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A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA: A TRAJETÓRIA DO MUSEU REGIONAL
CASA DOS OTTONI EM SERRO, MINAS GERAIS.
Luiz Fernando Reis
Mestre em Arquitetura UFRJ - PROARQ
Professor UFViçosa
Doutorando UFRJ – PROARQ
Elizabete Rodrigues de Campos Martins
Professora Associada UFRJ / FAU / PROARQ
Abstract
This paper analyzes the history of the Regional Museum "House of Ottoni”,
located in the city of Serro, Minas Gerais, which is part of the Brazilian Institute of
Museums – IBRAM. This trajectory was related with actions aimed at creating
IPHAN and deployment of the museum and the discourse of the institution in its
two main phases: the first concerning the administration of Rodrigo Mello Franco
de Andrade, which is characterized the efforts to preserve and transfer the domain
of the House to the National Artist Heritage, and the second, when the
administration of Aloisio Magalhães, when prevailed the discourse and actions for
the integration of heritage to the social context where it was inserted.
Palavras-chave:
Museus; Casas Históricas; Patrimônio Cultural.
Introdução
O presente trabalho analisa a trajetória do Museu Regional “Casa dos Ottoni”,
localizado na cidade do Serro, Minas Gerais, que integra o Sistema Brasileiro de
Museus do Instituto Brasileiro de Museus - IBRAM, Nessa trajetória, foram
relacionadas as ações IPHAN destinadas à criação e implantação do museu e o
discurso da instituição em suas duas principais fases: a primeira, relativa à
administração de Rodrigo Mello Franco de Andrade, em que é caracterizada a
luta pela preservação e transferência de domínio da Casa para o Patrimônio
Artístico Nacional e a segunda, na administração de Aloísio Magalhães, quando
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predominava o discurso e as ações voltadas para a integração do patrimônio ao
contexto social em que ele estava inserido.
A pesquisa foi realizada tendo por base a documentação disponível no Arquivo
Central do IPHAN, no Rio de Janeiro e na 13ª Superintendência Regional de Belo
Horizonte, em matérias constantes do Boletins SPHAN/Fundação Nacional Pró-
Memória, periódico publicados no período de 1979 a 1989, além de depoimentos
obtidos junto aos funcionários do Museu Regional Casa dos Ottoni, em agosto de
2010.
A Casa dos Ottoni: o edifício e sua trajetória
A Casa dos Ottoni é construção do século XVIII. O relatório elaborado pelo
IEPHA, após restauração do edifício, realizada em 1980, fornece uma descrição
do edifício:
Em sua construção foi utilizado o sistema da estrutura
autônoma de madeira com vedações em adobe e pau-a-
pique, de pedra. É uma casa assobradada com aprazível
varanda lateral guarnecida por balaustrada de réguas
simples ao modo de inúmeras residências rurais
construídas em Minas.
A cobertura em quatro águas e telhas de barro em capa e
canal é arrematada pelo largo beiral de cachorrada,
solução típica deste tipo de edificação.
Nota-se o caráter simplificado predominante no tratamento
arquitetônico geral, compondo-se as fachadas somente
com o fundo branco dos painéis interrompido e delimitado
pelo colorido das esquadrias, esteios e madres. As
envasaduras com suas vergas retas são guarnecidas e
vedadas em madeira, com acabamento simples em calha
nas folhas cegas das portas e janelas e guilhotina de vidro
nessas últimas. Internamente observa-se a obediência à
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tipologia construtiva, com pisos em tabuado largo, os
forros, em parte de esteira, parte em saia-e-camisa e as
alvenarias rebocadas e caiadas de branco.1
Figura 1 - Casa dos Ottoni após a restauração de 1944. Fonte: Arquivo Central do IPHAN, Rio de Janeiro.
Atualmente, a edificação apresenta-se bem preservada, com manutenção
constante, contando com um quadro permanente de funcionários para a
condução das atividades a ela inerentes.
Deste objeto arquitetônico se tem noticia de que em 22 de novembro de 1918, foi
transferida sua propriedade para o Patronato Agrícola da Casa dos Ottoni pela
Casa de Caridade Santa Tereza, da cidade do Serro, detentora da escritura
desde 1911, e que em 1931 o patronato seria fechado.
São poucos os registros históricos sobre o edifício após o fechamento do
Patronato. Sabe-se que em 1938 o imóvel foi arrendado a um particular, através
de contrato com prazo indeterminado, conforme se pode depreender de ofício do
chefe do Serviço Regional de Domínio da União, datado de 24 de maio de 1940 e
telegrama do funcionário do SPHAN no Serro e zelador do imóvel da Casa dos
Ottoni enviado ao SPHAN em 17 de junho de 19442.
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Em 1940, houve interesse de compra da Casa dos Ottoni por particulares. Em
ofício datado de 9 de março daquele ano, a Diretoria de Domínio da União
solicitou a Rodrigo Melo Franco de Andrade que se manifestasse a respeito. Em
resposta, o diretor do SPHAN argumentava não ser favorável à venda do imóvel,
argumentando que “será sempre desejável para a Nação conservar no seu
patrimônio os bens que, como a Casa dos Ottoni, se distinguem pela significação
histórica.” (Correspondência, 18/03/1940).
Em maio do mesmo ano o diretor do SPHAN enviaria ofício ao Chefe da Diretoria
Regional do Serviço de Patrimônio da União, comunicando que o SPHAN estava
procedendo a estudos para a instalação de museu no imóvel denominado Casa
dos Ottoni.
Em 3 de abril de 1944, o presidente Getúlio Vargas expediu ordem ao Ministério
da Fazenda para providenciar a venda, através de concorrência pública, da Casa
dos Ottoni [...] “visto não produzirem eles rendimentos e não mais serem
necessários aos serviços públicos” Diário Oficial da União, (1944), intenção
consolidada com o Decreto-Lei 6.418, publicado em 13 de abril de 19443.
Em 5 de maio de 1944, Rodrigo M. F. de Andrade enviou correspondência ao
Ministro Gustavo Capanema onde solicitava que este pleiteasse junto ao
Presidente da República desconsiderar o despacho em que ordenava a venda da
Casa dos Ottoni. A solicitação de Rodrigo foi atendida pelo Ministro e o presidente
Getúlio Vargas sustou o processo de venda do imóvel. A Casa dos Ottoni
passaria então aos cuidados do SPHAN, garantindo assim a sua salvaguarda e a
posterior instalação do Museu.
Ainda em 1944, face ao seu péssimo estado de conservação, foram feitos
estudos para a execução de trabalhos de restauração da edificação, os quais
incluíram a recomposição da varanda, no andar térreo, ao que parece havia sido
fechada.
Cumpre observar quão era notório o cuidado adotado pelo SPHAN no momento
de proceder aos serviços nas edificações tombadas. O exemplo dos trabalhos de
manutenção, restauração e reconstrução procedidos na Casa dos Ottoni em
1944, exemplifica bem tais critérios, posto que antes da execução das obras
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procedeu-se a uma investigação quanto ao aspecto da edificação, no que
concerne aos seus elementos originais e aqueles adicionados posteriormente4.
Figura 2 - Casa dos Ottoni, após a restauração de 1944. Fonte: Arquivo Central do IPHAN, Rio de Janeiro
Os museus e as casas históricas: a criação do Museu Casa dos Ottoni
A criação do Museu do Serro ocorreu em no final da década de 19405,
procedimento adotado pelo SPHAN desde a sua criação que era o de estabelecer
pequenos museus em cidades históricas mineiras utilizando imóveis tombados
pelo Serviço. Esse procedimento era justificado em dois argumentos: o primeiro
resultante do comércio de obras de arte, que já provocava um grande prejuízo ao
acervo das cidades históricas. Comércio facilitado pelo desconhecimento, por
parte das comunidades, do valor que os exemplares da arte sacra e outros
objetos da arte móvel atingiam nos mercados das grandes cidades dentro e fora
do Brasil. O segundo, relacionado à preservação de edificações de valor histórico
e estético, que interessavam particularmente ao SPHAN. Neste particular a Casa
dos Ottoni se enquadrava, posto que representava o patrimônio de uma família
cujos representantes haviam se tornado grandes expoentes da política mineira e
nacional, mormente no Segundo Império, na luta pela proclamação da república.
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Segundo Rodrigo Mello Franco de Andrade,
[sic] Fora do Rio de Janeiro, entretanto, havia razões que
induziam o poder público federal a empreender a
organização de museus. A primeira se originava de
incremento e da extensão crescentes que o comércio de
antiguidades assumia no país, despojando
progressivamente de seu patrimônio as áreas mais ricas de
obras de arte antiga e de artesanato tradicional. Isso
tornava de conveniência manifesta um esforço para serem
retidos, nas áreas prejudicadas, os espécimes mais
expressivos que restassem do acervo regional, por meio de
sua compra para o patrimônio da União, uma vez que os
estados e municípios afetados não podiam ou não se
interessavam em competir com os mercadores em defesa
daqueles bens culturais. Coincidia com tal conveniência
uma outra, de importância quase equivalente: a de se
utilizarem obras de arquitetura antiga, restauradas às
expensas do poder público federal e incorporadas ao
domínio da União, para fins compatíveis com o interesse
histórico ou plástico de semelhantes edificações.6 .
Entretanto, da data de sua criação, até o início da década de 1990, quando foi
oficialmente aberto ao público, não havia um funcionamento com registros de
visitas.
[sic] A equipe contratada pela antiga PróMemória, deu início
as suas atividades na casa a partir de 1991. Mas antes do
Museu ser aberto em 1991, década de 60 e 70 o Museu já
era aberto pelo Sr. José Olimpio de Moura, para receber
estudantes, mas não existia formalidade quanto aos
registros dos visitantes. (informações doadas pelos
funcionários da antiga pró-Memória).7
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7
O tombamento da Casa dos Ottoni ocorreu em 28 de abril de 1950, quando o
edifício foi inscrito no Livro de Tombo Histórico do SPHAN, sob o número 270, à
folha 46.
No inicio do ano de 1980, face ao péssimo estado de conservação em que se
encontrava, a Casa dos Ottoni foi incluída no Programa de Obras Urgentes e
passou por uma intervenção, cujas obras foram executadas pelo. Instituto
Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA, no período
19 de abril e 10 de junho de 1980, a partir de convênio entre
próMemória/SEPLAN e MS/FRM/IEPHA-MG.
A restauração foi realizada, segundo o relatório do IEPHA atendendo aos
problemas apontados pelo laudo técnico, que incluíram intervenções nas peças
de madeira da cobertura, troca dos forros feitos em esteira, intervenções em
parte do esqueleto estrutural, revestimentos e acabamentos internos e externos e
instalação elétrica, além de tratamento das peças de madeira contra ataque de
insetos xilófagos.
O Museu Integrado do Serro e a participação da comunidade: tentativa e negação.
O Programa Nacional de Museus - PNM, criado em setembro de 1982, com o
objetivo de “Prestar assistência à totalidade do universo museológico brasileiro” 8,
foi abrigado, por aproximadamente uma década dentro da estrutura da Fundação
Nacional próMemória, finalizando as suas atividades a partir da extinção da
Fundação Nacional próMemória, no início da década de 1990.
Durante o a sua existência, o Programa elaborou e desenvolveu diversos projetos
visando à revitalização dos museus brasileiros, dentre eles foi elaborado o que
denominou de Museu Integrado do Serro.
Segundo “Projeto do PNM para a Cidade do Serro”, documento datado de 1983, o
objetivo geral da proposta do museu integrado era de:
Criar no Serro um complexo museológico, experiência
pioneira no Brasil, totalmente apoiado na comunidade, a
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qual atendendo às Diretrizes para a Operacionalização da
Política Cultural” preconizada pelo MEC, cuidará do
atendimento da vertente patrimonial e da dinâmica da
vertente de produção cultural. 9
A proposta se apoiava na importância histórica da cidade, no seu acervo
arquitetônico e urbanístico preservado, segundo o documento, em decorrência do
seu isolamento a partir do século XIX, e em suas tradições religiosas.
Além do potencial material representado pelos elementos acima listados, era
também apontada como justificativa a receptividade da comunidade serrana às
iniciativas culturais voltadas para a preservação de suas tradições.
Somava-se a esses fatores o fato da edificação “Casa dos Ottoni” ser de
propriedade do IPHAN denominada na proposta de [...] “um bom exemplar de
arquitetura civil”10, e espaço físico destinado a um museu desde a década de
1940 e que seria, enfim, utilizado para tal.
Assim, no final de 1984, era anunciada a implantação do projeto, dividido em três
módulos, considerado pioneiro no Brasil. Para a sua execução seriam utilizadas
três edificações tombadas para a implantação de um complexo museológico.
A edificação definida para abrigar o primeiro módulo seria a Casa dos Otoni, com
a utilização dos seus dois pisos. O primeiro abrigaria elementos que
representavam a formação e a evolução da cidade e sua importância para o ciclo
da mineração. No segundo ficaria abrigada uma exposição dedicada à família
Ottoni, representativa no cenário político nacional, durante o Segundo Império.
O segundo módulo ficaria abrigado na Igreja do Bom Jesus de Matozinhos, já
que, segundo a proposta, o edifício além de não estar sendo utilizado para as
celebrações litúrgicas, seria um local adequado para a exposição dos objetos de
arte sacra. (Figura 3)
A edificação que abrigaria o terceiro módulo seria a Chácara do Barão do Serro,
erigida no século XIX, onde funcionariam as atividades culturais previstas no
projeto, como oficinas, exposições, cursos, conferências, além de atividade
integração museu/escola, biblioteca, etc. (Figura 4)
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A proposta, além de restaurar os imóveis para o desempenho da função a que se
destinariam, tinha como objetivos a conscientização da comunidade quanto à
importância do seu acervo cultural e preparava a cidade para o fluxo turístico que
se previa ampliar naquela ocasião11.
Figura 3 - Igreja Bom Jesus dos Matozinhos à
esquerda e Casa dos Ottoni à direita. Fonte: acervo
do autor, ago. 2010.
O projeto, por suas características, enquadrava-se no discurso da
SPHAN/próMemória em que os museus tinham a função de interagir com as
comunidades integrando as suas atividades ao contexto local e proporcionando a
essas “um programa educativo cultural dinâmico voltado para os seus anseios e
interesses” (Boletim, n. 30, p.1). Maria Cecília Londres Fonseca também realça
essa característica do discurso da SPHAN quando fala da política de preservação
adotada nos anos 70 80, caracterizada pelo texto das Diretrizes para
operacionalização da política cultural do MEC, onde “Somente a partir dos anos
80 essa preocupação foi traduzida no discurso oficial como necessidade de
“efetiva participação da comunidade nas decisões e no trato dos problemas afetos
à produção e à preservação cultural”.12
Quanto à inserção do valor econômico ao patrimônio, o Compromisso de
Salvador13 reforçava os aspectos de utilização dos conjuntos ou de edificações
tombadas como produtos, através de uma gestão planejada do turismo quando o
seu texto chamava a atenção para a “[...] convocação dos órgãos responsáveis
Figura 4 - Chácara do Barão do Serro. Fonte:
acervo do autor, ago. 2010.
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pelo planejamento do turismo, no sentido de que voltem suas atenções para os
problemas, utilização e divulgação dos bens naturais e de valor cultural
especialmente protegidos por lei.”
No início de 1987, foi veiculada uma matéria no jornal Estado de Minas onde
constava que o Museu do Serro seria implantado nos moldes do projeto
elaborado em 1983, que acrescentava-se às informações daquele projeto as
atividades que estavam em desenvolvimento na Chácara do Barão e na Casa dos
Ottoni. No primeiro módulo, somavam-se às atividades culturais previstas, curso
de educação patrimonial, objetivando despertar no serrano um melhor
entendimento da importância histórica e artística da cidade; ensino de técnicas
agrícolas, trabalho desenvolvido em parceria com a EMATER; concurso do queijo,
buscando maior repercussão de uma indústria que se tornaria um dos símbolos
da cidade e montagem de posto de venda de artesanato, em parceria com a
Associação de Artesãos e prefeitura; no segundo módulo, na Casa dos Ottoni, já
havia sido montada a exposição documentando a evolução do Serro, a partir de
peças originárias do local e de outras regiões, ali exibidas complementando as
peças locais, nem sempre disponíveis. Apesar de montada, a exposição não
havia sido aberta à visitação, pois aguardava a montagem e a abertura da
exposição da Igreja dos Matozinhos, que constituiria o terceiro módulo do museu
e que naquele momento passava por trabalhos de restauração. Para a utilização
do templo como módulo do museu, foram feitas consultas à comunidade local.
Estava claro que enquanto módulo do museu não haveria impedimento para as
duas cerimônias anuais que normalmente ocorriam no templo, ficando, entretanto,
a palavra final ficou reservada população.
Segundo depoimentos colhidos junto a funcionários do museu e do escritório
IPHAN no Serro, que já faziam parte do corpo de funcionários do IPHAN na
década de 1980, a proposta do Museu Integrado Serro não logrou êxito, pois a
comunidade serrana não concordou que a Igreja Bom Jesus dos Matozinhos
integrasse o conjunto de módulos. A população temia que com essa utilização
fosse retirado da população o direito à realização dos cultos.
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O Museu Regional Casa dos Ottoni no presente: Espaço de memória, de história, de integração comunitária e cidadania.
O acervo atual do museu é composto por peças que remontam ao século XVIII e
XIX, incluindo o mobiliário e objetos de uso cotidiano, relacionadas à família
Ottoni, além de peças de arte sacra, antigas imagens de roca e fragmentos da
antiga Igreja da Purificação, demolida na década de 1920. Nos fundos da
edificação existe uma grande área verde que compõe o acervo natural do museu.
Atualmente, o papel desempenhado pelo Museu extrapola a função de espaço de
exposições. De acordo com o diretor, a Casa dos Ottoni o outro grande objetivo é
a integração da instituição à cidade, tornando palpável a sensação do seu
pertencimento, de elemento identitário da comunidade serrana. Um exemplo disso
é a utilização do espaço do museu para aulas de história, quando o edifício e os
objetos do cotidiano colonial permitem aos alunos das escolas locais vivenciarem
em um ambiente próprio o período histórico que estão estudando.
[sic] Mas a gente tem um trabalho principalmente com os
professores de escolas da rede local de ensino, deles
estarem ministrando suas aulas de história aqui dentro do
museu. A intenção é que ao mesmo tempo que eles contem
a história do Brasil é acoplar a história do Serro dentro do
museu, junto com a história do Brasil, para que os alunos
tenham uma bagagem maior de ensino do que é a nossa
história, do que é as nossas origens para projetar o nosso
futuro. 14
Outra forma de integração da sociedade local com a instituição tem sido feita
através do resgate do saber fazer da região do Serro, conhecimentos populares
que haviam sido perdidos. Como exemplo, a realização de uma oficina de
cerâmica durante a 8ª Semana Nacional de Museus, cujo objetivo foi o de retomar
um conhecimento popular esquecido há mais de trinta anos, segundo depoimento
do diretor do museu. (figuras 5 e 6)
A realização de eventos culturais supre em parte as necessidades locais,
decorrentes da falta de um espaço próprio para tal iniciativa, a Chácara do Barão,
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que outrora desempenhava esse papel atualmente passa por reformas. E diante
dessa carência, vários eventos de caráter cultural têm sido realizados no espaço
do museu, que inclui, como já visto, um amplo jardim.
Durante a 8ª Semana Nacional de Museus, além das oficinas de cerâmica e
desenho foram realizadas palestras, informando sobre o papel do IPHAN (Fig. 7)
no Serro, a importância e o potencial econômico do patrimônio local e outra, sobre
as questões relacionadas ao desenvolvimento do turismo na cidade, até agora
reduzido ao potencial existente. Palestras que tiveram como alvo
A aproximação com a população jovem tem sido buscada com a abertura do
espaço do museu para as reuniões do Centro de Referência e Assistência Social
– CRAS (Fig. 8), onde são discutidas questões importantes, afetas à cidade e que
representam atos de cidadania e incentivo ao desenvolvimento de uma cultura de
participação popular.
Segundo o diretor, o museu:
sic [...] abre espaço para o CRAS, que é o Centro de
Referência e Assistência Social, para as crianças do
Serro. Uma parte/setor da Prefeitura Municipal de Serro
que tem a intenção de estar elaborando junto com os
jovens, propostas de preservação para a nossa cidade. E
o Museu hoje oferece espaço para que aconteçam essas
reuniões aqui dentro do nosso gramado, dentro da nossa
parte da nossa vegetação, mostrando como nós
preservamos o museu da parte aqui de dentro para eles
passarem essas informações para a população em geral,
ajudando a preservar a nossa cidade 15
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Atualmente, a visitação ao Museu Regional Casa dos Ottoni segue o seguinte
roteiro (Figura 9):
Ao acessar a Sala de Recepção no pavimento térreo é feito ao visitante u relato
sobre alguns componentes da família Ottoni, bem como a arquitetura do século
Figura 5 – Oficina de Cerâmica. Fonte: acervo do Museu Regional Casa dos Ottoni
Figura 6 – Oficina de Cerâmica. Fonte: acervo do Museu Regional Casa dos Otoni
Figura 7 – Palestra da representante do IPHAN. Fonte: acervo do Museu
Regional Casa dos Ottoni
Figura 8 – Reunião do C.R.A.S. nos jardins do museu. Fonte: acervo do Museu Regional Casa dos Ottoni
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XVIII, utilizando-se a edificação como exemplo. Em seguida o visitante dirige-se
ao segundo pavimento em sala onde se encontra exposto o mobiliário do século
XVIII. Dessa sala, vai-se à varanda localizada na fachada lateral da edificação,
onde se tem a visão de boa parte do conjunto arquitetônico e urbanístico da
cidade. Retornando ao interior do museu, visita-se a sala de exposição de peças
de arte sacra, raridades dos séculos XVIII e XIX. De volta à sala do mobiliário,
segue-se pelo corredor onde visita-se um quarto com móveis e objetos de uso
cotidiano. Dali, o visitante é levado à cozinha, com os móveis e acessórios
originais. Por uma porta localizada na parte posterior da casa vai-se ao exterior
para a visita ao jardim, com espécies nativas de mata atlântica e fonte de água.
Em seguida, retorna-se ao pavimento térreo onde ele é levado a uma exposição
de peças de arte sacra retiradas da Igreja da Purificação, demolida na década de
1920 para, em seguida, o visitante ser levado novamente à sala de recepção.
Figura 9 - Plantas da Casa dos Ottoni redesenhadas pelo autor a partir de arquivo do Núcleo de Arquitetura e
Espaços Museais do IBRAM - RJ.
Considerações Finais
A necessidade de preencher alguns hiatos deixados pelas fontes primárias e a
análise dos Boletins levou ao levantamento in loco para complementação das
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informações sobre acontecimentos que marcaram a trajetória do Museu Regional
Casa dos Ottoni. Um deles, que mais chamou a atenção foi a razão pela qual a
proposta de criação do museu integrado não logrou êxito. Porque, conforme
consta no boletim SPHAN/Fundação Nacional Pró-Memória n. 30 não se tratava
de uma simples proposta. Já havia, inclusive, a destinação de dotação para a sua
realização. E nos boletins posteriores, assim como na documentação dos
arquivos do IPHAN não havia nenhuma citação a respeito. O conteúdo dos
depoimentos feito com funcionários do Museu e do escritório do IPHAN em Serro
revelaram o motivo que levou a proposta, considerada pioneira em nível nacional,
se restringir, pelo menos em parte, a um projeto. E esse motivo, que foi a
discordância da comunidade quanto ao uso da Igreja Bom Jesus dos Matozinhos
com o módulo para a exposição de arte sacra demonstrou a divergência de
interesses que muitas vezes ocorre entre a instituição responsável pela proteção
do patrimônio e a comunidade. Divergência revelada no momento em que o
Instituto, naquele período denominado de Secretaria, adotava uma postura de
envolvimento da comunidade através da sua participação na tomada de decisões,
legitimando o discurso do exercício da cidadania. E essa participação revelava,
naquele momento que a proposta do museu interferia em um interesse da
comunidade: o uso da igreja. Esse fato revelava também a discordância com
relação às interferências que o tombamento causava no direito de uso, nesse
particular, representado pelo uso coletivo. O temor de que a Igreja não mais
pudesse ser utilizada para os cultos da comunidade impediu o uso como módulo
do museu.
É reconhecido que durante muitos anos de sua existência o museu não travou um
dialogo com a comunidade, de forma a aproximá-la e desempenhar uma
importante parte do seu papel de difusor do conhecimento sobre a historia da
cidade e mesmo do Brasil.
Segundo documento do museu,16
Indicamos a falta de comunicação do museu com a
comunidade, ao longo dos anos, como a principal falha na
atuação dos últimos anos. O museu, em suas exposições,
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SERRO, MINAS GERAIS.
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procura dialogar com os dados históricos da cidade, assim
como com suas manifestações artísticas representadas em
seu acervo. Contudo, a extensão das ações do museu
ainda é limitada. Em parte, necessidade de construir uma
relação de representatividade real entre o museu e a
comunidade, e em parte pela carência na própria
comunidade de incentivos às atividades educativas e
reflexivas que propõem o museu. Dessa forma, em diálogo
com a Secretaria de Educação, Cultura e Meio Ambiente,
do Município do Serro, hoje procuramos construir meios de
parceria que incentivem a construção dessa relação entre
museu e comunidade, principalmente por meio da atuação
das escolas.
Se o projeto do Museu Integrado do Serro não se tornou uma realidade, a Casa
dos Ottoni permaneceu como um repositório do cotidiano do período colonial.
Ainda que se reconheça a limitação das ações empreendidas, o Museu é
fundamental para a comunidade serrana. Com a criação do IBRAM o museu goza
de mais autonomia e os recursos a ele destinados asseguram a sua manutenção
e permitem a realização de atividades que ampliam a sua integração à
comunidade.
Referências Bibliográficas
ANDRADE, Rodrigo Melo Franco de, 1898-1969. Rodrigo e o SPHAN; coletânea
de textos sobre o patrimônio cultural/ Rodrigo Melo Franco de Andrade. Rio de
Janeiro: Ministério da Cultura, Fundação Nacional Pró-Memória, 1987.
Boletim SPHAN/FNpM. Brasília, MEC/FNpM n. 20, 1982, p. 1.
Boletim SPHAN/FNpM. Brasília, MEC/FNpM n. 30, 1984, p. 1.
Boletim SPHAN/FNpM. Brasília, MEC/FNpM n. 33, 1988, p. 38.
Boletim SPHAN/FNpM. Brasília, MEC/FNpM n. 40, 1988, p. 1-4.
A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA: A TRAJETÓRIA DO MUSEU REGIONAL CASA DOS OTTONI EM
SERRO, MINAS GERAIS.
Luiz Fernando Reis - Elizabete Rodrigues Martins
17
Compromisso de Salvador. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id =241. Acesso em 02 dez. 2009. CORRESPONDÊNCIA de Cirilo Fernandes a Rodrigo Mello Franco de Andrade.
10/10/ 1944. IPHAN. Arquivo Central. Série Obras. Arquitetura Civil. AA01/M042/
P05/ Cx0311 /P. 1318.
CORRESPONDÊNCIA de Rodrigo Mello Franco de Andrade a Cirilo Fernandes.
02/10/1944. IPHAN. Arquivo Central. Série Obras. Arquitetura Civil.
AA01/M042/P05/Cx0311/P. 1318.
CORRESPONDÊNCIA de Rodrigo Mello Franco de Andrade a Gustavo
Capanema. 05/05/1944. IPHAN. Arquivo Central. Série Ativ. Técnica. Arquivo
Técnico Administrativo. Título de Propriedade. AA02/M012/P03/Cx
0003/410/P.0011.
CORRESPONDÊNCIA de Rodrigo Mello Franco de Andrade a Paulo Beltrão
Rodrigues. 18/03/1940. IPHAN. Arquivo Central. Série Ativ. Técnica. Arquivo
Técnico Administrativo. Título de Propriedade. AA02/M012/P03/Cx
0003/410/P.0011.
CORRESPONDÊNCIA de Rodrigo Mello Franco de Andrade ao Chefe da
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Série Ativ. Técnica. Arquivo Técnico Administrativo. Título de Propriedade.
AA02/M012/P03/Cx 0003/410/P.0011.
A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA: A TRAJETÓRIA DO MUSEU REGIONAL CASA DOS OTTONI EM
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Luiz Fernando Reis - Elizabete Rodrigues Martins
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Notas 1 (Relatório, 1980) 2 Neste telegrama, Sebastião Cirilo Fernandes comunicava ao SPHAN que a Casa dos Ottoni estava entregue ao Sr. José Cruz Matos por força de contrato firmado em agosto de 1938 e o mesmo exigia prazo de 30 dias para a desocupação, o que constava do referido contrato. Explicação semelhante consta do ofício do Serviço de Domínio da União, ambos os documentos constantes do Arquivo Central do IPHAN no Rio de Janeiro. (Nota do autor).
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SERRO, MINAS GERAIS.
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3 Em seu Artigo 1º, o Decreto definia que: [...] “fica o Ministério da Fazenda, pela Diretoria de Domínio da União, autorizado a alienar, mediante concorrência pública os próprios nacionais denominados “Casa dos Ottoni” e “Ex-Patronato Agrícola da Casa dos Ottoni”, situados no Município do Serro, Estado de Minas Gerais, com as áreas, respectivamente, de 1.178.353,44 m2 e 36.626,757 m2 e demais elementos técnicos constantes do processo protocolado no Ministério da Fazenda sob o número 79.484, de 1943”. (Decreto-Lei, 1944). 4 Em 1944, o diretor do SPHAN, Rodrigo Melo Franco de Andrade solicita ao funcionário do Serviço, lotado no Serro, Sr. Cirilo Fernandes verificar um elemento, construído na parte posterior do segundo pavimento tinha sic [...] “sinais de ser obra moderna. Em resposta, foi afirmado por Cirilo que o puxado sic [...] “não é antigo, é serviço feito depois, não tem nada moderno, é no estilo antigo.” (Correspondências, 02/10/1944 e 10/10/1944). 5 Conforme depoimento do corpo de funcionários do museu [sic] O Museu foi criado em 1949. Foi um dos museus e casas históricas de Minas Gerais que foram criados a partir da década de 40, por Rodrigo Melo Franco de Andrade em imóveis tombados e de reconhecido valor histórico e arquitetônico nas cidades históricas de MG. Nota do Autor. 6 ANDRADE, 1987, p. 159-160 7 (XAVIER, 13/08/2010) 8 Boletim SPHAN, 1982, p. 1 9 IPHAN, 13ª Superintendência Regional, 1983. 10 Ibid. 11 Em matéria sobre o Serro, publicada em janeiro de 1984, o jornal Estado de Minas já anunciava que, a partir de um projeto integrado entre a SPHAN, o IEPHA e a Prefeitura Municipal, a cidade ganharia um complexo museológico, compreendendo as três edificações já descritas. OSWALDO, A. Serro na encruzilhada do tempo. Estado de Minas, 27/1/1987, p. Turismo. (Segundo o IBRAM, a Casa dos Ottoni já funcionava como museu desde 1980) 12 (FONSECA, 1996, p. 156). A frase entre aspas refere-se, no texto original, a uma citação das Diretrizes para operacionalização da política cultural do MEC. Brasília, 1981, p. 11. Nota do Autor. 13 Compromisso de Salvador 1971, p. 2-3. 14 (XAVIER, 13/08/2010) 15 (XAVIER, 13/08/2010). 16 Documento com informações do Museu Regional Casa dos Ottoni.