas culturais voltadas para a preservação de suas tradições.

Somava-se a esses fatores o fato da edificação “Casa dos Ottoni” ser de

propriedade do IPHAN denominada na proposta de [...] “um bom exemplar de

arquitetura civil”10, e espaço físico destinado a um museu desde a década de

1940 e que seria, enfim, utilizado para tal.

Assim, no final de 1984, era anunciada a implantação do projeto, dividido em três

módulos, considerado pioneiro no Brasil. Para a sua execução seriam utilizadas

três edificações tombadas para a implantação de um complexo museológico.

A edificação definida para abrigar o primeiro módulo seria a Casa dos Otoni, com

a utilização dos seus dois pisos. O primeiro abrigaria elementos que

representavam a formação e a evolução da cidade e sua importância para o ciclo

da mineração. No segundo ficaria abrigada uma exposição dedicada à família

Ottoni, representativa no cenário político nacional, durante o Segundo Império.

O segundo módulo ficaria abrigado na Igreja do Bom Jesus de Matozinhos, já

que, segundo a proposta, o edifício além de não estar sendo utilizado para as

celebrações litúrgicas, seria um local adequado para a exposição dos objetos de

arte sacra. (Figura 3)

A edificação que abrigaria o terceiro módulo seria a Chácara do Barão do Serro,

erigida no século XIX, onde funcionariam as atividades culturais previstas no

projeto, como oficinas, exposições, cursos, conferências, além de atividade

integração museu/escola, biblioteca, etc. (Figura 4)

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A proposta, além de restaurar os imóveis para o desempenho da função a que se

destinariam, tinha como objetivos a conscientização da comunidade quanto à

importância do seu acervo cultural e preparava a cidade para o fluxo turístico que

se previa ampliar naquela ocasião11.

Figura 3 - Igreja Bom Jesus dos Matozinhos à

esquerda e Casa dos Ottoni à direita. Fonte: acervo

do autor, ago. 2010.

O projeto, por suas características, enquadrava-se no discurso da

SPHAN/próMemória em que os museus tinham a função de interagir com as

comunidades integrando as suas atividades ao contexto local e proporcionando a

essas “um programa educativo cultural dinâmico voltado para os seus anseios e

interesses” (Boletim, n. 30, p.1). Maria Cecília Londres Fonseca também realça

essa característica do discurso da SPHAN quando fala da política de preservação

adotada nos anos 70 80, caracterizada pelo texto das Diretrizes para

operacionalização da política cultural do MEC, onde “Somente a partir dos anos

80 essa preocupação foi traduzida no discurso oficial como necessidade de

“efetiva participação da comunidade nas decisões e no trato dos problemas afetos

à produção e à preservação cultural”.12

Quanto à inserção do valor econômico ao patrimônio, o Compromisso de

Salvador13 reforçava os aspectos de utilização dos conjuntos ou de edificações

tombadas como produtos, através de uma gestão planejada do turismo quando o

seu texto chamava a atenção para a “[...] convocação dos órgãos responsáveis

Figura 4 - Chácara do Barão do Serro. Fonte:

acervo do autor, ago. 2010.

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pelo planejamento do turismo, no sentido de que voltem suas atenções para os

problemas, utilização e divulgação dos bens naturais e de valor cultural

especialmente protegidos por lei.”

No início de 1987, foi veiculada uma matéria no jornal Estado de Minas onde

constava que o Museu do Serro seria implantado nos moldes do projeto

elaborado em 1983, que acrescentava-se às informações daquele projeto as

atividades que estavam em desenvolvimento na Chácara do Barão e na Casa dos

Ottoni. No primeiro módulo, somavam-se às atividades culturais previstas, curso

de educação patrimonial, objetivando despertar no serrano um melhor

entendimento da importância histórica e artística da cidade; ensino de técnicas

agrícolas, trabalho desenvolvido em parceria com a EMATER; concurso do queijo,

buscando maior repercussão de uma indústria que se tornaria um dos símbolos

da cidade e montagem de posto de venda de artesanato, em parceria com a

Associação de Artesãos e prefeitura; no segundo módulo, na Casa dos Ottoni, já

havia sido montada a exposição documentando a evolução do Serro, a partir de

peças originárias do local e de outras regiões, ali exibidas complementando as

peças locais, nem sempre disponíveis. Apesar de montada, a exposição não

havia sido aberta à visitação, pois aguardava a montagem e a abertura da

exposição da Igreja dos Matozinhos, que constituiria o terceiro módulo do museu

e que naquele momento passava por trabalhos de restauração. Para a utilização

do templo como módulo do museu, foram feitas consultas à comunidade local.

Estava claro que enquanto módulo do museu não haveria impedimento para as

duas cerimônias anuais que normalmente ocorriam no templo, ficando, entretanto,

a palavra final ficou reservada população.

Segundo depoimentos colhidos junto a funcionários do museu e do escritório

IPHAN no Serro, que já faziam parte do corpo de funcionários do IPHAN na

década de 1980, a proposta do Museu Integrado Serro não logrou êxito, pois a

comunidade serrana não concordou que a Igreja Bom Jesus dos Matozinhos

integrasse o conjunto de módulos. A população temia que com essa utilização

fosse retirado da população o direito à realização dos cultos.

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O Museu Regional Casa dos Ottoni no presente: Espaço de memória, de história, de integração comunitária e cidadania.

O acervo atual do museu é composto por peças que remontam ao século XVIII e

XIX, incluindo o mobiliário e objetos de uso cotidiano, relacionadas à família

Ottoni, além de peças de arte sacra, antigas imagens de roca e fragmentos da

antiga Igreja da Purificação, demolida na década de 1920. Nos fundos da

edificação existe uma grande área verde que compõe o acervo natural do museu.

Atualmente, o papel desempenhado pelo Museu extrapola a função de espaço de

exposições. De acordo com o diretor, a Casa dos Ottoni o outro grande objetivo é

a integração da instituição à cidade, tornando palpável a sensação do seu

pertencimento, de elemento identitário da comunidade serrana. Um exemplo disso

é a utilização do espaço do museu para aulas de história, quando o edifício e os

objetos do cotidiano colonial permitem aos alunos das escolas locais vivenciarem

em um ambiente próprio o período histórico que estão estudando.

[sic] Mas a gente tem um trabalho principalmente com os

professores de escolas da rede local de ensino, deles

estarem ministrando suas aulas de história aqui dentro do

museu. A intenção é que ao mesmo tempo que eles contem

a história do Brasil é acoplar a história do Serro dentro do

museu, junto com a história do Brasil, para que os alunos

tenham uma bagagem maior de ensino do que é a nossa

história, do que é as nossas origens para projetar o nosso

futuro. 14

Outra forma de integração da sociedade local com a instituição tem sido feita

através do resgate do saber fazer da região do Serro, conhecimentos populares

que haviam sido perdidos. Como exemplo, a realização de uma oficina de

cerâmica durante a 8ª Semana Nacional de Museus, cujo objetivo foi o de retomar

um conhecimento popular esquecido há mais de trinta anos, segundo depoimento

do diretor do museu. (figuras 5 e 6)

A realização de eventos culturais supre em parte as necessidades locais,

decorrentes da falta de um espaço próprio para tal iniciativa, a Chácara do Barão,

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que outrora desempenhava esse papel atualmente passa por reformas. E diante

dessa carência, vários eventos de caráter cultural têm sido realizados no espaço

do museu, que inclui, como já visto, um amplo jardim.

Durante a 8ª Semana Nacional de Museus, além das oficinas de cerâmica e

desenho foram realizadas palestras, informando sobre o papel do IPHAN (Fig. 7)

no Serro, a importância e o potencial econômico do patrimônio local e outra, sobre

as questões relacionadas ao desenvolvimento do turismo na cidade, até agora

reduzido ao potencial existente. Palestras que tiveram como alvo

A aproximação com a população jovem tem sido buscada com a abertura do

espaço do museu para as reuniões do Centro de Referência e Assistência Social

– CRAS (Fig. 8), onde são discutidas questões importantes, afetas à cidade e que

representam atos de cidadania e incentivo ao desenvolvimento de uma cultura de

participação popular.

Segundo o diretor, o museu:

sic [...] abre espaço para o CRAS, que é o Centro de

Referência e Assistência Social, para as crianças do

Serro. Uma parte/setor da Prefeitura Municipal de Serro

que tem a intenção de estar elaborando junto com os

jovens, propostas de preservação para a nossa cidade. E

o Museu hoje oferece espaço para que aconteçam essas

reuniões aqui dentro do nosso gramado, dentro da nossa

parte da nossa vegetação, mostrando como nós

preservamos o museu da parte aqui de dentro para eles

passarem essas informações para a população em geral,

ajudando a preservar a nossa cidade 15

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Atualmente, a visitação ao Museu Regional Casa dos Ottoni segue o seguinte

roteiro (Figura 9):

Ao acessar a Sala de Recepção no pavimento térreo é feito ao visitante u relato

sobre alguns componentes da família Ottoni, bem como a arquitetura do século

Figura 5 – Oficina de Cerâmica. Fonte: acervo do Museu Regional Casa dos Ottoni

Figura 6 – Oficina de Cerâmica. Fonte: acervo do Museu Regional Casa dos Otoni

Figura 7 – Palestra da representante do IPHAN. Fonte: acervo do Museu

Regional Casa dos Ottoni

Figura 8 – Reunião do C.R.A.S. nos jardins do museu. Fonte: acervo do Museu Regional Casa dos Ottoni

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XVIII, utilizando-se a edificação como exemplo. Em seguida o visitante dirige-se

ao segundo pavimento em sala onde se encontra exposto o mobiliário do século

XVIII. Dessa sala, vai-se à varanda localizada na fachada lateral da edificação,

onde se tem a visão de boa parte do conjunto arquitetônico e urbanístico da

cidade. Retornando ao interior do museu, visita-se a sala de exposição de peças

de arte sacra, raridades dos séculos XVIII e XIX. De volta à sala do mobiliário,

segue-se pelo corredor onde visita-se um quarto com móveis e objetos de uso

cotidiano. Dali, o visitante é levado à cozinha, com os móveis e acessórios

originais. Por uma porta localizada na parte posterior da casa vai-se ao exterior

para a visita ao jardim, com espécies nativas de mata atlântica e fonte de água.

Em seguida, retorna-se ao pavimento térreo onde ele é levado a uma exposição

de peças de arte sacra retiradas da Igreja da Purificação, demolida na década de

1920 para, em seguida, o visitante ser levado novamente à sala de recepção.

Figura 9 - Plantas da Casa dos Ottoni redesenhadas pelo autor a partir de arquivo do Núcleo de Arquitetura e

Espaços Museais do IBRAM - RJ.

Considerações Finais

A necessidade de preencher alguns hiatos deixados pelas fontes primárias e a

análise dos Boletins levou ao levantamento in loco para complementação das

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informações sobre acontecimentos que marcaram a trajetória do Museu Regional

Casa dos Ottoni. Um deles, que mais chamou a atenção foi a razão pela qual a

proposta de criação do museu integrado não logrou êxito. Porque, conforme

consta no boletim SPHAN/Fundação Nacional Pró-Memória n. 30 não se tratava

de uma simples proposta. Já havia, inclusive, a destinação de dotação para a sua

realização. E nos boletins posteriores, assim como na documentação dos

arquivos do IPHAN não havia nenhuma citação a respeito. O conteúdo dos

depoimentos feito com funcionários do Museu e do escritório do IPHAN em Serro

revelaram o motivo que levou a proposta, considerada pioneira em nível nacional,

se restringir, pelo menos em parte, a um projeto. E esse motivo, que foi a

discordância da comunidade quanto ao uso da Igreja Bom Jesus dos Matozinhos

com o módulo para a exposição de arte sacra demonstrou a divergência de

interesses que muitas vezes ocorre entre a instituição responsável pela proteção

do patrimônio e a comunidade. Divergência revelada no momento em que o

Instituto, naquele período denominado de Secretaria, adotava uma postura de

envolvimento da comunidade através da sua participação na tomada de decisões,

legitimando o discurso do exercício da cidadania. E essa participação revelava,

naquele momento que a proposta do museu interferia em um interesse da

comunidade: o uso da igreja. Esse fato revelava também a discordância com

relação às interferências que o tombamento causava no direito de uso, nesse

particular, representado pelo uso coletivo. O temor de que a Igreja não mais

pudesse ser utilizada para os cultos da comunidade impediu o uso como módulo

do museu.

É reconhecido que durante muitos anos de sua existência o museu não travou um

dialogo com a comunidade, de forma a aproximá-la e desempenhar uma

importante parte do seu papel de difusor do conhecimento sobre a historia da

cidade e mesmo do Brasil.

Segundo documento do museu,16

Indicamos a falta de comunicação do museu com a

comunidade, ao longo dos anos, como a principal falha na

atuação dos últimos anos. O museu, em suas exposições,

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procura dialogar com os dados históricos da cidade, assim

como com suas manifestações artísticas representadas em

seu acervo. Contudo, a extensão das ações do museu

ainda é limitada. Em parte, necessidade de construir uma

relação de representatividade real entre o museu e a

comunidade, e em parte pela carência na própria

comunidade de incentivos às atividades educativas e

reflexivas que propõem o museu. Dessa forma, em diálogo

com a Secretaria de Educação, Cultura e Meio Ambiente,

do Município do Serro, hoje procuramos construir meios de

parceria que incentivem a construção dessa relação entre

museu e comunidade, principalmente por meio da atuação

das escolas.

Se o projeto do Museu Integrado do Serro não se tornou uma realidade, a Casa

dos Ottoni permaneceu como um repositório do cotidiano do período colonial.

Ainda que se reconheça a limitação das ações empreendidas, o Museu é

fundamental para a comunidade serrana. Com a criação do IBRAM o museu goza

de mais autonomia e os recursos a ele destinados asseguram a sua manutenção

e permitem a realização de atividades que ampliam a sua integração à

comunidade.

Referências Bibliográficas

ANDRADE, Rodrigo Melo Franco de, 1898-1969. Rodrigo e o SPHAN; coletânea

de textos sobre o patrimônio cultural/ Rodrigo Melo Franco de Andrade. Rio de

Janeiro: Ministério da Cultura, Fundação Nacional Pró-Memória, 1987.

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Boletim SPHAN/FNpM. Brasília, MEC/FNpM n. 40, 1988, p. 1-4.

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A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA: A TRAJETÓRIA DO MUSEU REGIONAL CASA DOS OTTONI EM

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Luiz Fernando Reis - Elizabete Rodrigues Martins

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02/10/1944. IPHAN. Arquivo Central. Série Obras. Arquitetura Civil.

AA01/M042/P05/Cx0311/P. 1318.

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Capanema. 05/05/1944. IPHAN. Arquivo Central. Série Ativ. Técnica. Arquivo

Técnico Administrativo. Título de Propriedade. AA02/M012/P03/Cx

0003/410/P.0011.

CORRESPONDÊNCIA de Rodrigo Mello Franco de Andrade a Paulo Beltrão

Rodrigues. 18/03/1940. IPHAN. Arquivo Central. Série Ativ. Técnica. Arquivo

Técnico Administrativo. Título de Propriedade. AA02/M012/P03/Cx

0003/410/P.0011.

CORRESPONDÊNCIA de Rodrigo Mello Franco de Andrade ao Chefe da

Diretoria Regional do Serviço de Domínio da União. 27/05/1940. IPHAN. Arquivo

Central. Série Ativ. Técnica. Arquivo Técnico Administrativo. Título de

Propriedade. AA02/M012/P03/Cx 0003/410/P.0011.

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DECRETO-LEI 6.418 (cópia). 13/04/1944. IPHAN. Arquivo Central. Série Ativ.

Técnica. Arquivo Técnico Administrativo. Título de Propriedade.

AA02/M012/P03/Cx 0003/410/P.0011.

ESCRITURA (cópia) de doação/venda que fez a Casa de Caridade Santa Tereza

ao Patronato Agrícola Casa dos Ottoni. 22/11/1918. IPHAN. Arquivo Central.

Série Ativ. Técnica. Arquivo Técnico Administrativo. Título de Propriedade.

AA02/M012/P03/Cx 0003/410/P.0011.

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A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA: A TRAJETÓRIA DO MUSEU REGIONAL CASA DOS OTTONI EM

SERRO, MINAS GERAIS.

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XAVIER, C. A. S. [13 de agosto de 2010]. Serro. Depoimento concedido a Luiz

Fernando Reis.

Notas 1 (Relatório, 1980) 2 Neste telegrama, Sebastião Cirilo Fernandes comunicava ao SPHAN que a Casa dos Ottoni estava entregue ao Sr. José Cruz Matos por força de contrato firmado em agosto de 1938 e o mesmo exigia prazo de 30 dias para a desocupação, o que constava do referido contrato. Explicação semelhante consta do ofício do Serviço de Domínio da União, ambos os documentos constantes do Arquivo Central do IPHAN no Rio de Janeiro. (Nota do autor).

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A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA: A TRAJETÓRIA DO MUSEU REGIONAL CASA DOS OTTONI EM

SERRO, MINAS GERAIS.

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3 Em seu Artigo 1º, o Decreto definia que: [...] “fica o Ministério da Fazenda, pela Diretoria de Domínio da União, autorizado a alienar, mediante concorrência pública os próprios nacionais denominados “Casa dos Ottoni” e “Ex-Patronato Agrícola da Casa dos Ottoni”, situados no Município do Serro, Estado de Minas Gerais, com as áreas, respectivamente, de 1.178.353,44 m2 e 36.626,757 m2 e demais elementos técnicos constantes do processo protocolado no Ministério da Fazenda sob o número 79.484, de 1943”. (Decreto-Lei, 1944). 4 Em 1944, o diretor do SPHAN, Rodrigo Melo Franco de Andrade solicita ao funcionário do Serviço, lotado no Serro, Sr. Cirilo Fernandes verificar um elemento, construído na parte posterior do segundo pavimento tinha sic [...] “sinais de ser obra moderna. Em resposta, foi afirmado por Cirilo que o puxado sic [...] “não é antigo, é serviço feito depois, não tem nada moderno, é no estilo antigo.” (Correspondências, 02/10/1944 e 10/10/1944). 5 Conforme depoimento do corpo de funcionários do museu [sic] O Museu foi criado em 1949. Foi um dos museus e casas históricas de Minas Gerais que foram criados a partir da década de 40, por Rodrigo Melo Franco de Andrade em imóveis tombados e de reconhecido valor histórico e arquitetônico nas cidades históricas de MG. Nota do Autor. 6 ANDRADE, 1987, p. 159-160 7 (XAVIER, 13/08/2010) 8 Boletim SPHAN, 1982, p. 1 9 IPHAN, 13ª Superintendência Regional, 1983. 10 Ibid. 11 Em matéria sobre o Serro, publicada em janeiro de 1984, o jornal Estado de Minas já anunciava que, a partir de um projeto integrado entre a SPHAN, o IEPHA e a Prefeitura Municipal, a cidade ganharia um complexo museológico, compreendendo as três edificações já descritas. OSWALDO, A. Serro na encruzilhada do tempo. Estado de Minas, 27/1/1987, p. Turismo. (Segundo o IBRAM, a Casa dos Ottoni já funcionava como museu desde 1980) 12 (FONSECA, 1996, p. 156). A frase entre aspas refere-se, no texto original, a uma citação das Diretrizes para operacionalização da política cultural do MEC. Brasília, 1981, p. 11. Nota do Autor. 13 Compromisso de Salvador 1971, p. 2-3. 14 (XAVIER, 13/08/2010) 15 (XAVIER, 13/08/2010). 16 Documento com informações do Museu Regional Casa dos Ottoni.