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1 FEMMES& ARTS ® A publicação democrática das artistas brasileiras Artistas Plásticas Retratadas Bia Black Claudia Bassetto Vicencia Gonsales Entrevista Oscar D’Ambrosio Ano I - nº 02 - julho/agosto - 2011 EXEMPLAR GRATUITO

FEMMES&ARTS n.2

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A publicação democrática das artistas brasileiras. Ferramenta de divulgação de temas relativos às manifestações artísticas no território das Artes Visuais.

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FEMMES&ARTS®

A publ icação democrát ica das ar t is tas bras i le i ras

Artistas Plásticas RetratadasBia Black

Claudia BassettoVicencia Gonsales

EntrevistaOscar D’Ambrosio

Ano

I -

nº 0

2 -

julh

o/ag

osto

- 2

011

EXEMPLAR GRATUITO

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capa:vicencia gonsalesf5 - 200766 x 70 cm / técnica mista sobre tela(ver artigo p22)

Fundadoras:Publicação e Desenho Editorial - Cleusa Rossetto

Relações Públicas e Revisão - Anna Donadio Realização e Eventos - Rosana De Conti

Jornalista Responsável (MTB 19004) - Cristina Bielecki

Conselho:Ilde Macksoud

Colaboradoras:Mídia - Viviane Rossetto

Correspondências: - [email protected]

publicação digital bimestralBRASIL

Importante:Todos os artigos, as galerias de fotos, ou obras são

destinados unicamente a informar os leitores. No uso de qualquer parte desta, deve ser citada a fonte. As imagens

são protegidas pela lei de direitos autorais.

PUBLICAÇÃO GRATUITA

FEMMES&ARTS sarau animus®

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III ESPAÇO CULTURAL

TECNOLOGIA E ARTE/2011

A Tecnologia naConstrução da Emoção

capt

ação

de

apoi

o e

pat

rocí

nio

A r t i s t a s

cleusa rossetto

drica queiroz

malu serra03 a 07 de outubro de 2011

Fatec-SP / BRASIL

CONTATO: Cleusa Rossetto - [email protected]: (5511) 3322-2225 / - www.fatecsp.br

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❐ S U M Á R I O ❐FE

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Ano

I /

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2 20

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Editorial 5Bia Black

Entre a profissão de fonoaudióloga renomada e a alma inquieta clamando

por liberdade de expressão, hoje encontramos Bia Black feliz por ter

optado pela segunda. O mundo das Artes Plásticas agradece. Suas camadas

sobrepostas de tinta traduzem momen-tos únicos de sentimento e de beleza. 6

Claudia BassettoObras que incorporam efeitos encontra-

dos na madeira envelhecida ou ainda, através da assemblage com talos e

folhas de bananeira desidratados. O tom e o enredo, das belíssimas obras da

Artista Plástica Claudia Bassetto, são sugeridos pelo próprio material. Nos

trabalhos mais recentes, ela imerge de forma brilhante na pesquisa da cultura

indígena. 14Vicencia Gonsales

Vicencia Gonzales, uma Artista Plástica, de personalidade marcante e decidida, trabalha num processo criativo gerado após muita pesquisa e que consegue açambarcar o observador para dentro

de suas maravilhosas obras. Traz novas soluções ao dilema conceitual da

representação encontrando harmonia nos excessos. 22

Oscar D’Ambrosio Oscar D’Ambrosio, um dos maiores

Críticos de Arte do país, nos dá uma aula sobre a profissão de Crítico de Arte

e suas preocupações com o rumo que ela está tomando, nos últimos anos. 30

Recortes informativos Conheça sobre o lançamento do Projeto

“Dia do Artista”: “Que Artista sou eu?” Não perca a oportunidade de participar

desse Interessante projeto idealizado pelo Prof. D’Ambrosio, e apoiado pela

Unesp. 39Publicidade dirigida

Conheça um pouco sobre a Empresa ArtPhoto que atua basicamente na área

de impressão digital e se especializou na altíssima qualidade do processo e do

trabalho final com garantias de longevidade, no campo das Artes

Visuais junto a Fotógrafos, Artistas, Arquitetos e Designers. 40

6bia black

14claudia bassetto

23vicencia gonsales

EventosVeja como foi o Workshop realizado na ArtPhoto que reuniu profissionais dos

mais diversos segmentos do Meio das Artes Visuais para discutir a apropriação da impressão digital junto ao Projeto “O nome não dado” dos Artistas Plásticos

Lucia Py e Cildo Oliveira 40Próximo número

Não perca! Abordará, entre outros assuntos, a Exposição “A Tecnologia na

Construção da Emoção” dentro do III Espaço Cultural Tecnologia e Arte,

evento associado ao 13º Congresso de Tecnologia da FATEC-SP. 43

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O veículo que chegou para democratizar a divulgação da Arte Brasileira

sarau animus®FEMMES&ARTS

Amigos Artistas, interessados e amantes das Artes, é com alegria que concluímos mais este número da FEMMES&ARTS®.

Alegria, não porque conseguimos simplesmente, mas porque tivemos a oportunidade de melhor conhecer Artistas Plásticas Contemporâneas de excelente nível como Bia Black, Claudia Bassetto e Vicencia Gonsales, que nos brindam com uma significativa amostra de suas Obras.

Tratamos de apresentar as obras, de forma equilibrada e representativa, compreendendo as diferentes épocas e estilos de cada uma, mas sabemos que por vezes podemos estar sendo limitadas com tão belos acervos produzidos. Mesmo assim, estas Obras nos permitem refletir sobre a capacidade de expressão do ser humano quando este busca transmitir o que vai no seu íntimo.

Neste número fizemos questão de abrir um espaço especial para o Crítico de Arte Oscar D’Ambrosio, já conhecido de muitos, pela grande competência profissional, que na sua modéstia característica se qualifica mais como um Orientador do que um Crítico de Arte propriamente dito, profissão esta antes considerada mais enigmática e temerosa. A entrevista foi muito rica e sincera e assim o reconhecemos como um ser humano consciente de sua limitação material, num mundo de tantos artistas e de tantos estilos. O Professor Oscar tem um ponto de vista unificado, entre o universo literário e o universo artístico, o que lhe permite um resultado de síntese especial, ao observar a cena das Artes Plásticas. Ele nos brinda com uma verdadeira aula de como funcionam os bastidores da profissão de Crítico de Arte onde, além do prazer, também enfrenta algumas dificuldades. Sugere ainda uma melhor forma de buscarmos o trabalho de um Crítico de Arte, tão importante para a carreira de tantos, Artistas, iniciantes ou veteranos.

Cleusa Rossetto

Ano I / nº 02, ju lho/agosto - 2011

EDIT

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Bia Black nascida em São Paulo, filha de

imigrantes. estudou no colégio Caetano de Campos. Desde cedo mostrou ser uma menina muito ligada à

música de sua época, tendo acompanhado toda a

trajetória da “jovem guarda”, que conserva registrada nos cadernos de lembranças com autógrafos dos

ar t i s tas. For mada profiss ionalmente como fonoaudióloga, obteve o sucesso desejado nessa

profissão como fonoaudióloga de renome, professora

e clínica, mas a arte já se manifestava forte dentro do seu ser, pois criava, usando sua tendência para a arte,

materiais e objetos especiais, para empregar na ludoterapia, que aplicava nos tratamentos de seus

clientes.

Desde criança ela pintava as calçadas, as paredes, os móveis etc. Sem dúvida era a sua alma de artista

que assomava tão límpida e forte, que impossível de ser refreada.

Frequentou os ateliês e as aulas de vários mestres,

como Sylvio Coutinho, Waldo Bravo, Marina Saleme e Nazareth Pacheco e na virada do ano 2000, Bia

Black já havia optado pela Arte, profissionalmente.“O limiar entre loucura e razão. A insensatez dos artistas está na alma, no gene; mesmo assim não é fácil romper com a trajetória e tornar-se artista...

Um dia, o sonho e a “loucura” tornaram-se maiores que a razão. Deixei aflorar, enfim, o instinto reprimido. Hoje, olho a pintura como um espelho e me vejo: sou uma artista, no corpo e na alma. Contemporânea na forma acadêmica, contemporânea da nossa época. Uma artista plástica”

www.biablack.net

beatrizblack.blogspot.com

[email protected]

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11 Bia Blackartista plástica

p006 - 200540 x 30 cm / acrílico sobre tela

p007 - 201040 x 40 cm / técnica mista sobre tela

p006

p007

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Entre as exposições em que Bia Black participou,

pode-se citar:

Exposições Individuais- 2005 - “Trajetória” - Museu Brasileiro da Escultura

- São Paulo;- 2006 - “Entre” - Galeria Navegare - Paraty - RJ;

- 2007 - “Meninas e Mulheres” - Casa Caiada - SP;

- 2008 - “Para Nunca Esquecer” - Espaço Cultural CPTM / Metrô - SP; “Exposição itinerante” -

Estações da CPTM - SP; “Sonha-me Tua”,

diálogos com Hilda Hilst - Galeria Área Artis - SP;- 2010 - “Interface Arte-Decoração” - Hotel Blue

Three Premium Berrini - SP.

Exposições Coletivas- 2010 - “Manifestações V: hibridismo” - MuBE - SP;

“Se a Pintura morreu, esqueceram de me avisar” -

G a l e r i a G a r c i a A r t e - S P ; “A t i t u d e -

Sustentabilidade e Arte Contemporânea” -

Pinacoteca Municipal - FEAC - Franca - SP; “Um livro sobre a Morte” - MuBE - SP; “Exposição de

Inverno Cia Arte e Cultura” - Villa-Lobos Cultural

- SP; “Fernando Pessoa em Cores e Formas” - Galeria Area Artis - SP; “Cem anos de arte

Abstrata” - Galeria Garcia Arte - SP; “41ª Chapel Art Show” - SP;

- 2009 - “33º Arte Contemporânea” - MAM -

Resende - RJ; “Ojo Latino. La mirada de un continente” - Chile; “XXVII SAPLARC” - Rio

Claro - SP; “44º Salão de Maio” - Sociedade

Brasileira de Belas Artes - RJ; “59º Salão Oficial Municipal de Belas Artes” - Juiz de Fora - MG; “I

Espaço Paulista de Arte” - São Paulo - SP; “XXIII Mostra de Arte” - Centro Brasileiro Britânico;

“Artmosfera” - Galeria de Arte Unimed Paulistana;

“Salão de Artes Visuais de Vinhedo 2009” - Vinhedo - SP; “Casa Cor 2009” São Paulo - SP e

outras.

Obras em acervoInstituto Histórico e Cultural de Arceburgo, MG; Espaço Cultural de Vinhedo; Sinapesp, São Paulo;

Embaixada Brasileira em Roma - Itália; MAM

Resende - RJ; Coleção Real Britânica - Londres - Inglaterra; MAM Resende - RJ; Secretaria da

Cultura de Guarulhos - SP; Pinacoteca de Rio Claro - SP; Prefeitura de Atibaia - SP.

Intervenções Urbanas“Sorria” - MAC /USP 2006; “Sorria Multiplicidade”

- Espírito Santo 2007; “Entre o Sagrado e o Profano”

- CPTM São Paulo 2007.

m095 - 2010160 x 120 cm / técnica mst

“O meu trabalho é sempre feito através de várias camadas e nunca través de uma só, de tinta. E isso, na verdade, retrata muito do que eu acredito que seja a vida. Ou seja, resulta de experiências que se sobrepõem. Não é só aquilo que se vê, na superfície. Eu me realizo enquanto pinto, deixando nessas camadas de tinta as minhas marcas. Marcas da minha vida, da minha existência, da minha história. É quase a necessidade de traduzir, naquele exato momento do pintar, todo o sentimento que se transforma em obra de arte!“

Bia Black

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Adriana do Amaral, em texto abordando a trajetória de Bia Black, discursa: “Quando um restaurador busca o trabalho original do artista, parte do seu trabalho é eliminar pinceladas que foram sobrepostas, ao longo do tempo. Ao contrário, na técnica da artista plástica paulistana Bia Black, as camadas se sobrepõem, tornando-se um elemento único que traduz o seu pensar, sentir e fazer arte contemporânea. No futuro, nenhum traço de tinta poderá ser eliminado, sob o risco de perder-se a essência...”

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m030 - 200990 x 135 cm / têmpera sobre tela

bia black

m130 - 201190 x 150 cm / têmpera sobre tela (na página oposta) bia black

segmento da obra trajetória (s004) - 200780 x 80 cm / acrílico sobre tela

m002 - 2009120 x 120 cm / acrílíco sobre tela

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n019 - 200480 x 80 cm - acrílico sobre tela

o030 - 200570 x 60 cm / acrílico sobre

bia black

ao infinito e além (m039) - 2008140 x 160 cm / acrílico sobre tela

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2011 bia black

sete pecados capitais (s015) - 2006

50 x 70 cm / acrílico sobre tela

o019 - 200470 x 50 cm / óleo sobre tela

n051- 2010125 x 90 - acrílico sobre tela

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m134 - 2011130 x 155 cm / têmpera sobre tela

m100 - 201030 x 40 cm / técnica mista sobre tela

bia black

m135 – 2011130 x 200 cm / têmpera sobre tela

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2011 bia black

m073 - 200620 x 40 cm / técnica mista sobre tela

a vida e bela (n001) - 200280 x 100 cm / acrílico sobre tela

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Natural de São Manuel, hoje está radicada em

Botucatu, SP. Artista plástica formada pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo e Mestre em

Poéticas Visuais, pela Faculdade de Artes, Arquitetura

e Comunicação da UNESP em 2002, com a condução da pesquisa Impressões Urbanas e a

interferência desta no fazer artístico.Em São Paulo ministrou aulas no Curso de

Desenho Artístico e Publicitário da Escola Nacional

de Desenho. Depois de participar da Semana de Arte e Ensino da Escola de Comunicação e Artes - ECA-

USP, atuou como Arte-educadora no Colégio Arquidiocesano de São Paulo. Também proferiu

cursos para professores de escolas estaduais.

Em   Sorocaba,   SP,   organizou projeto para a Oficina Grande Otelo em Fotografia e Artes Plásticas.

Na Associação de Ensino de Botucatu - UNIFAC a p r e s e n t o u d o i s m ó d u l o s n o C u r s o d e

aperfeiçoamento do Serviço Social: O papel da cultura

na formação da criança e do adolescente e Contos e brincadeiras para voltar a ser criança, e quatro módulos no curso de

Pós-graduação em Psicopedagogia sobre Arte-educação. Também desenvolveu as Oficinas de

Expressão e Criatividade para alunos da rede

estadual e municipal de ensino, assim como, para adultos e adolescentes, nos Centros comunitários da

periferia, com o objetivo de estimular o lúdico e o criativo através do uso dos materiais artísticos.

Participa da equipe de trabalho da Secretaria

Municipal de Cultura de Botucatu desde 2005, atuando principalmente na produção, organização e

curadoria de exposições e eventos relacionados às Artes Visuais.

Em 2007, organizou o livro “Vinício Aloise, uma

história desenhada”, que reúne o talento do exímio desenhista e professor Aloise. Atualmente está no

projeto de organização da publicação de outro livro que será lançado ao final de 2011.

É membro da Academia Botucatuense de Letras,

desde 2009, ocupando a cadeira de nº 26 de Elda Moscogliato. Representa assim a Academia e o

município proferindo discursos e palestras em eventos e cerimônias cívicas.

Desenvolve seu trabalho acadêmico e didático

voltado para a Arte e a Cultura através de palestras,

Claudia Bassettodesenho, pintura e fotografia

“A madeira e suas nervuras, principalmente a envelhecida pela intempérie e pelo desgaste natural, no decorrer do tempo, sempre me atraiu e tornou-se objeto de estudos para o desenvolvimento do meu trabalho”

[email protected]

da série epigrama - 200950 x 70 cm / técnica mista sobre madeira

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RAÍZESEm 1997, iniciou um estudo fotográfico

de texturas no agrupamento fortuito das cercas e tapumes em contraste com a vegetação, procurando revelar a forma como as pessoas organizam e utilizam os materiais para construírem suas casas e delimitarem o seu espaço. Da pesquisa dos contrastes dos diversos materiais rústicos (madeira, zinco, arame, ferro, folhas etc.), surgiu a matéria-prima para uma série de fotos, desenhos e colagens.

A utilização do material gráfico veio de encontro ao resgate das verdadeiras origens e raízes do homem em simbolizar o mundo ao seu redor. Escavar e desenhar na madeira, aproveitando suas linhas e entrelaçamentos, não apenas como o suporte, mas parte integrante do próprio desenho, registrando na superfície todo o seu imaginário, revelando, principalmente, os costumes, os grafismos e as caracte-rísticas dos primeiros habitantes desta terra: os índios. ENTRAMAS

Na busca constante por técnicas e materiais diversos, e da preocupação em resgatar as verdadeiras raízes do homem brasileiro, trabalha alguns procedimentos e materiais primitivos como o carvão, pigmentos e o entalhe para a realização do seu trabalho. Como ponto de partida, para realizar a pesquisa de linhas e texturas que

pudessem refletir o seu pensamento, utilizou as folhas e talos de bananeira. Planta rica em texturas e movimento que confere aos desenhos a construção de simulacros, contrastando o espaço real e o construído revelando a ambigüidade onde a imagem real se confunde com a imagem criada. O carvão, o grafite, o pastel dão o complemento às texturas originando espaços conflitantes, contrastando formas, cores e linhas traduzindo a poesia das suas verdadeiras impressões.

EPIGRAMAS Pequenas mensagens que desenhadas

ou talhadas mostram a arte e o grafismo de diversas etnias indígenas, onde o fazer artístico é mais do que um processo, faz parte do seu cotidiano.

oficinas e mini-cursos para valorizar e divulgar as

raízes e origens da Arte Brasileira. Também participa como jurada de exposições em Botucatu e região.

Sempre ativista na área da cultura lhe permitiu

acesso ao Conselho Municipal de Cultura de Botucatu, do qual é membro desde o Conselho

Provisório de 2005. A sua paixão pela Arte e sua liberdade criativa,

estão refletidas no seu trabalho individual, em

desenho, pintura e fotografia, sendo que, desde 1991 vem participando de Salões de Arte, exposições

individuais e coletivas, nas quais tem recebido várias premiações, entre outras: Menção Honrosa -

(2001/2002) no Mapa Cultural Paulista - Em Artes

Plásticas e Fotografia; (1999) no Concurso do I

Catálogo de Artistas do MERCOSUL - Sant’Ana do Livramento - RS; no II Salão Nacional de Fotografia

de Sorocaba; Medalha de Ouro no I Salão de Arte de

Botucatu etc.As pesquisas com materiais a conduziram em

várias fases: tramas (fase cubista com pintura a

óleo), paisagens oníricas (aquarelas e desenhos), natureza (desenhos botânicos); fragmentos,

impressões e lugares (abstratos com colagens e

pintura) e desde 1999 a pesquisa da cultura indígena com várias séries: raízes, rupestres, entramas e

epigramas com grafismos da pintura corporal

indígena (desenho e colagem sobre madeira).

cocar - 200960 x 80 cm / técnica mista sobre madeira

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da série epigrama - 200955 x 65 cm / técnica mista sobre madeira

claudia bassetto

da série epigrama - 200950 x 70 cm / técnica mista sobre madeira

da série epigrama - 200955 x 65 cm / técnica mista sobre madeira

(na página oposta) cláudia bassettoda série raízes - 199955 x 60 cm / técnica mista sobre madeira

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ianomani - 200080 x 80 cm / técnica mista sobre madeira

marubo - 200080 x 80 cm / técnica mista sobre madeira

claudia bassetto

ianomani - 2005160 x 180 cm

técnica mista sobre madeira

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da série epigramas - 2009diâmetro 80 cm / técnica mista

sobre madeira

claudia bassetto

da série epigrama - 200950 x 70 cm / técnica mista sobre madeiratécnica mista sobre tela

piracema - 2008100 x 120 cm / técnica mista sobre madeira

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claudia bassetto

da série fragmentos - 199950 x 70 cm / técnica mista sobre lona

da série raizes - 1999 60 x 55 cm

técnica mista sobre madeira

da série entramas - 200960 x 80 cm

técnica mista sobre madeira

da série lugares - 199890 x 70 cm / técnica mista sobre lona

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largo são josé - 199150 x 40 cm / óleo sobre tela

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cachoeira do abandono - 199170 x 50 cm / óleo sobre tela

azulão - 199170 x 50 cm / óleo sobre tela

cachoeira de boiçucanga - 199170 x 50 cm / óleo sobre tela

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2011 Vicencia Gonsales

artista plástica e escultoraSou paranaense, do interior do Estado. Aos

quinze anos, fui viver e estudar na capital Curitiba, onde me formei em Ciências Econômicas. Trabalhei

no Departamento de Estradas de Rodagem, onde

conheci um jovem Engenheiro paulista, com quem me casei e de quem, até hoje, recebo incondicional

apoio.

A iniciação na atividade artística se deu um

pouco tardiamente, em função de minha dedicação

exclusiva à família, que me proporcionou muito prazer e nenhum arrependimento.

A Arte surgiu em minha vida como necessidade de expressar meus sentimentos, minhas emoções,

minhas memórias, como forma de comunicação com

o outro.

Interesso-me pela colagem, sinto-me atraída por

texturas, camadas e camadas de tintas, tirar, por, construir e desconstruir. Utilizo jornais e tecidos. Ao

fundo, aparecem as letras, que são também desenhos.

As estampas dos tecidos, rendas, tudo é incorporado à pintura.

Minhas fases passam pela pintura, pintura-colagem, monotipias com desenho e colagem,

gravuras em metal, objetos, instalações. Não costumo

planejar minha produção artística. As obras, em qualquer das linguagens, sempre acabam sendo

criadas de maneira espontânea. No processo criativo, sinto que, a partir de um determinado momento, o

trabalho adquire vida própria, você é apenas um

instrumento. A obra se faz sozinha.

O ateliê é o local físico onde o trabalho, enquanto

material, é concretizado. Contudo, acredito que somos ateliês vivos, pois carregamos idéias e

pensamentos todo o tempo, estamos em constante

trabalho mental.

Atualmente, trabalho com o desenho no plano e

no espaço. Discuto as fronteiras da pintura e o lugar da Arte. Levo em discussão questões da Arte

Contemporânea, como a expansão territorial, tempo

de vida de uma Obra de Arte, a utilização do espaço arquitetônico como suporte nas instalações.

Para mim a arte é uma busca.Uma busca do não saber o que se busca. É uma necessidade, um anseio, é sofrimento, é chamado.

www.vicenciagonsales.art.br

[email protected]

ateliê da artista - 2009experimentação de intervenção arquitetônica

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2011 Frequentou vários cursos ligados às Artes:

- 2011 - Desenho: indícios, sinais e anotações – Edith Derdyk – Instituto Tomie Ohtake – SP

- 2009 e 2010 - Curso de Gravura em Metal – Prof. Evandro Carlos Jardim – SESC/SP

- 2007 - Pintura encáustica – Contempoarte – São Paulo – SP

- 2 0 0 7 a 2 0 1 0 - O r i e n t a ç ã o e m A r t e C o n t e m p o r â n e a c o m Wa l d o B r a v o – Contempoarte – São Paulo – SP

- 2006 - História da Arte – Rodrigo Naves – São Paulo – SP

- 2005 - Pintura – Ateliê Ilka Lemos - São Paulo – SP- 2002 a 2004 - Curso de Artes Plásticas – Escola

Panamericana de Arte e Design – São Paulo – SP .

Exposições Individuais- 2011 - Saindo da Linha – Teatro Polytheama –

Jundiaí – SP- 2009 - Sinfonia Cromática – Espaço de Exposições

Unimed Paulistana – São Paulo – SP; V Salão Rio Doce – Casa da Xiclet Galeria – São Paulo – SP

- 2007 - Da espiritualidade à corporalidade – Galeria Área Artis – São Paulo – SP

- 2006 - Descolorindo a cor e desfigurando a figura – Galeria Área Artis – São Paulo – SP

Salões- 2010 - 19o Encontro de Artes Plásticas – Atibaia –

SP; XXVIII Salão de Artes Plásticas de Rio Claro – SP; 38o Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto – Santo André – SP

- 2009 - 9o Salão de Artes Visuais – Guarulhos – SP- 2008 - XXXII Salão de Artes Plásticas de Franca –

SP; Salão de Artes Visuais de Vinhedo – SP; XXVI Salão de Artes Plásticas de Rio Claro – SP

- 2007 - XXV Salão de Artes Plásticas de Rio Claro – SP

Premiações- 2010 - Menção Honrosa – 19o Encontro de Artes

Plásticas – Atibaia – SP- 2008 - Grande Medalha de Bronze – XXXII Salão

de Artes Plásticas de Franca – SP; Menção especial do Júri – Salão de Artes Visuais de Vinhedo – SP

- 2007 - Medalha de prata – XXV Salão de Artes Plásticas de Rio Claro – SP

Exposições Coletivas- 2011 - 5a Bienal Nacional de Gravura Olho Latino

– Atibaia – SP; Natureza Hoje – Museu Florestal Octávio Vecchi – São Paulo – SP

- 2010 - Luzes e Sombras - Arte sobre papel – Parque da Água Branca – São Paulo – SP; Diálogos com Da Vinci – Centro Empresarial de São Paulo – SP; - Revisitando Duchamp – Casa do Olhar Luiz Sacilotto – Santo André – SP

- 2009 - Fragmentos Contemporâneos – Pinacoteca Municipal “Miguel Ângelo Pucci” – Franca – SP; 2009 – Paisagens Gráficas – Museu Florestal Octávio Vecchi – São Paulo – SP; 29o Mini Print Internacional de Cadaqués – Taller Galería Fort – Girona – Espanha; Diálogos com Drummond – Pinacoteca Benedicto Calixto – Santos – SP; Diálogos com Drummond – Casa das Rosas – São Paulo – SP

- 2008 - Reconstruarte – Centro de Convenções Victor Brecheret – Atibaia – SP (artista convidada); Bosch Medieval: Bosch Contemporâneo – Galeria Área Artis – São Paulo – SP; Cem Com Cem Sem – Casa das Rosas – São Paulo - SP.

d32 - 2011150 x 150 cm / técnica mista sobre tela

Segundo o antropólogo Antonio Carlos Fortis a pintura de Vicencia tem o poder de açambarcar o observador alçando-o para dentro do espaço da obra.

Segundo Waldo Bravo, o ineditismo das obras da Artista Vicencia Gonsales a colocam junto a um seleto grupo de pintores que deram novas soluções ao dilema concetual da representação. Nesse momento vemos toda a afirmação autoral na superfície da tela, destacando assim sua ação fundamental como pintora. A técnica mista utilizada tem por base a colagem e, através dela, alcança uma rica diversidade criando um vocabulário de impacto pictórico e confrontos entre o desenho e a colagem, conseguindo um resultado pessoal e corajoso, fruto dessa harmonia de excessos.

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d9 - 200970 x 80 cm / técnica mista sobre tela

d1 - 2009100 x100 cm / técnica mista sobre tela

(na página oposta) vicencia gonsalesd31 - 2011135 x 125 cm / técnica mista sobre tela

d6 - 200990 x 80 cm / técnica mista sobre tela

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f16 - 2007134 x 100 cm / técnica mista sobre tela

f17 - 200756 x 140 cm / técnica mista sobre tela

f10 - 2007120 x 63 cm / técnica mista sobre tela

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f58 - 201190 x 90 cm / técnica mista sobre tela

f72 - 201190 x 70 cm / técnica mista sobre tela

f20 - 2007135 x 152 cm / técnica mista sobre tela

f71 - 201180 x 70 cm / técnica mista sobre tela

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t57 - 200688 x 83 cm / técnica mista sobre tela

t69 - 2006140 x 106 cm / acrílico sobre tela

t55 - 200695 x 135 cm / acrílico sobre tela

t98 - 2006136 x 63 cm / acrílico sobre tela

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objetos em arame - 2010da esquerda para a direita: 160 cm, 120 cm e 25 cm com diâmetros variáveis até 20 cm.

objeto em arame (detalhe) - 2010

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Oscar D’Ambrosiocrítico de arte

Oscar D’Ambros io, doutorando em Educação, Arte e História da Cultura, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Jornalista pela Escola de Comunicação e Artes - ECA-USP, Mestre em Artes pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (Unesp), é Crítico de Arte e integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (Aica - Seção Brasil). Bacharel em Letras (Português-Inglês), é  assessor-chefe da Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp e publicou, entre outros, “Amazônia: a esperança do planeta” (JS Comunicação Gráfica), “Os  pincéis de Deus: vida e obra do pintor naif Waldomiro de Deus” e “O Van Gogh feliz: vida e obra do pintor Ranchinho de Assis” (ambos pela Editora Unesp) e “Mito e símbolos em Macunaíma”   (Editora Selinunte). Apresenta o Programa Perfil Literário, na rádio Unesp FM desde 2009, com um acervo de 1160 entrevistas de escritores (disponível em http:aci.reitoria.unesp.br/radio/perfil_literario/). Escreveu para a “Coleção Contando a Arte” da Editora Noovha América, livros sobre os artistas plásticos Adélio Sarro, Aldemir Martins, Bittencourt, Caciporé, CACosta, Cláudio Tozzi, Dalmau, Da Paz, Di Caribe, Elias dos Bonecos, Estevão, Ferreira, Garrot, Gisele Ulisse, Gustavo Rosa, Jocelino Soarez, Jonas Mesquita, Juan Muzzi, Marcos de Oliveira, Maroubo, Ranchinho, Roldão de Oliveira, Rubens Matuck, Peticov, Romero Britto, Sima Woiler, Sinval, Toyota, Walde-Mar e Waldomiro de Deus.

“A arte visual surge de dois conflitos: entre o que vemos e o que desejamos ver no mundo e entre o que queremos e o que conseguimos fazer plasticamente.”

[email protected]

entrevista

Oscar D’Ambrosio gentilmente concedeu à FEMMES&ARTS® uma excepcional entrevista que certamente permitirá melhor compreender a Crítica de Arte.

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Entrevista de Oscar D’Ambrosio concedida à FEMMES&ARTS® no dia 12/07/2011.

F&A - Onde nasceu?

OA - Nasci na Argentina, La Plata. Meu pai é Economista e minha mãe Professora de Educação Física. Quando eu tinha 5 anos de idade viemos para o Brasil. Aprendi a ler com meu Avô, lendo no jornal, não na Cartilha. Quando aqui cheguei, já era alfabetizado, mas todos os meus estudos, Fundamental, Médio e as Faculdades de Letras e Jornalismo, fiz no Brasil. Quando adolescente, estive muitas vezes na Argentina e percebi as diferenças entre a educação aqui e lá, que se tornaram referência na minha vida.

F&A - Quando começou teu interesse por Arte? Havia alguém da sua família, ou amigos que se dedicavam à Arte?OA - Essa é uma questão interessante. Vale uma reflexão rápida. Com a minha formação em Jornalismo e Letras, comecei a trabalhar no Jornal da Tarde, fazendo resenha de livros. Gostava de Artes Plásticas, pois meus pais, desde a Argentina, me levavam muito aos museus, mas essa não era minha orientação primeira. De 1999 a 2000, um fato mudou minha vida, nada místico. Eu trabalhava na UNESP, e fui designado para montar um Projeto de Exposição Itinerante, com as obras do Artista Plástico Waldomiro de Deus. Ele se intitula o maior Artista Primitivista do Brasil, depois da morte de José Antonio da Silva. Eu já conhecia a obra dele, mas não pessoalmente. Foi marcado um encontro que deveria ter a duração de 1 hora, mas acabamos ficando conversando por 5 horas. Ele é um bom baiano, de uma simpatia e oratória maravilhosas. No final ele me disse que

havia ficado muito bem impressionado, que havia uma empatia entre nós e pediu para que eu aceitasse escrever o livro dele. Depois fiquei sabendo que ele já havia falado o mesmo para várias pessoas. E eu o mais “Bobinho”, na ocasião, acreditei. Fiz então o livro dele – “Os pincéis de Deus – a vida e a obra do Pintor Naif Waldomiro de Deus”. Na montagem do projeto tive que entrar em contato com outros 10 Artistas Plásticos que o rodeavam e desde então, há dez anos, passei a visitar Ateliês, frequentar exposições e a conversar com Artistas. Acabei por me dedicar a escrever Catálogos e textos críticos, e meu Doutorado é sobre a Bienal Sesc Naif de Piracicaba. Costumo dizer, de coração, que Waldomiro de Deus é meu pai, não biológico, mas Intelectual.

F&A - Como o Sr. definiria a profissão, e o papel de um Crítico de Arte?OA - A profissão de Crítico de Arte, tal qual ela foi inicialmente concebida, está num momento de decadência. Eu a vejo

mais como uma orientação, e não como uma avaliação. A Universidade acabou suprindo um pouco essa função. O Crítico de Arte hoje, para ser mais reconhecido, tem, necessariamente que passar pelo ambiente Universitário. Essa é uma tendência natural. Não acho que isso seja ruim. Os Críticos de Arte do Sec. XIX até 1 9 8 0 , t i n h a m p o u c a f o r m a ç ã o Univers i tár ia , eram Autodidatas e acabaram perdendo totalmente o espaço.

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A profissão de Crítico de Arte, tal qual ela foi inicialmente concebida, está num momento de decadência. Eu a vejo mais como uma orientação, e não como uma avaliação.

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Houve ganhos e perdas. Se perde por um lado porque aqueles Críticos tinham uma visão multifacetada, o que é bom, e a Universidade, com formação muito rígida e técnica, impede essa visão. Hoje os Críticos de Arte são especialistas em Arte Pr imit iva, Arte do Sec. XIX, Arte Contemporânea, Arte Moderna, do mundo da Gravura e assim por diante, e isso é extremamente limitador, pois muitas vezes a Un i ve rs idade também reduz a capacidade de dialogar, no meu entender. Se, como Crítico de Arte, tenho algum diferencial é porque eu acabo dialogando com todo mundo, o que é muito gratificante, principalmente com os mais novos recém formados que me procuram para conversar, entrar em seu universo, entender melhor sua profissão, seu processo criativo e tudo mais, o que pode não dar em crítica ou curadoria. Após minhas atividades na Unesp como assessor-chefe da Assessor ia de Comunicação e Imprensa, o que eu mais gosto de fazer é visitar Ateliês. Vou porque me chamam ou porque eu quero ver os trabalhos, e eu faço isso quase todo dia. Acima de tudo, ouço. Aliás duas pessoas já me disseram que sou mais um Psicólogo que um Crítico, achei muito estranho, mas, vamos criando cabelos brancos e comecei a entender o que elas queriam dizer. Também sou procurado pelos Artistas mais velhos, que perderam um pouco a visibilidade e estão meio esquecidos pelo mercado.

F&A - Existe alguma referência teórica, no Brasil, ou no Exterior, sobre a conduta que um Crítico de Arte deve adotar?OA - Não existe um “Caderno de Condutas” para as Artes Plásticas, que se tornaram um espetáculo. Quanto ao

Crítico de Arte, são hoje os Historiadores de Arte. A Universidade precisa, não só deles, como também de Pesquisadores de Historia da Arte. E.H. Gombrich, por exemplo, que é muito famoso e uma autoridade no Meio das Artes, é um grande Historiador da Arte.

F&A - Como o Sr. interpreta, quando ocorre um comentário, de que a crítica não corresponde sobre o que o artista realmente pensou durante a criação de seu trabalho?

OA - Em geral as críticas são destrutivas quando o Artista não faz parte da mesma “igreja”, do mesmo grupo de quem critica. É como se você fosse protestante e eu ca tó l i co . Temos , em pa r te , uma convergência, que é a crença em Deus, mas os dogmas são diferentes. É uma

crítica normativa e destrutiva. A análise crítica realizada às vésperas de uma Exposição é como fazer uma resenha literária para um jornal. Não há uma percepção adequada do passado, do presente e uma visão do futuro do Artista.

F&A - Há proximidade entre as frases: A beleza está nos olhos de quem vê e no minimalismo – O que você vê é o que você vê?OA - No momento em que um Artista termina um trabalho de Arte, este deixa de lhe pertencer e passa a ser do observador, seja ele um Crítico de Arte ou um leigo, e as pessoas têm esse direito, têm o direito

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A análise crítica realizada às vésperas de uma Exposição é como fazer uma resenha literária para um jornal. Não há uma percepção adequada do passado, do presente e uma visão do futuro do Artista.

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de falar o que quiserem. A crítica, quase nunca corresponde ao que o Artista pensou ao criar sua obra. A Arte hoje é geralmente ligada a uma intencionalidade e, se o trabalho não corresponde a essa intenção, ocorre aí um ruído, e essa diferença é vista como um erro, um equívoco. Eu acho que não, mas é uma tendência. E é um jargão do mundo universitário. Hoje existe o crít ico especialista para determinado tipo de entender. Se o Artista não pertencer ou tiver estudado com esses Professores, dessas “igrejas”, a crítica será destrutiva.

F&A - O que pensa da argumentação do impossível – Argumentação favorável ou extremamente valiosa a ponto de até mesmo o crítico parecer convencer-se de que a verdade assim o é?

OA - Romero Brito é um caso à parte, Tem um desenho facilmente reconhecível, com a cor compacta rodeada com o preto. Em termos de marketing, é ótimo e se consolidou no mercado, no mundo c a p i t a l i s t a e m q u e v i v e m o s . A “cristalização” de sua arte será acentuada já que vai fazer uma Arte customizada dentro do Marketing de um dos grandes eventos esportivos que o Brasil vai sediar. Aldemir Martins reproduzia seus trabalhos em canecas e pratos e era criticado por

isso, mas não vejo nenhum problema nisso, pois nos museus da Europa e dos EUA em geral são vendidos objetos que trazem obras dos grandes Artistas como

Picasso, Van Gogh, Velázques e tantos mais. Penso que a programação visual que ele criou se cristalizou tanto que, se mudar de estilo, não vai sobreviver. E fica uma pergunta: Será que dentro de 30, 40 anos estarão falando sobre ele?

F&A - Sendo um profundo conhecedor da Arte já chegou a criar ou antecipar algum movimento artístico?

OA - Acho que hoje não há mais novos movimentos artísticos, embora as pessoas estejam se juntando cada vez mais em grupos. Há muitos deles, especialmente nas capitais São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Bahia, já com tradição de Grupos de Arte fortes, e ainda em Goiânia, que está formando alguma coisa, mas v o c ê n ã o p o d e m a i s p e n s a r e m movimentos. As pessoas estão muito dispersas. Se você navega no computador por 15 minutos, tem acesso a tanta informação que não tem mais sentido fazer um grupo para manifesto. O que tem sentido sim, é você ficar no ateliê com um grupo discutindo os trabalhos. Reunir 5 a 1 0 A r t i s t a s , v i r t u a l m e n t e o u presencialmente, e colocar os trabalhos para discussão. Vão surgir afinidades. É bom que surjam, mas à parte disto, penso que todos os manifestos entraram em decadência. Hoje quem vai parar para ler um Manifesto Artístico? Eu confesso que não paro. Vou ler como curiosidade, ou como obrigação profissional, mas eu não consigo acreditar que alguém possa p e n s a r a A r t e , d e u m a m a n e i r a revolucionária, e muito menos que consiga juntar pessoas em torno disso. Isto ocorre, não só nas Artes plásticas, mas também na Literatura e na Arquitetura, sendo que esta costuma provocar reações.

Aldemir Martins reproduzia seus trabalhos em canecas e pratos e era criticado por isto, mas não vejo nenhum problema nisso.

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F&A - Qual a opinião do Sr. quanto aos mov imen t o s “ p o u r é p a t e r l e s bourgeois” (que serve para escandalizar aos cidadão respeitáveis ou pensantes). Ex. Bienal de Arte de 2011 – Veneza (2000 pombos empalhados, cidadão que percorre de Amsterdam até Veneza para entregar uma carta – sendo esta ação a obra de arte) ou o tubarão no formol de Damien Hirst?

OA - São manifestações válidas neste ambiente em que estamos, mas me parece que pouco disto vai permanecer. São espetáculos ou jogos. Vide o caso da escritora francesa Sophie Calle que utilizou cartas pessoais, que falavam do rompimento com o ex-namorado e de sua rejeição, para montar uma instalação. Acho ótimo, traz uma série de reflexões sobre as condições da mulher, no mundo contemporâneo, mas aqui voltamos novamente à questão: Não dá para saber se daqui a 30 anos uma determinada obra permanecerá como trabalho artístico. A pergunta é: hoje a obra de Arte precisa

ficar? Talvez a grande questão da Arte hoje seja justamente que nada é para ficar. Fomos educados de maneira a aceitar justamente o fato de que o que é bom, fica. Eu tenho sérias dúvidas, tanto que vivo refletindo sobre isto. Posso fazer um excelente trabalho ou uma excelente instalação que funcione, faço o registro fotográfico ou em vídeo mas o trabalho pode se desmanchar. Não tem problema que ele se desmanche. Por exemplo, a

Anna me presenteia com um trabalho e esse trabalho daqui a 20 anos vai se des-manchar. Uma coisa é fazer isto por uma ignorância técnica, utilizando um filtro fotográfico que vai se corroer. Isto é um problema. Agora, se o trabalho dela tinha como propósito esse se desfazer e eu quero preservá-lo tenho que fazer um registro do mesmo. Grande parte dos trabalhos polêmicos ou escandalosos são muito midiáticos e com grandes picos de visibilidade. Muitas vezes isso faz parte do projeto de vida do Artista. Qualquer um de nós pode sair na rua e dizer que vai fazer uma Instalação, às vezes, mesmo sem garantia de 15 minutos de visibili-dade. O grande problema é que ela pode não permanecer como obra. Existem pessoas muito criativas que conseguem manter uma certa qualidade, neste tipo de performance, de manifestação, no entanto há de se tomar cuidado para que este não seja um mero espetáculo. É como um diretor de cinema que faz um filme que dá certo e depois nunca mais se ouviu falar dele. A Anna que teve galeria, e teve contato com pessoas/artistas jovens, sabe que não é tão difícil encontrar pessoas talentosas, que tenham uma série do mesmo trabalho. O problema é saber se este Artista consegue manter a qualidade do trabalho e ainda vai procurar melhorar. E ainda há a questão do colecionador. O colecionador pensa: Eu vou apostar e comprar o trabalho do “João” porque ele está construindo uma estória. Isto é cada vez mais difícil. No entanto há galerias que tem como proposta esse pensamento. Voltando às performances, algumas não têm uma relevância, um questionamento, uma continuidade e acabam se esgotando nelas mesmas. Daqui a 5 anos vamos conhecer quantas performances de alto

Não dá para saber se daqui a 30 anos uma determinada obra permanecerá como trabalho artístico. A pergunta é: hoje a obra de Arte precisa ficar? Talvez a grande questão da Arte hoje seja justamente que nada é para ficar.

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nível que permaneceram ao longo da carreira? Hoje temos artistas, com limita-ção plástica ou de composição, mas que têm uma estratégia clara de visibilidade demarketing, trabalhando num projeto de visibilidade e fixação do seu nome no mercado para garantir sua permanência. Com isto, mesmo uma criança de 7 anos ou uma pessoa de 60 anos consegue reconhecer uma obra dele na rua ou num anunc io . Is to é um mér i to mui to importante para o Artista, mas há de se verificar, ao longo dos anos, como será sua permanência. Eu creio que é difícil.

F&A - Qual é na sua opinião, o maior desafio de um Crítico de Arte? Há de se adotar apreciação diferenciada quanto ao tipo de obra a ser criticada? Ex. Quad ro s , v í d eo s , i n s t a l a çõe s , performances etc?

OA - Para mim pelo menos, o maior desafio é conseguir entrar na cabeça do Artista. Quando eu conheço um trabalho, eu procuro conseguir conhecer melhor o artista. Não o conhecendo, porque ele está longe ou porque não tenho possibilidade, ou até mesmo porque ele está morto, no caso de um trabalho retrospectivo, o básico é entender porque a pessoa fez aquilo. A minha técnica é pensar como ele. Caso consiga isto, eu consigo fazer um texto legal. Para mim este é o desafio. Para tal, pode-se levar uma conversa de cinco horas, ou mesmo de dez minutos, por uma coisa que a pessoa fala e que você consegue captar. Às vezes não se consegue nunca, ha

artista que você não entende, isto não quer dizer que ele seja bom ou ruim. Tem Artista que se consegue até escrever, porém não consigo entrar em seu universo, por uma limitação às vezes minha, às vezes dele, as vezes dos dois. Acho que assumir isto já é uma grande vitória. Não ser onipotente é a maior vitoria. Em Arte, se você é onipotente, está decretando seu próprio fim.

F&A - Quais são os limites entre o Real e o Imaginário?OA - Essa discussão perdeu o sentido. Hoje, todos os limites ou barreiras rígidas limitam o poder de ver. O que é real ou imaginário? Vamos pegar dois escritores brilhantes, o Jorge Luis Borges e o Júlio Cortázar, que são ambos argentinos, e o Edgar Allan Poe, da língua inglesa, que trabalham na mesma questão. Em seus contos, não se sabe mais o que é real ou imaginário. Borges dizia, e eu tenho plena convicção, de que isto tudo que nós vivemos é um grande sonho. Alguém nos sonhou e que pessoas já falaram exatamente tudo isto que nós estamos falando aqui, do mesmo jeitinho, tudo igual. E a gente se ilude que somos especiais, que nós somos verdadeiros e quanto mais se acredita nesta ilusão, mais medíocre você fica. Então, acho que quando o artista se acha especial, ele começa a decretar seu próprio fim. Vocês devem conhecer muitos Artistas, como eu também conheço, que se acham iluminados ou especiais, por vários motivos, ou pela técnica ou pela vida. Chega um momento em que o trabalho vai se esgotando e ele nunca está satisfeito. Tem um lado saudável, que é o da inquietação, mas tem um outro lado, que ele não consegue consolidar numa obra.

Não ser onipotente é a maior vitoria. Em Arte, se você é onipotente, está decretando seu próprio fim.

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Nós temos limitações. Nem todos podem desenhar como Picasso. Agora, melhorar o meu desenho, e aprimorar minha reflexão sobre o desenho, acho que é uma obrigação. É nossa atividade enquanto Artista, enquanto Critico, escrevendo, dan- do aula, ou construindo uma ponte. Se eu construir uma ponte e depois continuar a fazer todas as pontes iguais, isso é tão ruim quanto um desenhista que faz o mesmo desenho sempre, e disto está c h e i o p o r a í . To d o s n ó s t e m o s

inquietações. Transformá-las em Arte é para poucos. Não é uma visão elitista, mas busca de um salto de qualidade. Ou seja, nos temos nossos desamores, nossos sofrimentos, nossas dores e nossas perdas o tempo inteiro. Nos estamos os três aqui reunidos, com uma sombra nos lembrando, aconteceu isto ou aquilo, o tempo todo. Transformar isto em palavras, arte visual, ou numa ponte, no caso da engenharia, e transformar isto, com elemento diferenciador e universal, é para poucos, porque exige um aprimoramento, exige uma reflexão, um estudo e uma pesquisa que, não necessariamente é a pesquisa na Biblioteca Mário de Andrade, ou de uma Universidade, mas uma pesquisa de uso visual, é você sair para a rua e observar as pessoas. Você anda de ônibus, taxi ou metrô, e observa que as pessoas estão olhando para si mesmas e não olhando para fora.

F&A - O que pensa sobre a arte no Brasil?

OA - O Brasil hoje está num momento muito especial e, como em todas as áreas, há galerias se abrindo, muita gente jovem se formando com al ta qual idade, intercâmbio cultural de maneira mais fácil com o exterior e até investimento em Arte. Seja como um artista da universidade ou como um Artista que trabalha no choque cultural, com grafite, ou mesmo como Artista autodidata. Ou seja, hoje você pode viajar com mais facilidade, você tem internet, você tem muita referência com mais facilidade. Estamos num momento extremamente r ico, extremamente propício. Nesta multiplicidade também sabemos que muita coisa não vai permanecer, pelos mesmos critérios que falei antes. É um momento em que se produziu muito, mas depurar o que tem valor plástico, será um grande exercício no futuro, até porque, temos mídias que não são mais materializáveis. E a velocidade também é muito mais rápida. Hoje em dia, por exemplo: Porque vou ter um quadro na parede se eu posso ter um projetor que troca o quadro na parede, e eu então posso ter uma imagem de um quadro pela manhã, uma à tarde e outra à noite. Ou a imagem de um quadro a cada minuto? Não quero dizer que vamos deixar de utilizar os quadros físicos, mas temos outras opções. Se você quer ter uma paisagem porque lhe satisfaz, porque você tem um link com o quadro, ou porque você adorou o azul, posso decidir por um Matisse original. O fato de se colocar um projetor que é mais acessível, ou mesmo um projetor de altíssima definição e projetar obras de todos os museus do mundo, a cada segundo, é bem cabível. Reconhecer este leque de possibilidades é um grande desafio da Arte hoje. Deve-se ter a humildade de saber que também não

Todos nós temos inquietações. Transformá-las em Arte é para poucos. Não é uma visão elitista, mas busca de um salto de qualidade.

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se pode mais conhecer tudo. Na São Paulo de outrora existiam 100 artistas, e um crítico era capaz de conhecer todos e resolvia o seu problema. Hoje, facilmente você tem 1000 artistas e, se arvorar de que conhece os 1000, inclusive suas tendências, você não está sendo falso com você mesmo, mas também com os Artistas, porque vai acabar recebendo 500 e-mails dizendo assim: você conhece o meu trabalho? Isto não poderia acontecer antes.

F&A - O que pensa sobre as Comissões de Juri para seleção de trabalhos. Qual a maior dificuldade dos jurados?

OA - A maior dificuldade da comissão do júri, hoje, é harmonizar as opiniões divergentes, pois esse dialogo é muito difícil. Também é quase improvável que não se tenha o “macho dominante”, como se fala na antropologia ou na sociologia. Num grupo de três ou cinco pessoas, dependendo do Salão, uma pessoa acaba se impondo, ou pelo saber ou pela personalidade. Acho que este é um grande problema. Cada vez mais sou a favor de que as Comissões deveriam ser como no passado remoto, da Associação Paulista de Belas Artes, em que os membros do júr i votavam separadamente e se somavam as notas e se decidia. Você tem uma frieza por um lado, porque não tem um diálogo, mas você termina com esta questão pessoal. Felizmente trabalhei em alguns Salões grandes, e nestes havia de se analisar de 500 a 600 trabalhos, ou mais, num dia longo e cansativo de trabalho. Dependendo como você trabalha a comunicação, às vezes funciona muito bem. Aí entra a grande sabedoria de quem chama as pessoas para os Salões. Há pessoas que têm facilidade de conversar,

mesmo que tenham pontos de vista diferentes. Mas o que acontece na prática, à vezes é bem diferente. Alguém sempre acaba cedendo, muitas vezes pelo cansaço, e depois vira uma troca: eu cedi nestes cinco trabalhos, e naqueles cinco ele cede. Na verdade, você não está mais olhando os trabalhos, mas em meio a uma negociação, como se fosse o Brasil e a China numa mesa. Acho que isto tem que ser muito bem observado. Hoje em dia, também há as dificuldades técnicas, como a de custo operacional, onde a maioria das primeiras fases é feita por fotografia, e isto é muito ruim. Como você vai avaliar uma gravura por fotografia? Estaremos fazendo comparação de imagens e não de resultados. Como posso comparar duas técnicas diferentes? A arte digital tem uma vantagem, porque você entrega tudo num CD. No caso da Instalação esta forma é péssima. Se o regulamento não é muito claro, uma pessoa manda uma maquete e ou t ra en t rega um DVD, que são percepções do espaço, totalmente diferentes. As performances também são um grande problema para avaliar, a não

ser que seja obrigatória a apresentação desta à comissão. Imagine uma pessoa escrevendo a proposta de performance de cortar os pulsos e jogar o sangue na tela. Uma coisa é falar isto e ser aprovado por uma comissão de seleção; outra é ver a pessoa fazendo.

Imagine uma pessoa escrevendo a proposta de performance de cortar os pulsos e jogar o sangue na tela. Uma coisa é falar isto e ser aprovado por uma comissão de seleção; outra é ver a pessoa fazendo.

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Percebe do que estamos falando? Então a maior dificuldade é harmonizar as opiniões.

F&A - O que o Sr. pensa da Arte Digital, Arte Visual e novas mídias?OA - As novas mídias na Arte são perfeitamente válidas, tanto quanto trabalhar com carvão ou lápis de cor. São de muita dificuldade, Aquarela também o é, entender a transparência etc.. Pode-se fazer Arte Digital de qualidade sim. Artistas contemporâneos como Vick Muniz, por exemplo, pode não agradar, mas não se pode negar o seu valor, negar a sua pesquisa. A Arte Digital é um universo à parte. Você trabalha com ferramentas ou softwares que lhe permitem milhões de possibilidades e a decisão é sua, em aceitar ou rejeitar cada uma, visando atingir ao seu projeto de Arte. Tal tipo de Arte deve ser avaliada por pessoas que tenham esse conhecimento. Há muitas

pessoas com preconceito e resistência em relação à Arte Digital. Ser contra ela é o mesmo erro que afirmar que a pintura acabou. Quando você imprime a imagem criada digitalmente, aqui também entra a questão entre o fazer ou o mandar fazer. Na escultura tem muito disso. Eu desenho e terceirizo. Isto é Arte? Eu não tenho nenhum problema quanto a isto. Eu admiro é o processo de criação. Dentro da visão tradicional da história da Arte é mais interessante uma pessoa como o Caciporé Torres, onde ele pega desde a matéria prima e vai produzir todas as etapas de sua produção. Aqui também há de se considerar a fa l ta de ferramentas tradicionais e as novas situações. Não podemos ter preconceitos. Quando o Artista opta por utilizar uma técnica, por esta expressar seu traço e sua visão de mundo, os dois são igualmente Artistas. O processo é mental. Sergio Fingermann uma vez falou, numa palestra, que o grande dilema do artista é ter uma grande idéia na cabeça, e sua mão a executar. Eu acho que isto é de uma grande sabedoria. Seja numa ferramenta digital, ou mesmo o Caciporé ou o Cássio Lázaro, que são

artistas braçais, batendo o martelo na chapa, é a m e s m a c o i s a , n ã o podemos ter preconceitos. Você tem que entender o processo do Artista. Se eu u s a r o s m e s m o s paradigmas que uso para e n t e n d e r a o b r a d o Caciporé e para entender o seu t raba lho de Ar te Digital, Cleusa, o problema não é do Caciporé nem é seu, o problema é meu.

Há muitas pessoas com preconceito e resistência em relação à Arte Digital. Ser contra ela é o mesmo erro que afirmar que a pintura acabou.

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Da esquerda para a direita: Cleusa Rossetto, Oscar D’Ambrosio e Anna Donadio na reitoria da Unesp, São Paulo.

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No dia 8 de maio é comemorado o Dia do Artista Plástico. Para lembrar a data, a Unesp convoca artistas plásticos de todo o país e do exterior para enviarem à Universidade telas de 18x24 cm com o tema “Que artista plástico sou eu?”. Estão sendo recebidos, desde 28 de junho de 2011 até 28 de junho de 2012, trabalhos de qualquer tipo de estilo ou tendência.

O projeto, idealizado pelo crítico de arte Oscar D’Ambrosio, com apoio do Acervo de Artes Visuais da Faac (Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp, Câmpus de Bauru), objetiva reunir todas as telas recebidas num único grande painel, que poderá vir a ser um dos maiores do mundo feito com essas características. Cada artista poderá utilizar o suporte, no tamanho estabelecido, da maneira que achar melhor. O conceito é refletir sobre uma profissão rica em abrangências e possibilidades.

Os trabalhos serão numerados e recebidos na Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp, em São Paulo, SP (rua Quirino de Andrade, 215 – 4º andar, CEP 01049-010), sendo provisoriamente expostos no estúdio da Rádio Unesp na Reitoria.

A captação de obras foi iniciada em 28 de junho de 2011 e a exposição será inaugurada em 8 de maio de 2012, em São Paulo, na Reitoria, com encerramento previsto para 28 de junho de 2012, data de realização do Conselho Universitário da Unesp, órgão máximo da instituição. À medida que os trabalhos forem chegando, serão devidamente fotografados e catalogados, ocorrendo a divulgação pública dos doadores pelo site da Unesp (www.unesp.br).

Cada artista receberá um certificado de participação, a ser entregue logo após o recebimento da doação. No dia do encerramento da exposição, haverá um sorteio e cada pessoa

que colaborou com o painel levará um trabalho para casa, socializando a recuperação da função social do artista plástico: a de chegar à residência das pessoas.

Dia do Artista Plástico – A data lembra o nascimento do pintor José Ferraz de Almeida Junior, que nasceu em 1851, na cidade de Itu, Estado de São Paulo. O pintor foi escolhido como ícone da classe no Brasil por ter se consagrado graças a obras como Caipira picando fumo, O violeiro e Saudade, destaques de uma carreira que inclui estudos na Academia Imperial de Belas-Artes e formação na Escola Superior de Belas-Artes de Paris.

recortes informativosQue artista plástico sou eu?projeto dia do artista plástico - 08 de maio de 2012

FICHA RESUMO:

Projeto: Dia do artista plásticoQue artista plástico sou eu?Coordenação do Projeto: UnespIdealizador: Oscar D’AmbrosioDirigido a: Artistas Plásticos do Brasil e do exteriorTema: Que artista plástico sou eu?Trabalhos: Telas ou painéis, com ou sem molduras, de dimensões máx. 18 x 24 cmInício da Exposição: 08 de maio / 2012Encerramento previsto: 28 de junho / 2012Recebimento dos trabalhos: 28/06/11 a 28/06/12 (até o último dia da Exposição)Dúvidas: [email protected]

Enviar obras pessoalmente ou por CEDEX:A/C de Prof. Oscar D’AmbrosioAssessoria de Comunicação e Imprensa da UnespRua Quirino de Andrade, 215 - 4º and.,São Paulo, SPBrasil.CEP- 01049-010

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AtuaçãoA ArtPhoto atua na área de impressão digital

para Artes Visuais oferecendo possibilidades para que Fotógrafos, Artistas, Arquitetos e Designers possam se expressar plenamente.

No campo das Artes, a ArtPhoto produz impressões digitais à base de tintas pigmentadas (minerais), sobre papéis e tela canvas da linha Canson Infinity, dando à fotografia e à Arte a garantia e longevidade desejadas. As impressões duram mais de 150 anos, dentro dos processos normais de preservação.

A ArtPhoto atende a diversos Artistas que se utilizam do processo digital em suas reproduções. Muitos, na busca por informações e definições conjuntas para seus projetos artísticos.

O espaçoA ArtPhoto apresenta-se em dois ambientes:

Espaço destinado a Encontros, Workshops e Exposições, com iluminação adequada, um café e toda estrutura necessária para a realização dos eventos. O segundo Espaço é ocupado pela produção.

Os equipamentosO processo não se resume à impressão pela

impressão. Durante o processo devem ser considerados todos os detalhes técnicos da imagem e equipamentos, como o tom de cinza neutro da pintura das paredes e das persianas e a iluminação do ambiente. Equipamentos como Scanner em alta resolução (marca Epson V 7 5 0 M – P r o ) , C o m p u t a d o r e s M a c (recomendados para trabalhos e manipulação de imagem), monitor de alta precisão (marca Eizo) e finalmente Impressoras com tinta Pigmento (Impressora HP Z 3200) 12 cores, utilizadas para as impressões de Fotografia e Arte, além da Impressora Látex, que imprime em alta resolução em diferentes suportes como vinil, tecidos, papéis e lonas - para uso em ambientes internos e externos.

ArtPhoto Printingimpressão digital para fotografia, arte, arquitetura e design

[email protected]

eventosI Encontro ArtPhoto 2011Por não existir nenhuma Convenção com relação à reprodução das obras através da Impressão Digital, a ArtPhoto está trazendo os conceitos tradicionais da impressão de gravuras para o mundo atual das impressões e reproduções. As dúvidas são muitas:

“- Em relação ao processo atual, qual seria o nome desta gravura?”

“- A impressão ou giclée, de uma obra original, é uma cópia ou uma gravura?”

“- O que está no papel, desde uma xilogravura até a fotografia, como e onde se dá esta similaridade?”

“- A giclée pode ser confundida com um pôster?”

“- A facilidade do processo pode levar a não

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“- A fotografia quando reproduzida, apenas uma vez é original? Quanto enumerar numa série? Qual o tamanho desta série?”

Uma vez que o processo digital chegou para ficar, e do conceito básico, onde cada nova tecnologia se apropria de uma tecnologia anterior ... dia 21 de maio de 2011 a ArtPhoto Printing organizou um Worshop convidando profissionais diversos, no Meio das Artes, como professores, artistas plásticos, digitais, fotógrafos, restauradores, catalogadores, designers e estudantes para os debates e troca de idéias, na tentativa de dirimir parte das dúvidas apontadas anteriormente. A FEMMES&ARTS® não poderia ficar fora desta discussão.

Em parceria com professores da PUC, do Curso “A imagem sobre o papel: original e gravura” o encontro foi ilustrado com a apresentação da Artista Plástica, Lucia Py, brindando os presentes com um diálogo sobre a sua produção manual e a apropriação do processo digital em seu trabalho. Lucia Py apresentou sua fase contemporânea

como Artista Experimental. Uma vertente de seu trabalho acumula experiência e ousadia, utilizando-se de materiais bastardos recolhidos nas ruas. Sobre eles Lucia faz suas intervenções. Na proposta atual, em sequência, sua arte é transformada em um arquivo digital através de um scanner ou fotografia em alta resolução e finalmente este arquivo é impresso digitalmente, com tinta pigmentada sobre tela canvas, papel de algodão ou papel fotográfico, sem brilho. Sua decisão sobre o suporte a ser impresso baseia-se em experimentações e resultados desejados

O trabalho vem sendo desenvolvido em parceria, por Lucia Py e o Artista Plástico Cildo

Oliveira, e o Projeto leva o título: “O nome não dado”. Do resultado deste será realizada uma Exposição e um Fórum com a proposta de provocar a reflexão e a discussão sobre o processo de impressão digital e sua inclusão no campo das Artes Plásticas, resultando obras únicas, múltiplas e multiplicadas. As ações serão registradas em um álbum livro da Exposição e do Fórum. As discussões devem continuar ...

O Encontro na ArtPhoto Printing teve dois pontos muito importantes:

Primeiro pela oportunidade de apresentar a Empresa e a parceria com a Artista Lucia Py à uma Entidade muito respeitada, a PUC. Segundo por considerar esta data um marco para estas discussões com o Meio das Artes.

Não há como negar o momento para a impressão digital como uma forma de Reprodução para a Arte e a Fotografia. Cabe sim aos profissionais interessados a prioridade total sobre a qualidade do processo e trabalho final, além do conhecimento e subsídios para contribuir de forma cada vez mais profissional com o Artista e Fotógrafo interessados em usufruir desta tecnologia para seu trabalho, reconhecimento e remuneração.

Se você se interessa por este assunto, envie seu comentário e mantenha contato com ArtPhoto Printing.

Cada nova tecnologia se apropria de uma tecnologia anterior ...O processo digital chegou para ficar!

O Artista Digital produz sua obra no computador com recursos de softwares. Também pode utilizar-se de um trabalho físico como original e submetê-lo à digitalização através de um scanner ou foto digital. Ambos, na sequência, poderão ser reproduzidos. Produzido diretamente ou indiretamente, através do computador, o Artista Digital não vende o original e sim as reproduções seriadas ou não. O Fotógrafo também mantém sua imagem original em um cartão de memória, e a reproduz para uma Exposição e Venda, podendo seriar ou não suas reproduções.

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Acima, da esquerda para a direita: Maria Alice A. de Macedo, Regiane Cayre, Juliana Uenojo, Cleusa Rossetto e Anna Donadio.

À esquerda, da esquerda para a direita: Lúcia PY, Anna Donadio, Rosana De Conti, Cleusa Rossetto, Rodrigo A. M. Pissarra, Juliana Uenojo e Sandra Oliveira.

Abaixo, integrantes do Workshop

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2011 próximo número

edição especialIII espaço cultural tecnologia e arte do13º congresso de tecnologia da fatec-sp

ARTISTAS A SEREM RETRATADAS

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Artistas já retratadas(os) na FEMMES&ARTSnome por ordem alfabética, nº da publicação, página

Divulgações diversas:AGENDA:Às interessadas em conhecer a agenda do Grupo, assim como o próximo local de encontro, encaminhar correspondência ao FEMMES&ARTS sarau animus® - [email protected]

®

anna donadio, n.1, p.8bia black, n.2, p.6claudia bassetto, n.2, p.14cleusa rossetto, n.1, p.16rosana de conti, n.1, p.24vera café, n.1, p.32vicencia gonsales, n.2, p.22